Ize: Léo, você poderia se apresentar?
Leo: Meu nome é Leonardo Azevedo, ainda que todo mundo me chame de Léo – e isso inclui vc...
Eu tenho 28 anos e me formei como professor e pesquisador em História e Geografia. Cursei História na Federal, UFRJ, e Geografia na UERJ, que é para onde eu retornei há pouco para cursar o Mestrado e nós nos encontramos. Ou melhor dizendo: eu tive a felicidade de encontrar você.
Bom, continuando, antes disso eu fiz uma Pós-Graduação em “Políticas Territoriais”, ainda na Geografia, e atualmente eu faço Mestrado em Educação.
Atuo como professor, dou aula de História e Geografia há seis anos, e isso é uma das coisas que eu mais gosto de fazer.
Há cerca de dois anos, um pouco mais, montei um estúdio e comecei a trabalhar na área de quadrinhos, mais especificamente mangás... Na verdade fazer quadrinhos sempre foi um desejo muito presente e que eu sempre tive que adiar. Mas agora que as coisas melhoraram um pouco finalmente se tornou possível investir um pouco nesse lado. A tecnologia facilitou bastante toda essa coisa. Então hoje é basicamente isso: aulas, pesquisa e mangá.
Ize: Sem rasgação de seda, a felicidade foi recíproca. Não só porque você é um cara super legal, mas também porque a coincidência de ter encontrado um orientando que é também leitor de mangá veio muito a calhar com meu interesse atual de pesquisa, que é o de investigar os sentidos que crianças e jovens produzem sobre produtos da Indústria Cultural. Por falar em mangá, você poderia explicar o que é isso?
Leo: O mangá é um estilo de arte sequencial oriental.
Suas origens remontam à China, mas é no Japão que eles realmente ganharam força e popularidade, principalmente depois de 1967, com a criação de “A Princesa e o Cavaleiro”, do autor Osamu Tezuka. Foi através dele que o mangá ganhou as características que conserva até hoje, como por exemplo: a opção pelo uso de grandes e diferentes olhos nos seus personagens, para maior expressividade; o uso de linhas de movimento para transmitir maior dinamismo nas seqüências de ação; o uso de planos mais abertos, com paisagens detalhadas, e closes muitos próximos, ambos com o intuito de destacar uma dada situação; e também o uso de páginas em preto e branco.
Tradicionalmente, a leitura é feita de trás para frente, da direta para a esquerda, devido à forma da escrita japonesa.
Ize: E como surgiu seu interesse pelo mangá? A que vc atribui o fato desse interesse permanecer até hoje?
Leo: Puxa! O mangá surgiu na minha vida quando eu tinha uns dezesseis anos, muito mais por curiosidade que por qualquer outra coisa...
Eu curtia anime, sabe? Desenho animado japonês e o realismo fantástico presente nessas histórias sempre me deixou bastante impressionado...
Eu tenho esse lance de ler revistas em quadrinhos desde muito pequeno. Eu tenho um irmão mais velho, Marcelo, ele é oito anos mais velho, e foi meio que por ele que eu fui apresentado a certas coisas que eu curto até hoje, e levo bastante a sério, como quadrinhos e rock and roll.
O meu irmão foi sempre um cara muito esclarecido e ele soube envelhecer sem abandonar certos prazeres, sabe? Tem gente que depois de um certo tempo abandona alguns hábitos por eles perderem o significado de antes.
Bem, meu irmão fazia Mestrado em Física e ainda lia “Homem-Aranha”... Isso me fez sempre encarar os quadrinhos com outro olhar. Nós líamos muito comics americanos lá em casa. Lembro que tínhamos pilhas e pilhas de “Homem Aranha’ e “X-Men”... líamos “Batman”, “Liga da Justiça”, “Demolidor” e várias graphics novels.
Essas revistas estão guardadas lá em casa até hoje. Minha mãe nunca se importou, afinal nós estávamos lendo e ela entendia isso como algo bom... posso dizer hoje que ela foi bastante sábia e eu sou muito grato a ela por isso.
Com treze anos eu li “Cavaleiro das Trevas”, “Batman: Ano Um” e capotei! A revista era demais... Aliás, estas revistas SÃO demais.
Eram quadrinhos bem diferentes dos outros. Novelas gráficas como “Watchmen”, do Allan Moore, e “Reino do Amanhã”, do Mark Waid, sempre marcam os leitores dos comics tradicionais – e muitas vezes os não leitores habituais também! São histórias muito boas... Você só encontra uma narrativa parecida com essas nos mangás.
Quando eu assistia animes – desenho animado japonês - eu sempre pensava “deveriam fazer um anime dos X-Men...”. E eu não estava errado. Hoje o que a gente vê é cada vez mais os quadrinhos americanos absorvendo elementos do mangá e da estética de “contar histórias” como é lá no Japão.
No início da década de 1990 houve um grande boom de quadrinhos e RPG aqui no Brasil. Nesse contexto começaram a rolar vários animes e os mangás começaram a aparecer em algumas livrarias especializadas... Foi nesse momento que eu descambei para os mangás. Eles apresentavam uma narrativa de qualidade, intensa, com histórias – na maioria das vezes – interessantes e foi assim que aconteceu. E fiquei impressionado com a seriedade com que a coisa era contada.
Ize: E o que levou você a passar da condição de leitor de mangá para a de produtor de mangá? Como é possível para um jovem brasileiro como você produzir essas HQs tão identificadas com a cultura japonesa?
Leo: Essa é uma história meio longa... Com 16 anos eu comecei a jogar RPG. E RPG é um negócio que quando cai na mão certa você já viu? Vicia MESMO! Se tratando de um grupo de moleques que curtiam quadrinhos e videogame é meio que infalível...
O RPG é um hobby que me acompanha até hoje. No começo eu tinha um grupo de mais cinco amigos que jogavam comigo, mais o meu irmão - outra vez ele! - que era o Mestre do jogo – o Mestre é tipo um cronista que narra a história, propõe uma situação, uma aventura, na qual os demais jogadores interagem e aí rola o jogo.
Por causa do meu irmão, que é mais velho e já tinha lido uma penca de coisas, a qualidade dos jogos era realmente muito, muito boa. O comprometimento de alguns jogadores também contribuiu bastante para isso.
Não demorou para eu perceber que aquelas histórias eram bastante legais e se fossem devidamente repensadas e trabalhadas elas poderiam ser contadas em um outro formato. Foi nesse momento, quando eu ainda tinha uns dezessete, dezoito anos que eu resolvi unir esse dois prazeres: o jogo, com aquelas personagens e a história que eu junto com meu irmão havíamos criado, e os quadrinhos, que eu tanto gostava de ler. Resolvi então quadrinizar as histórias do grupo e comecei a compilar as aventuras e repensá-las.
Como fazer isso já foi algo mais difícil. Mas desde muito cedo eu sabia que deveria ser em mangá. Na verdade, todo mundo achava impossível que um mangá fosse lançado no Brasil traduzido. Havia um domínio absoluto da Editora Abril com os comics da Marvel e da DC... A Editora Conrad achou uma mina de ouro trazendo esses mangás para cá. Mas mesmo conhecendo os mangás só na sua versão original, naquelas lojas especializadas que já falei, eu sabia que o realismo e a forma de “contar histórias” do mangá seria ideal para eu contar a minha história. Pela sua força... as expressões e os movimentos no mangá tornam a sua leitura uma experiência única.
É como uma escola... eu sentia que tinha que me filiar àquela escola narrativa para conseguir expressar as coisas que eu queria e transmitir a emoção que eu tive quando joguei aquela história ainda como RPG. O mangá tem isso de nos colocar como protagonistas e nos fazer falar para nós mesmos várias vezes durante a leitura: “Putz!!! Que parada anima!!!”. É impressionante.
Por essa razão eu acho que o lance de “ser cultura japonesa” não torna o mangá estrangeiro. Pelo contrário! A narrativa dele envolve valores e elementos universais que quebram a monotonia. Eu sempre digo que, para um leitor de quadrinhos ou para um fã de narrativas de aventura, ler um mangá é como quando um fã de ficção científica vê “Matrix” pela primeira vez. É inovador. A estética do Matrix foi inovadora no seu momento. É tipo, como foi com Blade Runner... só que com mais explosões (risos).
Assim eu acho que eu me identifico com as histórias do mangá, porque são BOAS histórias, e isso é o que mais importa. Tem porcaria também é claro! Gente querendo ganhar dinheiro repetindo uma mesma idéia sem inventividade alguma até a exaustão... Mas acho que existe um comprometimento com a história e o “contar” aquela história que os comics já perderam.
Não foi difícil me identificar. Já havia outros elementos no meu dia-a-dia que garantiam isso.
Como nós bem temos trabalhado aqui na pesquisa, eu já pertencia a uma certa “comunidade interpretativa”...( risos).
Ize: E que motivação levou você a tomar a relação do jovem com o mangá como objeto de estudo?
Leo: Ora, eu mesmo.
E as besteiras que a enorme maioria dos outros professores e ditos intelectuais falam acerca da cultura jovem. Falam muita besteira! Muita!
Eles falam de fora com um olhar excessivamente crítico – no pior sentido da palavra - e nada reflexivo. Na verdade eu sempre tive a sensação de que essas pessoas vêem apenas o que elas querem ver. É mais seguro. A escola é muito assim... Coloca o professor na posição do “senhor do conhecimento” e afirma todo tempo que sem ele o aluno não é capaz de saber e conhecer o que realmente é importante. Os “autores eleitos” entende?
Besteira! Aprendi na escola várias coisas inúteis, que não tiveram nenhum significado para mim. E não estou falando do sentido utilitário da coisa não. Estou falando de significado. Muita coisa eu aprendi sozinho, pelo meu próprio interesse, pelas coisas que participavam do meu universo. Ou você acha que meus professores de história fizeram eu me apaixonar pela carreira? Eu devo isso ao Indiana Jones e ao RPG (risos). Eu deveria mandar um agradecimento ao Spielberg (risos).
Na verdade eu tive alguns professores que me ensinaram coisas importantes, mas foi com o seu exemplo, seu ideal e dedicação. Foi com as palavras que eles dividiram comigo e me fizeram pensar além. Foi isso que me fez querer ser professor. Eu queria fazer a diferença.
Ninguém é idiota por ter dezesseis anos e curtir mangás. Eu não era e sei que ninguém é. Eu sabia exatamente a profundidade das coisas que eu ouvia. O que merecia atenção ou não. Por isso eu jamais subestimo meus aprendizes. Eu tive muitos, muitos professores ruins. Profissionais – se é que eles merecem ser chamados assim – que sabem muito – pelo menos têm muitas informações acumuladas – mas não sabem transmitir absolutamente nada.
Penso que o professor deva ser um estimulador e através de seu papel tentar apresentar para o aprendiz elementos que o cativem e que despertem sua curiosidade. Ninguém corre a corrida de ninguém! Isso é uma ilusão. A escola vive de ilusão: ela finge que ensina, o aluno finge que aprende e bola pra frente! Tem sido assim já há um bom tempo. A escola é anacrônica. Ela acha que atua na preservação da cultura sendo eternamente a mesma, mas só conseguiu com isso afastar os jovens dos livros, do aprender, da diversidade cultural existente no mundo.
Eu estudo a relação dos jovens com mangá porque eu aprendi muito com quadrinhos. Eu cresci e pude vivenciar naquelas leituras valores que até então eram bastante teóricos para mim. Esse é um outro lado positivo em alguns mangás, eles não são nada maniqueístas.
Acho que precisamos devolver a voz aos jovens para que possamos ser ouvidos por eles. Para que possamos lhes dizer coisas que façam sentido pra eles. Coisas que permaneçam como aquelas histórias que ouvimos quando somos pequenos e que depois somos capazes de recontar para nossos filhos.
Ize: Léo tudo que você está falando é muito instigante, sabe? Encontrar um parceiro à sua altura para me ajudar na pesquisa é um privilégio. E, por falar em pesquisa, num dos nossos interessantes papos sobre esse ofício você falou do quanto somos felizes quando a “ignorância nos protege”, nos dando liberdade para ver TV, assistir a filmes, ler Histórias em Quadrinhos etc, sem a “tutela“ da teoria. O ingresso no mestrado mudou sua posição de consumidor de mangá para a de pesquisador do consumo desse fenômeno de comunicação de massa entre jovens. Sua condição atual de “desprotegido da ignorância” mudou sua relação com esse produto? Como vc vê essa mudança de posição?
Leo: Claro né...(risos) – Rapidinho: você não esquece esse papo, hein?
Olha só, eu realmente não consigo mais olhar com os mesmos olhos, afinal a coisa é muito maior do que aparenta e existem muitas outras questões que hoje habitam a mente do “Léo pesquisador”... Mas isso não me faz NUNCA olhar para outro, o cara lá de quinze anos leitor de Samurai X – que por sinal é muito bom! – como “Ai, coitadinho... É um manipulado pelo mercado. Consome estas porcarias e não vê o que realmente tá fazendo”.
Jamais! Isso seria o mesmo que cometer um suicídio! Negar tudo que me constituiu. O que mais me interessa é: eu cheguei até aqui lendo quadrinhos. Eu cheguei até aqui lendo mangá. Meu irmão se tornou doutor em física lendo Homem-aranha. Nós aprendemos com Peter Parker que “com grandes poderes vêm grandes responsabilidades”.
Isso em nada difere do que o Pequeno Príncipe quis dizer com seu famoso “você é responsável por aquilo que cativas”. É a mesmíssima coisa! No final das contas é “o que você faz com aquilo que você tem e como isso se implica sobre aqueles que lhe são caros”. Mas Saint Exupéry é um clássico (ou pelo menos seria se não tivesse sido banalizado como leitura favorita das candidatas a miss Brasil) e o outro não! Ah! Por favor, né...
Eu li “O Pequeno Príncipe” e muitos outros livros. O mangá não tirou isso de mim. Meus professores sim, afogados em suas certezas, me alijaram de conhecer e me reconhecer em muitos outros elementos da cultura por sua inflexibilidade tacanha.
Apesar de estar em outra posição, acho ainda que ocupo um lugar privilegiado que me dá um trânsito único e uma visão bastante plural. Eu procuro pensar o mangá não apenas como um produto diretor e moldador de vontades. Eu estou mais interessado em refletir sobre o quê esse jovem tem feito com o que ele lê. Quais experiências ele tem tido? O que ele tem construído de valor que a escola não foi capaz de realizar?
Eu estudo o jovem e sua relação com o mangá pra perceber como o mangá evoca, de um modo geral em seus leitores, certos sentidos e como isso tem atuado na constituição da identidade dos jovens hoje. Assim como foi comigo.
Ize: Léo, a Petrô intitulou uma das nossas atas de pesquisa de “Pano pra mangá”. Essa nossa conversa me deu “pano prá mangá”. Principalmente porque no campo da educação, a cultura de massa ainda é considerada lixo. Muito obrigada por me lembrar que é possível “fazer história com o lixo da história”.
Entrevista publicada em: PASSOS, M.; ALVES, N., SGARBI, P. (orgs). Muros e redes: conversa sobre escola e cultura. Porto/Portugal: Editora Profedições, 2006, p.200-212
que conversa maravilhosa: dá panos pra mangá mesmo - não conhecia o Léo, agora vou ficar de olho no trabalho dele - acho que essa conexão pop entre Brasil e Japão tem muito futuro - é o fenômeno cultural que mais me interessa no momento - ainda vamos ficar muito surpresos com as invenções que vão surgir daí - muito obrigado por compartilhar essa conversa conosco, Ize - beijos!
Hermano Vianna · Rio de Janeiro, RJ 10/8/2007 16:40
Tinha certeza que vc ia gostar Hermano. Vc precisava ver a dissertação que ele defendeu na semana passada. O título é "O mangá e a produção de modos de ser jovem: um novo olhar para a relação entre mídia e educação". O cara é brilhante!!!
Bjs
ele não pode publicar a dissertação aqui no Overmundo? seria uma maravilha
Hermano Vianna · Rio de Janeiro, RJ 10/8/2007 16:58
Uai mas pode? O trabalho até que não é grande, tem cerca de 120 páginas, mas tem muitas imagens (claro, né?). Vou dar essa sugestão pra ele. Acho que ele vai adorar. Estamos fazendo uma revisão do texto e, assim que terminarmos, me informo sobre como fazer.
Puxa, muito obrigada pela idéia.
Bj
"A escola é muito assim... Coloca o professor na posição do “senhor do conhecimento” e afirmam todo tempo que sem ele o aluno não é capaz de saber e conhecer o que realmente é importante. Os “autores eleitos” entende? Besteira! Aprendi na escola várias coisas inúteis, que não tiveram nenhum significado para mim. E não estou falando do sentido utilitário da coisa não. Estou falando de significado."
Ize, só por essa fala ai o Leo já é meu ídolo.rsrsr. Esse papo tem tudo a ver com meu projeto.
Ele pode colocar a dissertação dele no banco de cultura, sim!
A entrevista está demais! Só uma sugestão: vc pode colocar as perguntas em negrito e abrir espaços entre parágrafos na fala dele. Ficaria mais fácil para ler.
Abraços!
Isso mesmo, Ize, ele pode publicar o arquivo no Banco de Cultura, já há algumas teses bem interessantes por ali. Que beleza de entrevista e essa ligação tão importante entre cultura e educação que ele encontrou na tese. Bárbaro tb saber que o Léo virou professor justamente por querer fazer diferente do que via de ruim nos mestres de sua época. Abraços!
Helena Aragão · Rio de Janeiro, RJ 10/8/2007 17:51
Gente acabei de falar com o Leo. Falei, viu Ilha, que ele já era o seu ídolo, falei tb do convite do Hermano e da Helena pra ele publicar a dissertação dele aqui e ele amou a idéia. Está se cadastrando no ovemundo pra vir aqui ver o que está acontecendo.
Bjs pra vcs
o Léo já é meu ídolo também: vamos fundar um fã-clube! e o que ele fala sobre a escola é o que eu tenho tentado dizer em várias entrevistas recentes, mas o Léo fala bem melhor e de maneira bem mais apaixonada - a escola tem muito o que aprender com mangás, animês, TVs, reality shows, games e tudo mais que em muitos lugares ditos cultos é apenas desprezado (acho que ninguém nesses lugares tem o costume de investigar essas coisas com cuidado - o que se fala é geralmente um monte de baboseira e burrice e preconceito e lugar-comum de péssima qualidade - que é enunciado como se fosse uma prova de superioridade sobre as "massas burras e manipuladas"... fico revoltado!) - bom saber que um pensador já tão sofisticado como o Léo tem consciência da importância dos mangás para sua formação intelectual - eu também devo tudo à cultura pop (muita coisa que eu admiro muito, que foi muito importante para a minha formação intelectual, é considerada lixo em círculos inteligentes) - temos que saber aproveitar a curiosidade juvenil por essas coisas - temos que aprender com essas coisas como conversar com os novos jovens
Hermano Vianna · Rio de Janeiro, RJ 10/8/2007 19:00acho que fui um pouco radical (rsrsrsrsrs): no lugar de "ninguém nesses lugares" leia-se "quase ninguém nesses lugares"...
Hermano Vianna · Rio de Janeiro, RJ 10/8/2007 19:03
Acho que vc não foi radical não, Hermano. O "quase" ai, é uma porcentagem de 0, alguma coisa. E é isso: a escola se afastou de tal modo das crianças e dos jovens que, hoje, tem que se cercar com grades e seguranças particulares para dar conta de manter seu "espaço" fechado de conhecimento.
É ótimo saber que tem educadores como o Léo, tentando ir em outro sentido, tentando outra via de educação.
Olá para todos.
Aqui quem fala é o Léo, mas nesse espaço estou entrando com o nome de Mackey (um antigo e estimado personagem de RPG). Antes de mais nada mando saudações para todos, especialmente Hermano, Ilhandarilha, Helena e Ize - minha estimada e maravilhooooosa Mestra. Agradeço pelos comentários e espero que aqui seja mais um espaço onde possamos trocar idéias e lançar luz sobre a cultura juvenil, muito além dos muros da escola.
Abração!
Ei Leo vc é rapidinho!!! Não ficou legal nossa entrevista aqui?
Bjs
Vai aproveitando pra conhecer o overmundo que vc vai ficar doidinho.
Ize como funciona esse negócio de "ajudar a editar"? Dei uma olhada no papo rápida no papo de vcs, por enquanto não posso ajudar muito. Conheço um pouquinho este projeto dos mangás, gosto muito.
Bjs
Léo/Mackey: bem-vindo ao Overmundo!
Maria G: ajudar a editar é dar sugestões que possam tornar a colaboração mais bacana, enquanto ela ainda pode ser mudada/melhorada (esta aqui ainda tem 44hs na Fila de Edição - depois disso vai para a votação e não poderá mais sofrer nenhuma modificação) - mas como deu para perceber pela nossa conversa, já estamos conversando sobre a conversa e as únicas sugestões de edição foram dadas pela Ilhandarilha - aproveitando o embalo reforço uma sugestão que ela deu: nas respostas do Léo, um espaço de uma linha entre os parágrafos tornaria a leitura mais agradável
Só para esclarecer... Este espaço não é para se discutir cultura nacional. Já vi muita gente criticando o fato de overmanos e overmanas falarem de cultura estrangeira. Existe produção de mangá no Brasil?
Tacilda Aquino · Goiânia, GO 10/8/2007 20:20
desculpa Tacilda: você leu a entrevista? o Léo tem um estúdio de mangá no Brasil - e estuda o consumo de mangá entre a juventude brasileira - mangá é muito popular por aqui
como está escrito na Ajuda:
O foco do Overmundo é a diversidade da cultura produzida no Brasil. Preferimos falar cultura produzida no Brasil, no lugar de cultura brasileira, para não entrar no debate interminável sobre a definição do que é brasileiro ou não. Sabemos que essa definição muda de acordo com a região geográfica, o grupo social ou a época histórica. Claro que podemos falar de punk cantado em inglês ou haicai escrito em japonês desde que tenham sido criados no Brasil. Mas mesmo com essa definição aberta, o Overmundo não é o local adequado para você publicar um texto sobre o último livro do Harry Potter, a não ser que fale sobre como o livro é recebido no Brasil, ou é lido pelas crianças brasileiras. Outro exemplo: se você quiser publicar uma crítica sobre o último disco do White Stripes, por favor procure outro site (há muitos que vão ficar felizes em receber sua contribuição); mas se o seu texto for uma crônica sobre a passagem do White Stripes em Manaus, com reflexões sobre a cena do rock indie na Amazônia, isso sim tem a cara do Overmundo.
oi Tacilda: mas é claro que o Overmundo agradece pelo seu cuidado com a manutenção do foco do site! É sempre bom ter oportunidade de reconversar sobre os limites do que estamos fazendo por aqui! abraços!
Hermano Vianna · Rio de Janeiro, RJ 10/8/2007 20:36
Então Tacilda, o Hermano já disse tudo. Aliás, foi muito por nos inspirarmos nele, nos seus estudos sobre a diversidade cultural criada pelos jovens brasileiros de hj, que nos atrevemos - o Leo, eu, e os outros companheiros de pesquisa - a tentar descobrir o que é que jovens fãs do tripé da indústria de entretenimento japonesa - mangás, animes e videogames - fazem com esses produtos. Não nos interessa a análise apenas da mensagem desses meios de comunicação, que mtas vezes desemboca numa crítica contundente que os condena como inadequados, ou pq colonizam, ou pq incitam a violência, ou isso, ou aquilo. Temos procurado descobrir não só os motivos que os levam ao consumo desses produtos, que consideramos como artefatos culturais, mas tb o que fazem desse consumo. Quando eu pensei nessa entrevista com o Leo, eu estava menos interessada em conhecer o mangá, e muito mais curiosa em saber porque ele, jovem carioca, professor, inteligente, bem falante, admirava tanto essas histórias em quadrinhos que a mim não diziam nada. E o recado dele me deixou de queixo caído.
Bjs
Ilha e Hermano, eu espacei os parágrafos. Realmente fica melhor de ler, mas não fica um texto muito comprido?
Ize · Rio de Janeiro, RJ 10/8/2007 21:37
acho que fica bem melhor assim - o texto é comprido mas é ótimo - ainda bem que na internet não há a limitação de espaço da mídia tradicional - tem gente que acho que internet é para textos curtos - eu acho que é para todos os tipos de textos
outro dia estava lendo este debate interessantíssimo sobre os efeitos culturais da Web 2.0 e nos comentários me deparei com uma observação sensacional do Cory Doctorow sobre a recorrente afirmação de que a garotada de hoje tem menor capacidade de concentração que as gerações antigas, só absorvendo mensagens curtas e rápidas. O Cory diz que só afirma isso quem nunca viu nenhuma criança imersa num game: ela fica horas e horas ali concentradona! o mesmo no Orkut etc. - o interessante é que conseguem se concentrar em mais coisas, por mais tempo, ao mesmo tempo - elas também conseguem ler os tijolos tipo Harry Potter, ou séries de mangás que não têm fim - então acho que conseguem ler coisas longuíssimas na internet, se essas coisas forem interessantes, como certamente a entrevista acima é
Li sim Hermano. Não me atreveria a comentar uma matéria sem ler e inclusive concordo com Leo quando ele diz que “;ser cultura japonesa”; não torna o mangá estrangeiro. Pelo contrário! A narrativa dele envolve valores e elementos universais que quebram a monotonia". Também estou ciente que o Brasil, tendo a maior colônia nipônica fora do Japão, já tinha a tradição de ler as revistas de quadrinhos japonesas através de seus imigrantes tornando-se pioneiro não só na leitura como na produção de mangá fora do Japão desde a década de 1960. Mas ainda acredito que o mangá é um produto típico da cultura japonesa.
Não estou desmerecendo o texto da Ize. Pelo contrário, acho que ela fez ma beleza de entrevista. Lendo-a, me lembrei que já passei muito tempo em frente a TV assistindo Ultraman Ultraseven e National Kid, versões em vídeo dos famosos mangás e animes.
Já defendi outros textos de culturas estrangeiras neste espaço e volto a repetir que em um mundo globalizado, quando mais universal for a cultura, melhor. Acredito sinceramente que todos, em todas as partes, temos o que aprender com a cultura de todo o mundo, que seja o mangá japonês, o som do The White Stripes, que lotou os 700 lugares do teatro de Manaus e juntou mais de cinco mil pessoas do lado de fora. "E a cena do rock indie na Amazônia" teve seu ápice do quando Jack e Meg abandonaram o palco e seguiram em direção a multidão do lado de fora do teatro. Jack com um violão e Meg com um bongô, tocaram Seven Nation Army e levaram o público ao delírio-- um amigo que é fã esteve lá e disse que quase morreu de emoção -- e só provou que "a fonte do rock ainda não se esgotou". E nestes momentos alguém se importa em procurar saber -- se é que ainda existe alguém que não saiba -- onde o rock nasceu?
E falando em literatura, queria mesmo era ler ou saber que as crianças brasileiras estão lendo As Aventuras de Tibicuera, do Érico Veríssimo, ou
Meu Pé de Laranja Lima, de José Mauro de Vasconcelos. Mas se estão lendo Harry Potter, pelo menos estão lendo alguma coisa. E Venhamos e convenhamos; não existe nada melhor do que uma história bem contada. E isso, tanto Veríssimo como José Mauro e J. K. Rowling fazem bem.
oi Tacilda: há este grande debate inacabado sobre essa questãolá no Fórum - claro que concordo que quanto mais universal for a cultura melhor - o problema é apenas uma questão de foco - como tentamos resumir no Participe:
obviamente o Overmundo não advoga um nacionalismo retrógrado e isolacionista, nem é contra - por exemplo - debates mais estritamente políticos ou sobre a produção cultural internacional. Mas sites sobre filmes europeus ou sobre a política partidária brasileira há muitos. Sobre o rock do Amapá e teatro de Santa Catarina há pouquíssimos. Por isso a necessidade de manter o foco, para que os assuntos mais comuns não dominem o Overmundo tirando espaço daqueles temas que precisam de maior visibilidade.
para a Tacilda novamente: muito bacana a descrição do seu amigo do show dos White Stripes em Manaus - ele não quer escrever sobre suas lembranças daquela noite aqui no Overmundo?
e desculpa ter entendido mal o seu primeiro comentário!
Nossa Tacilda, que belíssimo comentário. Vou já, já procurar saber sobre The White Stripes que, pra ser honesta, nunca ouvi falar. È mesmo seu amigo bem que podia escrever um texto sobre essa coisa fantástica no Teatro de Manaus (que é lindíssimo , por sinal).
Sobre o que as crianças estão lendo, além de Harry Potter, se vc tiver interesse, vale a pena ver o site da Angela Lago. Vc vai adorar. Não vou falar nada pra não estragar a surpresa.
Bj
oi Ize: você não conhecia The White Stripes e eu não conhecia a Angela Lago... Quanta coisa bacana no mundo - e muito pouco tempo para conhecer tudo - o site da Angela Lago é bem legal
Hermano Vianna · Rio de Janeiro, RJ 10/8/2007 23:40
Oi Hermano, vc viu que coisa deliciosa. Abri agora e está tudo diferente. A história do cachorrinho feio é um negócio. E, durante mto tempo da minha vida eu fiquei falando com as professoras alfabetizadoras que era errado ensinar as letras descontextualizadas das palavras. E a Angela vem com toda essa arte e apresenta o a e i o u desse jeito. Credo, coitadas das professoras. Ainda bem que elas fazem o que sabem e podem na sala de aula e ... e andam pra academia. A história não é bem assim, mas isso daria uma outra história e eu não sou Angela Lago.
O link para The White Stripes é uma viagem (obrigada) que so poderei fazer amanhã.
Boa noite pra vc
realmente: coitadas das professoras... muitas querem mudar, mas não sabem como... e a garotada na maior pressa...
Hermano Vianna · Rio de Janeiro, RJ 11/8/2007 03:51
Ize, (que vontade de dizer professora, depois lhe digo porque),
Eu fico feliz quando ouço, leio, vejo um intelectual reconhecer no intelecutal o seu lado perverso, o seu lado destrutivo, rançoso. Essa coisa de se julgar acima do bem e do mal, (quando na verdade ele, intelectual, é o autor das nossas mazelas, uma por uma). "(coitadinho... é lá um manipulado pelo mercado...")
Que capacidade em reconhecer a inteligência alheia.
Fico feliz porque tenho a impressão de que o intelectual brasileiro começa se ver morrível e mortal.
Daí falta um passo para criarmos uma identidade brasileira, ainda no que pese o estrangeirismo - da França ao Japão - sem passar pelos índios do Xingu, sem passar pelos olhos redondos de Omulu - que plantaram o lado bom, o lado tolerante, deste povo. Ao contrário das investidas, de barabaridade, notamente da França.
B e i j o s , andre
Ize,
Que coisa fantástica esta sua entrevista com o Léo/Mackei. O mais legal dela é o quanto ela confirma a pertinência do pensamento da maioria das pessoas que comentaram até aqui, sobre Educação e Cultura (deixando quase nada para um retardatário como eu comentar)
lendo a entrevista, caí de cabeça na minha infância (desculpem, mas, às vésperas de virar um sexagenário, ando caindo de cabeça na minha infância, toda hora). Guardadas as devidas proporções, igual a do Léo. Aprendi a ler, rigorosamente lendo quadrinhos. Construí muitos conceitos que preservo até hoje (éticos, morais, etc.), lendo historinhas do Gato Félix, Pernalonga, Hortelino Troca Letras, além de, é claro, o Fantasma, Tarzan, Zorro, Mickey Mouse, Pato Donald, Tom Mix, Hopalong Cassidy e outros tantos ( até Luluzinha e Bolinha eu li, com sofreguidão). Até hoje leio muito quadrinhos (os clássicos apenas). Fiquei fanatizado, por assim dizer.
O bacana mesmo, de tudo, é constatarmos que aqui no Overmundo está se construindo frente poderosa de pensamento criativo a serviço das modernização da Educação brasileira a partir da livre exposição da diversidade de nossas opiniões que, se congregam tão maravilhosamente assim, nestas horas precisas. pensamos assim, como comunidade, se pode dizer nestes caso. Cultura real sendo exercida, em suma.
Dez! Nota dez!
Abs,
Ize, fico feliz com a repercussão da entrevista do nosso Mestre Léo, mas também, e principalmente pelo "Léo Jovem" que, ao nos contar sobre suas relações com o mundo vem mostrar que a cada tempo a juventude reinventa seus próprios meios de resistência e criação de culturas... Culturas essas que podem apontar para narrativas e experiências geradoras de muito pano p'ra mangá em nossas relações na vida.
Dag · Niterói, RJ 11/8/2007 19:11
Nossa Ize, dei uma passada rápida no site da Angela Lago e ela é realmente um anjo. Sei que vou passar e ficar muito tempo por lá ainda, graças a você. E vou indicar sempre para meus amigos.
Sobre os comentários de literatura que fiz, citei Veríssimo e José Mauro de Vasconcelos porque eles foram dois escritores que povoaram minha infância e adolescência, juntamente com Huckleberry Finn, de Mark Twain e David Copperfield de Charles Dickens. Eu fico super feliz quando conheço uma criança que gosta de ler e sempre que posso, dou livros de presentes para sobrinhos e filhos de amigos. Tem o Rodolfo, filho de uma amiga querida que, às vésperas de prestar vestibular, com 16 anos, sempre me agradece pelos livros que dei a ele quando era criança. E fico orgulhosa. Minhas sobrinhas gêmeas, por exemplo, são bem engraçadas. Quando as levo nas livrarias, uma sempre vai para as prateleiras dos best-sellers, ou livros sobre música. A outra adora livros de história, psicologia e filosofia. Quando eu tinha uma banca de revista (isso mesmo, já fui jornaleira, além de jornalista), minhas sobrinhas iam sempre à banca e uma delas adoravam Sakura e até mesmo Dragon Ball Z. Uma até aprendeu a desenhar influenciada pelos mangas.
Meu amigo que é fã do The White Stripe não é muito chegado a uma escrita, prefere arrancar notas musicais de uma velha guitarra, mas ainda vou tentar convencê-lo a deixar suas impressões do show aqui. E vou voltar para votar. Pode ter certeza.
Spirito deixei um recado lá no seu perfil.
Se a entrevista serviu pra vc cair de cabeça na sua infância, então ela já valeu tudo. Não se viaja à infância impunemente. Dessa viagem sempre voltamos rejuvenescidos não por causa da nostalgia (ai que saudades que eu tenho da aurora da minha vida, da minha infância querida, que os anos não trazem mais...), mas por causa do resgate do ímpeto, próprio da infância, da realização do impossível. Alguns acham que a infância é o que vem antes, o tal do infantil que precisa ser superado, outros, e esses são o grande barato, que ela é sempre o porto de chegada. Se vc gosta de Manoel de Barros vc me entende.
Esse pequeno desvio de percurso fica por conta de que vc tocou num ponto sobre o qual eu poderia ficar horas discursando.
Adorei que vc tenha dado nota dez à entrevista. Se for com aquele decalque da estrelinha do lado melhor ainda que aproveito pra remoçar rsrsrsrsrsrsr
Dag, que coisa, agora que estou vendo que o que vc disse tem tudo a ver com o que falei pro Spirito. Estamos afinadas, hein?
Bj querida
Não é por acaso que estamos juntos naquele grupo ou talvez... até seja possível!?... que o acaso nos tenha protegido. rsrsrs
Bjs mil
Ah, não vou esquecer... volto mais tarde para votar!
É isto, Ize,
Só que, no meu caso, é mais festa mesmo porque, por mais que tenham me chamado a atenção, não consegui largar minha infância pra trás não. Sou portador confesso daquele famoso complexo de Peter Pan (que nas mulheres deve se chamar complexo de 'Sininho' ou de 'Pirlimpimpim', sei lá). Se 'fomos' crianças um dia e ainda somos nós mesmos, mesmas pessoas, por onde andaria a criança em nós senão lá dentro de nossa alma. Em alguns, enjaulada, amarrada, acorrentada em outros, esvoaçando por aí. A minha está brincando no computador agora.
E isto aí, Tia.
Abs,
Viu? Depois eu é que sou lenta e vivo no mundo da lua... rsrsrs Mas, já é a segunda vez que sou a primeira a votar!
Bjs.
E eu, pelo andar rápido da carruagem não consegui, desta vez, nem ser o segundo. Paciência.
Abs,
Tenho de votar na entrevista, na entrevistando - não no entrevistado - mas não me furto a decepção: O Dr. Leo e sua familia de doutores, todos enpanzinados dos benefícios dos recursos publicos via Universidade, via CAPES, (que não sei se o nome ainda é este) aquela diretoria do MEC que banca doutores no estrangeiro, nababescamente, faz palco para o seu famosismo
num principio do "quem dá mais, é com este que eu vou". A Africa não tem dinhiero, o índio é desterrado até hoje.
- E clamamos por justiça. Que justiça? - depois forram as areia de Copacabana com rosas vermelhas. Para que? Se temos pança enorme e um vazio de coragem de dignidade.
- E assim voto na entrevista. não no conteudo. (que não é o caso) , Ize, b e i j o s - Andre
Desculpa Andre, eu sempre concordo com tudo o que vc diz pq tenho vc como um sábio, mas dessa vez vc não está sendo justo. O perfil do Leo (que não é doutor, e prefere ser mestre em RPG) está mto longe do que vc traçou. Ele jamais viria aqui "fazer palco para o seu famosismo" e nem eu o usaria para isso. Sua família tb está longe de ser "uma família de doutores". Eu a conheço bem. Entendo perfeitamente que sua revolta não é especificamente contra ele, mas sobre a perversa distribuição dos recursos públicos para as pós-graduações que contempla a minoria da população que teve grana para frequentar boas escolas, chegando, assim, à possibilidade de usar "o anelão de doutor" - como se referia Lima Barreto ao símbolo dos advogados e médicos de sua geração. Entretanto vc tomou o boi pela boiada. Posso lhe garantir que esse não foi o caso do Leo, e de mtos mestrandos e doutorandos, que penam pra levar seus cursos até o fim, tendo que abdicar de seus trabalhos para ganharem bolsa, sendo que muitos têm que fazer das tripas coração pra sustentar casa e família com a quantia irrisória das bolsas. Sua decepção é infundada amigo.
Além do mais, levando em conta o que vc diz, a universidade não poderia ter lugar aqui no overmundo, nem as investigações que lá são desenvolvidas (e que nem sempre são financiadas pelos órgãos que vc citou, entre outros) e que contribuem com o conhecimento produzido, a duras penas, para tentar transformar, no caso da educação (que é o caso do Leo), o instituído.
Trazer essa produção pra cá (e para outros foruns de discussão~, como as escolas e as universidades), socializando-a é, no meu ponto de vista, um dever de quem se constituiu graduado ou pós-graduado às custas do dinheiro público. Essa é uma questão ética sobre a qual o programa de pós ao qual estou vinculada se debruça a cada reunião que fazemos.
Eu teria ainda mtas coisas pra dizer, mas agora não dá. Tenho que voltar pra dureza da minha vida de profª e pesquisadora que desempenho à custa de trabalho duro que me tira o couro.
Beijo pra vc
Papo dez ... ! É tanta informação instigante que fica difícil comentar num discurso que tenha um mínimo de unidade e concisão ... E ainda bem que o André vem, rodrigueanamente - se não há unanimidade não há burrice - nos salvar ... (risos) ... A questão, André, é: será que é só os filhos da classe média que são informados por essa cultura dos Mangás e Vídeogames ? Fiquei bastante interessado, p. ex., nesse tema das Políticas Territoriais a que o Léo se refere (gostaria que ele pudesse falar mais sobre isso). Espero que, quando ele fala em levar essa pesquisa para além dos muros da Escola, signifique ir tambem a territórios mais periféricos, onde está a população que mais precisa do retôrno que essas verbas públicas aplicadas em pesquisa acadêmica podem, e devem, proporcionar.
Interessante que outro dia mesmo postei um comentário por aqui sobre a influência da Industria Cultural no comportamento violento dos jovens, mas não se trata de mero preconceito. É impressionante o relato de amigos, pais e professôres, apavorados com o conteúdo de certos games, p. ex.
Mas todos nós, que tivemos a nossa cabeça feita a partir dos anos 70, e com um mínimo de senso crítico, vivemos essa dicotomia entre a cultura pop e a preservação da nossa identidade cultural. Eu gostava do Tintin, p. ex., que era tido como colonialista (assim como Robinson Crusoé, Rudyard Kippling, etc.). Mas nunca tive pudor em curtir, ao mesmo tempo, Beatles, Stones e Noel Rosa, Led Zeppelin e Chico, Creedence e Bosco & Blanc (apenas para ilustrar), e por aí vai. Que resultou numa espécie de esquizofrenia saudável, eu diria.
O mais legal que eu vi na entrevista é justamente essa interlocução entre a Ize e o Léo, a descoberta dêsse Elo Perdido, que muitos professôres gostariam talvez de ter feito, mas não estavam preparados prá isso, ou não tiveram oportunidade. Absolutamente necessária para chegarmos a uma síntese que pode nos levar, enfim, à superação Dialética desse processo. De um lado, a aceitação e a compreensão do que é Nôvo, e de outro, a consciência de que a mudança, a transformação só pode ser feita a partir de alguma coisa que é Pré-existente.
Desculpem a viagem ... (risos) ...
Tacilda:
Legal sua intervenção no debate, gostei que tivesse citado José Mauro, para quem muitos (pseudo) intelectuais torcem o nariz, e que tambem li na minha infância. Sugeriria, se é que vc não conhece, que vc acrescentasse na sua lista, quando for recomendar livros infanto-juvenis, Os Meninos Da Rua Paulo e O Homem Que Calculava, imperdíveis, na minha opinião.
Muito legal poder participar desse debate. Parabéns pela colaboração, e um abraço.
Ize:
Só prá registrar que o seu post entrou enquanto digitava o meu, portanto só pude ler depois. Quero me associar a vc na defesa do que é Espaço Público, no Brasil, que tem sido tão vilipendiado.
O que é um equívoco, que só interessa justamente àqueles que se apropriam dele em benefício próprio.
Um abraço.
Em tempo: desculpem o espaço no post anterior, os 'manetes' não responderam ao comando ...
Saudações Ize!!!
Ótima entrevista!!!
Me transportei para o início dos anos 90, quando tive acesso às melhores HQ's que lí até hoje: Cavaleiro das Trevas (profundamente influenciada pelo mangá Lobo Solitário.) e Watchman (além dos outros títulos do Sr Alan Moore (o qual não tenho dúvidas: hors concours entre os autores de HQ´s.
Ótima entrevista! Lúcido o cidadão Léo. Com essa perspectiva não tenho dúvidas que se trata de um ótimo professor!
Fiquei curioso em relação ao trabalho "O mangá e a produção de modos de ser jovem: um novo olhar para a relação entre mídia e educação". É possível conseguir uma (mesmo que digital) cópia? Claro que com a anuência do Léo. Também repassarei-a para um amigo professor que tem crescente interesse no assunto.
GRANDE abraço em vocês dois!!!
outra pergunta: onde podemos ter acesso aos mangás criados pelo Léo?
Hermano Vianna · Rio de Janeiro, RJ 13/8/2007 14:41Ize, acho que já rolaram todos os tipos de comentários pertinentes. Sobrou pra mim, então, falar do título da matéria. Além de inventivo, gostei muito do trocadilho...
FILIPE MAMEDE · Natal, RN 13/8/2007 16:26
Ize,
não podia ser diferente. Sua entrevista com o Lé está maravilhosa mesmo, e instigante. O cara é muito bom mesmo e tem uma visão superantenada com a realidade brasileira, especialmente da nossa educação. Mas, não gosto - e aqui é mais uma observação que uma crítica, até por que não sou educador - quando se generaliza a educação como sendo boa ou ruim. Pra mim, há professores - você e ele são exemplos óbvios -, e eu os tive muito, geniais, mais comprometidos com a formação do cidadão feliz e consciente que com a aplicação "burra" das diretrizes curriculares de um ensino na sua maior parte fossilizado e distante da realidade.
Todavia, o q
Retomando, pois cliquei sem querer numa tecla e... (aliás, não daria para o overmundo inventar um jeito de nesetes casos a gente rapidamente cancelar o envio?)...
Todavia, o que mais me impressionou no Leo foi sua capacidade de expressar a paixão pelos mangás (que, confesso, fiquei curioso de conhecer melhor) e nos despertar o interesse por essa expressão artítico-cultural do Japão que, em tempos de globalização, busca com justiça um lugar no universo cultural dos jovens, sempre tão ocupados somente com os HQs norte-americanos.
Meus parabéns a você pela iniciativa de entrevistar o Leo e a ele pela profusão de idéias e reflexões com que nos presenteou.
(Agora, sim, terminei o comentário.)
Um abraço nos dois.
Noooosssa, voltei do trabalho que me tira o couro rsrsrsrsr e encontrei todos esses comentários maravilhosos. Agora vou tomar um lanchinho que minha barriga está roncando, depois volto pra conversar. Hermano, só uma coisinha rápida: o Leo está viajando (foi descansar da batalha final da dissertação que ele defendeu semana passada). Assim que ele voltar, ele entra em contato com o overmundo pra disponibilizar a beleza do trabalho que ele fez e o site em que ele publica as histórias (ainda em construção). Já o encontrei em alguns animencontros distribuindo os mangás que ele faz em cooperaão com amigos (eles têm o foramto dos livretos de cordel (guardadas as devidas proporções).
Bjs (já matei aqui minha fome de prazer, agora vou matar minha fome de comida rsrsrsrsrs)
Ize querida,
Votado e guardado para posterior leitura.
Bjs
Ize e Leo,
Caramba, malditas teclas! Desculpem-me os errinhos de digitação (falta de letras, o no lugar de a, etc.). É que meus dedos são burros de articulação e agilidade.
Abraços renovados.
Li todos os comentários, todos os louvores, todos bem feitos, como não poderia se esperar diferente. Todos passando ao largo do termo SUBSTITUIR. E o trabalho do Dr. Leo, visa exatamente substituir restos do que um dia possa ser publicação de massa com conteúdo e apelo brasileiro. O SUBSTITUIR, tem sido a grande desgraça na vida do Brasil. Dando um salto, a ímigração não veio somar. Veio SUBSTITUIR, num dado momento ao negro. "Teremos de substituí-los por braços úteis" diz trecho da fala do trono, em mais de uma vez o imperador. A palavra negro, vem sendo substituída pelo
disfarce "Afro-brasileiro". E a justiça já disse que não tem negro no Brasil, (FHC conferência de Dacar). Mas, voltando à planície,
A imigração foi feita para substituir. E esta foi o seu lado mau, perverso, nocivo.
A imigração japonesa, no seu segundo momento, veio substituir, nao só o negro, mas o caponês, o agricultor. E substituir matando, matando no Paraná, no Vale do São Francisco... Não teve um único imigrante japonês sem direito à sua sesmaria; não teve, não tem, um único negro, com direito à terra. Matando, como que para vingar as vidas que Hiroito VENDEU ao bocão da bomba atômica. O que não morreu veio SUBSTITUIR o homem na América Latina, grandemente no Brasil. Repito, não veio somar.
Os Drs. Leos têm todo o direito de abraçar o segmento, a atividade que bem lhes aprover, não como pano de fundo, na proteção de árvore daninha, nas custas das testas muchibentas do Estado.
- Em tantas lendas indígenas, HÁ tanto saber, tanta filosofia, tanto heroismo, e os talentos das universidades passam ao largo;
- Do Reino do Congo, tanta sabedoria, tanta filosofia, tanto heroismo - real ou imaginário - tudo vem sendo massacrado, aniquilado - (por quèm)? -
- Este ode às virtudes francesas - A frança, depois do cristianismo é a maior desgraça do negro - leia-se do Mundo.
- Mas, felizmente está aqui um projeto de GREMIO LITERARIO, tomara que vingue. Tomara que não se transforme numa Academia Brasileira de Letras - velório antecipado.
Mas, Ize, acho que todos gostamos da sua participação e agora muito bonito o perfil quase inteiro, beijos, andre.
Ize revolucionando com seu conhecimento e sensibilidade!Parabéns!
Cris
Concordo com Cris, revolucionando com a educação atrelada a boa cultura..bom mesmo Votado.bj
Cintia Thome · São Paulo, SP 13/8/2007 18:31
Seu texto continua dando panos para manga (manga mesmo). Isso é muito instigante. Que venham mais andrés...
para quem ficar curioso sobre a cena animê no Brasil, aqui vai um link do Overmundo mesmo:
O Novo Carnaval dos Animês
Levi, Andre, Felipe, Nivaldo, Ligia, Andre, Cris,Tacilda e Hermano, desculpando-me por não poder comentar as colaborações que cada um de vcs deu a essa entrevista, passo aqui rapidinho pra agradecer a leitura e os comentários tão legais que vcs fizeram e que me ajudam a pensar a tarefa que me espera amanhã de falar para um auditório real (o auditório virtual coloca a gente tão mais à vontade rsrsrsrsrs) sobre "Polissemia da Leitura e práticas sócio-culturais na pesquisa em educação". Como esse é o tema que venho focalizando desde a década de 80, vcs podem imaginar como estou: imersa em montes de papéis, tentando me encontrar no meio da diversidade de práticas culturais que constituem a polissemia da leitura.
No meio da papelada, encontrei um registro de uma aula de Didática da Linguagem de 2001, ministrada para normalistas, a seguinte fala de uma profª:
"Estudar é um tipo de leitura particular, uma leitura que parece inserir-se no mesmo padrão da cópia. Pode-se escrever neste padrão,mas pode-se também ler dentro desta lógica: lê-se e repete-se o que se leu, procurando decorar o conteúdo".
Enqto isso, os jovens leitores de mangá que entrevistamos, dizem o seguinte:
"O texto escrito convencional é normalmente muito lento, tudo é passado com muita lerdeza, é menos dinâmico, você não tem uma coisa que HÓO!!! Não, e você vai ter que ler tudo com muita calma, você não pode pegar assim como eu faço com o mangá: pegar, ler todas as folhas, ver as imagens, sentir as imagens e depois partir pra leitura"
"Porque normalmente os livros ... são linhas inteiras, só escrito...só nhennhennhen. Você fica olhando aquele festival de letras e tem que ir lá buscar a imagem do que as letras estão dizendo. No mangá não, lá tem desenho. Vc já vê como é o negócio. Claro que tudo em preto e branco, daí você colore com a sua imaginação"
Levando em conta que amanhã terei que me abster de qualquer julgamento de valor sobre essas concepções de leitura tão diversas(o que seria descabível, não só pq todos se constituem como o OUTRO, mas tb porque que vou falar pra profs) vcs podem imaginar como estou me sentindo: uma mulher à beira de um ataque de nervos. Por isso, vou dar um pequeno chá de sumiço daqui.
Hermano, reli O Novo Carnaval dos Animês. Só vc mesmo pra fazer um registro daqueles de um animencontro. Aliás, ele foi lido por nós, e nossos registros podem ser demarcados por "Antes e Depois do registro de HV.
Abrçs para todos
Dando uma olhada aqui de passagem, na entrevista e nos comentários, me ocorreu que o fato de não se poder ler o comentário no seu corpo todo, antes de postar, é limitante e faz com que fique meio truncado, às vêzes. Porisso, resolvi fazer dois pequenos reparos ao meu comentário inicial:
- O tema das Políticas Territoriais me remeteu ao Prof. Milton Santos, daí a razão do meu interêsse. E uma das bases do seu pensamento é justamente a negação da relação centro/periferia na sua concepção de Território. Portanto, a expressão "ir também a territórios mais periféricos" é apenas um recurso de linguagem para fazer um registro que é meramente acessório no contexto do comentário como um todo.
- Quanto a referência a um comentário que fiz à uma outra colaboração sobre a influência da Industria Cultural no comportamento violento dos jovens, omite a circunstância de que a maioria dos outros comentários lá postados negavam essa influência, questionando a própria colaboração, inclusive.
Ora, entendida a Cultura como crenças e valôres que orientam comportamentos, uma Industria Cultural que não influencia - para o bem ou para o mal, a partir de seus conteúdos - não será Cultural.
No mais, pelo interêsse que despertou em todos, ficamos no aguardo da disponibilização aqui do texto que foi objeto da entrevista.
Um abraço.
Peço novamente desculpas pelo espaço exagerado entre o final do comentário e o linck do autor. São tropeços de iniciante.
Levi Orlando · Porto Alegre, RS 16/8/2007 19:23
Oi Levi, desculpe-me por não ter respondido antes aos seus comentários tão interessados. Vc deve ter visto por um recado meu que essa semana foi um sufoco de trabalho. Só hj estou podendo dar uma respirada. Olhá só, sobre o tema das Políticas Territoriais, o Leo tocou nele a respeito de uma pós-graduação que fez antes de eu conhecê-lo. O Mestrado hj tem que ser feito num tempo tão recorde, debaixo de tanta correria (sendo que ele ainda teve que correr mais ainda pq fez o curso trabalhando igual a um condenado) que não tivemos um tempinho sequer pra convrsarmos sobre essas políticas.
Não tenho a menor idéia se Milton Satos foi uma das referências do curso, mas entendi perfeitamente o recurso de linguagem que vc utilizou pra ressaltar a importância de que essa pesquisa alcance as periferias. Quanto a isso, tenho a lhe dizer que o Projeto mais amplo que coordeno tem um braço nas periferias.
Em relação à questão da Indústria Cultural, acho que vc não está se referindo a essa discussão aqui, não é? Com relação a ela (a indústria cultural) influenciar para o bem ou para o mal, eu não sei se concordo com vc. Claro que dependendo das mediações, as pessoas vão receber desta ou daquela maneira as mensagens das novelas, dos filmes, dos games, dos livrs de auto-ajuda etc, etc. Mas tem gente, muita gente, que fica ali diante da televisão horas a fio só pra matar o tempo, se sentir acompanhada pelo barulho. Acabou a novela, nem se lembra mias dela...Ou o caso da criança que vê televisão, mas ao mesmo tempo está brincando, dando cambalhota... Tem um livro muito legal que se chama "A TV que te vê".
Enfim, claro e óbvio que precisamos nos preocupar com o que vc menciona, mas não acho que a coisa se dê nesse nível tão apocalíptico, como de fossemos dóceis audiências dominadas.
Muito obrigada pelos seus comentários
Abrçs
IZE
Ôi. Ize:
A rigor vc nem precisava ter respondido a esse meu último comentario porque ele era totalmente auto-referente, a minha intenção era justamente aparar algumas arestas do meu próprio comentário inicial, coisas acessórias, como eu disse, mas que podiam eventualmente passar a idéia de que eu tivesse algum preconceito contra Mangás, Videogames, etc., mas vejo que acabei produzindo um efeito totalmente opôsto do que eu queria.
Confesso que fiquei bastante surprêso que vc tivesse visto êsse "nível tão apocalíptico" - ou a existência de "dóceis audiências dominadas" - em algo que eu tenha dito. Procurando, eu vi que em "influência - para o bem ou para o mal -", podia estar a origem desse equívoco. Acho que me expressei mal mesmo, influência tá longe de ser um conceito acadêmico, e para o bem ou para o mal soa muito maniqueísta.
Em primeiro lugar,considero o ser humano crítico por natureza, e só muito excepcionalmente se submeteria à condição de dócil audiência dominada
O que eu chamo de influência, no coloquial, é o mesmo que vc corretamente chama de Produção de Sentidos, quando diz na entrevista que o seu interêsse é "investigar os sentidos que as crianças e jovens produzem sobre os produtos culturais".
Quando vc pergunta pro Léo se, ao ingressar no mestrado, a mudança de posição de consumidor de Mangás para pesquisador mudou a relação dele com o produto, e ele responde que sim, é um reconhecimento da influência que ele passou a receber da Teoria Acadêmica, que também é um produto cultural. E inclusive, quando é publicada e comercializada, é Industria Cultural também.
Outro exemplo da influência, ou Produção de Sentidos, é quando o Léo diz, na entrevista: "Nós aprendemos com Peter Parker que 'com grandes poderes vêm grandes responsabilidades'."
Deve haver também alguma influência por trás do crescimento vísível, e comprovado estatísticamente, nos ultimos dez anos, dos homicídios entre jovens de 15 a 24, que estão em 40% em todo o Brasil, e em 47% nas capitais de estado. Assim como no fato de jovens de classe média estarem incendiando índios na via pública, e espancando e assaltando empregadas domésticas com a justificativa de serem prostitutas - tambem como um fenômeno recente e que vem crescendo - deve haver alguma produção de sentido. E que, de fato, não é o Apocalipse, mas está longe de ser o Paraíso, também.
Mas veja, eu tenho um sobrinho maravilhoso, de 18 anos, professôr de Inglês há mais de um ano, teve Filosofia no Ensino Médio e continua interessado, lendo sobre o assunto (adora ler), é antenadíssmo, estaria participando desse nosso papo de igual prá igual, é de uma seriedade (honestidade) impressionante em qualquer debate, e era um consumidor de Mangás, Videogames (suponho que o Inglês venha daí), etc. Só por este motivo eu jamais poderia fazer qualquer restrição ao fato de um jovem ser consumidor desta cultura.
Finalizando, quero dizer que só me senti à vontade para comentar a sua colaboração pela admiração que as suas colaborações, e a forma respeitosa com que vc faz suas intervenções aqui, já me despertaram nesses poucos dias em que frequento o Overmundo.
Desculpe se me estendi demais, e um fraterno abraço.
A propósito, Ize. Estou inaugurando minha participação como colaborador do Overmundo com um poema, na Fila de Edição.
Se vc quiser dar uma conferida, e colaborar com suas críticas, sugestões e comentários, eu ficaria muito honrado.
A chamada para o poema é "Uma Mensagem Na Garrafa ... "
Desde já, muito obrigado.
Oi Levi, vi coisas aonde não existiam pq cheguei ontem em casa aborrecida com o que ouvi num encontro para professores de professores (normalistas como se chamavam antes). Como eu já tinha previsto num postado aí em cima, do alto de sua sabedoria, a idéia é que nada do que elas lêem serve. Para estimular o "capital cultural" os Clássicos são a melhor leitura; a ignorância vem desse lixo de hj e por aí vai. Acho que li de viés seu comentário e o superinterpretei. Desculpe-me.
Seu sobrinho poderia ser o meu, que da leitura diária de mangás, e da assistência aos animes e da prática de jogar videogames, passou a produzir videos da mais alta qualidade, faz teatro e tem uma cabeça que muito adulto não tem. Passou num dos primeiros lugares para a UNB (fazer o que, né? a universidade pública deveria atender aos menos favorecidos, mas por enqto infelizmente essa possibilidade só se oferece para casos isolados, ou então para quem entra pelo sistema das cotas) e está cursando artes cênicas.
Vou passar, assim que puder no seu poema.
Obrigada por sua atenção e
Um grande abraço
Ôi, Lize:
Vc suscitou o debate, e só por isso já valeu.
O importante é que a gente possa sempre trocar idéias - é prá isso mesmo que estamos aqui - mantendo o nível da discussão.
Uma correção: onde se lê "desculpe se me estendi", leia-se: desculpe se me extendi.
Valeu, Lize. Um abraço.
Levi,
como você viu,o texto da Ize (não Lize) deu realmente panos pra maga. Gostei muito das suas reflexões sobre o assunto e do debate entre vocês. Quanto ao extendi, você deve ter se confundido, o correto é mesmo "estendi", do verbo estender, do latim extendere, cuja raiz é a mesma do substantivo extensão e do adjetivo extenso, daí talvez a confusão.
Um abraço.
Nivaldo:
Pois é, rapaz ... por um momento fiquei na dúvida (acho que devo debitar ao meu excesso de autocrítica). Vc teria um bom dicionário virtual para recomendar ?
Ize:
Desculpe pelo Lize (ato falho).
Um abraço.
Em tempo, Nivaldo: obrigado pela correção.
Um abraço.
Maravilha tudo isso aqui!!!
Nao conheço o Leo pessoalmente, mas sou fã dele so de ouvir a Ize falar...
Bjss!!
Oi, Ize!
Só hoje tive contato com esta publicação sua aqui. Estou encantada. Não sabia nada sobre mangás, alguma coisinha sobre RPG.
Já li um pouquinho mais da metade dos comentários também, confirmando o que eu já disse em algum lugar: os comentários vão construindo outro texto ou outros textos tão interessantes e informativos como o texto original. E a gente, que chega tardiamente, como no meu caso, vota mesmo é em tudo. Parabéns! Parabéns! Parabéns!
Há um grupo de jovens aqui em Brasília que vai acabar procurando o Léo. Ele pode aguardar. Beijo grande.
Oi, Ize-Mestra! Acho que a entrevista q vc fez com o Leonardo deu mesmo "panos pra mangá"...
Anne Lima · Rio de Janeiro, RJ 21/1/2009 11:04Para comentar é preciso estar logado no site. Faa primeiro seu login ou registre-se no Overmundo, e adicione seus comentários em seguida.
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