Muito se discute sobre música independente no paÃs hoje em dia. Porém, a distância que se observa na prática entre músicos amadores (sem pretensão profissional) e artistas auto-produores profissionais é enorme. Motivados em diminuir essa distância, e também em criar um material que se voltasse somente para a música independente (o que é extramamente raro), os compositores Estrela Leminski e Téo Ruiz publicaram o livro CONTRA-INDÚSTRIA em 2006, pela editora miniera Selo Editorial, fruto de uma ampla pesquisa da dulpa sobre o tema reunindo aspectos históricos, discussões, novas tendências e também uma nova terminologia que se adequasse ao discurso atual desses artistas auto-produtores profissionais de hoje, independentes por opção, que não estão ligados a nenhum tipo de estrutura industrial. Sem pragmatismos e maniqueÃsmos, o livro traz dados oficiais e embasamento para mostrar que os artistas independentes já saÃram há tempos da condição de "marginais" para se tornarem situação dentro da música brasileira.
Segue o resumo que está na orelha do livro:
O conceito de MPB como uma instituição se mostra muito mais apropriado nos dias de hoje, pois não envolve mais somente estilos musicais, mas também reúne aspectos sociais, históricos e culturais da sociedade brasileira. As grandes gravadoras foram se firmando no Brasil ao longo do século XX ligadas ao desenvolvimento tecnológico do fonograma (música gravada). Com o avanço técnico das gravações, expansão e massificação dos meios de comunicação e com a grande qualidade e diversidade da música brasileira, as grandes gravadoras (majors) atingiram o grande público, principalmente a partir dos anos 50, e instalaram um monopólio de toda a cadeia de produção musical. A Música Independente surge em meio a crises do setor e insatisfação de alguns artistas das majors, e teve sua grande expansão a partir dos anos 80 com a vanguarda paulistana. A atitude do Faça Você Mesmo, já presente no Punk, começa então a fazer parte da MPB. O artista independente de hoje não corresponde mais a imagem de amador e marginal que adquiriu ao longo principalmente dos anos 70 e 80. Há algum tempo esses artistas produzem seu próprio trabalho com extrema qualidade e competência, e aproveitam alternativas de produção já existentes assim como propõe novos caminhos. As Leis de Incentivo à Cultura, mesmo com defeitos, constituÃram uma importante ferramenta de trabalhos independentes de altÃssima qualidade, e até hoje é uma alternativa de produção. O alto custo do monopólio das grandes gravadoras através de compras dos meios de comunicação (jabá), a escassez de novidades, trabalhos apelativos e as novas alternativas independentes são as prováveis causas da crise instaurada em todo setor fonográfico mundial. Devido à nova configuração da Música Independente e a adequação de seu discurso, a Contra-Indústria se configura como o expoente dos artistas independentes do Brasil.
Mais informações sobre o livro, os autores e como adquirir, entre no site
www.musicaderuiz.art.br
O que q há de mal começar como artista independente e depois cair nas graças da mÃdia? eu acho que, desde de que se tenha conteúdo para passar, tudo é válido. A maoria das pessoas são fáceis de alienar. basta deixa-lás na frente da tv. Algumas vão se alienar pelo conteúdo da tv e pelo glamour... as outras, não vão nem se interessar se o artista passa algum conteúdo ou não. Simplesmente vão odiar pelo simples fato de que apareceu na tv.
AndrCarvalho · São Paulo, SP 2/4/2007 00:01
André, não tem mal nenhum. Não é essa a discussão, na verdade. Faltou eu escrever no texto "sem pragmatismos, maniqueÃsmos e romantismos". Eu sinceramente não acho que você "não deve se vender" e essas coisas. Você não deve trair o que você acredita. Agora, vender todos precisam! Nosso CD e livro estão à venda sim, e não tenho nenhum problema de chegar a mÃdia, se esse é seu questionamento. Todo artista precisa ser conhecido. O que está errado (e esse é um princÃpio meu) são somente 77 artistas de grandes gravadores que representam 85% do mercado fonográfico. Isso está errado, não representa a realidade da música brasileira. Os meios que a grande indústria cria um monopólio e a impressão de que "não há mais nada de bom depois dos anos 70", você já deve ter ouvido isso. Tem muita coisa boa sim, só que o público não conhece devido a jabás e monopólios da grande indústria. O nosso questionamento é mais para a indústria do que pra mÃdia em si, até. Por isso CONTRA-INDÚSTRIA. Não é contra a indústria exatamente, mas sim uma outra alternativa de produção que tem que ser reconhecida. Assim como a Contra-Cultura não era contra a cultura, entende?
Valeu pelo comentário, é essa a idéia mesmo! Discutir!
Téo, muito legal a colaboração. Pena eu não ter visto enquanto estava na edição, teria te alugado com umas sugestões.
Sobre o conteúdo: interessantÃssima a discussão proposta. E gostei também desse teu comentário acima, explicando o conceito de Contra-Indústria. É triste mesmo que a espontaneidade do consumo cultural se perca por causa de monopólios e jabás.
Bom...
Abraço e até já
O mainstream nunca foi um bom lugar pra se produzir. O
FILIPE MAMEDE · Natal, RN 4/4/2007 08:31
é que as pessoas confundem profissionalismo com a ações laboratoriais das grandes gravadoras.
OBS: Aqui em Natal, no próximo mês vai rolar o MADA - Música Alimento da Alma, um festival de bandas indepentes com a participação de pouquÃssimas bandas grandes.
Beleza, Téo!
Já encomendei o meu...
Abraço!
Egeu, você encomendou pelo site?
Ainda não recebi! Tenta mandar para vendas@musicaderuiz.art.br
Abraço!
Téo, adorei seu trabalho. Vou olhar seu site também. Ainda visualizo a contra-indústria de uma forma mais ampla (pelo pouco que li aqui)
Inclusive, a midia chama de pirataria trabalhos em copyleft. Saiu esta semana na mÃdia que os artistas dos surbubios das grandes cidades, tem seus trabalhos pirateados e distribuÃdos, prejudicando seus artistas. hum! será mesmo que são pirateados. Pelo que eu saiba, os artistas dão permissão para a distribuição. Mas pelo fato de serem independentes, as gravadoras levam o fato a população como sendo trabalhos menores e práticas abomináveis.
Como diz um grande amigo meu, infelizmente temos que trilhar o caminho do carão, afinal precisamos sobreviver, mas sempre com principios. parabéns.
Téo, porque você não libera o livro aqui pro Overmundo?
Bruno Rabelo · Ananindeua, PA 8/4/2007 13:48
Acho que é porque o livro teve um custo (financeiro e imaterial também) e está à venda, Bruno... mas também adoraria ter acesso a ele de graça... Quem sabe depois de fazer a "carreira" comercial dele, o livro venha parar nas nossas mãos via Overmundo, quem sabe... (mas quem pode responder com propriedade é o Téo mesmo)
Abraço,
O Pio Lobato, que toca comigo no cravo carbono, disse outro dia "o faça você mesmo é da hÃstória da humanidade".
Bruno Rabelo · Ananindeua, PA 8/4/2007 13:55
É verdade, não é só a industria que precisa de dinheiro.
Poderia soltar um capÃtulo então.
Poderia... Mas é barato, considerando o preço dos livros em geral e a relevância da obra deles...
No site www.musicaderuiz.art.br dá pra ver preço e condições de entrega direitinho.
Abraço,
Pois é Laine, o copyleft é uma realidade já. E a indústria fonográfica tenta jogar toda culpa da crise em cima da pirataria, com certeza é muito mais fácil do que tocar nas questões de jabás e tudo mais. Mas já ouvi histórias de que, no Pará (se não me enagno) várias bandas lançam seu CD e depois mandam para os camelôs, e ganham uma grande repercussão lá. Acho que aqui no Paraná isso não ia dar certo, porque o pessoal na rua não ia querer comprar um CD que não conhece, e sim iam querer Sandy Junior, etc. Mas esse fato lá indica realmente que o público procura o que está fora da mÃdia, e já existe um "circuito oficial" dessa produção independente e os camelôs foram um meio de dar vasão a isso. Quem sabe daqui há alguns anos as lojas não serão "obrigadas" a oferecer mais trabalhos independentes?
Téo Ruiz · Curitiba, PR 8/4/2007 14:07
Ou mandando um e-mail diretamente para vendas@musicaderuiz.art.br
Bom... Téo, nossos comentários saÃram ao mesmo tempo, quase, por isso a aparente desconexão... Mas valeu, né?
Abraço,
Quanto a disponibilizar o livro na web, estamos pensando sobre o assunto. Porém, como disse o Felipe, a obra teve um custo não só financeiro como imaterial, e além disso, como disse o Bruno, não é só a indústria que precisa de dinheiro... rs...
O tema do livro é muito dinâmico, e continuamos acompanhando as transformações. Acho que discussões em sites como o Overmundo e Wikipedia podem ser um complemnte do livro, recendo opiniões, crÃticas e novas informações.
Mas a idéia é justamente vender a um preço acessÃvel, pois queremos difundir o tema o máximo possÃvel. Não queremos ficar rico com o livro, se quiséssemos ele custaria muito mais caro. O preço simbólico (que vendemos pela internet e também nos shows) vai de encontro com toda nossa filosofia de trabalho. Não somos "românticos" de achar que nossos CDs e livros não estão à venda. Tem que estar, pois é o nosso trabalho e sobrevivemos disso também. Mas valeu pessoal, a idéia de disponibilizar um capÃtulo é boa e vamos tentar. Tenho que preparar o arquivo ainda, temos só as correções finais.. rs...
Isso que é bom da web, discussão em "tempo real" rs...
Abraço!
Pois é... quem está online acaba ficando quase que num bate-papo ao vivo mesmo.
Abraço também!
Téo, acho que o livro deve ser disponibilizado na Ãntegra aqui. Eu por exemplo não deixaria de comprá-lo depois de ler seu conteúdo em PDF. Na verdade já comprei vários livros (e CDs) originais depois de baixá-los na rede. Acho que uma coisa reforça a outra. Você poderia já dar um toque aqui nos comentários sobre o Independência ou Sorte. Estou terminando um artigo sobre a Contra Indústria para um jornal aqui de Minas. Em breve disponibilizo aqui também. E vamos- que-vamos!
Makely Ka · Belo Horizonte, MG 8/4/2007 16:15
Olhem ai:
Cadeia Produtiva do Livro
Uma aula.
Eu já ontem baixei, votei, muito boa a colaboração do Adroaldo. Ainda não tive tempo de ler, mas parece interessante.
muito bom, tremendamente lucido! Parabéns!
valdezz · Arraial do Cabo, RJ 1/12/2008 13:06
Gosto de ler suas coisas e pensar nas provocações que vc levanta... aos poucos a gente se fala...
besos
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