Diz-se quem em Brasília não há nada para se fazer, e que por isso as pessoas bebem. É verdade. As pessoas bebem bastante em Brasília. E ainda assim, por vezes parece até que todo mundo preferiu passar a sexta-feira à noite em casa vendo filmes alugados. Brasília pode ser uma cidade tediosa, mas seria injusto dizer que os brasilienses não dão seu jeitinho. Talvez a dificuldade de se arranjar o que fazer possa ser razoavelmente explicada pela estratificação das opções de diversão -- alguma coisa a ver com aquilo que o pessoal chama de tribos urbanas.
Brasília tem muitos bares, dos botecões 'pé sujo' onde não se pode comer (sob risco de vida!) e se encontra cerveja por dois reais (como o lendário e mal falado Desfrut, na 313 sul), até os botecos de 'playboy', onde uma decoração pretensamente bacaninha se une a preços realmente salgados. É a estes segundos que o pessoal mais abonado cheio de pretensão gosta de ir. Bons exemplos deste tipo de bar são o Azeite de Oliva e o Concentração, ambos na Asa Sul. Há também, perto da UnB, o chamado "Quadrilátero da Bebida" -- um bloco comercial repleto de bares baratos freqüentados por estudantes e jovens artistas. No "quadrilátero" estão localizados os famosos bares Pôr-do-Sol, Meu Bar e Capela, que costumam estar lotados quase todos os dias.
Existem alguns bares 'intermediários' que caíram no gosto dos jovens, como o da distribuidora de bebidas Piauí. A cerveja não é cara e por lá se encontra todo tipo de gente; jovens descoladinhos mesa a mesa com pagodeiros, hippies reggaeiros, velhos motoqueiros, bebedores em geral, homens e mulheres de meia-idade (bons pagadores de cervejas gratuitas para garotinhos e garotinhas que agüentem seu papo), gente de todas as idades. Ninguém pode negar que na capital do Brasil tem bar para todos os gostos, bolsos e preconceitos.
Para além dos bares, outra coisa que o brasiliense adora fazer, quando não está vendo filmes alugados em casa, é ir ao cinema. O Pier 21, na Avenida das Nações, de frente para o Lago, é o grande point do público de cinema mais geral. Nos finais de semana, a fila é quilométrica, são várias salas passando as últimas estréias do cinema hollywoodiano e o último filminho brasileiro da moda. É muito caro, como quase tudo em Brasília, mas as salas são realmente boas. O Pier 21 é um espaço comercial a céu aberto com ares de shopping center (revisitando o hoje decadente "Gilberto Salomão" da geração anterior) e conta com outras atrações para a vida noturna. Logo na entrada, existem dois bares que ficam bastante cheios com o pessoal mais velho, em geral, mas que gostam de parecer ser diversão para todos. Há um bocado de bares e restaurantes que valem à pena no Pier 21, desde que se tenha dinheiro para freqüentá-los.
Os cinemas são também responsáveis pela lotação dos shoppings da cidade. Crianças, adolescentes, famílias e casais freqüentam os shoppings para ir ao cinema ou por vezes somente para 'dar uma volta' e olhar vitrines, muitas vezes sem comprar nada. É, quando o tédio aperta, o brasiliense se vira. A cidade conta com mais de 10 shoppings (sendo talvez uma das cidades com mais shopping centers per capita no Brasil)!!!
Para um público de cinema mais específico -- o pessoal mais ligado no cinema alternativo e fora-de-circuito, os p.i.m.b.a.s, pseudocults ou aspirantes a produtores de cinema que ainda não migraram para o Rio ou para São Paulo -- Brasília oferece cinemas como o da Academia de Tênis, o Cine Brasília (o último cinema de rua da capital a resistir à sanha imobiliária de Edir Macedo), e o do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), locais que também oferecem exposições e shows interessantes. Aliás, a parte cultural da cidade têm crescido muito, contando inclusive com o Açougue Cultural T-Bone, local que promove shows grátis e eventos afins.
O brasiliense também gosta de dançar. Em geral o roteiro da galera inclui uma ida ao bar para um 'esquenta' antes da festa, como em qualquer outro lugar do Brasil. Mas aqui os lugares têm públicos mais específicos -- você bebe no mesmo bar da sua "galera" e depois vai para a mesma balada da sua "galera", sem grandes promiscuidades estilísticas ou musicais. Há lugares que tradicionalmente têm programações específicas em certas noites, como as noites de samba ou as noites de forró -- a exemplo do Arena, no Setor de Clubes. Existem as boites de 'playboys' e 'patys', onde se pode ouvir desde música eletrônica mais 'mainstream', até funk e música pop. O Gates Pub, tradicionalíssimo, tem noites temáticas que vão do dance ao rock alternativo (como se pode ver nesta matéria feita por Daniel Cariello para o Overblog). A balada underground do pessoal do rock alternativo conta com dois nomes fortes, o Landscape (no Lago Norte) e o Espaço Galleria, no Conic. Há também a Orange, no Lago Sul, que havia sido um importante nome do circuito da música eletrônica e hoje em dia está mais voltada para a música indie. Existe também o circuito do pessoal do trance, que se sustenta em raves em clubes ou fazendas nas áreas circundantes da cidade.
Para quem não é de festa (ou para o dia em que não tem nenhuma festa prometendo ser boa), é sempre possível aliar a cerveja do final de semana com um boa partida de sinuca. A capital possuí desde lugares cheios de mesas tortas e clima suspeito, como o Barzão (na 504 sul), até locais como o Strangers Snooker Bar (cujo dono era jogador profissional) e que tem um público variado. Na falta de tudo, o pessoal se reúne para comprar bebidas e passar a noite ouvindo o som do carro e batendo papo na Praça dos Três Poderes, atrás da Esplanada, coisa que a polícia não curte muito e tem tentado inibir. Outras opções incluem a casa vazia de alguém, a Ponte JK, e até mesmo beber na frente do supermercado ou na Pracinha da Palato (antiga pracinha do Rock and Roll).
Existem também alguns programas e passeios para quem aprecia o sol e a luz do dia, como uma ida ao Parque da Cidade ou ao Parque Olhos D'Água, ou um passeio na Feira Hippie da Torre de TV (os dois últimos foram tema de minhas recentes matérias para o Guia Overmundo). Para os brasilienses mais apaixonados ou excêntricos até mesmo um passeio entre os pilotis dos blocos das Asas Sul ou Norte já consiste em um programa "válido", mesmo que um tanto "silvícola".
Enfim, há muitas opções de diversão e entretenimento em Brasília, embora estas mesmas sejam um tanto extratificadas e nem sempre primem pela diversidade ou originalidade. A programação de teatro da cidade é quase sempre muito cara, e poucos são os brasilienses que costumam prestigiá-la. Acaba-se indo quase sempre aos mesmos bares ou às mesmas boates, aos mesmos cinemas, vendo as mesmas pessoas, fazendo os mesmos programas; enfim, vivendo nos "guetos sociais" que são tão habilmente estimulados pela distribuição social da cidade. É possível não se morrer de tédio em Brasília, mesmo que algumas pessoas digam que "lá também não se vive". Viver em Brasília é para quem gosta. Não tem jeito.
Lista de lugares citados na matéria (em ordem de citação):
Bares:
Desfrut - Fica no comércio local da 313 Sul. É um botecão "pé sujo" em todos os sentidos, desde a cerveja (você conhece a Santa Cerva?) barata servida em mesas de metal até as comidas que ficam mofando sobre o balcão. Dizem que seu banheiro feminino é localizado no centro da terra, logo ao lado da cozinha que é o próprio inferno. Como era de se esperar, não tem página na internet e muitos de seus freqüentadores nunca precisaram saber o que era um email.
Azeite de Oliva - Localizado na 403 Sul, é um dos bares com decoração bacaninha e preços um bocado salgados, igual a tantos outros do DF. Há quem diga que não há nenhuma diferença entre eles. É claro que há. A cor da parede muda um pouco de bar para bar, e as piadinhas do cardápio (salgado) e da decoração (geralmente imitando algo que já existe no Rio, São Paulo, Búzios, Floripa, etc...) são um pouco diferentes!
Concentração - Localizado na 209 Sul, é um bar bastante parecido com o Azeite de Oliva, sendo apenas um pouco mais novo e um pouco mais vermelho. Não encontrei nenhuma página do bar na internet.
Pôr-do-Sol - Um dos mais famosos bares do "quadrilátero da bebida", na 408 Norte. Não tem página na internet, mas quase qualquer pessoa que tenha sido universitária e com pouca grana no DF o conhece.
Meu Bar - Vizinho ao bar "Pôr-do-Sol" na 408 Norte, é quase parte indivisível deste (ou este primeiro, parte indivisível do Meu Bar. Tanto faz). Assim como seu bar irmão, não tem página na internet.
Capela - Fica também no "quadrilátero da bebida" e já foi tema de uma matéria da Ana Cullen aqui no Overmundo.
Distribuidora de bebidas Piauí - Localizada na 403 Sul (ao lado do Gate's Pub), é um point tradicional daqueles que querem beber cerveja barata em meio a todo tipo de gente. Não é recomendável confiar muito na cozinha do local, mas a cerveja é honestamente gelada. É claro que eles também não tem (ainda) uma página na internet.
Barzão - Localizado na 504 sul, à beira da sempre decadente via w3 sul, o Barzão abriga todo tipo de gente (ou todo tipo de gente que gosta de cerveja e sinuca, ambas baratas, e não se importa com os ambientes que freqüenta). O lugar é perigoso, e há realmente todo tipo de gente por lá, inclusive tipos bem desagradáveis e perigosos. Mas, por outro lado, é o melhor lugar para se jogar sinuca a 25 centavos a ficha enquanto se bebe cerveja barata.
Stranger's Snooker Bar - Com dois endereços, 513 Sul e 706 Norte, o Stranger's é por excelência o melhor lugar para os jogadores de sinuca sérios de Brasília. Não é um lugar que prima pela sofisticação, mas também não é um boteco. A cerveja tem preço honesto, as mesas -- bem conservadas -- valem o preço cobrado por seu uso e o ambiente e atendimento são bem agradáveis. Se o seu lance é sinuca, o Stranger's é o seu lugar.
Cinemas:
Cinemark (do Pier 21) - Salas excelentes, filmes famosos, preços exorbitantes.
Cine Academia (na Academia de Tênis) - Salas excelentes, público intelectualizado (ou pretensamente intelectualizado) e antenado, preços salgados e uma localização meio elitista. Vale a pena conhecer, mas não é para todo mundo.
Cine Brasília - O mais tradicional cinema de Brasília, sobrevivente da devastadora onda de transformação de cinemas em igrejas da rede de Edir Macedo. Há uma excelente matéria sobre o Cine Brasília aqui no Overmundo.
CCBB - Um dos melhores espaços para exibição de documentários e filmes de arte em Brasília. Bons preços, público bacana e coordenação da programação com exposições e eventos fazem do lugar uma grande pedida. Neste link você encontra informações sobre a programação de cinemas do CCBB.
Espaços Culturais:
Açougue Cultural T-Bone - Localizado comércio da 312 Norte. Como diz Daniel Cariello em sua matéria para o Overmundo sobre o T-Bone, "Era apenas um açougue, mas virou um importante espaço cultural da cidade.". Não consigo pensar em melhor forma de definir o lugar.
Espaços para Shows e Festas:
Arena - Localizado no Setor de Clubes Sul, o Arena é um espaço variado que serve a várias "tribos" da capital -- cada uma em seu dia certo, com uma freqüência até incomum (para Brasília) de "misturas tribais"
Gate's Pub - Tradicionalíssima casa noturna brasiliense (fica na 403 Sul, logo ao lado da distribuidora de bebidas Piauí) que toca desde o dance até jazz e bossa nova, passando pelo rock independente e pelos alternativismos vários que fazem a cena musical/festiva de Brasília.
Landscape Pub - Fica no Lago Norte. É lugar dos alternativos e "indies" de Brasília, independente de quais sejam suas alternativas. Esta matéria do Guia Overmundo fala mais sobre minha visão pessoal do lugar.
Espaço Galleria - Localizado no subsolo do Conic, o Espaço Galleria é um espaço de música independente que é ponto forte da cultura GLTTB de Brasília, e também ponto de encontro de várias tribos. As festinhas que rolam por lá são bem loucas. Se esta é a sua praia, vai fundo.
Orange - O velho reduto da cena eletrônica de Brasília fica no na altura da QI 11 do Lago Sul, no lendário centro comercial Gilbertinho (onde o Legião Urbana deu seu primeiro show). Hoje o espaço abriga algumas festinhas indies bacanas, mas é caro e pouco central. É um bom lugar para variar do circuito Galleria-Landscape.
Esta matéria, como você pode ver, não dá muitas respostas à questão abordada. Isso é plenamente proposital. Não estamos aqui para terminar a conversa, e sim para iniciá-la. Se você é de Brasília, ou conhece a cidade, este é um bom momento para manifestar o que você gosta de fazer em Brasília para não morrer de tédio. Diga os lugares aos quais gosta de ir, seus programas prediletos, e aquilo que você não gosta também. Diga se concorda ou discorda daquilo que eu disse. Vale tudo. A palavra agora está com vocês.
Vamos bater um papo sobre o que é viver e se divertir em Brasília, mesmo que seja só para afastar o tédio.
(Matéria escrita em colaboração com Patrícia Nardelli)
Publicarei as imagens em breve. É uma escolha difícil, tendo em vista o número enorme de lugares (e imagens) legais que concorrem para entrar nesta matéria.
Abraços do Verde.
Ao contrário do que eu pensava, tive uma enorme dificuldade para achar imagens para ilustrar a matéria -- tanto que tive que utilizar apenas imagens de meu arquivo ou simplesmente sair desembestado pelas ruas noturnas de uma terça feira brasiliense para tirar fotos.
A maioria das fotos (e não são muitas) que são publicadas sobre brasília estão licenciadas em *cópiráite" (todos os direitos reservados), e eu não pude usá-las.
Queria que as pessoas fossem mais generosas com seu trabalho. =/
Bem... vou lutar até o último minuto para colocar as melhores fotos na matéria.
abraços do verde.
Sou de Brasília tambem, aqui cada um tem que fazer a sua diversão.
Leia quando puder
http://www.overmundo.com.br/overblog/um-pequeno-exemplo-cosmico-do-caos
Boa matéria, eu estava justamente querendo fazer uma matéria mais específica sobre o circuito de cinema alternativo de Brasília
Jornalista81 · Brasília, DF 1/11/2007 16:57
Roteiro bem detalhado sobre o que se pretendeu divulgar.
Trabalho profissional Daniel.
Grande abraço!!!
Daniel, primeiro o meu grande abraço pelo esperado e desejado
retorno. Este escrito tem a grandeza do teu talento.
Mas, como observador, e desentendido de qualquer coisa no que diz respeito a comportamento, (até porque sou descomportado). Morei em Brasilia na década de 60, menino ainda, e já se bebia..... Em S. Paulo bebe-se também. Acho que na minha adolescência/juventude bebia-se e fumava mais, bem mais.
E quanta saudade me deu lendo os lugares a que se refere.
Cine Brasilia, lugar quase cativo, quase único - dos grandes bang-bang, dos grandes filmes de Mazaropi, (filas enormes)
um abraço, andre.
Bem, não entendi se a matéria é irônica (gosto) ou preconceituosa (não gosto).
Brasília não tem praia. Ponto! Isso desagrada a muitos. Torna a cidade insuportável para outros tantos. Simplesmente é visto simplesmente como um ponto negativo aceitável por outros ainda.
Em Brasília só morre de tédio quem quer, quem não se despe dos preconceitos ao vir para cá. Muitos bares, para todos os gostos e bolsos, como diz a matéria. Que mal há nisso? Teatro é caro, é verdade, mas temos também boas opões locais. Não sei se ainda existe o Jogo de Cena, mas era fantástico e barato. Os Melhores do Mundo, pratas da casa, estão sempre por aqui. Tá certo, tem quem não goste de comédia. Música? Temos muita, de muito boa qualidade. Quem não conhece o Clube do Choro, está perdendo. Sensacional! Prefere Rock? Brasília continua tendo ótimas bandas, segundo me disseram (eu não sou conhecedor). Porão do Rock. Cinema? Como dito, temos muitos, com programação "hollywoodiana" ou alternativa. Para todos os gostos e bolsos.
Mas você se esqueceu de algumas outras ótimas opções. Clubes, temos também para todos os gostos. Não, clubes não servem somente para "tomar um bronze". Esportes, jogos, birita, música, também são vistos aos montes nos clubes, junto, claro, com o sol e as piscinas, além de muitas árvores e espaços para as crianças. Cachoeiras, cavernas? Temos muitas lindas por aqui. Tão perto como a 15Km do centro, mas as mais distantes são sempre mais preservadas. Esportes? De patinação artística a futebol de mesa, passando também pelos mais tradicionais?
Estou quase escrevendo uma nova matéria ;-)
Vou ficar por aqui... por enquanto...
Fala xará-duende!
Boa matéria, mas confesso que fiquei com uma sensação meio confusa ao lê-la... ao mesmo tempo que toma o tédio e a falta de opções como fio condutor, a própria diversidade de informações que vc traz à tona acaba por contradizer a tese de tédio inerente ao circuito "bar-cinema-clube-televisão" de Brasília (para dar uma referência eduardomoniquiana).
Não sei, mas a impressão que tenho é que hoje em dia essa idéia de tédio associada a Brasília não se sustenta mais muito não... palavra de quem adolesceu nesta cidade na década de 80, quando a barra era REALMENTE muito mais pesada, e havia muito pouco o que fazer. E mesmo assim a gente dava um jeito... Hoje Brasília é um paraíso de opções, creia-me.
Agora, uma coisa vc tem toda razão, neste seu retrato: a questão da estratificação, das "tribos", que continua sendo a chave para ser incluído ou excluído da vida social nesta bendita cidade... infelizmente. Isso existe nas outras capitais, mas com muito menos força de exclusão, digamos assim. Nesse ponto, o Rio dá de mil a zero, tome-se como exemplo a Lapa, onde se encontra de tudo: reaggeiros, samba/pagode, eletrônico, rock, salseiros, chorinho, tudo lado a lado, quando não junto e misturado.
enfim, este post é mais pra alimentar a discussão, não uma crítica ao seu texto, que, como sempre, é ótimo. E o legal é que dá vontade de escrever mais sobre Brasília. Só esse tópico sobre os locais pra dançar, por exemplo, dava uma matéria inteira à parte... quem sabe dessa vez não crio coragem!
abraço!
Olá pessoal!
Pelo visto a matéria começou a surtir o efeito desejado -- o de causar discussão. Esta é mesmo uma matéria parcial e com sua dose de ironia, e não sem propósito. Se nos tivéssemos proposto a escrever uma matéria equilibrada e exaustiva sobre o que se fazer em Brasília para não morrer de tédio, dificilmente conseguiríamos fazê-lo, mas chegaríamos mais perto de matar a discussão. Desta forma, com a matéria parcial e para alguns desagradável, estamos abrindo espaço para a conversa.
Nos próximos comentários vou tentar responder meus comentadores um a um.
Abraços do Verde.
Olá Jornalista#1
que bom que gostou da matéria. acho que sua matéria sobre o circuito alternativo de cinema em Brasília seria um excelente complemento para a conversa. Esperamos por ela! :D
Abraços do Verde.
Olá meu caro Marcos Paulo, muito obrigado pelos elogios.
A intensão da matéria não era a de fazer um roteiro completo e exaustivo -- muito pelo contrário. Pretendia ser parcial para incentivar a discordância e discussão, o que é muito mais interessante para o Overmundo do que a produção de matérias exaustivas. Viva a opinião dos comuns. Quero ouvir o que todos tem a dizer, que vale muito mais do que aquilo que só eu posso ver. :)
Abraços do Verde.
Olá André, agradeço muito as felicitações, elogios e boas vindas. :)
Estamos de volta :D
Concordo com sua colocação a respeito de nosso tão Brasiliense hábito de beber... um bocado. :)
Acho que esta é uma marca não de minha geração, ou da geração posterior. Trata-se de uma marca da cidade. Um dos principais elementos de diversão da cidade, a meu ver, é o álcool. É claro que assim me colocando abro espaço para grandes discordâncias, como a apresentada pelo colega Zamorim, mas esta é a idéia :)
E o Cine Brasilia é mesmo um lugar que merece muito destaque. Quem sabe um dia um de nós não faça uma matéria sobre ele, não é mesmo? :D
Abraços do Verde.
Olá Zamorim. Fico feliz em ler suas discordâncias. Era minha intenção ao escrever a matéria criar espaço para grandes -- e por vezes apaixonadas -- discussões. :)
É fato que Brasília não tem praia (o que muito supreendeu uma certa ex-mulher de meu tio certa vez nos idos dos anos 80). Mas também considero ponto pacífico que há ainda, até hoje, uma certa "maresia" de tédio permeando a cidade.
Não nos faltam bares, clubes, cinemas, cachoeiras, grutas, praças, farmácias (!?), puteiros e espaços culturais. Não nos faltam pessoas querendo se divertir e dando seu jeitinho. Não nos falta tempo, geralmente, para buscar algo o que fazer (de fato, por vezes ele nos sobra). Não nos falta nada, e não é na falta que se apóia o tédio. Acredito que, mais do que isso, o tédio é uma marca cultural, um elemento indelével de nossa ainda nascente (e por vezes invisível) cultura brasiliense. Mesmo na presença de opções de lazer (e por vezes elas não nos PARECEM ser muitas), somos entediados por natureza.
É claro que você tem todo o direito de discordar de mim neste ponto, meu amigo, mas é justamente esta a idéia. Gostaria muito de ler uma matéria sua a respeito do que há para se fazer em Brasília. Acredito que ela, em diálogo com minha mateŕ;ia e com outras que ainda irão surgir, formarão um panorama rico sobre nossa cidade. O Overmundo só tem a ganhar com nossa discordância. :)
Abraços do Verde.
Fala Xará-Freitas! :)
Como disse a nosso colega Zamorim, eu não acho que seja a falta de opções (literal ou percebida) por nós brasilienses que seja a chave de nosso tédio. Acredito que o nosso têdio é endêmico, e por isso bebemos tanto, e nos aprisionamos tanto em nossos programas repetitivos dentro de nossos guetos grupais. O brasiliense é antes de tudo um ilhado entediado. :)
Eu também "adolescí" no final dos anos oitenta e início dos anos noventa, e bem me lembro de como eram as coisas nos velhos tempos. Naqueles dias realmente me parecia que faltavam opções, coisa que não parece acontecer hoje. Mas ainda assim eu sinto uma atmosfera semelhante -- com ou sem a "miríade" de opções que temos hoje -- a permear nossos boêmios. É a atmosfera do tédio. Podemos ter 3 ou 4 bares para escolher, e mais umas 2 ou 3 festas para ir naquela mesma noite, mas mesmo assim nos entediamos com as opções. Temos cachoeiras e grutas, praças e feiras, cinemas e teatros, mas ainda assim nos entediamos com eles. Ficamos querendo mais, mesmo sem saber que "mais" é este. Será a falta da praia, ou a falta de vergonha na cara? Não sei. Acredito que o tédio nos é endêmico, que que poderíamos ter um bar a cada esquina (se esquinas tivéssemos por aqui), e mesmo assim nos entediaríamos.
Mais do que falar sobre as opções de lazer, cultura e socialização de Brasília, com esta matéria percebi que me interesso em falar sobre o tédio como elemento cultural brasiliense. Acho que isso até merece uma outra matéria, não é mesmo?
Mas voltando ao nosso tema, fico feliz que concorde comigo sobre nossa "insulação tribal". Talvez ela seja parte do que nos faz tão entediados. Nos isolamos do vizinho, mas nos entediamos em ver sempre as mesmas caras. Todos os círculos daqui tornam-se tão viciados -- todo mundo conhece todo mundo, todo mundo já tem alguma história com todo mundo -- que nos sobrevém uma sensação estranha de claustrofobia social. Ainda assim, seguimos tribalizados, e quem é de Landscape fica no Landscape, e quem é de Camping Show fica no Camping Show... sem promiscuidade intertribal. :)
Acho que esses papos são material para mais de uma matéria.
Segue a conversa.
Abraços do Verde.
Sensacional seu post, xará.
Nada como um profundo conhecedor para compartilhar um pouco da vida brasiliense por aqui.
Abraços da fria Paris, onde não tem nada parecido com um Beirute.
Hey! Valeu mesmo pelo elogio, Xará Cariello! Fico muito feliz que tenha gostado. Pretendo fazer mais alguns em breve, mas o tempo tá curto por aqui e acabo nunca encontrando o momento para fazê-los.
Abração do Verde.
Estive em BSB na virada do ano...Não me arrependi! Já quero voltar...adorei os dias quentes no Gates...Palato Sorveteria...andanças na UNB vazia e nas quadras...programa bem de turista mesmo! Fiquei encantada com a cidade.Espero te ver em breve Brasília...
Nanda Ribeiro · Itabira, MG 27/1/2008 14:00
Interessante esse texto + os comentários. Vou passar por perto de Brasilia em junho e pensei até tomar o conselho dos meus amigos e pular a visita à Brasilia...mas lendo esse texto acho que vou mudar de idéia. Segundo o comentário do Zamorim, música boa não é que falta.
Então, voltando da minha viagem, espero deixar outro comentário confirmando que Brasilia não é tão sem graça assim.... :)
O tédio, ná...
essa é pra você também
beijo
Putz...Moro em Brasília e você alocou todos os locais que vou, será então que não existe nada além disso, ai jisus...risos. Parabéns e que não morramos de tédio ao alugar filmes e mais filmes... Aqui é um local bom para se viver, mas tem seus infortúniso como em qualuer outro espaço. abração.
Cristiano Melo · Brasília, DF 5/6/2008 21:18Uma matéria que todo mundo com + de 4 ou 5 anos de brasília poderia escrever... Mas não tão bem escrita. As opções não fogem as listadas. só precisava dar uma atualizada pra 2009. Anyway, ótimo post, texto claro e direto. Consegue unir locais + culturas de brasólia, coisa que nunca tá separado. Parabéns.
Zé_K · Brasília, DF 14/3/2009 23:24
Passei o segundo semestre de 2009 em Brasília, em função do trabalho. Antes disso não conhecia a cidade e o que ouvia era que se tratava de um lugar onde não há muito o que fazer e esvazia nos finais de semana.
O que encontrei foi uma bela cidade com tantas opções de lazer quanto qualquer outra que não esteja no litoral (a exceção de Sampa, evidentemente).
Quem está em Brasília tem tanto o que fazer quanto quem está em BH, Curitiba, Goiânia e outras.
Moro em Brasilia há exactamente 3 anos, apesar de viajar muito, me sinto um verdadeiro ``candango`` e fico até irritado quando ouco até dos próprios Brasiliense da gema, que aqui nao tem muita opcoes de lazer. Dia desses estava em um barzinho tradicional chamado Libanus, e um sujeito que estava na mesa, amigo de um amigo, levantou se e disse: Vou me embora, Brasilia é uma merda, não tem o que fazer.
Nao me contive e perguntei:
O que voce gostaria de fazer?
O sujeito respondeu; Sei lá .
Disse a ele, tá vendo, nem voce sabe o que quer, moro aqui a menos de 3 anos e me encantei por Brasilia pela sua diversidade de lazer em todas a areas, basta se informar, leia jornal, veja televisao, busque na internet, entre no Guia BSB que ira achar opcoes para todos os gostos, basta procurar.
E é bem isso, primeiro tem que saber o que quer, depois, pergunte aonde fica ao Google.
Há tbm aqueles típicos bares localizados nas comerciais que tbm são residênciais, o qual os frequentadores, nada mais são do que os próprios moradores da região. Alguns oferecem lanches rápidos, caldos e tira-gostos como é o caso do PARAÍSO..., ou tbm chamado de "Paradaise" por seus frequentadores. Estes últimos quando estão bebendo por lá costumam utilizar uma música de sucesso pra definir o local aonde estão... "Estou há dois passos, do Paraíso..." Este bar localiza-se na comercial da 715 Norte, a entrada se dá pela "rua das oficinas"...
Aninh@ · Brasília, DF 9/9/2011 15:19Rapaz ai de Brasilia da uma Passeadinha na minha Grafica Online Abraços
Yeshua Arts Graficas · Curitiba, PR 9/4/2015 01:17Para comentar é preciso estar logado no site. Faa primeiro seu login ou registre-se no Overmundo, e adicione seus comentários em seguida.
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