Lembro-me quando a atual administração do Museu da Casa Brasileira assumiu o poder ha poucos anos. O museu andava em uma mesmice e havia a promessa de novas idéias, novos projetos e novos rumos que levariam o museu a um novo patamar. Abandonar o rótulo de museu do mobiliário, uma tarefa difícil (ainda mais considerando que o MCB possui um belíssimo acervo de mobiliário histórico brasileiro) e assumir o posto de museu de Design e Arquitetura; utilizar o museu como ferramenta de divulgação da importância do design como um todo no cotidiano.
O carro chefe do MCB é o Prêmio Design Museu da Casa Brasileira, sem a menor sombra de dúvida (cuja 20ª edição será exposta a partir do dia 6). Assim como o cartaz da Bienal de Arte de SP é algo importantíssimo (vendo alguns dos designers e artistas que criaram as peças ao longo dos anos isso é bastante perceptível) o cartaz e o restante da comunicação do Prêmio MCB também o é. Mas o trunfo é que ao invés de convidar profissionais estabelecidos, o Museu realiza desde 1995 um concurso para selecionar o “cartaz mais representativo da idéia de design” (esta é uma citação direta do site do MCB).
Infelizmente no Brasil, e em muitas partes do mundo, a palavra design ainda é associada a algo inatingível, algo chique, caro, de prestígio e inclusive supérfluo. A publicidade usa a palavra como um acessório de venda a torto e a direito, design não é um substantivo, é um adjetivo. E isso me ofende profundamente. O Design, o “Bom Design” deve ser algo intrínseco a qualquer produto ou serviço, é parte do planejamento e da concepção, não está lá por opção, esta lá por natureza.
Figurinhas famosas como Irmãos Campana e Philip Starck não são designers no sentido estrito da palavra. Um designer não deve criar peças únicas, isso é trabalho de artistas, designers tem a responsabilidade de elaborar produtos que sejam produzidos em massa - não é à toa que a disciplina se chama de fato “Desenho Industrial”.
Esse ano decidi participar do concurso para a elaboração do cartaz. Achei que tinha uma idéia sensacional, de fato uma idéia que fosse “representativo da idéia de design” como um todo, e não em uma área específica como gráfico ou produto. E a submeti. Claro que esperava ganhar, senão, qual seria o propósito de participar? Esperava ao menos uma menção. Não foi o caso.
Imagino como alguns possam entender esse texto como o desabafo de um mau perdedor, mas garanto que não é o caso. Não estou bravo pelo fato de meu cartaz não ter sido escolhido, as chances de terem vários outros inscritos com idéias melhores que a minha são enormes. O que me levou a elaborar essa crítica é a contradição monumental em que o MCB se coloca.
O cartaz vencedor nada mais nos mostra do que uma cadeira. E não é o único, uma rápida navegada no site do museu mostra que em 2005 e 2002 os cartazes também retratavam uma cadeira, e entre os quase-vencedores desse ano há outras duas malditas cadeiras. E para jogar sal na ferida, ontem à noite quando cheguei em casa estava o convite para a cerimônia de premiação, junto dele um folder com a programação do museu para Dezembro e Janeiro, ilustrado pela foto de nada menos que uma cadeira.
Para uma instituição que quer se distanciar do mobiliário me parece que cadeiras estão presentes demais. O mais enfurecedor é que isso perpetua a idéia de design como decoração, penduricalho.
Venho dizer que design não é Cadeira, design é muito mais, é mouse, pasta de dentes, sites, pôsteres, filmes, latas de lixo, isqueiros, zíperes, maçaricos, toda e qualquer coisa que você quiser pensar, e pensar bem, é design.
Portanto não percam o 20º Prêmio Design Museu da Cadeira Brasileira.
Realmente: "A publicidade usa a palavra como um acessório de venda a torto e a direito, design não é um substantivo, é um adjetivo."
Museu da Cadeira Brasileira! hehehehe
Gostaria de convidá-los a visitar a exposição do Prêmio Design.
Realmente quando nos deparamos com a identidade visual desta edição, a primeira coisa que pensamos é... nossa este concurso só premia o mobiliário.
Mas, após ter visitado esta mostra, posso garantir a vocês todos que reservarem seu tempo para fazer o mesmo, que este não é um prêmio de mobiliário.
Tendo em vista que ao chegar à exposição, o espaço destinado aos cartazes selecionados é de grande importância e destaque.
Logo a seguir, você encontrará uma informação bem clara de que existem várias categorias e todas estão descritas nas portas de entrada das salas de exposição. Adentrando as salas você poderá encontrar sim uma sala destinada somente ao mobiliário, imagino eu, que por causa das grandes dimensões das peças, e nas salas laterais você poderá se deslumbrar com a qualidade e maestria do designer brasileiro, tanto quanto a criatividade como a funcionalidade e usabilidade.
Lá na mostra, você irá encontrar não somente cadeiras (que se não estou enganado, só vi 3), mas pneus, bule para chá e café, celular, geladeira, caixa eletrônico, tecidos, mesa, ofurô, puxa-saco (“recipiente” para sacolas plásticas), carros, moto, barco, uma grande variedade de utensílios, algumas luminárias e etc.
Bom, acredito que vindo aqui expor a minha opinião, como assíduo visitante e freqüentador de exposições e concursos nesse museu, estou fazendo um favor aos que conseguirem ter acesso ao meu comentário, pois, a mostra está realmente linda, e sabendo da tradicionalidade e dificuldade que as pessoas que lá trabalham devem enfrentar dia após dia, pois, pelo que sei, este é um concurso desenvolvido pelo governo, o que já faz com que nada perdure por um tempo tão grande e vinte anos, não deve ter sido fácil encarar.
Ahhh, como o grande enfoque de seu espaço foi o concurso de identidade visual, imagino que eles tenham uma comissão julgadora para avaliação dos trabalhos, e que a diretora do museu, não deva interferir nessa decisão, se eu não estiver certo nas informações que aqui passei a todos, favor me corrigir.
Fera, acredito que a crítica não foi à exposição em si, mas sim ao posicionamento quanto à escolha do material gráfico do prêmio. Talvez você queira fazer uma crítica sobre a exposição que parece estar interessante...
Mi [de Camila] Cortielha · Belo Horizonte, MG 7/12/2006 19:15
Fera, como a Camila disse, minha intenção era criticar a escolha do museu de como divulgar a exposição e a si mesmo.
Não tenho dúvidas da importancia e da qualidade da exposição em si, mas acho que o museu deveria divulgar o que tem de acordo.
Sobre a diretora não participar da decisão, é um ótimo ponto. Mas de qualquer maneira, a direção do Museu tem como responsabilidade apontar uma direção a ser seguida pela comissão julgadora, ninguém em sã consciência entrega sua imagem em mãos alheias sem dar alguma direção.
Realmente as pessoas não sabem o significado de ser um DESIGNER.
Como podem dizer que aquela cadeira dos Irmãos Campana pode ser funcional. Produzir aquilo em série é quase impossível, sem contar a manutenção, deve acumular poeira mais do que qualquer outra cadeira inventada antes. Aquilo é uma obra de arte e não um produto pensado e projetado para sua finalidade. Qualquer um hoje em dia se intitula Designer.
Adorei teu texto...Designer é aquele que cria algo funcional, diferente...Falvio de Carvalho, muitas vezes fez projetos insanos, mas nos deu algumas de suas engenharias para o cotidiano...e era "artista", à frente do seu tempo. Designer não é criação do inútil! Podemos ver instalações em bienais que não tem valor...pois acham o inusitado "arte"...hoje os ditos artistas forçam muito abarra para serem considerados gênios rs, A verdadeé que querem apresentar doidices..são doidos pelo dinheiro...não pela evolução da arte..Parabens. Voltarei.
Desculpe: Flavio de Carvalho...
Cintia Thome · São Paulo, SP 23/6/2007 23:56
Eicheland e Cintia.
Bom ver a vida útil do texto ter se extendido, e que mesmo depois de tanto tempo ainda tem gente me entendendo. Não entrei no concurso desse ano por falta de tempo e inspiração.
E agora a administração mudou de novo, não sei como está pois faz tempo que não visito o local. Só espero que o museu continue a melhorar (e em termos de eventos a administração anterior estava de parabéns - algo que erroneamente omiti no texto)
Olá Fernando, entendemos perfeitamente o seu desabafo! Realmente há uma confusão. Nós temos cadeira no nosso logo, risos. Mas sabemos a que viemos e somos especialistas em interiores. O Design de Móveis e o Design no Brasil ainda tem muito arroz com feijão pela frente, é uma batalha de todos nós! Parabéns pela bela arte do cartaz e pelo manifesto!
Living Brasil · São Paulo, SP 4/3/2008 02:24
Cadeira é Design Sim grandes Arquitetos fizeram e sonham em fazer uma cadeira,alguns deles ganharam premios e fama mundial após executar cadeiras que ficaram famosa e cobiçadas no mundo todo ditando épocas e cultura de um povo alguns deles são:
Sergio Rodrigues,Zanine Caldas,Joaquim Tenreiro,Philippe Starck,Charles e Ray Eanes,Michel Arnoult,Boerge Mogensem,Vladimir Kogan etc...Somos uma fabrica em SP que a anos executa Moveis e é especializada em Cadeiras executamos Réplicas e Reedição mais de 1001 modelos direto da fabrica em Madeira de Lei Certificada pelo DOF e FSC Artificie Américo Neves 43 anos de Tradição em Moveis Exclusivos.
www.americonevescadeiras.com.br
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Passem no meu blog de design
http://marciodupont.blogspot.com
Obrigado abaços do @maducao
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