Encontro de Pesquisadores sobre América do Sul

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ribasmayer · Brasília, DF
8/3/2007 · 94 · 6
 

Na semana passada aconteceu, em Viena,na Ãustria, o 4º Encontro dos Pesquisadores da América do Sul e Caribe, em língua alemã. Vários pesquisadores, não somente da austríacos ou alemães, mas também europeus, como também latino-americanos, discutiram durante quatro dias os aspectos culturais, sociais, econômicos do nosso continente.

No total foram 15 Workshops, divididos em várias categorias desde “As Populações Indígenas na Região Amazônicaâ€, “A Religião Africana na América do Sul, “ Imagens Latino-americanas nas Mídias†e outros.

Eu estive presente no Encontro, não somente como fonte de pesquisa para o meu Doutorado, mas também para observar como os pesquisadores europeus enxergam a América do Sul. A palestra de abertura foi da Dra.Gabriele Herzog-Schröder com o tema “Urihi. Einblicke in die Tradition am oberen Orinoco†– “Urihi. Um olhar na Tradição no alto Orinoco†Völkerkunde Museum Wien- Museu Etnográfico de Viena.. Ela explicou sobre os Yanomanis (eles estão na fronteira entre o Brasil e Venezuela) e sua luta de manter sua cultura e tradição.

Eu participei dos seguintes workshops: “Lateinametikanische soziale Bewegungen und Globalisierung†– “Movimentos Sociais na América Latina e Globalizaçãoâ€. Neste Workshop houve a palestra: “Os Blocos Africanos em Salvador entre Tradição e Modernização†da Bárbara Windtner. Ela estudante austríaca, formada pela Universidade de Viena, em Ciências de Teatro e Comunicação, morou um ano, em Salvador para escrever sua Monografia.

Aqui, nas Universidades Européias há uma tendência dos estudantes universitários de solicitar Bolsa de Estudos, e partir para países fora da Europa, com o objetivo de escrever suas Monografias. Muitos escolhem, como destino, nosso continente, como a Bárbara Windtner. Cansados de estudarem o “Velho Continenteâ€, os estudantes europeus trazem para as Universidades Européias, a nossa Cultura e Tradições.

Segundo workshop foi: “Afroamerikanische Religionen zwischen Afrika und Diaspora†– “As Religiões Afro-Americanas entre Ãfrica e Diásporaâ€. Aqui, houve uma palestra sobre o Brasil: “Eine Candomblé-Kultstätte als baianisches Kulturerbe†“Candomblé como herança baiana†da pesquisadora Christiane Pantke, da Universidade Livre de Berlin. Ela também trabalha com os imigrantes brasileiros, em Berlin.

Observei nas palestras que assisti que há ainda uma parte de pesquisadores europeus que nos enxergam como “bichinhos exóticosâ€, ou seja, viajam para a América Latina, fazem fotos, pesquisam do ponto etnocêntrico (eu, europeu, tu indígena ou pobre latino-americano), e depois voltam, para as suas universidades na Europa. Mas, também há aqueles que nos enxergam como seres-humanos e constatam que apesar de todos os nossos problemas sociais, temos uma cultura fascinante. Cultura que se desenvolveu, sem fronteiras, mesmo com sistema de exploração que sofremos, durante o período colonial, e hoje, com políticos corruptos, que não têm interesse nenhum desenvolver o nosso continente.

Para concluir, acredito que esse Encontro foi positivo para nós. Para mim, foi bem claro, que aquilo que, nós temos de melhor, o nosso lado popular, que tanto fascina e desafia os pesquisadores europeus.

Mais sobre o evento: www.lai.at. Homepage em alemäo e espanhol.

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Ana Cullen
 

Gostei do texto, Ribas! Eu adoro essa questão de como é vista a nossa cultura lá fora, de como trabalhar a cultura sem fetichização, do lugar dos nossos intelectuais que ás vezes se sentem "fora do lugar", tentando imitar o intelectual europeu, é bom mostrar que eles têm vindo até nós, pois temos uma cultura extremamente rica e interessante.
Se me permite, darei duas sugestões: primeiro, aumente o número de tags, assim fica mais fácil de outras pessoas acharem seu texto quando forem pesquisar algo relacionado ao tema; segundo, o último parágrafo ficou um pouco confuso, muitas vírgulas talvez, dê uma relida nele e veja se concorda comigo, as 48 horas de edição são boas por conta disso, dá tempo de aparar as arestas!
Abraços! E muito bem vinda ao Overmundo!

Ana Cullen · Brasília, DF 6/3/2007 10:53
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Ana Cullen
 

Eu de novo!
Se resolveu postar outra colaboração sobre o mesmo evento (quase a mesma) é melhor apagar essa, é só clicar na lixeirinha que aparece acima do texto quando você está logado. Mas não precisava publicar outra, para alterá-la é só clicar no lápis que aparece acima do texto quando está logado.
Qualquer dúvida é só dar uma olhada em participe ou Ana Cullen · Brasília, DF 7/3/2007 14:16
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Ana Cullen
 

ops! Erro! (...) ou ajuda, recomendo o ajuda, é mais tranqüilo de ler.
Abraços!

Ana Cullen · Brasília, DF 7/3/2007 14:17
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Darlan
 

Caro RIBAS,
parabenizo-o pela clareza do texto, a lisura, a percepção de como nos compreendem - ou não - os estrangeiros. Também eu posso "falar de cadeira".
Um abraço. Darlan.

Darlan · Belo Horizonte, MG 9/3/2007 05:03
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Débora Medeiros
 

É mesmo interessante ver como eles nos vêem lá fora. Creio que é inevitável que alguns, mesmo vindo pra cá e entrando em contato com a realidade latino-americana, não deixem de ser um tanto quanto bitolados. Há antropólogos que não apredem a "se familiarizar com o estranho e estranhar o familiar", como dizia Geertz.

Mas é sempre positivo ouvir os que conseguem. :)

Débora Medeiros · Fortaleza, CE 9/3/2007 17:02
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Julz Reb
 

Interessante essa questão da percepção cultural. Resta também que nós comecemos a alterar uma atitude meio que auto-depreciativa que muitos brasileiros adotam com relação ao "importado". Efeito-colateral ainda da colonização (entre outros), como vc apontou?
Vale lembrar que para muitos de nós, Yanomanis, gaúchos dos pampas, tocadores de bois do pantanal, etc não diferem tanto da visão de "bichinhos exóticos" a que você se referiu. Como diz Rita Lee: "Brasil, país grande esse..."
Que bom haver espaços como o "Overmundo" para dar oportunidades para expormos e tb nos expor, para mudarmos e misturarmos os conceitos e percepções.
Sucesso no doutorado!

Julz Reb · Canadá , WW 12/3/2007 03:03
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