Tenho acompanhado alguns bons debates a partir de algumas publicações aqui no Overmundo e recordei deste resumo que fiz ano passadp do trabalho de Bright para o sÃtio Shvoong há algum tempo.
Parece-me adequado e atual falar dele aqui, porque trata de produção literária.
Ainda que não seja um manual local, nem proponha um método, orienta e instiga um bom debate.
Pode não ser considerado adequado e, então, basta que não votem no postado.
Considero pertinente porque resolve algumas falsas querelas do tipo nu e cru, escrachado, bobo ou ofensivo.
E sequer, penso eu, tem reserva alguma sobre o direito a pensar e expressar o pensamento. Eu não as tenho.
Quero dizer que também não dói.
Num verdadeiro guia para escritores de erotismo, Susie Bright dá orientações para os autores evitarem censuras, e que façam jogos e exercÃcios em que percam suas próprias inibições para escrever em estilos e em contextos diferentes.
O livro apela aos que focalizam apenas relacionamento sexual (quaisquer) e aos escritores de outros gêneros que querem apenas suas cenas do sexo aparecendo transversalmente para que as incluam de modo realÃstico e relevantes ao contexto do trabalho.
Susie é uma pioneira do erotismo e há muito tempo promove autores novos destacando mulheres autoras lésbicas que começam a aparecer bem em um mercado antes dominado pelo autor masculino.
Sua abordagem não é um absurdo. Por exemplo, diz que livro algum deve ser aberto por seus melhores bocados. E defende que as cenas do sexo devem estar no contexto com tudo o mais.
O seu trabalho inclui extratos de um bom número de bons autores, entre eles Anne Rice e Mario Puzo.
Susie fala a quem escreve e também a um público mais geral. Recomenda a fuga dos clichês e da gritaria orgásmica. Adverte que o uso do linguajar vulgar pode ser legitimado pelo contexto, mas que pode transformar-se em mera prosa chula se usado como única alternativa a qualquer outro tipo da escrita.
Gratuidade e superficialidade são desnecessárias, recomenda Susie.
Não é um guia geral sobre sexo, mas uma ferramenta para autores e um recurso para leitores.
Sugere compartilhar masturbação e poesia, ficção e erotismo como circunstâncias e estilos associados.
Recomenda uma ruptura longa entre esboços (portanto, também recomenda fazer esboços) e edição final para um exame acurado e criterioso do trabalho concluÃdo.
Dá garantias de que escrever erotismo não causa dano qualquer a própria vida sexual do autor (nem a leitura do gênero ao leitor).
Susie não se considera Ãdolo, embora tenha fãs, mas rejeita a mistificação da mÃdia que espera do sexo-novelista que seja perito em sexo ou e também um manÃaco sexual.
A atitude mais saudável em relação a isto, sugere a autora, é ignorar os ignorantes. Ser você e pensar no que você escreve será sempre a melhor receita.
Adroaldo, como sempre, você esclarece, ensinando de forma leve.
Excelente resenha.
beijos
Grato Saramar,
Sabe-se por aqui em casa que o aprendizado é uma faca de dois legumes e uma via de dois limões, só aprende realmente a pessoa que quer.
Beijo, amiga.
è um bom texto, mas eu tenho sérios problemas com regras para criação artÃtica, outros também tiveram.
As palavras não nascem amarradas,
elas saltam, se beijam, se dissolvem,
no céu livre por vezes um desenho,
são puras, largas, autênticas, indevassáveis
CONSIDERAÇÃO DO POEMA - Carlos Drummond de Andrade,
Com absoluta certeza
(no que se pode ter de certeza sobre o improvável e sabendo que nada é absoluto), Julio.
Tenho a regra como norte e escapo dela quando posso, como tento escapar da morte.
Sequer faço da rima conduta.
Ainda que os sons das palavras me atraiam mais que o metro
o texto é uma contribuição para se ler, não um risco de giz para prender.
A vida não cabe em comportas e ensina a todos que queiram aprender.
Ainda assim, para transgredir regras, é requerio que se as conheça, sob pena de repetir adiante as tolices que elas imponham como se alvÃssaras fossem.
Agradecido por teu comentário e pela sempre adorável lembrança desse menino Drummond, por quem sempre e de novo me apaixono, desde há muito, o que para mim é muito bom.
Mestre Adroaldo.
Ensinar ou aprender. Não sei, na realidade, qual é o mais dificil. Mentes e corações têm que estar sincronizados para entenderem as lições dos bons mestres. Tuas palavras são certeiras, mas com doçura, com extrema sabedoria.
Teu texto é uma aula, com intensas e extensas verdades
Parabéns, querido amigo.
Abraços
Noélio Mello
Todo texto é válido, desde que seja escrito com a leveza da alma e as verdades que se derramam das paredes dos corações.
Queremos belezas, sem afrontas, sem cair na vala comum da literatura.
Como escrever uma história suja é uma lição, uma aula, um ensinamento, uma contribuição que deveria virar regra.
Parabéns, querido amigo.
Noélio Mello
Ah!
Noelio, não vale ser assim tão delicadamente generoso.
Fico acreditando em tudo, porque estou com Walt Withmann quando diz:
tudo é
e tudo na vida tem seu perfeito retorno
Querido Poeta,
Eu, como leitora, já fui convidada a ler "poemas sujos", "ejaculação precoce", putas...Pediram minha opinião e eu dei. O resultado: Uma chuva de insultos! Acho que os aprendizes de poesia devem ter mais cuidado com o texto, gerá-los com carinho, ter respeito aos leitores. Infelizmente os comentários que ouço são: lindo, amei, maravilhoso, cult....E ai de quem ache o contrário. É logo taxado de brega...Então, por que pedem opinião? Já ouvà até a expressão "leitores emplumados"! E eu retruquei com "egos inflados"! Alguns me mandam recadinhos em forma de poesia, colocam lá..."Prá vc e sem pose e sem jabá"...
O que está acontecendo , querido poeta..".Esses moços, pobres moços..."
Preciso de seus sábios conselhos...
BJK
Cris
Bjs
Cris
Faça assim, Cris.
Faça mais.
Faça também assim, Cris,
Faça mais e mais.
E faça de outro modo, Cris,
Muito mais daquilo que te apraz.
Como disse eu em um outro postado:
Há seis bilhões de pessoas no Planeta,
Não falo chinês, nem escrevo em inglês,
e apenas filosofo em português.
E mais, bem baixinho aqui, só entre nós e o overmundo:
A vida é dura, camarada
mas é bela e uma só...
(também nem precisa considerar nada do que está aqui porque há os que acham que se conselho fosse bom não se dava, se vendia - rsrsrs)
Eu prefiro Gonzaguinha
... E querer ser na vida um eterno aprendiz...
Adroaldo, Legal - eu acho que toda experiência dar sustentação a um ensinamento, sem dúvida. E às vezes nos está faltando um "i" sem o pingo. Dai, bate, legal mesmo andre.
Andre Pessego · São Paulo, SP 25/6/2007 19:29
no fim das conts, vale o experimentar e o fazer.
cris... não esquenta com essas coisas e segue em frente.
Escrever é sofrer... o 'próprio aflorar da lÃngua'... o sal da palavra, o sabor... escrever é liberdade e prisão ao mesmo tempo...
Abraço.
Caro Adroaldo,
Um pouco de dialética faz bem no contexto da criação, por que não? Assim, entendo perfeita tua assertiva de que mesmo para quebrar regras é preciso conhecê-las!!! Ou por outra: mesmo para dar um salto é necessário se apoiar n'alguma superfÃcie... E que riqueza de bases criaram os criadores ao longo da história!
Entre eles aqueles que as explodiram para... construir outras!!!
Abraços,
Aldo
Adroaldo, fui criado sob o rigor que subentende o erotismo como algo pecaminoso e imoral. Inevitavelmente isso ficou impregnado nas relações entre os indivÃduos de minha famÃlia. Estou escrevendo algo recheado de passagens que abordam o sexo como um bom bocado da vida. É tão estranho como certas coisas fixam no subconsciente da gente. Sinto uma dificuldade terrÃvel de quebrar certas barreiras que foram erguidas ao tentar comentar meus escritos com minhas irmãs.
Um abraço, amigo.
Franck,Numa passagem de minha novela, O dia do descanso de Deus, uma personagem masculina pergunta no leito à personagem feminina:
- Aprendestes isto no Kama Sutra?
- Não, na BÃblia, com Adão e Eva, responde a mulher.
Os vários livros conhecidos como a BÃblia falam muito do erótico e do profano sem peias, nem meias palavras.
Dalila retirou as forças de Sansão apenas por cortar-lhe o cabelo, ou a parábola remete a uma intensa relação amorosa entre ambos, de muito longa e prazeirosa duração.
Se está nos livros tidos como sagrados, se está no mundo, porque não estar na vida e na nossa criação, que somos do mundo e, para todas as finalidades, os que estamos vivos.
É exato Aldo,
De que lugar saltar, principalmente para o infinito e além, se não de um lugar em que se esteja.
A não ser que se espere puxar-se de um mesmo lugar para o alto, a si próprio, em devaneio, pelo próprio cabelo.
A vida não existe apenas no pensamento. Ela ali é sonhada, adivinhada melhor, mas se realiza nas circunstâncias, de fato, a base material que produz e reproduz as relações.
Se inÃquas, que se as mude, dando poder de fogo aos sonhos meus, teus e de quem mora longe, parafraseando melhores poetas.
Que a explosão nos tragam amores e flores, ainda que necessárias venham a ser as explosões em cores.
Abraços fortes e solidários por um porvir de fato risonho.
Adro,
Grata surpresa encontrar eset seu texto pra ler agora, na calma do meu garimpo de coroa em férias.
Grande abraço
Esse recado da Susie Bright é um resumo que traduzi de uma resenha em inglês, mesmo sem dominar muito a lÃngua de Withman e Shakespeare.
Fui, como se diz, de ouvido, na toada, pandeiro sem platinela ou, mais acanhada ainda, caxeta sem remelexo, com uma baqueta só e de galho de pau. Tá. Tá-tá-tá. Tá-tá. Tá! (bis e tris e vai))
Mas o que peguei e taà é, tenho lido muito em outros lados do português, a mais pura realidade.
Tudo o que é mais insinuado (que requer mais tralaho, elaboração e até pesquisa, portanto) e no contexto, acaba sendo mais aplaudido hoje (e não terá sido sempre) que o escrachado.
Talvez fosse uma boa orientação para redatores de humorismo em televisão, por exemplo.
Tem uns 15/20 anos que desapareceu, com raras exceções novidadeiras.
E rir era o melhor remédio, diziam até em seleções digestivas.
Bom ano feliz para ti e os teus, guri.
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