DIÁLOGO ENTRE ALDEIAS XAVANTE E TAPEBA
ENCERRA ATIVIDADES COM EXIBIÇÃO DE VÍDEOS
Parentes. Assim se trataram, por uma semana índios Tapebas, de Caucaia-Ceará e os Xavantes, do Mato Grosso, durante a oficina de audiovisual ministrada pelos nativos matogrossenses e facilitadores da ONG Aldeia, Pontão de Cultura, no projeto “Diálogo entre Aldeias”, financiado pelo Ministério da Cultura e com apoio da Funai, Governo do Estado do Ceará e Secretaria Estadual de Educação.
Os Xavantes chegaram ao Ceará na última segunda-feira (04/01), após 20 horas de viagem de carro, vindos da Aldeia Abelhinha, nas proximidades do Rio das Mortes, em Mato Grosso, até Brasília. Lá, embarcaram em avião até Fortaleza, em seguida se deslocaram para Caucaia, a 20 km da Capital, onde foi ministrada a oficina na Escola Índio Tapeba.
O líder Hiparidi Top Tiro, dos xavantes, antropólogo formado pela USP, veio acompanhado de seus “parentes” Tseretó, César e Owao, todos com experiências em produção de vídeo, apesar de a aldeia deles não possuir sequer energia elétrica. Tsetetó é autor de três vídeos; César é editor e diretor de imagem o Owao é o responsável de distribuição de material audiovisual da associação Xavante Warã.
Durante a oficina os xavantes primaram em mostrar a responsabilidade de gravar também para os índios que ainda nem nasceram, as tradições, os rituais e a cultura indígena. Hiparidi explicou que é necessário fazer audiovisuais com alma de índio, e não apenas encenações que terão aceitação comercial no mundo Warazu (civilizado). Dessa forma, esclareceu que os rituais gravados através das câmeras e microfones devem ser genuínos e não apenas simulações. Da mesma forma, é preciso ter especial atenção com o sagrado e com os segredos dos povos indígenas, para que a espiritualidade de cada etnia não seja profanada.
Os jovens tapebas, entre 16 e 25 anos, ao longo da oficina puderam não só conhecer o fazer xavante, com todas as suas particularidades, mas também ter contato direto com câmeras, microfones e equipamentos de edição de vídeos, colocando em prática o aprendizado teórico.
Nesta segunda-feira (11/01), a partir das 17horas, na Escola Índio Tapeba em Caucaia, será exibido para alunos e comunidade o resultado dessa oficina que pela primeira vez na história do Ceará reuniu as duas etnias indígenas participantes. Quem aceitar o convite poderá assistir aos vídeos produzidos, bem como conhecer audiovisuais sobre o artesanato, a farmácia de ervas e particularidades da comunidade Tapeba.
EXPERIÊNCIAS
O tapeba participante da oficina Caio Ruankns da Cunha Rodrigues, 17 anos, da Aldeia Jandaiguaba, considerou de grande importância o contato com a cultura Xavante. “A gente aprendeu muitas coisas que vamos levar para as nossas vidas, principalmente o respeito às tradições, repassando a nossa cultura para as novas gerações”.
Ele observou ainda que a forma como filmam os xavantes, sem atrapalhar ou interferir no comportamento da aldeia, deve ser observada.
Marciane Tapeba, 18 anos, da Aldeia Caco disse que a experiência foi uma troca de conhecimentos muito boa. “Para nós, a realidade dos Xavantes era distante. Conhecer um pouco a cultura deles nos enriqueceu muito. Foram importantes tanto as aulas de vídeo no padrão comercial e ao mesmo tempo conhecer técnicas que usam na sua aldeia, respeitando a sua cultura e mostrando o que deve ser mostrado para fora”.
A partir dos momentos experienciados, Marciane revelou que tem o pensamento de regularizar a Ajit - Articulação de jovens indígenas tapebas. Com isso buscar escrever projetos e a aquisição de equipamentos, “mesmo que a gente tenha que colocar em DVD, para que os futuros índios vejam como se iniciou o processo de filmagem e impedir que coisas se percam”.
Aline Cruz da Silva, 25 anos, da Aldeia Trilho, observou que também considerou de grande importância conhecer um pouco da cultura xavante. “ Já tinha visto vídeos, televisão, mas ter contato e trocar idéias, não tem comparação. Eles reforçaram a idéia que já tinha, de não filmar encenações. Mas, ao contrário disso, marcar os momentos filmando as coisas acontecendo,
Aline contou ainda que Já havia participado de outra oficina de audiovisual antes, mas foi a primeira vez que teve a oportunidade de manusear a câmera e ter uma experiência mais concreta de trabalho audiovisual, aprendendo ainda técnicas de edição de vídeo.
Alguém já sugeriu (na primeira colaboração a respeito do intercâmbio Tapebas-Xavantes) a inclusão aqui, no OverMundo, dos vídeos trabalhados na oficina, o que reitero ser uma idéia muito boa, para o mais breve possível. Votado. Abraços solidários e fraternos.
Cláudio Carvalho Fernandes · Teresina, PI 11/1/2010 01:50
A sugestão está anotada. Logo que possível, estarei disponibilizando. Agradeço o comentário generoso,
abraço.
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