Clube da Hospitalidade

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Luan Orsini · Belo Horizonte, MG
16/8/2008 · 144 · 3
 

Viajar sem precisar pagar pela hospedagem, dependendo da hospitalidade de anfitriões que querem conhecer novas pessoas. Pode parecer utópico, mas essa idéia já movimentou mais de 320.000 membros de 207 países através do Hospitality Club (HC), site criado na Alemanha que está no ar desde 2000 e já conta com mais de 14.000 membros no Brasil. Apesar de nem sempre funcionar perfeitamente, o site continua recebendo a confiança de seus usuários, cujo número é cada vez maior.
O Hospitality Club surgiu de uma idéia simples. O alemão Veit Kühne, de 25 anos, fundou o site sem fins lucrativos em agosto de 2000, segundo ele, buscando “promover a paz e a compreensão intercultural através do intercâmbio de hospitalidadeâ€. Em maio de 2005, o site já contava com mais de 53.000 membros. Qualquer pessoa pode se tornar um membro, sem precisar pagar nenhuma taxa e sem ter obrigação de hospedar ninguém, podendo se dispor a mostrar sua cidade para os viajantes ou só receber alguém para uma refeição - ou nem isso. Cada usuário pode especificar o que está disposto a oferecer na página de seu perfil no site.
Para evitar incidentes negativos, o Hospitality Club conta com algumas medidas de segurança. Quando alguém pede para se hospedar na casa de outra pessoa, ele precisa fornecer seu nome completo e número de passaporte para o anfitrião, que pode conferir seus dados. Além disso, o recurso mais importante, segundo o fundador do site, é o espaço para comentários que existe no perfil de cada usuário. “Se uma pessoa já tem cinco comentários positivos, é improvável que você vá ter uma experiência desagradávelâ€, afirma Kühne. Além disso, é possível contatar as pessoas que já se hospedaram com essa pessoa para obter mais informações.
Apesar de eficiente, usar o site pode ser trabalhoso. Moisés Ferber, estudante de Engenharia Elétrica da UFMG e membro do site desde janeiro de 2005, considera que uma grande desvantagem é a demora para conseguir uma resposta positiva. “Você nunca consegue uma casa para ficar se mandar apenas uma mensagem; normalmente, precisa mandar umas dez para começar e esperar um pouco, o que é um pouco frustranteâ€. Para algumas cidades, o estudante diz já ter enviado mais de 50 mensagens antes de conseguir uma resposta.
Quanto à sugestão do site de checar o passaporte dos outros membros, Moisés, que já recebeu quatro viajantes estrangeiros em Belo Horizonte, diz nunca tê-la seguido por considerar isso um procedimento “estranhoâ€. “Eu não sou policial pra virar e falar: passaporte, por favor - obrigadoâ€.
Moisés diz ter descoberto o Hospitality Club através de uma comunidade no site de relacionamentos Orkut e já ter se hospedado em mais de 15 casas através do clube, sem nunca ter tido nenhum problema relacionado a segurança. Quanto a suas experiências com o site nas duas viagens em que o usou, na Europa e no Canadá, ele tem uma visão otimista. “É interessante conhecer pessoas locais e passar um tempo na casa delas. Além de companhia, você conhece melhor o povo do paísâ€, opina.
No entanto, Moisés diz já ter tido alguns problemas. Ele desistiu de se hospedar na casa de um membro em Amsterdam por desconfiar da honestidade da pessoa após conversar com ele através de um programa de mensagens escritas, e em outra ocasião um usuário desistiu de hospedá-lo quando ele chegou a Berlim. “Quando isso aconteceu, liguei para uma alemã de outra cidade que eu tinha hospedado em minha casa e ela me indicou um amigo dela. Nem pensei em albergues ou hotéis porque estava acontecendo a Copa do Mundo na Alemanha e tudo devia estar lotadoâ€, conta.
Para ele, outra desvantagem de viajar usando o site é a falta de garantia que o viajante tem de saber se tudo vai dar certo ou não ao chegar à cidade, já que o usuário sempre depende completamente da pessoa que se dispôs a hospedá-lo. Mesmo assim, ele afirma que pretende sempre usar o site quando estiver viajando sozinho, fora do país, daqui para frente. “A única região do Brasil onde eu talvez usaria o Hospitality Club é o Sul. Acho que só tem graça usar o site com pessoas de outro país, senão distorce a idéia e acaba virando um hotel de graçaâ€. Moisés também diz considerar que no Brasil, assim como em outros países violentos, os usuários precisam escolher com ainda mais cuidado a casa onde vão se hospedar.


Europa

A grande maioria de usuários do Hospitality Club é da Europa, berço do site. Só a Alemanha, país de 82 milhões de habitantes, conta com um número de usuários mais de cinco vezes maior que o do Brasil e mais que duas vezes maior que os Estados Unidos. Svenja Rickert, alemã estudante de Estudos Latino-americanos e membro do site desde agosto de 2005, já usou o site em várias cidades européias, além do Rio de Janeiro, Salvador da Bahia e Belo Horizonte. Ela também diz nunca ter tido problemas recebendo hóspedes ou se hospedando na casa de outras pessoas.
Embora a estudante também diga que pretende viajar sempre pelo Hospitality Club daqui para frente, Svenja afirma que não procurou o site em sua viagem recente a Marrocos devido a problemas culturais. “Lá é diferente. Para uma mulher viajar por Marrocos pelo Hospitality Club é muito difícil, porque todos os membros são homens e as mulheres participam muito pouca da vida fora de casaâ€, explica.
Para ela, o problema maior de viajar pelo HC é estar sempre dependente da pessoa que a está hospedando. Apesar disso, considera que as vantagens do clube ultrapassam as desvantagens, por permitir viajar com pouco dinheiro e passar por uma cidade que não você não conhece como se estivesse visitando um amigo.
Sebastien, estudante francês que usa o nome Seibu no Hospitality Club e prefere não publicar seu nome completo no site (o que é permitido pelo sistema do HC), diz ter usado o Hospitality Club apenas uma vez em uma viagem para a Rússia, em São Petersburgo e Moscou. “Através do site, conheci três pessoas na Rússia que viraram meus amigos e que voltarei a visitarâ€, diz o estudante, completando que apesar de só ter usado o site uma vez e nunca ter recebido ninguém em sua casa pretende continuar usando-o sempre e receber pessoas no futuro. “Além de garantir hospedagem de graça, o HC é uma grande oportunidade de intercâmbio cultural. A gente só precisa confiar nos outros usuáriosâ€, diz.

Outros clubes

Apesar de ser o maior site desse estilo, o Hospitality Club não é o único programa de hospitalidade disponível na internet. O tradicional Servas, criado em 1949 na Dinamarca, possui pressupostos semelhantes: também não tem fins lucrativos nem cobra taxas de seus usuários, mas dispõe de um sistema muito mais rígido para quem quer se tornar membro. Quem pretende se tornar usuário do site precisa passar por um processo de entrevistas, e depois de ser aceito deve seguir uma série de regras e obrigações burocráticas. O site conta hoje com 13.000 membros.
Outro site semelhante ao HC é o CouchSurfing, que já conta com mais de 300.000 membros de 220 países. O CouchSurfing possui algumas diferenças em suas funções e seu sistema de segurança, com a opção de se pagar uma taxa para se tornar um “usuário verificado†e aumentar a segurança, mas funciona com os mesmos fundamentos do Hospitality Club. Além desses há outros sites de intercâmbio de hospitalidade, mundiais ou regionais, mas com números bem menores de usuários.

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Krista K
 

Esse ano passei dois meses viajando pelo Brasil (6 estados) só na base de CouchSurfing e tive a melhor experiência possível. Conheci muitas pessoas maravilhosas, nunca tive dificuldade de achar uma casa com pouca antecedência (tinha até pessoas me chamando antes de eu pedir hospedagem), conheci o Brasil de um outro jeito... e aumentei muito a minha fé em ser humano em geral. Agora nem imagino outro jeito pra viajar. Recomendo mesmo.

Krista K · Salvador, BA 15/8/2008 19:19
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drigo
 

Muito interessante a matéria sobre o Hospitality Club. Pertenço ao CouchSurfing, mas acredito que sistemas assim são as melhores formas para se realizar um intercâmbio cultural com sucesso.
Você tem mais chances de conhecer e se hospedar na casa de pessoas com interesses em comum do que teria se utilizasse serviços convencionais de uma agência de turismo especializada ou congêneres. O 1º Encontro Nacional de CouchSurfing realizado aqui em Belo Horizonte mostrou o quanto organizado é o sistema e o quão bacana as pessoas são. Uma grande família realmente. Hospitality Club não conheço bem, mas só ouço elogios. Vamos viajar!!

drigo · Belo Horizonte, MG 18/8/2008 02:39
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AnitaSP
 

interessante.......

AnitaSP · São Paulo, SP 19/8/2008 21:40
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