Uma caixa cheia de vinis, dois toca-discos, o computador no centro da sala, uma mesa pequena de jantar com um cinzeiro metálico e a varanda do vigésimo andar na rua da Aurora, que revela a paisagem natural do rio Capibaribe. É nesse ambiente que Helder Aragão, mais conhecido como DJ Dolores, abre seu baú da memória e apresenta alguns momentos da sua vida. O jeito tÃmido pode não demonstrar as experiências vividas por esse sergipano de 40 anos, mas no decorrer da entrevista ele vai se revelando um artista que sabe muito bem o que quer: criar música.
O currÃculo de Helder é invejável: ele se apresentou nos principais festivais de música da Europa dividindo o palco com artistas de peso como Bjork, Moby, Chemical Brothers e Elvis Costello, remixou músicas de Bob Marley, assinou a trilha sonora do filme e da peça A Máquina de João Falcão, ganhou o recente prêmio Tim conquistado na categoria música eletrônica e realiza freqüentes turnês pelo mundo com a Aparelhagem (banda que o acompanha há dois anos). O que muita gente não imagina é que mesmo tendo acumulado tantas premiações e participado de muitos eventos importantes, Dolores não se arrisca a tocar nenhum instrumento. “Desde pequeno sempre fui muito envolvido com a música e o caminho natural de quem não toca nenhum instrumento é virar técnico, produtor ou DJ. Eu escolhi a última opçãoâ€.
No pequeno quarto do seu apartamento, entre laptops, microfones, samplers e teclados midi, são criadas as principais elaborações do artista, que afirma produzir 80% dos seus discos em casa. “Minha música ainda segue a estrutura da canção, mas a forma de compor não obedece, definitivamente, ao formato violão e vozâ€. Dolores diz pensar no ritmo, ou na melodia e a partir daà começa a criar as batidas, utilizando os programas que simulam som dos instrumentos. Passada essa fase, ele reúne os músicos e começa a dar um formato de som de banda. “A música eletrônica cria uma esfera lúdica, brincar com os programas acaba gerando uma batida legal e daà surgem as canções e remixesâ€.
O som de Helder têm a capacidade de conjugar influências que a principio possam parecer contraditórias, mas que funcionam muito bem no resultado final. Essa facilidade de tráfego livre por diversos estilos o acompanhou da sua formação familiar até os tempos em que, juntamente com Chico Science, Renato L. e Fred 04, iniciou os encontros que originariam o movimento manguebit. “Nasci em Propriá, interior de Sergipe, e desde pequeno convive constantemente com as manifestações populares e com a música dentro de casa. Meu pai era músico e gostava de choro e jazzâ€. Na mudança para Aracaju, durante a adolescência, veio a afinidade com cultura punk e o gosto pelas músicas produzida por The Clash e Sex Pistols. A partir daÃ, os cabelos ganharam cores e as sobrancelhas ganharam alfinetes, como uma forma de identificação com o visual das bandas preferidas. “Eu sempre brinco dizendo que fui o primeiro punk de Aracajú, foi um perÃodo que mergulhei fundo nesta cultura, mas com o tempo fui sacando que estava virando dogmáticoâ€.
A vinda para o Recife abriu o acesso a mais informações e definiu a inclinação para trabalhar com arte, quando Helder começou a desenvolver animações, clipes, vÃdeos e capas de discos (a primeira capa do Mestre Ambrósio foi feita por ele). Foi justamente da parceria em projetos audiovisuais com Hilton Lacerda que surgiu a dupla Dolores e Morales. O nome foi adotado pelo DJ para os trabalhos com música, que começaram quando ele fez a trilha do filme de Kleber Mendonça Filho, Enjaulado (1994). “Compus toda trilha com um programa para editar recados de secretária eletrônica†diz, relembrando os tempos em que a tecnologia era incipiente.
DJ Dolores faz sigilo quando o assunto é o novo disco. “Estou aqui no Recife para gravar meu novo CD, só sei que tenho que terminar até o inÃcio do próximo ano, caso contrário terei que cancelar nossa turnê européiaâ€, afirma. Apenas um fato entristece o DJ: o de não se apresentar na sua própria cidade. “Moro no Recife porque adoro esse lugar, estou sempre criando coisas novas, e gostaria de ter mais oportunidade de poder mostrar o que faço para as pessoasâ€. A campainha toca e Dolores se despede para voltar a gravar algumas bases para o seu novo disco.
Salve Filipe, que beleza sua matéria sobre o Dolores aqui no Overmundo. Estou ansisoso para ver como vai ficar o disco novo!
ronaldo lemos · Rio de Janeiro, RJ 3/11/2006 01:15
Salve Filipe! Ótimo ter o Dolores por aqui, tava mesmo faltando ele, que já Creative Commons por ofÃcio... só um detalhe besta: "Aracaju" não tem acento
Abraço!!
valeu marcelo, é sem acento, é sem acento
Filipe Barros · Recife, PE 3/11/2006 19:13
valeu ronaldo, achei bacana tambem a possibilidade botar audio, e multiplas imagens, espero que em breve role link do you tube tbm.
abs, filipe.
Só uma coisa... o novo disco não é com a Aparelhagem. O nome (e geralmente a própria) banda muda a cada disco. No terceiro, até agora, deve ser "A Banda de 1 Real". Mas a formação continua =)
Bruno Nogueira · Recife, PE 3/11/2006 22:47PARABÉNS !!! Vamos mostrar ao "mundo" o que o "mundo" tem de bom!!!
Keila · Recife, PE 19/11/2006 22:53firmeza vms mostrar para todos que também podemos chegar lá basta a panela quebrar...
Dj Baron · São Carlos, SP 26/11/2006 19:35isso memo brow Sanca nas paradas do sucesso com muita musica eletronica do futuro....
Dj Baron · São Carlos, SP 26/11/2006 19:37isso memo brow Sanca nas paradas do sucesso com muita musica eletronica do futuro....
Dj Baron · São Carlos, SP 26/11/2006 19:44firmeza vms mostrar para todos que também podemos chegar lá basta a panela quebrar...
Dj Baron · São Carlos, SP 26/11/2006 19:44Para comentar é preciso estar logado no site. Faça primeiro seu login ou registre-se no Overmundo, e adicione seus comentários em seguida.
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