Dinamitando o rock curitibano

Você já deve ter ouvido expressões do tipo: “essa banda manda bem no palco� ou “os ‘caras’ desse grupo são feras�. Se já ouviu, então transporte isso para a Anacrônica.

Curitibana até o talo e um gás roqueiro nos shows, o quarteto sabe o que quer e aonde quer chegar.

Com pouco mais de três anos de estrada e com influência de Beatles, Stones e Red Hot Chili Peppers, a banda formada pela vocalista Sandra Piola, pelo guitarrista Bruno Sguissardi, pelo baixista Marcelinho e baterista Marcelo Bezerra, está prestes a dinamitar o rock da cidade com o novo (e aguardado) disco da Anacrônica.

Nesta entrevista, a banda falou do primeiro álbum, da cena musical de Curitiba, das andanças por outros lugares, das novidades do grupo e mostrou, em alguns minutos de conversa, uma baita personalidade e profissionalismo de quatro roqueiros que carregam uma categoria nas performances sob os holofotes espalhados por aí.

Como está sendo o processo do novo disco?
Bruno: Temos um EP com quatro músicas que trabalhamos em 2006 e 2007. Sentimos a necessidade de gravar um disco inteiro com regravação das canções deste EP. E por intermédio do Dary Jr, do Terminal Guadalupe, conhecemos o produtor Tomás Magno, do estúdio Toca do Bandido, no Rio de Janeiro. Esse atraso de fazer o disco veio pelo nosso perfeccionismo e a inviabilidade do Tomás estar no Rio e nós aqui. Mas estamos felizes.
Marcelinho: Ao todo são onze músicas, sendo quatro regravações. A gente quis fazer tudo do bom e do melhor. Até pelo fato de ser uma banda independente, penamos por questão de grana e tal.
Sandra: Estamos querendo fazer tudo de uma vez, um pacote: lançar cd, site e clipe. Depois do carnaval, o disco sai.

Quais são as participações neste álbum?
Bruno: Ângelo Netto, do Sexofone, participa em várias músicas tocando piano; Ruth Varela, americana radicada no Brasil que produziu os vocais; Henrique Peters, dos Mutantes; Poléxia batendo palmas (risos) e Vinícius Braganholo, do Nico’s Studio.

Saindo um pouco do disco e falando da cena. O que vocês acham da cena musical da cidade?
Bruno: A partir do momento que você vai viajando e conhecendo outras cenas, você percebe as diferenças e semelhanças. Curitiba não é o único lugar no Brasil que tem dificuldades de reconhecimento. Só que as pessoas daqui estão fazendo o que há muito tempo existe em outros lugares, que é se profissionalizar. A profissão de músico é muito marginal, as pessoas comparam o fato de você ser músico como lazer, brincadeira e é uma profissão. E acaba que os próprios músicos, ás vezes, contribuem para que esta visão continue. Mas cito bandas que já deram certo por aqui: Relespública, Terminal Guadalupe, Charme Chulo, Poléxia, Sabonetes, Nuvens...
Marcelinho: Todas essas bandas estão produzindo com qualidade pra caramba. Estão se preocupando em fazer um trabalho num estúdio bom com produtor. E a gente também, modéstia à parte: porque eu sei do investimento que estou fazendo. A banda é nossa vida, nossa empresa, 24 horas.
Bruno: O Marcelinho é o último que está se formando agora (em jornalismo). Depois é só banda, banda, banda, música, investimento. As coisas já estão dando certo.
Sandra: A mídia daqui está começando a apoiar e o público começando a dar valor.

E o público, está prestigiando mais as bandas independentes?
Bruno: Depois de 10 anos trabalhando com música em na cidade, consigo ver o acesso ao público acontecendo em etapas. Curitiba não passou de uma das etapas finais da consagração nacional. Mas temos público, é um público brasileiro que precisa de um aval. As pessoas não conseguem julgar o que é bom ou não por si só, elas precisam de opiniões de rádio e TV ou de um amigo do falando: “Oh, essa banda é legal!�...
Sandra: Não é só precisar de aval, mas hoje a gente tem uma gama de bandas de tudo quanto é estilo.
Bruno: Já deu certo. Primeiro você conquista bairro, depois a cidade, estado e país. Depende do que cada um quer também. A Relespública é a banda paranaense mais bem sucedida, apesar de ainda não ter um peso nacional, acredito que vá conseguir com este novo disco. Claro, que não é um Skank.
Marcelinho: Curitiba não é um pólo cultural, mas se você for pra São Paulo é melhor do que aqui. Falta essa história cultural e isso pesa pra nós. Ir para São Paulo é inevitável, as coisas acontecem, o raio que se atinge é maior.

Vocês poderiam contar um fato engraçado ou diferente que aconteceu com a banda?
Marcelinho: A gente quando foi tirar fotos da capa do disco, a Sandra começou a tomar uma cervejinha aqui e ali, e ficou meio birita. Parecia a Elza Soares! (risos)
Sandra: Teve uma vez também que fomos pra praia de Guaratuba fazer um programa de TV no final do ano passado. E o nosso baixista não usa cueca...
Marcelinho: Hoje eu uso...
Sandra: Ele estava de bermuda e na hora que ele foi subir no palco, rasgou! E pegou uns bótons que a gente tinha e amarrou um monte de camiseta.
Bruno: Nesse mesmo dia, eu tomei muita cerveja. E no backstage não tinha banheiro. Já tinha me dado duas vezes vontade de fazer xixi, e fui no banheiro público do outro lado da rua. Continuei tomando e subi no palco. Na segunda música já estava desesperado, não conseguia me concentrar e cheguei a pensar: “Vai ser aqui mesmo no palco!�. Daí começou a dar pau no meu cabo do baixo. Quando vi que ia dar um intervalo, desci, fui no backstage e fiz xixi na areia! Voltei correndo pro palco!

Para finalizar: disco novo chegando e muitas surpresas?
Bruno: Isso, um single este ano ainda no novo álbum e depois do carnaval disco na praça. Vamos soltar também o acústico. Mas ano que vem pé na estrada total! Depois desse investimento, as oportunidades ampliam e esperamos viagens mundo afora, se Deus quiser, muitas surpresas.

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