A Rua Chile, no antigo bairro da Ribeira, possui, dentro da geografia natalense, nuances que às vezes passam despercebidos pelos seus freqüentadores. Pois longe de ser, apenas, o logradouro de um simples conjunto de casas e prédios antigos, ela é, antes de tudo, a concentração harmônica de muitas sensações.
Diante do seu calçamento de paralelepÃpedos já muitos gastos e ainda marcados com a saudosa linha do bonde, pode-se conhecer um pouco mais da história potiguar. Foi ali, por exemplo, que o Rio Grande do Norte soube, oficialmente, da proclamação da República em 1889. “Homem público, dando provas de altas qualidades polÃticas e muito prudente, de grande tolerância, mas firme e enérgico, ponderado e seguroâ€, como afirmou o grande historiador brasileiro Rocha Pombo, o então governado Pedro Velho repercutiu a boa nova de uma das sacadas do Palácio do Governo.
Em outra ocasião, o palácio serviu de guarida para o Conde D´Eau. De passagem pela cidade, o, consorte da princesa Isabel, se hospedou na antiga sede do executivo estadual. Considerada por muito tempo como a edificação mais alta e imponente da cidade, anos mais tarde, o palácio da Rua Chile passaria a ser o endereço do Wander Bar, uma boate muito freqüentada pelos oficiais americanos durante a Segunda Guerra Mundial. Atualmente, no velho palácio/boate/sede de governo, funciona uma escola de dança.
O LARGO DA RUA CHILE
Por causa da proximidade com o Porto Naval, o primeiro cais da cidade, a outrora Rua da Alfândega e do Comércio era uma das principais vias de Natal no inÃcio do século XIX. A partir de 1850, foram erguidos prédios de pedra e cal, na sua maioria armazéns, destinados ao recebimento de algodão, açúcar e peixe seco. Localizada dentro da Zona de Preservação Histórica da Cidade, mesmo assim, quem caminha pela Rua Chile percebe duas realidades. No inÃcio da rua, muitos, dos antigos prédios estão sendo vencidos pelo tempo. As fachadas, antes coloridas, deram lugar ao limo e á falta de zelo.
Felizmente, ao findar a travessia pela via, a Rua Chile se reinventa. Adiante, a pequena alameda vira cenário de acontecimentos culturais e muita efervescência. Novas cores, novos ares, novas perspectivas. O Largo da Rua Chile, como é conhecido o local, dá abrigo á casas noturnas, bares e, ainda é palco de eventos como o ENE – Encontro Natalense de Escritores e, antigo endereço de um dos maiores festivais de música independente do paÃs, o Mada – Música, alimento da alma.
HOMENAGENS
Em meados de 2002, a Rua Chile foi rebatizada. Pelo menos parte dela. O Largo da Rua Chile passou a ser Largo Boêmio Dr. José Alexandre Odilon Garcia, em homenagem ao jornalista, desportista, escritor e, sobretudo, boêmio Zé Alexandre. Nascido em 5 de maio de 1925, Zé Alexandre escrevia nas décadas de 40, 50 e 60, crônicas boêmias sobre a velha Ribeira, bairro que abriga a Rua Chile. Nada mais justo...
AMIGO FILIPE!
Você consegue ser um cronista urbano disfarçado de historiador...
Gosto da forma como retrata o "antigo" e ao mesmo tempo: "O Largo da Rua Chile, como é conhecido o local, dá abrigo á casas noturnas, bares e, ainda é palco de eventos como o ENE – Encontro Natalense de Escritores e, antigo endereço de um dos maiores festivais de música independente do paÃs, o Mada – Música, alimento da alma."
Quem busca história viva: aprende! Aprendi um pouco mais sobre Natal! Por outro lado - não sabia que existia uma vida cultural tão forte! Mande mais detalhes... O intercâmbio cultural é o segredo (talvez) do "Overmundo"... Acertei?
Parabéns pelo texto! É jornalismo sério e educa o Brasil!
Abraços.
Lailton
Que bom que gostou LaÃlton. Pois é, eu também acabo aprendendo...apesar de ter nascido por aqui, morei em São Paulo quase a vida toda. Eu vejo as coisas ao meu redor e tento multiplicá-las... isso é muito bom, sem falar do resgate que se faz das coisas boas que existem por aÃ. Quanto á rua Chile, além de ser charmosa, é um berço cultural permanente. Quanto ao Over, já disse uma vez e repito: verdadeiro escambo cultural.
Abraço.
FILIPE...
Estou registrando meu voto...
Abraços.
Lailton
Filipe.
Muito boa a matéria e bem esclarecedora pra quem não conhece como eu. Valeu fera !!!
Pois é Filipe,
a exemplo do bairro da Lapa, aqui no Rio de Janeiro, a Ribeira também transpira história e, pelo que vejo, passa por um processo de revitalização após um longo perÃodo de abandono. Pelo que sei – tenho uma casa aà na cidade, onde morei e anualmente visito nas férias – a Ribeira foi o segundo bairro a surgir em Natal (o primeiro foi Cidade Alta), mas é considerada berço do seu desenvolvimento, sendo inclusive o primeiro a ter iluminação pública, em 1905, dois anos antes de ganhar o Teatro Carlos Gomes, hoje o belÃssimo Teatro Alberto Maranhão. Rever suas fachadas e saber de sua revitalização cultural e arquitetônica me permitem sonhar com uma bela noitada nas minhas próximas férias e, quem sabe, acompanhada por uma deliciosa carne-de-sol e um chopinho gelado no Largo da Rua Chile, coração boêmio e bairro mais charmoso da cidade.
É isso aÃ, Filipe, suas matérias são sempre saborosas de ler, mas esta, como você pode ver, me despertou apetites bem mais prosaicos e me deixou na boca um gostinho de quero-mais.
Parabéns e um abração.
Que bacana Nivaldo, bom saber que você tem uma casa por aqui. Pois é, a Ribeira é um saco à parte, cheia de histórias. O bairro é quase que 100% saneado, e diversos projetos de revitalização estão acontecendo hoje em dia. O teatro é um deles, a velha rodoviária da Ribeira também. Em breve o lugar será uma casa de cultura/museu... quanto ao chopinho com carne-de-sol, me convide... Um abraço.,
FILIPE MAMEDE · Natal, RN 25/7/2007 13:59Tá convidado. Na Ribeira, no Bidoca ou no Lira, mas tem que ser carne-de-sol de primeira. E chope gelado. Abraços.
Nivaldo Lemos · Rio de Janeiro, RJ 25/7/2007 14:26
F i l i p e,
Quanta história interessante a partir das ruas desse Brasil. Gostei bastante do ângulo das fotos.
Abraços
Pois é CÃntia, agradeça à s aulas de 'fotojornalismo', com todas à quelas 'Regra dos terços, profundidade, plano baixo, perspectiva, profundidade e etc'... por que a minha pobre máquininha, não é das melhores, mas é valente. Que bom que gostou. Um abraço.
FILIPE MAMEDE · Natal, RN 25/7/2007 15:32
Amigo Felipe, Salve!
Gostei e está votadÃssimo.
Abçs.
Gostei muito, pois fiquei por aà uns 10 dias em 79, maravilhada com as cores, arquitetura e o natural...Texto que envolve história, bom mesmo!
VOTADO.
Mais uma vez, muito bem, Filipe!
Abs,
Acabei esquecendo de falar dos Muitos Carnavais, evento que vem tentando resgatar o espÃrito dos saudosos carnavais do bairro da Cidade Alta e Ribeira. O circuito carnavalesco é recheado com bandas de frevo e de marchinhas, e desemboca lá no Largo da Rua Chile. Muito bacana.
FILIPE MAMEDE · Natal, RN 26/7/2007 09:27
que legal o texto, Felipe!
as fotos também.
puxa! quando fui a Natal,
não conheci Natal...
preciso que voltar com outros olhos...
bj
francinne
Felipe, eu ja tinha visto, votado, revisto (sõ não re-votado porque não pode), estava lhe devendo uma palavra, aliás devendo a voce não, devendo a mim, o prazer da fala.
É um caçador de preciosidade, um fazedor da beleza no momento, um abraço andre
Bela aula de história, Filipe!
Ainda não conheço sua terra, mas está nos meus planos. E desde já a Rua Chile está no meu roteiro!
beijo
Caro amigo Felipe:
Não só gostei, como também indiquei para uma amiga professora de história da rede pública que está trabalhondo com seus alunos sobre os nomes das ruas do centro de Natal. Ela adorou o texto, a pesquisa e tudo o mais. Parabéns. Votei para publicação, e é uma pena se não for publicado, pois oferece vários elementos contextuais, visuais e culturais.
Elizete, não se preocupe. O texto já está publicado. Para ser publicado definitivamente é preciso ter 60 votos e o texto já obteve 227 votos merecidos. Abs
CCorrales · São Paulo, SP 4/8/2007 19:49
Filipe amigo meu.
Pudera eu ser o dono de um grande jornal ou revista. Eu te soltaria por esse imenso e maravilhos Brasil de meu Deus, com um note book embaixo do braço e diria, brincando de ser Deus:
- Vai, Filipe. Vai e conta o Brasil para os brasileiros!
Cada narrativa, cada texto teu é uma viagem. Um livro que você escrevesse, sobre uma grande viagem, seria, com toda certeza, um clássico - e um livro de cabeceira para muitos.
Parabéns, prossiga firme, o teu caminho está corretÃssimo!
Abração do
Baduh
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