Crença em produzir

Thiago Camelo
Em Cordeiro, cinema ocioso desde 1981 reabre para exibir filme de diretor local.
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Thiago Camelo · Rio de Janeiro, RJ
15/6/2007 · 314 · 29
 

Oitocentos e vinte e sete. Mais 827 crianças nascidas e nada disso estaria acontecendo. Quer dizer, não sei. Não sei porque depende de vontade, e vontade eles têm. Mas é bem provável que se os 19.173 habitantes somassem, na verdade, 20 mil, Luiz Antonio Cavalheiro não teria realizado um filme, o Grêmio Recreativo Escola de Samba Unidos do Rodolfo não teria sido campeão do Carnaval e não haveria um programa de TV com curtas e animações do país inteiro sendo transmitido para a cidade de Cordeiro.

Cordeiro fica na região serrana do Rio, a 130 km da capital, e justamente por ter menos de 20 mil habitantes pôde participar do Revelando os Brasis , programa que premia 40 histórias do Brasil todo e permite que os vencedores estudem a linguagem cinematográfica a ponto de voltarem às suas cidades com bagagem suficiente para rodar um curta-metragem. E o mais importante: o projeto fornece o equipamento para que a produção aconteça. Bom, linguagem aprendida, filme feito. Ainda faltava um passo para fechar a tríade imaginada pelos realizadores da empreitada (Ministério da Cultura, Instituto Marlin Azul – do Espírito Santo – e Petrobrás): exibir os filmes nas cidades em que eles foram filmados, junto a um público que na maioria das vezes ajudou na feitura da obra, fosse atuando, fosse carregando material, cedendo a própria casa e, também, emprestando o imaginário do lugar à história.

E foi impossível fugir da imediata pergunta que me fiz quando descobri que iria a Cordeiro assistir à exibição do filme do realizador local: como será o imaginário dessa cidade com tão poucos habitantes, que não tem um cinema, que quando se fala aqui na capital a maioria (quando conhece) remete instantaneamente a duas coisas – à banda de choro Os Matutos e à exposição agropecuária de julho –, enfim, como será que as pessoas de lá são?

Bobagem. O que senti ao chegar em Cordeiro me pareceu muito com o que o cineasta Eduardo Valente conta aqui, nesse bonito texto, sobre a oficina que ele ministrou para o Revelando os Brasis Ano II (a caravana que está circulando o país ainda leva os filmes do ano I do projeto): essas pessoas são iguais a mim, sofrem inclusive dos mesmos vícios do olhar de quem cresceu vendo TV, compartilham do mesmo desejo de oferecer para o mundo o que pensam. Da forma e por meio da arte que for. O que vi em Cordeiro foi uma cena cultural desabrochada, um grupo de pessoas sem receio algum dos riscos de criar.

Cheguei no começo da tarde de 5/07.


E logo uma bandinha de crianças passou por mim, pensei serem os Matutos, mas não eram. Eram outras crianças que, como os Matutos, também tocavam instrumentos, comemorando em procissão o Dia Mundial do Meio Ambiente. Pelas ruas de paralelepípedo que cobrem quase toda a cidade elas seguiram até entrar no Parque de Exposição Raul Veiga, onde mês que vem acontece a tal da exposição agropecuária. Pronto, pensei, bandinha, parque de exposição... Cordeiro.

Bobagem de novo. E Luiz Antonio Cavalheiro, 38 anos, chegou logo para, ainda na minha primeira hora de cidade, revelar, entre uma frase e outra que, além de diretor do A hora das almas (representante de Cordeiro do Revelando os Brasis), ele também é poeta, contista, ilustrador e realizador de peças de teatro. Ok, isso aí qualquer um pode ser, ainda mais hoje em dia, quando para se fazer um filme, por exemplo, basta ter uma câmera fotográfica digital. Não é o título que importa. Tenho dúvidas, na verdade, se até mesmo a qualidade dos trabalhos é relevante. A questão aqui é a vontade de fazer, de colocar para si o desafio de criar. Desafio que aí sim a distância de Cordeiro atrapalha, porque realmente falta acesso, falta mídia, falta tecnologia, falta um palco, um cinema. Mas, mesmo assim, o que não falta por aquela região é iniciativa.

Luiz Antonio nasceu por lá e por lá cresceu. É formado em Língua Portuguesa e Literatura na Faculdade de Filosofia Santa Dorotéia (que fica em Nova Friburgo, cidade a 40 minutos de Cordeiro) e pós-graduado em Educação Infantil, numa especialização que fez à distância. Vive de dar aula na rede pública de educação, numa escola bem perto de sua casa. Perto, aliás, soa como pleonasmo ao levar em consideração as dimensões de Cordeiro. É possível andar a pé por boa parte da cidade. Isso possibilita também que as pessoas se conheçam mais. Vivam próximas umas das outras, compartilhem gostos, hábitos. E, naturalmente, uma turma se forma. E foi assim, conhecendo-se desde bem novos, que o grupo de amigos de Luiz Antonio se formou. Todos que conheci dão aula em escolas ou cursos e têm alguma pós-graduação. O que impressionou bastante, a ponto de me levar para o outro lado e passar a achar que Cordeiro só tem intelectual. É claro que não. Tem gente muito humilde, gente que nunca viu um filme, por exemplo. Aliás, a maioria das pessoas com que conversei nunca tinha ido ao cinema, mesmo existindo alguns em Nova Friburgo. Nada de tão diferente daqui do Rio, e até a justificativa da falta de interesse no ritual da sala escura é a mesma: o conforto da casa e do DVD.

O cinema

O último cinema de Cordeiro, o Cine Madrid, inaugurado em 1956, fechou as portas em 1981, e desde então a cidade ficou órfã de um espaço para a exibição de filmes. Atualmente, o prédio antigo e a sala enorme com cadeiras de madeira abrigam a centenária Sociedade Musical Fraternidade Cordeirense, banda de música da cidade da onde saiu a maioria dos integrantes dos Matutos. A Sociedade é subvencionada pela Prefeitura, que repassa R$ 36 mil por ano para a instituição e, em troca, atribui a responsabilidade de administração do lugar aos músicos. A sensação clara que tive e que muita gente na cidade tem é que aquele local poderia ser melhor aproveitado. Hoje, ele serve basicamente de espaço de ensaio e eventuais shows da banda. Os próprios integrantes da Sociedade afirmam ter planos para uma ampliação do ex-cinema para até, quem sabe, retomar as exibições de fitas por lá. A Prefeitura responde que não é bem assim, que tem planos também, mas que ali, segundo estudos feitos, não seria lugar para um cinema, um teatro, uma casa de show, que se teria que escolher e que, pelo andar da carruagem, o cinema estaria mesmo perdendo espaço.

Parece uma fábula. Porque perto dali, no atelier de Allessandro Concencio, artista plástico, carnavalesco, figurinista, diretor de arte e por aí vai, tem um grupo que se reúne sempre para conversar sobre projetos artísticos. Este mesmo grupo se uniu mais e ganhou força e, por que não, uma certa notoriedade, com o cinema, com o filme de Luiz Antonio. Allessandro, José Amaro Mansur, Ângelo Pessoa e, claro, Luiz Antonio, são aqueles amigos de muito tempo que mencionei. Vivem uma vida cultural intensa em Cordeiro. Juntam-se no “QG†de Allessandro para conversar sobre contos, roteiros, peças e concursos em que podem inscrever suas obras. Depois que Luiz Antonio foi escolhido e filmou A hora das almas em 2005 (produção na qual, com exceção de Ângelo, todos os amigos participaram exercendo alguma função), eles foram chamados para ajudar na concepção do samba-enredo da escola Unidos do Rodolfo. Foram convidados também para tocar programas diferentes no canal comunitário TV.com. Luiz Antonio coordena um programa de cinema chamado Sétima Arte, com exibições de curtas e animações de todo o Brasil. Quanto à escola de samba, ela foi campeã do Carnaval, com o enredo “Luz, câmera, emoção... Suspense na avenida. A Gresur vai desfilar a arte do cinema sentindo o prazer na adrenalina.â€, competindo contra outras duas agremiações. O nome do samba já dá a dica sobre o que foi o desfile: uma grande festa do cinema. Três alas baseadas em três filmes diferentes, O fantasma da ópera, Os pássaros e, para fechar com chave de ouro, A hora das almas. [* Uma nota triste desse enredo – Luiz Antonio era destaque da ala do seu filme e caiu bem do alto do carro que o levava. Quebrou vários ossos do pé, bateu a cabeça, desmaiou e só um ano depois está conseguindo andar direito, mas confessa que ainda sente um pouco de dor. De resto, recuperação perfeita. E a constatação de que, depois do filme, a vida realmente não seria mais a mesma.].

Produzir a qualquer custo


O fato de ter experimentado um esquema de produção profissional mexeu com os artistas cordeirenses. Se antes eles já produziam com os parcos recursos que tinham, como se acostumar agora, depois da oportunidade, com as dificuldades recorrentes de se viver longe dos centros culturais? Simples. Não se acostumando. Produzindo. É isso, por exemplo, que prega Allessandro, em seu atelier, que é também sua casa e de sua mãe. Sobre o projeto Revelando os Brasis, em que ele trabalhou de diretor de arte e cenografista do filme de Luiz Antonio, afirma ter adorado a experiência – uma das melhores de sua vida –, mas reivindica com firmeza os equipamentos usados na produção do filme, que foram cedidos e tiveram de ser devolvidos. Segundo ele, sem acesso, tudo acaba ficando muito difícil. Esse tipo de discurso pessimista, no entanto, é raridade em Cordeiro. O próprio Allessandro relativiza a questão, e aponta que aquilo de não ter em mãos equipamentos não é especificidade da sua cidade, é de quase toda cidade pequena e, quem sabe, de muita gente até mesmo dos centros. Para onde ir, então? A lugar nenhum, é importante ficar e fomentar a cultura de Cordeiro. O grupo brinca, inclusive, sobre fazer um movimento chamado Dogma 2,99 – “quem sabe até 1,99 reaisâ€, se divertem -, em referência ao movimento de cinema dinamarquês, Dogma 95, que tinha a ambição financeira e estética de produzir obras com poucos recursos. Na verdade, esta espécie de tática de guerrilha que alguns cineastas independentes tomam para fazer e divulgar suas fitas já vem sendo assumida por eles. Um exemplo: a parceria que Luiz Antonio fez com uma locadora da cidade, deixando uma cópia do seu filme por lá para ser pego de graça. A procura foi tanta que os donos da locadora tiveram de adquirir mais duas cópias da obra. O resultado? Não teve para ninguém em boa parte de 2006. A hora das almas liderou as locações, deixando em segundo colocado, respectivamente, Dois filhos de Francisco e o remake de King Kong. Além de combinar a permuta com a locadora, Luiz Antonio ainda fez o filme correr pelas escolas de Cordeiro, outra estratégia comum dos cineastas sem incentivo. Dia 5, quando cheguei por lá, o medo do grupo era curioso: todos estavam receosos com o fato de boa parte da cidade já ter visto o filme e, por isso, o Cinema Madrid ficar vazio.

A exibição


Inferno na Torre
, Terremoto, Tubarão, Os Trapalhões, filmes pornôs e de kung fu. Os mais velhos de Cordeiro lembram bem da época em que o Cinema Madrid ainda funcionava. Luiz Antonio e sua turma também, passaram seus vinte anos por lá e agora, na casa dos 40, dão falta de não haver na cidade uma grande tela de exibição. Mas terça é um dia especial e já o ex-cinema vai virar cinema de novo. De fato, como previra o grupo, a sala não está lotada. Também não está vazia. Na platéia, acabo conhecendo outros artistas da cidade, músicos, atores, anônimos que participaram do filme de Luiz Antonio. Durante a exibição do curta cordeirense e outros mais três filmes do Revelando os Brasis, uma visita à locadora de vídeo. Quinze minutos por lá, dois casais olham a prateleira, uma menina devolve a 2º temporada de Lost. Todos respondem da seguinte maneira a indagação de por que não estão no cinema: “Porque já vi o filme do Luiz Antonioâ€. A verdade é que aliado ao fato de levar um telão e exibir filmes qual um cinema nas cidades que normalmente não têm salas de exibição, o Revelando os Brasis tem também como grande chamariz a possibilidade de assistir à obra do realizador local. Se por um lado o empreendedorismo de Luiz Antonio proporcionou que seu filme tenha sido visto por muito mais gente do que o senso comum previa, por outro acabou tirando parte do público justamente da sua noite de exibição oficial. Nada, contudo, que tenha ofuscado a sensação especial de dentro da sala escura de que, mais de duas décadas depois e com exceção de uma mostra especial aqui e ali, o cinema abria novamente a sua porta, agora para passar a primeira obra filmada totalmente na cidade e dirigida por um cordeirense.

O melhor de tudo: a certeza de que o cinema vai passar, pelo menos, ainda mais um filme. Isso porque a caravana do Revelando os Brasis Ano II vai obrigatoriamente voltar para lá, para exibir o filme de Ângelo Pessoa, Uma história de fogachos, queijinhos e Miranda. Cordeiro foi a única cidade do país contemplada duas vezes no projeto. O que anima e faz o grupo revelar que já há planos para o ano III: uma animação. O futuro ainda reserva mais criação – uma peça de Luiz Antonio encenada em um colégio de Duque de Caxias, um sonho de Allessandro de uma escola de arte (em Cordeiro) integrada com a natureza, um concurso de literatura a participar, uma exposição a fazer; enfim, produzir.

***
O filme de Ângelo Pessoa, Uma história de fogachos, queijinhos e Miranda, passa 19 de junho, às 23h30, no Canal Futura, com reprise dia 24, às 13h.

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andre stangl
 

Td jóia Tiago?
tenho uma dúvida ou sugestão... será q não é o caso de postar a colaboração como sendo de Cordeiro-RJ?
abçs e parabéns pelo texto.

andre stangl · Salvador, BA 12/6/2007 13:31
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Thiago Camelo
 

Ei André! Obrigado pela dica. O que acontece é que a colaboração está sim como se fosse de Cordeiro. Isso fica representado pela primeira palavra nas tags. É que como eu sou do Rio e estou cadastrado como sendo daqui, aparece Thiago Camelo - Rio de Janeiro, sacou? Abração!

Thiago Camelo · Rio de Janeiro, RJ 12/6/2007 14:05
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Luiz Antonio Cavalheiro
 

Oi, Thiago!
Estou muito emocionado mesmo! Você nem faz idéia do tamanho da minha alegria... Obrigado pelo belo presente que nos deu com esse texto tão caprichado. Somos todos gratos aqui.
Por favor, tenho um pedido e uma correção a fazer.
Primeiro, o pedido: Dentre os meus "títulos" que você mencionou, gostaria muito que você subtraísse o de "carnavalesco". Na verdade, sempre gostei de carnaval, mas "carnavalescos" de verdade só o Allessandro e o José Amaro.
Segundo, a correção: O título correto do curta de Angelo é "Uma história de fogachos, queijinhos e Miranda."
Grande abraço e mais uma vez muitíssimo obrigado. Vou espalhar essa boa notícia por aqui.
Valeu!!!!!!!!!!!!!!!

Luiz Antonio Cavalheiro · Cordeiro, RJ 12/6/2007 18:20
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Henrique Araújo - Grupo TR.E.M.A
 

Olá, Thiago. Achei muito rica a sua abordagem do Revelando os Brasis aí no Rio. Um grande desafio tentar trazer para todos nós, além das informações obrigatórias sobre o projeto, um pouco dessa cidade, Cordeiro, e também de sua gente. Fico impressionado com a disposição que têm os produtes audiovisuais nas pequenas cidades.

No mais, um texto muito bem arranjado.

Abraços!

Henrique Araújo - Grupo TR.E.M.A · Fortaleza, CE 12/6/2007 21:26
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Thiago Camelo
 

Opa! Luiz Antonio, escrevi esse texto com muito prazer. Pude falar muito sinceramente do que vi de uma cidade e de pessoas que me receberam tão bem. Teus erros já estão corrigidos! Valeu o toque!!

E te apresento já acima o Luiz Antonio, Henrique. A turma dele é uma das responsáveis pelo ímpeto produtivo de Cordeiro. Fico feliz que tenha gostado do texto. É sempre difícil conseguir fazer coexistir tanta informação e momentos em um espaço só. Abração pros dois!

Thiago Camelo · Rio de Janeiro, RJ 13/6/2007 11:03
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Luiz Antonio Cavalheiro
 

Oi, Thiago!
As pessoas estão lendo e gostando muito! Tô achando bacana isso tudo acontecendo. Um amigo ( professor de português também!) me ligou dizendo que está faltando um "de" na frase "sente um pouco dor".
Outra coisa ( li e reli a matéria de tanto que gostei!): quando você fala do acidente no carnaval, há uma dubiedade aí que gostaria de esclarecer: eu não cai do carro, foi o carro que me fez cair. As estruturas da base que me sustentava estavam danificadas pela ferrugem.
Grande abraço mais uma vez!

Luiz Antonio Cavalheiro · Cordeiro, RJ 13/6/2007 12:59
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Daniel Duende
 

E os textos sobre Cinema do Thiago, como sempre, arrebentando! Mandou bem, meu velho.

Abraços apertados do Verde.

Daniel Duende · Brasília, DF 14/6/2007 05:50
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Marluce Freire Nascasbez
 

Thiago Camelo,

Vim a convite de Cavalheiro e fiquei na indecisão a quem parabenizar, logicamente o trabalho é teuThiago, mas, o meus parabéns vai para os dois! Aí vocês dividem os parabéns! rsrsrs


Muito bom!

Marluce

Marluce Freire Nascasbez · Carnaíba, PE 15/6/2007 11:26
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angelo pessoa
 

Nossa... como sou jurássico!!! Deveria ter feito o comentárioa sobre seu texto aqui e não lá no seu perfil..kkkk
Mas vá lá e leia!
Entenda meu "amadorismo" ainda por aqui!kkk
Abração!

angelo pessoa · Cordeiro, RJ 15/6/2007 22:21
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Roberto Maxwell
 

Deu vontade de ir a Cordeiro ver isso.

Roberto Maxwell · Japão , WW 16/6/2007 00:34
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Luiz Antonio Cavalheiro
 

Oi Roberto!
Vem sim! Vc será bem recebido por nós, pode ter certeza.
Cordeiro é conhecida como uma cidade muito hospitaleira.
É só marcar.
Grande abraço.

Luiz Antonio Cavalheiro · Cordeiro, RJ 16/6/2007 08:36
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Roberto Maxwell
 

O, rapaz, eu nao sei quando volto ao Brasil. Mas, quando voltar, eu quero conhece-los.

Roberto Maxwell · Japão , WW 16/6/2007 08:39
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Roberto Maxwell
 

No mais, se os filmes entrarem on line, por favor me avise pq eu escrevo para uma publicacao em portugues aqui no Japao onde eu indico sempre obras de curta metragem que estao na internet.

Roberto Maxwell · Japão , WW 16/6/2007 08:40
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Rafael Costa
 

Não posso concordar com um projeto que use dinheiro do Estado para produzir vídeos. Quem tem que financiar o audiovisual é o público, não o poder público

Rafael Costa · Belo Horizonte, MG 16/6/2007 15:39
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Roberto Maxwell
 

Concordo em parte com vc, Rafael. No caso de uma cidade como Cordeiro, investir em cultura eh fundamental. Agora, financiar produtoras do RJ e SP para mim eh algo complexo.

Roberto Maxwell · Japão , WW 16/6/2007 18:23
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Henrique Araújo - Grupo TR.E.M.A
 

Ora, Rafael, esse dinheiro não é do Estado, mas nosso, meu, seu e do Roberto também! Ou seja, quem financia é, de fato, o público. O poder público apenas aplica os recursos. Claro, muitas vezes de forma bisonha...

Abraços!

Henrique Araújo - Grupo TR.E.M.A · Fortaleza, CE 16/6/2007 19:11
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Roberto Maxwell
 

Henrique, de boa, por esse dinheiro ter sido "meu" eh que eu acho que ele nao deve financiar o cinema comercial brasileiro. Ha outras coisas em cultura que devem e merecem ser financiada ao inves dos filmes do Daniel Filho.

Roberto Maxwell · Japão , WW 16/6/2007 19:14
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Roberto Maxwell
 

E, como eu disse antes, eu acho que os diretores que usam esse dinheiro tem que assumir que nao fazem cinema independente mas, sim, fazem cinema estatal.

Roberto Maxwell · Japão , WW 16/6/2007 19:15
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Henrique Araújo - Grupo TR.E.M.A
 

É aí que entra o termo "bisonho", Roberto. Quando dinheiro público é utilizado de forma canhestra, sei lá, ou pouco honesta. Quando ficamos com a nítida sensação de que houve alguma espécie de favorecimento ou apenas de que o dinheiro foi muito mal aplicado. Mas não discordamos num ponto básico: que o poder público deve aplicar recursos em cultura, fato que o Rafael tinha colocado em questão.

Agora, fica a questão: tocar projetos financiados com recursos públicos faz de mim um cineasta ou escritor menor? Professores de universidades federais praticam uma "educação estatal"? Têm rabo preso? Afinal, o que é cinema independente? Independente de quê e de quem?

Abraços!

Henrique Araújo - Grupo TR.E.M.A · Fortaleza, CE 16/6/2007 20:00
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Luiz Antonio Cavalheiro
 

Rafael,
Respeito a sua opinião e concordo em parte com ela.
Não sei até onde vai o seu conhecimento sobre o Revelando os Brasis, que é o projeto posto em cheque por você, mas não é um projeto audiovisual simplesmente. É um projeto de inclusão audiovisual. A grande maioria dos participantes tanto do Ano I quanto do Ano II não é composta por intelectuais, escritores ou cineastas. São pessoas do povo que revelam o seu olhar para as especificidades de suas culturas, lendas e tradições. O que temos hoje com esse projeto, que tive o privilégio de participar, são 80 olhares que registraram a memória de nosso povo pelo Brasil inteiro. Não vejo problema algum que o meu e o seu dinheiro, como de tantos outros brasileiros promova releituras interessantes da nossa realidade e possa provar que existe vida inteligente e pulsante em todos os lugares desse país, até nos rincões mais distantes.
Prefiro o meu dinheiro patrocinando o exercício de olhar para dentro de si mesmo e escrever a sua história a vê-lo passeando nas cuecas, maletas ou então sendo monopolizado por uma elite arrogante que comanda a produção audiovisual desse país.
Não me sinto pouco a vontade diante disso, uma vez que com excessão desse projeto, toco todos os que fiz até hoje em minha vida com o aval do público. Isso é o que realmente me interessa.
Grande abraço.

Luiz Antonio Cavalheiro · Cordeiro, RJ 16/6/2007 21:10
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Luiz Antonio Cavalheiro
 

* em tempo: a grafia correta da palavra é EXCEÇÃO. Desculpem-me pelo deslize ao grafá-la.

Luiz Antonio Cavalheiro · Cordeiro, RJ 16/6/2007 21:20
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Roberto Maxwell
 

Acho que vc colocou a questao de forma bem clara, Henrique. A partir do momento que eu preciso submeter meu filme para a Petrobras aprovar, o que vai para a tela eh o que a Petrobras aprovou. O mesmo posso dizer das outras inumeras companhias que usam o dinheiro publico para fazer publicidade no cinema. Entao, eu te pergunto, essa selecao nao compromete as escolhas dos diretores/produtores? Ou, ainda, falemos dos filmes que NAO foram selecionados: estes NAO selecionados nao fazem parte de uma peneira tematica/estetica que seleciona o que esta sendo produzido. Portanto, ao selecionar o que esta sendo produzido e o que NAO esta sendo produzido, nao estamos trabalhando com a FALTA de independencia? E, por fim, a medida que alguem deseja ser selecionado e produz filmes PARA serem selecionados, essas pessoas nao estao sendo (NAO) INDEPENDENTES?
POrtanto, e acho que a minha questao eh essa, independente do que? INDEPENDENTE DO ESTADO, das formas de selecao que privilegiam uma forma de cinema em detrimento de outras.
No mais, minha escolha como cineasta foi ser INDEPENDENTE do patrocinador que decide que filme eu devo fazer.
Nao acho que um filme patrocinado pelo estado seja um filme menor. No entanto, sao os diretores/produtores que se beneficiam desta forma de financiamento que devem perder a vergonha de colocar isso de forma clara para o publico e, ainda, de discutir isso como parte do processo de producao.

Infelizmente, a maioria dos utilizadores de verbas publicas nao fazem isso.

No mais, eu acho que o Cafune, um filme que esta disponivel on line aqui no Overmundo, eh uma excelente resposta a utilizacao do dinheiro publico para a producao cinematografica. Quem nao conhece, pode ler sobre essa experiencia aqui:
http://www.overmundo.com.br/overblog/cafune-e-bom-no-cinema-e-em-casa-1
Enfim, sao varias questoes, Henrique, que passam nao apenas pela qualidade da obra produzida, mas que vao ate o acesso a ela. E acho que os utilizadores de verbas publicas devem repensar e clarificar para os cidadaos todas as partes deste processo.

Fui professor de escola publica no Brasil por mais de dez anos e, sabe o que eu penso: somos cumplices da ma educacao que o governo oferece a sociedade, nao devemos nos eximir desta responsabilidade, mesmo quando somos bons profissionais. Ao trabalhar para quem quer que seja, temos que assumir que estamos sob as ordens dos que nos comandam. Isso nao nos faz menor, mas aumenta nossa responsabilidade com a populacao.

Roberto Maxwell · Japão , WW 16/6/2007 23:05
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Rafael Costa
 

Cavalheiro,

o que me assusta é justamente isso: inclusão audiovisual.

me desculpe, mas não acho que uma pessoa precisa de fazer um filme pra ser socialmente incluída.

Rafael Costa · Belo Horizonte, MG 16/6/2007 23:21
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Roberto Maxwell
 

Acho que o papo nao eh inclusao do individuo mas, sim, inclusao da forma de ver. O audiovisual a que temos acesso no Brasil eh o produzido pelos grandes centros. Acho que, nesse sentido, estamos incluindo outras visoes de Brasil no processo.

Roberto Maxwell · Japão , WW 16/6/2007 23:32
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Labes, Marcelo
 

Que tapanacara tu me deste, Thiago. Blumenau, o buraco de onde venho, conta com 300 mil habitantes estagnados. Quer dizer, não é bem por aí: na real, falta, creio, coletivização. Ver Cordeiro como uma cidade tão ativa culturalmente me fez pensar o quanto não se perde esperando que os acontecimento caim do céu, que os filmes sejam feitos automaticamente, que nem só de livros vive o homem. Muito obrigado - e esse agradecimento não poderia ser mais sincero - por esta cobertura espetacular.

Abraço.

Labes, Marcelo · Blumenau, SC 16/6/2007 23:59
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Labes, Marcelo
 

Ok, volto depois para a discussão corrente: agora que a vi.

Labes, Marcelo · Blumenau, SC 17/6/2007 00:00
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Luiz Antonio Cavalheiro
 

Rafael, meu amigo...
De novo concordo com você, mas em parte...
Acho que você não entendeu bem o que eu escrevi ou então eu não escrevi direito. Não se trata de inclusão social e nem tão pouco de fazê-la através de um curtametragem de 15 min produzido por uma coletividade de cidades tão pequenas que até se perdem no mapa do Brasil... A inclusão não me assusta. Os "marginais" de nosso país precisam de inclusão e que ela venha através da educação, do trabalho e da cultura. Se isso de fato um dia acontecer, levarei um "susto" de alegria.
Na boa, mas pelo o texto que o Thiago Camelo escreveu dá pra perceber que não precisei de fazer um filme para fazer o meu "debut" na sociedade. Esse filme A HORA DAS ALMAS é só mais uma das atividades culturais a enriquecer o meu "currículo".
Ai, tenha dó!
Grande abraço.

Luiz Antonio Cavalheiro · Cordeiro, RJ 17/6/2007 09:45
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Adilson Sarti
 

Discussão a parte, devo parabenizar ao cavalheiro pelo exemplo de ativismo cultural numa cidade tão pequena... É assim que se transformam as coisas e as realidades. Parabéns ao Thiago pelo belo texto que além de informar, emociona.
Falando agora na discussão proposta pelo Rafael, fico feliz porque pelo menos sei para onde está indo parte do meu dinheiro recolhido através dos impostos e etecéteras. Já é um alento.
Grande abraço.

Adilson Sarti · Duque de Caxias, RJ 17/6/2007 10:47
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Tadeu Santinho
 

Parabéns, Thiago. Lindo texto. Só para lembrar a todos que através do Instituto Agenor Bens (institutição fundada pelo grupo "Os Matutos"), conseguimos para Cordeiro um Ponto de Cultura. Entre outros cursos teremos o de Curta Metragem Documental, que será dirigido pelos grandes Ângelo Pessoa e Luiz Antonio Cavalheiro. E como diria o cantor Beto Guedes: "vamos precisar de todo mundo, um mais um é sempre mais que dois!" Contamos com a ajuda de todos os amigos para levar este projeto adiante. Abraços,
Tadeu Santinho - Componente dos "Matutos" e voluntário do Instituto Agenor Bens

Tadeu Santinho · Cordeiro, RJ 7/10/2009 14:30
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Um dos poucos quadros figurativos de Allessandro Concencio. zoom
Um dos poucos quadros figurativos de Allessandro Concencio.
O QG da turma de Cordeiro. zoom
O QG da turma de Cordeiro.
Antes da exibição de A hora das almas, entrevista para TV local. zoom
Antes da exibição de A hora das almas, entrevista para TV local.
O cinema ainda guarda em sala trancada os projetores de duas décadas atrás. zoom
O cinema ainda guarda em sala trancada os projetores de duas décadas atrás.
Festa do Carnaval cordeirense. zoom
Festa do Carnaval cordeirense.
A equipe de A hora das almas: Luiz Antonio está de gorro vermelho. zoom
A equipe de A hora das almas: Luiz Antonio está de gorro vermelho.

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Samba-enredo campeão do Carnaval cordeirense.

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