Resgate da cultura popular brasileira. Palavrinhas bonitas que juntas já se tornaram até uma “expressãoâ€, uma bandeira que muitos levantam com tanta convicção. Certo, mas será que este famoso “resgate†chega mesmo a ser praticado e realmente funciona? Boa vontade até existe por parte de muitos, mas por outro lado, há também a ignorância e o descaso de outros. Parece que não percebem o quão é importante valorizar a cultura popular. Ah! Já sei, você deve estar pensando: “lá vem a velha conversa sobre a ‘valorização da cultura popular regional’! Acorda, isso já está tão manjadoâ€. E eu respondo assim: é irônico como um tema que já é “tão manjado†e “velho†ainda não foi resolvido. Muito pelo contrário, é até um assunto ignorado. Todos podem até “saber†sobre a necessidade da preservação e valorização de nossa cultura popular regional, mas com certeza não entendem, não enxergam isso de verdade.
Os benefÃcios que o fortalecimento da cultura popular podem trazer a uma comunidade são muitos. Estou falando de desenvolvimento territorial, construção da cidadania, formação de consciências e valores. Um povo que tem sua cultura própria entranhada e viva em seu cotidiano é um povo forte que conhece realmente a sua capacidade e sabe aonde pode chegar. Imagine o quanto serÃamos “vazios†e descaracterizados se não tivéssemos a nossa cultura popular. Imagine a falta que as lendas contadas por nossos avós, os nossos folguedos e tradições fariam para a construção de nossa história.
É por isso que temos a necessidade de nos conhecer, de encontrar nossas raÃzes, descobrir a nossa tão falada “identidade culturalâ€. E não vejo instrumento melhor para nos levar a isso do que a prática da cultura popular. Incentivar e fortificar essa prática também é motivar as pessoas e despertar nelas um sentido para viver. Talvez seja esse o motivo da negligência governamental diante das questões culturais em nosso paÃs. Quanto menos cultura existir, mais alienação e vulnerabilidade haverá. É isso, a relação é bem simples.
Mas, ressalto que a nossa postura com relação à cultura popular não é culpa só dos órgãos governamentais ou coisa parecida. Cada um de nós se torna responsável por esta desatenção a partir do momento em que sentimos uma certa “vergonha†de nossas origens, nosso sotaque. Somos causadores do enfraquecimento de nossa cultura quando abrimos com tamanha receptividade a porta de nosso paÃs para o homo gringo, e ainda dizemos sorrindo de ponta a ponta: Welcome to BraZil! E eles agradecem em seu idioma natal, claro! Afinal, para que aprender português se aqui todos fazem questão de falar o universal Inglês? Ora, brasileiro adora “inglesificar†tudo! “É tão bonito nome que tem muito y, w, apóstrofo, não é?!†Abro parênteses para um desabafo: nessas horas, tristemente chego a pensar que Raul Seixas estava certo em sua canção Aluga-se: “Tá tudo pronto, é só vir pegar. A solução é alugar o Brasilâ€. Mas não quero acreditar nisso, não. Por favor, não me faça enxergar que no nosso paÃs gringo recebe tratamento melhor do que o próprio brasileiro. Fecho parênteses.
Somos “assassinos†de nossa cultura também quando, por ironia do destino, fazemos dos negros e Ãndios, exatamente as principais matrizes de nossa raça e cultura, alguns dos grupos que mais sofrem preconceito no Brasil. Quanta ingratidão, não?
E nossa “culpa†não pára por aqui... atualmente, é comum ouvirmos muitas pessoas dizerem com todo orgulho e firmeza que são “cidadãs do mundoâ€, leia-se “globalizadasâ€, e defendem a “mistura culturalâ€, o intercâmbio e tudo o mais que envolva “troca†(o pior é que geralmente esta troca não é muita justa, sempre tem alguém que dá mais do que recebe). Tudo bem, nada contra isso. Só vejo esta “cidadania mundial†como algo preocupante a partir do instante em que ela causa detrimento à nossa cultura regional, à nossa identidade cultural. Não há nada de errado em conhecer ou gostar de outras culturas, porém, devemos privilegiar a nossa própria, aquela que faz parte de nossa história, nossa origem, aquela que nos concebeu como um povo. É esta que deve ser preservada e valorizada.
A luta continua...
Sua reflexão aborda tantas questões diferentes, que fica até difÃcil comentar de uma forma mais coesa. Mas talvez a cultural popular, realmente, não apareça muito pela grande mÃdia, mas ela está por aÃ. As pessoas continuam dançando suas danças folclóricas, a capoeira e os ritos religiosos continuam por aÃ... o Boi Calemba, a arte do João Redondo, o romanceiro, o teatro de Mamulengos, a literatura de cordel, o artesanato, a manufatura da sela no artesanato de couro, as cantigas de roda, A folia de Reis, a mulher rendeira pelo Brasil de meu Deus, enfim... basta gastar um pouco de sola de sapato... Quanto à americanização, realmente é patente o vislumbre com a terra do Tio Sam. Mas isso não é de hoje. Aqui em Natal, por exemplo, a cultura local foi influenciada de muitas maneiras. Mas só pra citar, de forma superficial, os natalenses já sabiam o que era Coca-Cola ainda na década de quarenta...(Se isso é bom ou ruim, não sei. Parafraseando Chicó do Auto da Compadecida - "Só sei que foi assim!")
Um abraço.
Saravá! [ #* sou mais um, cidadão do mundo, globalizado! ]
Gostaria de oferecer um outro lado para se meditar e a polêmica (do que redigo) pode trazer benefÃcios para o sentido que o mesmo parece querer gerar: Educação, e Cultura. Vou tb fazer ‘chamada’ em trechos (com #) ja que o jogo tem coisa pra se responder, perguntando:
[ Quanto menos cultura existir, mais alienação e vulnerabilidade haverá. É isso, a relação é bem simples. ]
# eu ja prefiro pensar assim: que para o sistema alienante, opressor, o que vale é que quanto menos educação for aplicada para o povo, mais controle este terá sobre o mesmo. Cultura pode existir, mesmo para o arigo, para o alienado,etc.
[ quando abrimos com tamanha receptividade a porta de nosso paÃs para o homo gringo, e ainda dizemos sorrindo de ponta a ponta: Welcome to BraZil! ]
# Não faz sentido essa situação? Seria então mais aplaudivel abir a porta com a cara emburrada? Ou, não abrir a imigração para quem aqui venha? Mas, esse paÃs é feito de imigrantes, não é?
[ E eles agradecem em seu idioma natal, claro! Afinal, para que aprender português se aqui todos fazem questão de falar o universal Inglês?]
# Bom... pra que dar enfase ao ‘português’? Ja que essa lingua, feito a outra abordada, o inglês, foi imposta também, em cima das outras que ja tinhamos no continente sul americano? De fato, inteligentemente, culturalmente não existe nenhum problema em se falar e escrever outros idiomas, existe pra vc? Outrossim, no BR, nem todos falam como se deve o português. Dai, fica sem sentido pratico essa afirmação e condenação da lingua... universal? Ou seria, comercial, o termo correto?!
[ atualmente, é comum ouvirmos muitas pessoas dizerem com todo orgulho e firmeza que são “cidadãs do mundoâ€, leia-se “globalizadasâ€, ]
# Bom... todos os seres humanos são cidadãs do mundo, globalizados que somos, mas, fomos mal educados (na escola? = ou, ainda, pelos contadores de estorias, os avôs, etc... ?!) para que pensemos, para agir, que somos diferentes uns dos outros. Que tal essa outra ‘visão’ do jogo?
[ Tudo bem, nada contra isso. Só vejo esta “cidadania mundial†como algo preocupante a partir do instante em que ela causa detrimento à nossa cultura regional, à nossa identidade cultural. ]
# Bom... até aih, sem duvida que vale a pena se sentir como parte de algo regional, cultural falando, mas, isso não tem muito a ver com a identidade, seja cultural ou individual, a partir de que se pudesse respeitar os outros, sejam humanos,outros quiça. Mas, os “religioso$†pregam que devam seus “fie$’ se tornar: todos filhos de unico deU$, ou, parte de uma só indentidade espiritual. E aih... como fazer para não se contradizer nesta situação, no que refere a AÇÃO do que se pensa: somos aquilo que pensamos, se espiritual e cultural são partes de um mesmo ponto, humano?
E por fim... senão começo:
[Somos “assassinos†de nossa cultura também quando, por ironia do destino, fazemos dos negros e Ãndios, exatamente as principais matrizes de nossa raça e cultura, alguns dos grupos que mais sofrem preconceito no Brasil. Quanta ingratidão, não? ]
# Pra falar de negro e indio dessa forma, e ignorar o que originou a ‘nossa cultura’ (!) sem assumir que o “ outro lado da lua “ (?) também existe, e sem ele, não existe... nossa cultura...? Nossa cultura é a cultura que foi feita no BR a partir de muitas misturas, e sem a colonização dos europeus, e de outros... assasinos? ... não se teria essa cultura, que tanto nos orgulhamos. E aih, seriamos o que? Seriamos então também assasinos?
Pois, sem a escravidão.... não haveria a Capoeira – canta o Mestre Suassuna, gravado em CD, etc, e este mote foi inserido também como cultura nas Rodas de Capoeira mundo afora. O hoje, que importa, seria muito mais valido se reciclar a atitude, com educação globalizada, quiça?, para melhor se viver, e evoluir, não uma parte, mas, a raça humana?
Bom... o texto, é BOM... pois me faz refletir, e inclusive, oferecer esta outra parte para que se possa meditar no tema.
A ação, a pratica deste ‘jogo’ pode nos trazer benefÃcios.
By the way... ja que o tema tem até a ver, estou agora em London city, acabei de fazer uma gig na base de baião e forró... e o povo aqui, adora nossa ‘cultura, até aih, se não fose assim, o que seria de nossa música, a qual eles europeus foram responsaveis pela sua... criação? Ou seria, invenção? Ou ainda.... evolução?!
Espero ver esse jogo crescer, para poder também, aprender, e me satisfazer... culturalmente.
Obrigado pelo jogo. *(estou de volta em breve ao BR, espero que, globalizado, me deixe entrar no paÃs sem que eu me sinta... ignorado, pelos... ignorantes, e radicais #... ser humano, precisando se globalizar, ou,: se humanizar!?
Axé
Olá!!!
nós do NAEC de São Benedito estamos fazend nossa parte, e buscamos trabalhar a nossa cultura.
acesse: http://naec.gigafoto.com.br e conheça nosso trabalho.
abraços de toda equipe do NAEC de São Benedito - Ce
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