Entrevista Andréa Freire e o Festival de Bonito!

Rodrigo Teixeira
Andréa Freire, diretora do Festival de Inverno de Bonito!
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Rodrigo Teixeira · Campo Grande, MS
3/9/2006 · 166 · 8
 

O Festival de Inverno de Bonito chegou a sua sétima edição em uma situação crítica. Tradicionalmente realizado em julho, acabou adiado para agosto. Os oito dias de programação que faziam a festa da cidade ecológica de Bonito - que fica a 300 km da capital Campo Grande (MS) - foram reduzidos pela metade e com muito esforço o evento acabou atraindo R$ 700 mil, um milhão de reais a menos do que em 2005. Nos sete anos em que levou dezenas de músicos, artistas plásticos, cineastas, artesãos, atores, escritores, fotógrafos, jornalistas e políticos para a pequena Bonito, o Festival atraiu 220 mil espectadores. Este ano foram apenas 15 mil. A programação foi modesta comparada a outros anos. Mas a diversidade de linguagens artísticas, que sempre foi a marca do evento, esteve presente. Na música, além dos artistas locais como Antônio Porto e Jerry Espíndola, tocaram Almir Sater, Vanessa da Mata, Luciana Mello e Jair Rodrigues. A galeria fez uma reduzida Mostra Brasil Central - os quadros de Evandro Prado (MS) e Adir Sodré (MT) e as cerâmicas-sementes de Neide Ono (MS) foram o que mais gostei - e um Concurso Nacional de Fotografia voltado para o meio-ambiente.

A praça da cidade teve concertos, peças de teatro com direito a Denise Stoklos e projeção de filmes, como Tapete Vermelho. Não faltaram as clássicas oficinas e debates, lançamento de livros, mostra de filmes sul-mato-grossenses e uma simpática mostra nacional de vídeo-ecológico. A Coletiva dos Artistas Plásticos de Bonito mostrou que o festival acaba interferindo na região e incentivando o surgimento de talentos como Eládio N. Martinez, Buga, Lenice Rocha Ferreira e Rodrigo C. Lavoyer. Pessoalmente, minha ida ao festival valeu por ter assistido ao documentário de Cândido Alberto da Fonseca sobre Conceição dos Bugres. São as únicas filmagens da 'fazedora de bugrinhos' e o vídeo ficava à disposição do público em uma sala no andar em que podia ser vista ainda uma exposição de fotos de Conceição realizada pelo fotógrafo campo-grandense Roberto Higa e um altar com os famosos bugres da artista.

É evidente a importância do Festival de Bonito. Mas o futuro é bem incerto. O evento está fortemente ligado ao Partido dos Trabalhadores e ao governador Zeca do PT. Assim como o Festival América do Sul, que já teve três edições realizadas em Corumbá, fronteira do Brasil com a Bolívia e capital pantaneira. E como o governador está em seu segundo mandato, não se sabe se o próximo governante vai dar ou não apoio aos festivais e muito menos como será a política cultural adotada. Nas pesquisas, está na frente o candidato André Puccinelli, do PMDB, que foi prefeito de Campo Grande por oito anos e é conhecido como 'tocador de obras', e em segundo aparece Delcídio do Amaral, senador do PT que ficou 'famoso' por comandar a CPI dos Correios.

Para discutir o futuro e relembrar o passado do Festival, entrevistei a diretora do evento Andréa Freire, que está à frente do evento desde o início. Atriz, produtora e artista atuante na cena do estado, Andréa também dá a sua opinião sobre a realidade da cultura de MS, as dificuldades de se fomentar o mercado estadual, a relação pífia do ministro da cultura com os eventos do estado, o repasse que não aconteceu aos projetos aprovados em 2005 pelo FIC e momentos inesquecíveis do Festival de Inverno de Bonito.

Com vocês, Andréa Freire!

P - A sétima edição do Festival de Inverno de Bonito teve orçamento apertado, as datas adiadas e a programação reduzida. Qual o balanço da edição que acaba de rolar?
R - Foi uma vitória. A gente fez um festival diferente, em um ano atípico, inclusive transferimos a data do evento, que foi concebido para julho porque é alta temporada e no período das férias, garantindo público. Focamos o público da região de Bonito. Por isso abrir com o Almir Sater, que é daqui e atrai o pessoal da região. Mas o desafio foi diminuir o festival que nasceu grande.

Nas outras edições não faltou justamente focar mais no público da região de Bonito?
Não acho. Para mim esta é uma visão de quem vê o festival naquilo que é impactante nele, que é a música. E a música nacional, que é o que dá visibilidade. Mas se você pegar todas as programações e observar a quantidade de atrações locais e nacionais, as locais foram mais. O Festival não nasceu para ser um evento só da cultura local, mas para criar este corredor cultural inegável, colocando esta ponte entre MS e o Brasil todo há sete anos, trazendo para cá esta diversidade da arte brasileira e a cultura sul-mato-grossense fortemente inserida neste contexto. Este ano conseguimos manter o formato do festival, a diversidade artística dele, mas tudo menor. Não acho que ele vá ser um festival essencialmente regional. Ele foi criado para ser uma mistura e é bacana porque também dá oportunidade das pessoas da nossa região verem o que jamais veriam.

Este ano o bonitense se envolveu mais com o festival?
Bonito é uma cidade que é feita em cima do turismo. E de um turismo que está com o hábito de tirar da natureza e não de pôr. O Festival há sete anos dialoga com esta sociedade. Mas a cidade só se dá conta do festival 20 dias antes de acontecer. Daqui a um mês volto com a prestação de contas e em janeiro já estou sentando para dialogar. O que acontece é que as decisões do poder público e da sociedade em geral são morosas. Este ano, em particular, diante da incipiência de não realizar o evento, a sociedade olhou para o festival.

Na possibilidade não ter o festival houve uma reação da sociedade da cidade.
Isso. Houve uma reação muito positiva que vai ser determinante daqui para frente.

Queria que vc falasse um pouco sobre isso, até para as pessoas entenderem. A questão é que pode haver uma troca de governo, saindo o PT e entrando PMDB, e isso pode representar o fim não só do Festival de Inverno de Bonito como o Festival América do Sul.
O governo do Zeca (José Orcírio Miranda dos Santos, o Zeca do PT, governador de MS) criou e alicerçou este festival com toda a propriedade. Este ano em especial e 2005 o governo não colocou recurso próprio, porque não tinha. Mas não deixou de ser o parceiro que sempre ou se responsabilizar pela existência do festival. Ano passado tivemos R$ 1,5 mi só do Banco do Brasil. Este ano, em janeiro, o governador disse que não havia recurso, mas iríamos fazer. E aí começou um processo difícil de interveniência do governo junto aos patrocinadores antigos, na tentativa de mais recursos e chegamos ao valor de R$ 700 mil. Este ano o festival foi feito com R$ 1 milhão a menos do que em 2005 e a gente dizia que com menos de um milhão não dava para fazer no formato dos oito dias.

Qual foi o maior orçamento das sete edições?
Em 2005, com R$ 1,7 milhão. Este ano fizemos um festival mais enxuto, mas com o formato que ele sempre teve.

Tem uma corrente que alega que o Festival América do Sul atrapalhou o Festival de Inverno de Bonito. No sentido de que o MS não comporta dois festivais de grande porte. Qual a sua opinião?
Acho bobagem e um preconceito enorme pela cultura. Quem fala isso não sabe que a cultura agrega valor, gera emprego, movimenta a economia local. Quem dera que a Festa da Lingüiça de Maracaju, a Festa do Peixe em Coxim, a Festa do Rolete tivessem mais investimento. Isso é preconceito. O Festival América do Sul é feito completamente dentro da estrutura do governo. E tem um objetivo que é a questão política, o governo se empenha para realizar e usa a sua estrutura. No Festival de Bonito não. O governo colabora, em alguns dispôs de parte de sua estrutura, mas não acho que um atrapalha o outro não. O Festival de Bonito vinha em um movimento que foi se consolidando e não foi o Festival América do Sul que tirou o dinheiro de Bonito.

Não foi?
Não foi. Na verdade há um desacerto aí. Uma questão em relação à Petrobras e que as pessoas falam porque não sabem. A Petrobras fez um investimento em Bonito de saneamento básico com muito recurso e em contrapartida teria sua logomarca colocada no Festival de Inverno de Bonito. E o América do Sul nasceu um pouco depois disso e a Petrobras também investiu no América do Sul. Não foi recurso de um para o outro. O próprio estado dispôs de seus recursos via lei, via FIC, até 2004, em 2005 conseguiu intermédio do Banco do Brasil, então o estado não deixou de se empenhar para o Festival em Bonito. O Festival América do Sul é que é três vezes maior e o orçamento também. E a relação do governo estadual e o governo municipal em Corumbá é muito mais fluída que de Bonito. E a questão política determina também os caminhos do festival em Corumbá e abre canais. E são ambos do PT. Corumbá é muito mais ávida pelo Festival América do Sul e participativa, uma cidade maior, com universidades. É outro contexto. Corumbá se envolveu mais e abraçou o evento. E a prefeitura particularmente também investiu. E aí é dinheiro. Em Bonito as pessoas ficam olhando o festival. Este ano foi diferente e bem positivo. Mas antes havia uma espécie de 'vamos ver o festival passar'.

Qual o público do Festival de Bonito nas sete edições?
Aproximadamente 220 mil espectadores. Sendo que Bonito tem 16 mil habitantes e Corumbá tem 90 mil (O Festival América do Sul obteve 550 mil espectadores em três edições). O que acho é que não pode se dizer que um tira do outro em relação a estes eventos culturais, que são bem feitos. Isso é um preconceito enorme. Na Bahia tem vários eventos. No RS tem festival adoidado. E todos eles são importantes.

Sempre existe uma gritaria do pessoal que não é selecionado para os festivais...
O que é natural em um estado como o nosso em que isso não existia. E de repente começaram eventos com seleção, como o Temporadas Populares, hoje extinto. Me lembro de artistas de MS, já com nome no estado, quando vinham trazer seus releases eram escritos a mão. E a foto era do cara em um aniversário. Quer dizer, até o artista não sabia os mecanismos para ele vender o próprio trabalho.

O que de concreto o festival trouxe para a classe artística de MS?
Em primeiro lugar estes artistas tocavam em lugares e públicos muito restritos e começaram a abrir o show do Zeca Baleiro, Lenine, Elza Soares... Para um público não é o dele. E aí está pegando carona e se mostrando. E o artista local pouco viu isso. Ele viu mais a comparação de que o artista nacional ganhava mais e não se tocou de que aquele momento era de abertura para que o trabalho dele chegasse ao público sul-mato-grossense. Muita gente vai para o show nacional e acaba descobrindo o artista local. O projeto Temporadas Populares, que trouxe vários artistas para tocar em Campo Grande e que contava com a abertura de um grupo local, foi interrompido. Era importantíssimo. Se tivesse tido continuidade também teria aprimorado e repensado. Mas foi tão criticado...

Por quem?
Muito pelos artistas de MS. Por uma falta de visão e um ego maior daquilo que é.

Você não acha que acaba revelando também um tratamento diferenciado para o artista de fora do estado, que recebe uma maior atenção da equipe de som por exemplo?
O artista nacional, que viaja muito, que tem sistema de produção profissional, tem um tipo de exigência que o artista local não tem. E que o artista local só percebe quando ele vê o nacional. Por exemplo. O Galpão solicitou para mim um camarim fechado na rua, porque eles teriam oito horas para montar o palco e etc. O grupo daqui viu e 'ah para o Galpão tem camarim e para nós não?!'. Cheguei pro diretor e disse: 'Vocês pediram um camarim?'. Não. O local sempre tende a achar que está sendo tratado como menos. E não está. Se tivessem pedido teriam o camarim. Então há uma tendência nossa por desconhecimento e ignorância de ação efetiva na área de achar que a gente é menos. Estes projetos servem para a gente aprender com o que vem de fora e adaptar à sua realidade.

Por que não conseguimos formar um mercado regional de cultura mais sólido?
Penso que a gente não busca isso e nós é que temos de determinar. Se a meta for fazer 70 shows por ano no MS como é que se faz para isso acontecer? Não dá para ficar esperando que haja um projeto do governo federal, estadual e municipal onde você vai inserir seu trabalho. Isso é uma coisa que vem de brinde na sua carreira. E aí falta as pessoas direcionarem as suas carreiras. Existe mercado? Existe sim. Os caminhos do artista são cavados por ele mesmo. O Almir que fala 'que arte não é moleza'.

No Brasil inteiro este ano vão acontecer trocas de governos devido às eleições. Se acontecer uma troca realmente em MS, depois de oito anos de governo do PT, como será o futuro de festivais como o de Bonito?
Não tenho dúvida da importância do poder público alicerçando financeiramente estes eventos. É fundamental...

O festival está muito ligado ao PT e pode haver uma má vontade com o festival se o PMDB entrar em 2007?
Não sei se má vontade. Mas o Festival de Inverno de Bonito foi criado neste governo e com o apoio total do Zeca. Digo isso porque é verdade. Passaram por nós tantos presidentes de fundação e secretários de cultura e o festival se manteve e não houve interferência na sua estrutura. E quem quis este festival o tempo todo foi o Zeca. E quando estava no limite da execução dele era o Zeca que dizia que iria fazer. Não no caso do Pedro Ortale, que é artista e dirige a Fundação de Cultura de MS, mas havia um cruzar de braços. E o governador era determinante. O Festival de Bonito vai sofrer uma transformação sim, mas ele foi se impondo diante da sociedade e se tornou importante para cidade e para o estado.

Mas o governo neste sentido não é fundamental para conseguir a liberação da grana das estatais?
Ele é o catalisador deste processo.

No caso do novo governador não querer tanto o Festival de Bonito, teríamos fôlego para os empresários de MS e a prefeitura de Bonito fazer o evento independente do governo?
Ainda não. Este ano abriu uma parcela da sociedade de Bonito que se inseriu neste contexto. A tendência é abrir mais, mas a importância do governo ainda é grande. Pelo que aconteceu este ano, a sociedade de Bonito vai brigar pelo festival, e seja qual for o futuro governante ele vai ter que prestar atenção no festival. E não tenho ilusão de que um novo governo vá fazer o que o atual fez porque a cultura está inserida neste governo entre as suas prioridades de ação. O próximo governante a gente não sabe quem é. Se for o senador Delcídio do Amaral temos grandes chances de continuar com o mesmo apoio. Se for o ex-prefeito André Puccinelli, pelo próprio perfil dele ou como ele vem atuando na área da cultura, não acredito que seja da mesma forma. Mas acredito que vá haver um espaço. O desafio é a prefeitura de Bonito se comprometer mais, porque ela representa a comunidade. Mas o festival vai passar por uma transformação.

Mas existe a possibilidade de não ter mais o festival em Bonito também? De ter sido o último?
Temos que começar a fazer um trabalho desde já, encerrando o relatório da sétima edição, e imediatamente partir para o oitavo. Não podemos ficar pensando neste ou naquele governo. O festival de Bonito é como uma criança de sete anos, que já sabe andar, falar...

E não tem uma empresa de MS que se interesse em investir no festival? Uma Copagaz, por exemplo, recém eleita entre as 100 melhores empresas para se trabalhar no Brasil?
Já tentamos a Copagaz. O problema é a mentalidade. A Vivo, por exemplo. Não sei agora como está o valor destinado, mas até uns dois anos atrás era de 300 mil reais para utilização da Lei Rouanet. Para colocar o nome da Vivo no Festival preciso de pelo menos a metade deste valor. Que é uma cota mínima de uma grande empresa para o festival. E a resposta da Vivo é que ela prefere pulverizar estes 300 mil em 10 eventos de 30 mil do que dar a metade para um evento. Porque o investimento dela na cultura é comercial. E assim as demais. Então o Festival de Bonito talvez se mantenha com menos dias, porque é mais viável do que conseguir R$ 1,7 milhão para o ano que vem.

E depois que você mostra que pode fazer com um orçamento menor é difícil voltar ao que era.
Exatamente. E esta foi nossa maior vitória. Ter diminuído, mas não ter deixado perder a qualidade e a diversidade.

Existe toda uma gritaria de que o governo faz a política dos grandes eventos.
Mas o governo fez algumas ações e não apenas os festivais. É que não dá para fazer tudo. No âmbito da cultura do estado esta gestão do Pedro Ortale na Fundação de Cultura de MS houve muitas ações. Até porque antes não havia nada. Agora, o que acho é que o FIC acabou sendo um tomatezinho podre.

Por quê?
Porque o FIC é bem planejado, mas na realidade ele não acontece desta forma. Os últimos escândalos que aconteceram aqui em MS são inadmissíveis. E aí talvez se tenha escoado um recurso para lugar nenhum.

Estes escândalos e a não liberação da verba referente aos projetos de 2005, que chegaram a ser aprovados e os nomes divulgados no Diário Oficial, se tornaram o calcanhar de Aquiles da política cultural do PT em MS?
Sim. Na verdade houve uma irresponsabilidade, uma falta de gerenciamento completa. E os artistas precisam ser responsáveis e mostrar o resultado do projeto. Aliás, quem muito reclama, não consegue prestar contas. E no caso do gerenciamento, em especial da secretaria, houve muito descaso. Uma irresponsabilidade total no trato com o FIC.

Quais os momentos mais legais destes sete anos de festival?
Teve um momento muito curioso em que o Hermeto Pascoal, na primeira edição, terminou o show dele antes e saiu da platéia. Porque o Hermeto é aquela coisa.

O público não estava preparado para o Hermeto.
Não estava. E ele também ficou exigindo um tipo de platéia que absolutamente ele não teria naquele lugar. Tipo 'silêncio porque estou tocando'. E ele repentinamente saiu e ficou aquela interrogação no ar. Aí vai se colocando um debate na cidade sobre que comportamento deve-se ter. É preciso ganhar as pessoas e orientar para aquilo que elas vão assistir. Teve coisas maravilhosas. A Intrépida Trupe em um bairro de Bonito. Eles ficaram impressionados com a linguagem corporal muito solta das crianças do local. Os próprios artistas de Bonito que começaram a despertar e querer participar do festival. A galeria com artes plásticas e fotografia são muito bacanas. Ano passado seis mil pessoas assinaram o livro da galeria.

Uma saia justa foi com o Fagner né?
Sim. Fagner que vem para um evento subsidiado pelo governo federal e estadual e mete a boca no presidente. Ele tem o direito de dizer como artista, mas não pode desmerecer que este ato do qual ele está fazendo parte é do governo federal.

Faltou a presença do ministro Gilberto Gil nos festivais de Bonito e, especialmente, no de Corumbá?
Acho que o Gilberto Gil torce o nariz para a gente. Ele não olha. E é um absurdo ele não ter participado do Festival América do Sul. Pela importância do festival e pelas pessoas que o festival já trouxe.

E tem mil maneiras de participar. Gravar um vídeo, mandar flores...
O Gil ignorou. Mal mandou representante. Os que vieram foram capitaneados nos acordos e articulações muito com o segundo escalão dele e olhe lá. É um descaso. O Festival bombando em Corumbá, o presidente fazendo discurso de soberania da América do Sul, o evento aqui na fronteira do Brasil com a Bolívia, com uma ação concreta traduzindo aquilo que o presidente está dizendo e o Ministério da Cultura não participa? Não olha? E aí falta é claro uma articulação política maior, talvez uma comissão diretamente ligada ao governador. Até porque estes festivais são feitos na raça, com uma estrutura muita amadora e com uma pessoa trabalhando por três. É lamentável, mas o governo federal virou as costas para as ações que acontecem aqui. E rola de tudo, um pouco de ciúme. O que é o Festival de Bonito senão a penetração da cultura brasileira no Oeste do Brasil, numa terra da bovinocultura? Quantas vezes escutei pedindo patrocínio para Sebrae, MS Gás: 'desiste, nosso estado não é para isso. Você ta querendo falar de arte e cultura quando os produtores rurais estão em greve, aftosa aí, para com isso menina!'. E dizia para eles, 'sou sul-mato-grossense, tem campo sim e há sete anos faço este trabalho'. Mostrando que tem bovinocultura, mas tem a gente também. Não sou um alienígena que veio de fora e ta querendo plantar alguma coisa que neste solo não dá. Dá sim. Agora é uma mentalidade reacionária. Campo Grande é uma sociedade absolutamente fria. Empinada, empedrada. Como diz o Jerry Espíndola 'são todos de plástico'. Quando vêm os projetos culturais modifica a cidade e a juventude está ávida por isso.

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Rodrigo Teixeira
 

A série HABEMUS COCAM, do artista plástico sul-mato-grossense EVANDRO PRADO, pode ser vista em Brasília até 6 de setembro! Lá na Casa da Cultura da América Latina!

Rodrigo Teixeira · Campo Grande, MS 2/9/2006 15:03
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Marcos Paulo
 

"Bonito é uma cidade que é feita em cima do turismo. E de um turismo que está com o hábito de tirar da natureza e não de pôr". Andréia Freire.

A mulher mandou bem, pena um evento dessa grandeza está tão ligado a política. Nada contra aos partidos, mas bem que poderia existir uma independência.

Ao menos para que o Festival de Inverno de Bonito não corra o risco de parar na sétima edição.

Claro, eu, como um monte de gente, quer ir na próxima ediçããão!

Não deixe de colaborar, Rodrigo. Valeu pelo texto!

Marcos Paulo · Rio de Janeiro, RJ 4/9/2006 08:11
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Raphael Teixeira
 

Ótima matéria Ro. Se tem uma coisa que me preocupa muito, é esta possibilidade dos festivais acabarem pela troca de goevrno em MS. Ainda não tive a oportunidade de ir ao festival de Corumbá, mais sem dúvida se tiver no ano que vem, eu estarei lá. O negócio é que não podemos deixar os festivais acabarem, como foi dito na entrevista, os festivais já estão inseridos no calendário do estado, e o estado está envolvido com eles, não podemos deixar que acabem como o Temporadas populares, acho que esses festivais devem existir sendo o governo que for, a cultura deve estar acima de qualquer interesse partidário.

Raphael Teixeira · Campo Grande, MS 4/9/2006 12:35
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arlindo fernandez
 

Bacana a matéria!
Mas, cá com meus botões, eu ainda tenho minha opinião sobre o Festival de Bonito. Acho que até aquele "bichinho" foca,sei lá o que, nem devia simbolizar o Festival . Afinal estamos num pantanal!!. Bem, este é so o começo. (prefiro nem falar do resto).
A matéria está muito boa,como sempre.
Abraços
af.

arlindo fernandez · Campo Grande, MS 5/9/2006 09:03
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Tânia Brito
 

Gostei da entrevista. Entendo que a participação do governo seja fundamental, como diz a Andréa Freire, mas essas dificuldades também servem para que a sociedade possa fazer uma reflexão acerca de sua importância para tbém dar sustentabilidade e contribuir para a consolidação do que se queira realizar em termos de cultura no estado. Precisa-se criar esta "cultura" de uma mobilização maior das pessoas até para que possam exigir dos futuros governantes a continuidade de projetos culturais sejam eles de que natureza for. Daí, ser de extrema importância a transparência dos agentes/produtores culturais (seja da esfera que for) nas suas prestações de contas. E ainda, propor debates e chamar a sociedade para opinar e oferecer sugestões.

Tânia Brito · Campo Grande, MS 5/9/2006 13:44
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Andréa  Freire
 

Olá Arlindo, só pra esclarecer o ícone do Festival de Inverno de Bonito não é uma foca, e sim um peixinho com toca e gorro de frio , é uma piraputangazinha, isso porque a região é recheada de peixes.
Abçs. Andréa Freire

Andréa Freire · Campo Grande, MS 5/9/2006 20:49
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arlindo fernandez
 

Ola Andrea!!
Tudo em paz?
Juro que pensei que fosse uma foca!!!!!!!!!!!!!!!!!!
"piraputanga´" é meu peixe preferido em todos aspectos
Acho que a "arte" não me passou isso...
Talvez vc pudesse sugerir uma nova piraputanga.
Tem muita gente que pensa isso, que aquilo seja uma foca.
Abraços
afernandez

arlindo fernandez · Campo Grande, MS 6/9/2006 08:45
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cris pingarilho
 

Oi Ro
Atualmente moro ao lado da Fundação Eva Klabin , na Lagoa , RJ.Uma casa tombada pela prefeitura e onde acontecem eventos alternativos que vão desde apresentações de música clássica a palestras sobre Arte.Um espaço maravilhoso e pouco divulgado.Se quizer minha colaboração para divulgar os eventos que ocorrem por aqui, é só dar um toque

cris pingarilho · Rio de Janeiro, RJ 26/9/2006 14:18
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