É tudo de brinquedo... menos o cavaquinho

Nino Andrés
1
Elefante Bu · Brasília, DF
27/9/2010 · 27 · 2
 

*Texto originalmente publicado no Zine Elefante Bu #51

“É importante considerar o que é um instrumento ‘de brinquedo’, ou ‘miniatura’. No caso, o cavaquinho não é nem uma miniatura e nem um instrumento de brinquedoâ€, explicou a professora-doutora da Universidade de Brasília (UnB) Maria Cristina Azevedo, ao falar sobre o uso objeto dentro da proposta do disco Música de Brinquedo, o décimo da carreira do Pato Fu. Longe da crítica pela crítica, o que a acadêmica e musicista fez foi apontar uma das várias questões provocadas por um trabalho comercial que fugiu dos padrões do mercado. No caso, um CD de regravações de canções populares tocado com pianinhos, apitos, pandeirinhos, bichos que fazem ruídos e tudo mais. Ah, e também teve o cavaquinho, que fez papel de baixo e violão.
Maria Cristina pensou como acadêmica e chamou a atenção para este detalhe do projeto e também para vários outros mais ou menos importantes. Não foi a única. O disco andou por Brasília e também foi enviado em formato de MP3 para muita gente comentar. Foram acadêmicos, músicos populares próximos ou não da banda e alguns dos autores das canções. Pessoas que trouxeram informações diversas que formam um painel de uma obra de natureza peculiar e ajudaram a responder a pergunta: mas que raios um disco dessa natureza pode representar para o mercado e que contribuições à música brasileira ele dará afinal?
Apesar de abordar essas fontes e provocá-las com questionamentos pontuais, a primeira observação e questão importante, no entanto, veio da espontaneidade de uma criança de oito anos. “Eu acho que ela [Fernanda Takai] tem uma voz bonitaâ€, disse a minha sobrinha Larissa, enquanto fazia da estante de livros uma casa da Barbie e de outros bonecos. “Ah, e você gostou das músicas?â€, perguntei. “Achei legal... ‘tá’ bom de ouvirâ€, disse a infanta.
O curioso é que depois dessa audição, ela exigiu que eu desse o disco. “Mas é de criança, então você tem que me darâ€, argumentou ao ouvir minha enfática recusa. Na lógica de Larissa, um adulto (eu) não deve ter um disco infantil. Mas não foi o que John Ulhoa afirmou sobre a obra que produziu. O guitarrista disse que apesar dos brinquedos e das vozes das crianças em todas as faixas (em especial de Nina – filha de Fernanda Takai e John – e do amigo dela, Matheus), trata-se de um trabalho para o público adulto. Isso levanta a primeira questão: afinal, o Música de Brinquedo é um disco para crianças ou para adultos? “Arrisco a dizer que este talvez seja o primeiro disco pop de música de criança para adultos (ou será o contrário?!)â€, opinou Sérgio Britto, dos Titãs.
Por outro lado, o mercado entendeu diferente. Com este disco, o Pato Fu saiu da prateleira de pop/rock nacional e caiu direto na estante infantil. O jornal gratuito Destak, inclusive, publicou “reportagem†(considerando a fórmula de textos muito reduzidos que o periódico adota) sobre a “onda de discos infantis produzidos por bandas e artistas consagradosâ€, e usou como desculpa para o texto este mesmíssimo recente trabalho da banda. O Estado de S. Paulo falou a respeito do disco no suplemento semanal infantil “O Estadinhoâ€. Algumas das críticas bateram nessa mesma estaca, enfatizando o aspecto caseiro e familiar de um disco que poderia ser feito para distribuir entre amigos próximos.
“A impressão que tive quanto escutei foi que eles gravaram músicas que gostam de tocar para os filhos. Uma parada feita em casa e que ficou bem boa, bem família com as crianças participando nas músicas. Disco de rock bem família, curtiâ€, disse Esdras Nogueira, da Móveis Coloniais de Acajú. Mas para Sérgio Britto, tanto faz se o disco é adulto ou infantil: “O que importa é que transborda originalidade, bom gosto e é, essencialmente, um prazer de ouvirâ€.

O Música de Brinquedo

Gravar o Música de Brinquedo foi uma ideia “simples, singela e simpáticaâ€, nas palavras de Fernanda Takai, que a banda teve para registrar o décimo disco em 18 anos de carreira: um trabalho de covers onde os instrumentos usados foram de brinquedo, miniaturas e outros relacionados com a musicalização infantil. Não foi a primeira vez que o Pato Fu gravou com “brinquedinhosâ€. No anterior Daqui Pro Futuro há diversas intervenções desses objetos. Fizeram, em 2007, um clipe de Mamã Papá para o projeto Música de Bolso, quando gravaram uma versão ao vivo com violão, porquinho tremelique, tecladinho, xilofone e... um cachorro colorido? Pode-se dizer também que a banda utiliza objetos ruidosos desde o início da carreira, eletrônicos e caros ou não. De qualquer forma, não é uma obra que surgiu do acaso. O histórico é amplo.
Música de Brinquedo tem 12 clássicos do pop nacional e internacional. A canção que deu o impulso inicial para o projeto foi Primavera (Vai Chuva), de Cassiano e Silvio Rochael. E seguem hits de Rita Lee (Ovelha Negra), Paralamas do Sucesso (SKA), Zé Ramalho (Frevo Mulher), Paul McCartney (Live and Let Die), Roberto e Erasmo Carlos (Todos Estão Surdos), entre outros. Alguns dos compositores atenderam à reportagem do Elefante Bu (eu, no caso), a recepção foi muito positiva.
Barry Mann e Cynthia Weil, de Rock and Roll Lullaby, deixaram o recado: “What a fun listenâ€. João Barone disse em nome dos Paralamas: “Ouvimos e adoramos, somos patofãsâ€. Sérgio Britto elaborou melhor: “Este disco – e especificamente a regravação de Sonífera Ilha – é divertido acima de tudo e no melhor sentido que a palavra pode ter. É um raro prazer poder ouvir versões de músicas conhecidíssimas (e ir identificando, uma um, todos os detalhes do arranjo original) ao mesmo tempo em que se tem a sensação de novidade e frescorâ€.
Britto considerou que a reprodução quase que literal dos arranjos nos brinquedos foi a grande sacada, mas que por si só não bastaria para ter um bom resultado. “Há, como de costume, a interpretação da Fernanda Takai sempre na medida exata. Mas o que realmente salta aos olhos é o trabalho meticuloso de adequação de timbres e execução desses ‘brinquedos’ que, assim como as crianças, ao menor descuido costumam fugir ao controle dos pais. É justamente nesses ‘vacilos’ que reside boa parte da graça da sonoridade do discoâ€.
Música de Brinquedo teve inspiração na coleção Snoopy Classiks on Toys, produzido por Guy Thomas. Trata-se de uma série de discos infantis temáticos em tordo de um gênero musical específico ou de uma banda (como os Beatles) que utilizou instrumentos de brinquedo... ou quase. “A forma com que eles fizeram os arranjos ficou um pouco diferente do meu projeto, mas existem algumas similaridades. Talvez na escolha dos instrumentos. Eu usei instrumentos que tenham som de brinquedo. Na verdade, tenho um conjunto de sons de brinquedos sintetizados e eu usei vários deles para gravar os CD’s do Snoopyâ€, disse Thomas.
Antes de se aposentar dos palcos, o músico estadunidense integrou a turnê de algumas lendas como Smokey Robinson, que compôs My Girl em parceria com Ronald White – e que também faz parte do repertório do Música de Brinquedo. Perguntei a Thomas se Robinson gostaria da versão. “Não posso responder por ele, mas acredito que simâ€. Hoje, Guy Thomas dedica-se a fazer trilhas para filmes, seriados de televisão e também dá curso de verão sobre música moderna na University of California, Los Angeles (UCLA). Ao analisar o disco como um todo, Guy confessou não conhecer música brasileira (a não ser bossa-nova e samba), e mal sabe diferençar o português do espanhol, mas acredita que o Pato Fu fez um bom trabalho.
Entre elogios à performance de Fernanda Takai – “a ‘garota’ canta muito bem, que bela voz†– e perguntas sobre música brasileira, informei do sucesso do projeto do Pato Fu em vendas e repercussão midiática. “O projeto está fazendo sucesso aí? [surpreso, talvez perplexo] Os discos do Snoopy tiveram saída aqui [nos Estados Unidos], mas não acho que eles tiveram um bom trabalho de promoção. E o projeto envolveu pessoas interessantes. A filha do [ator] Kevin Costner, por exemplo, participou de algumas das faixas junto com outras crianças. Foi algo divertido de se fazer, trabalhar com as crianças foi engraçado, assim como colocar todas as coisas juntas. Sei que as crianças gostam de ouvir [o disco] e esse é o objetivoâ€.
A crítica estrangeira continuou com Ethan Jones, músico da cena alternativa de Seattle. Ele reconheceu superioridade entre o disco do Pato Fu e projetos anteriores de natureza semelhante. “Eu gostei! Foi mesmo bem feito. Já tinha escutado músicas gravadas com instrumentos de brinquedos, mas este disco de fato capturou a qualidade musical, bem mais do que essas novidades chatas e baratas em torno disso. Bons arranjos também. Simples e ressaltados o suficiente para deixar cada instrumento fluir, mas sem soar vazioâ€.
De volta ao solo e às opiniões brasileiras, mais especificamente no Distrito Federal, a instrumentista Beth Ernest Dias soltou a frase de impacto, dessas para se colocar em resenhas promocionais, e disparou que o Música de Brinquedo é audacioso, em parte pretensioso, mas, sobretudo, desconcertante. “O desconcertante vai se juntar um pouco com o pretensioso. Porque os instrumentos de brinquedos são feitos para brincar. E os músicos ambicionam ter o melhor som, a melhor qualidade possível de seus instrumentos. Então quando um músico escolhe fazer música com instrumentos de brinquedo, então ele já está quebrando paradigmas. O desconcertante fica por conta do propósito de colocar isso comercialmenteâ€.
São palavras de alguém com 30 anos de experiência em Orquestra Sinfonia e diversos projetos (e pesquisas) de música popular. Beth Ernest Dias talvez seja uma das flautistas mais respeitadas do país. Ela veio de uma família com forte veia musica, é filha da lendária flautista Odette Ernest Dias, e também participou de diversos projetos de música popular. Crítica, mas com um ótimo humor, Beth destacou os vocais. “Eu gostei muito da voz da Fernanda. Ela ter uma voz muito bem colocada, gostosa de se ouvir e muito bem afinada. E o resultado dos arranjos com os instrumentos de brinquedo ficou muito legal. É muito divertido você ficar procurando os sons e lembrar como eram aqueles brinquedinhos antes mesmo de ver a foto do encarteâ€.

O Visual é Importante

Roberto Menescal, um dos maiores expoentes da bossa nova, teve música dele regravada por Fernanda Takai (mesmo que em japonês) e ainda participou do disco solo que a cantora fez em homenagem a Nara Leão. Ele também registrou sua opinião e, mais do que isso, colocou novas questões: “Achei muito bonitinho, muito bem feito, e Fernandinha cantando como nunca. Não sei se foi feito um DVD deste trabalho, mas acho que seria muito mais atraente do que o CD, pois mostraria todo o material que eles [Pato Fu] usaram e como usaram. É a grande curiosidade que me despertou e também é a razão principal do projetoâ€.
Parece até que o Pato Fu se antecipou a colocação de Menescal. Na verdade, o projeto do Música de Brinquedo foi apresentado ao público por vídeos e não por um single, como o de costume. A banda usou o site oficial e redes sociais para divulgar os links de Primavera (Vai Chuva) e Live And Let Die tanto no site oficial quanto no Youtube. O hit de Paul e Linda McCartney foi o que teve melhor recepção e tem praticamente o dobro de acessos sobre o vídeo do hit do soul nacional. Ali pode-se ouvir também um trechinho de Rock and Roll Lullaby como uma suave trilha sonora para o desenho de Nina Takai. Essas “amostras†deixaram muita gente de queixo caído e ansioso por mais. Matérias, inclusive comentários em programas da Globo News, começaram a surgir a partir do lançamento desses discos. Se fosse feito de forma diferente, com o tradicional single, é possível que o impacto fosse menor, o que confirmaria a tese de Menescal.
Na ocasião da chegada do propriamente dito CD ao mercado, o Pato Fu disponibilizou nesses mesmos canais o “curta-documentário†de duas partes que mostra como o disco foi feito. Há boas curiosidades ali, como a caneta que faz barulho usada em Frevo Mulher, a caixinha de música de Love Me Tender, observações feitas por Lulu Camargo e a constatação de que o baterista Xande Tamietti “não explora corretamente as possibilidades dos instrumentosâ€. Pelo menos foi o que falou [de sacanagem] John Ulhoa enquanto o baterista tocava o terror no seu instrumento em miniatura, e mais outros tambores e pandeiros agregados. Na medida em que a turnê do disco avança, registros amadores vão pipocando no Youtube. Revelam, inclusive, surpresas reservadas para essa turnê como uma adaptação de Bohemian Rhapsody, do Queen. São materiais oficiais ou não que mostram as grandes dimensões que o projeto tomou.
No dia seguinte, depois de verificar os links, Roberto Menescal retornou: “Confirmei agora o que eu estava pensando: o DVD é da maior importância para a divulgação desse projeto. Bom demais!â€

A Questão dos Brinquedos

“Este disco, é claro, foi todo gravado com instrumentos de brinquedo ou miniaturas. Também foram utilizados instrumentos ligados à musicalização infantil como flauta, xilofone, kalimba e escaleta. Um cavaquinho foi usado como violão folk e também como baixo. O piano de brinquedo, o glockenspiel de latão e o kazoo de plástico foram os reis do pedaço. Um tecladinho-calculadora Casio VL1 fez a alegria das crianças na faixa dos 40 aqui. Qualquer brinquedo valeu, seja de madeira, pelúcia ou eletrônicoâ€.
O texto do parágrafo acima faz parte do release da banda. Esse trecho está no encarte do disco para uma explicação rápida do que se trata o projeto. Nunca é demais explicar novidades ou coisas que possam soar estranhas ao entendimento comum. Mas o que pode ser encarada como novidade para o público geral, não surpreende tanto assim os músicos de formação clássica e acadêmicos. “Não há nada de novo sob a Terra. Isso já é feito desde a década de 1940. A flauta [doce], o xilofone, a escaleta... todo mundo usa issoâ€, disse Beth Ernest Dias.
A professora-doutora Maria Cristina explicou melhor: “A difusão da música contemporânea vem desde a década de 1950 (até um pouco antes). Desde então, se discute o que é o objeto musical e de que forma outros objetos podem ser inseridos dentro de um contexto com instrumentos musicais. Então quando começou essa discussão, abriu-se para ‘n’ instrumentos e objetos, entre eles, os brinquedosâ€.
Em outras palavras, na perspectiva da música contemporânea, segundo a professora, todo objeto tem o potencial de ser usado musicalmente. É algo que o humano, desde os primeiros tempos, já sabia ao ritmar ossos e madeira no chão ou nas rochas. É o que se faz desde sempre ao usar a caixa de fósforos e o garfo em atrito com o prato de cerâmica nas rodas de samba. Ou quando os Blue Men fazem suas intervenções percussivas em objetos cênicos de grande impacto em produções caras. Tudo isso é inerente a cultura, mas que só passaram a ser discutidas (e legitimadas) academicamente a partir do Século 20.
“Na música contemporânea, há muitos compositores que utilizam sons de objetos, inclusive brinquedosâ€, continuou Maria Cristina, “já assisti uma performance de John Cage em que ele explora sons de um velotrol. Ele tem uma peça que se chama Suíte Para Piano de Brinquedo (Suite For Toy Piano – procure no Youtube). O John Cage é genial e influencia gente até hojeâ€. Ela citou ainda Hermeto Pascoal, Tom Zé, Uakti e Arnaldo Antunes como referências. Na música infantil, em específico, ainda sugeriu conferir os trabalhos do Palavra Cantada e do RodaPião.
Mas o Música de Brinquedo, na visão da professora, não condiz exatamente com a proposta da música contemporânea. “A voz, no caso do Pato Fu, é o que dá o fundo. Mas se você for olhar outros trabalhos da música contemporânea, isso deixa de acontecer. Por exemplo, quando o John Cage compõe uma música para ser tocada em um instrumento de brinquedo, aí é outra coisaâ€.
Ainda assim, ela não deixa de reconhecer a importância do projeto da banda, quando introduz mais algumas questões. “Acho que o trabalho do Pato Fu tem um grande mérito no sentido que ele populariza uma discussão que é antiga. Sobre o que é importante ao trazer esses instrumentos. A questão não é a fonte sonora, mas o que eu faço com ela. Eu posso ter um piano Steinway e não fazer muita coisa com ele, ao passo que posso ter um pianinho e explorá-lo dentro de suas limitações de uma forma diversificada, esteticamente relevante e que possa criar outras dimensõesâ€.
Fica aqui subentendida a importância da qualidade e da criatividade dos músicos para a realização de obras contemporâneas ou não. Por exemplo: o meu Di Giorgio estudante n°18 com certeza seria melhor usado nas mãos Fernanda Takai – a instrumentista mais “amadora†dentro do Pato Fu –, do que nas minhas. E isso valeria para o pianinho, o triângulo, o pandeiro e a bateria do Rock Band (o game). Mesmo se eu estivesse diante de um Steinway e Fernanda ao pianinho, ela me daria um banho.
Num outro ponto a respeito do Música de Brinquedo, agora mais conclusivo, Maria Cristina disse acreditar que o fato de usar regravações de canções conhecidas nesse tipo de projeto pode contribuir para que o público – o jovem em especial – possa abrir mentes e ouvidos para novas sonoridades. Seria ótimo caso isso aconteça.

O que vai ficar?

As questões sobre o décimo trabalho do Pato Fu continuaram a correr soltas ao longo das entrevistas: a validade da participação das crianças, importância iniciação musical infantil e como esse disco poderia contribuir, preferências quanto ao repertório. A posteridade da obra também foi levada em consideração. Sobre este último tópico, Beth Ernest Dias foi particularmente mais crítica ao dizer que, tal como aconteceu com Os Tribalistas – projeto de Marisa Monte, Carlinhos Brown e Arnaldo Antunes – o Música de Brinquedo pode enfraquecer depois do impacto inicial.
“Claro que estou falando como músico, é uma apreciação bem profissionalâ€, justificou, “porque há discos que ficam como referência, como por exemplo Samambaia do Hélio Delmiro e do César Camargo Mariano. Foi só um LP, mas que ficou para toda vida e será sempre um manancial de música. Mas esse não. Inclusive os arranjos reproduzidos já eram famosos, eles não mudaram. Então nada foi acrescentado, musicalmente falando. Eles estão brincando de fazer música com instrumento de brinquedo. Claro que tem seu lado interessante ao mostrar que é possível fazer e soar legalâ€.
Se existiu unanimidade entre as pessoas que opinaram, além dos vocais de Fernanda Takai, foi quando o trabalho de produção e edição realizado por John Ulhoa. Pudera, conseguir reunir tanto brinquedo e fazê-los soar tão bem em conjunto, não é uma tarefa das mais fáceis. Talvez o maior legado do Música de Brinquedo seja esse, afinal: uma produção primorosa que vai servir de referência para esta e para as gerações seguintes.



BOX:

Teca Alencar de Brito, do Departamento de Música da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo, explicou quais são as diferenças entre instrumentos de brinquedo e sonoros, ambos usados na gravação do Música de Brinquedo.

Instrumentos de Brinquedo: são, normalmente, réplicas de instrumentos musicais convencionais (pianinhos, tamborzinhos, guitarrinhas, pandeirinhos, etc), ou seja, tudo que é “inho†ou “inha†e que, salvo exceções, não tem qualidade sonora interessante, o que se aplica, inclusive, para muitos instrumentos musicais disponibilizados para as crianças nas escolas. As bandinhas rítmicas oferecem instrumentos de percussão com tamanhos menores para a etapa de educação infantil, por exemplo, mas muitas vezes o aspecto sonoro é o mais negligenciado.

Instrumentos Sonoros: são brinquedos que produzem sons. Os “rói-róis†encontrados no Nordeste e outras partes do mundo, as “galinhas ciscadoras†que produzem sons quando movimentados. As próprias caixinhas sonoras, apitos, piões, etc, permitem também o desenvolvimento de trabalhos musicais: torna possível a ampliação dos meios e materiais para fazer música, a pesquisa de gestos produtores de sons e sonoridades, permitindo que se faça música usando materiais simples, mas que deixam entrar em contato com a questão da criação musical, da escuta e tantos outros aspectos.

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Bia Marques
 

tinha visto os clipes e agora ouvi o CD. sou suspeita pra falar porque adoro pato fú... delícia de ouvir.

Bia Marques · Campo Grande, MS 28/9/2010 15:20
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Marlon Maciel
 

Esse pessoal sabe mesmo como levar uma brincadeira a sério, hein?! Também, com a competência musical do Pato Fu, só podia dar nisso: o disco fez sucesso tanto na festa de aniversário do meu sobrinho de quatro anos quanto no meu computador aqui em casa. Comprei pra presentear a minha sobrinha... Mas ouvi mais que a menina. Muito legal esse levantamento socio-didático-jornalístico sobre o "Música de Brinquedo"! Também espero ler mais coisas suas por aqui! Beijão, Djê!

Marlon Maciel · Brasília, DF 1/10/2010 23:25
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