entrevista concedida para Tiago Jucá Oliveira, Joe Banzi e Leandro De Nardi, da revista O DILÚVIO
O primeiro CD do Mombojó teve duas formas mais eficazes de distribuição: encartada numa revista (Outracoisa) pra ser vendido em bancas por um preço justo e disponibilizado no site da banda em mp3 para download gratuito. Que vantagens vocês notam nesses dois formatos de divulgar música?
Marcelo Campello: Principalmente em internet, que tem se mostrado a estratégia ideal para bandas independentes divulgarem o trabalho, pois você não tem limite de prensagem. Uma vez colocando a música na internet ela pode ser reproduzida infinitamente. O que a gente fez foi liberar as músicas pra esse download caseiro, que é uma forma que a lei hoje em dia trata a pirataria, que é a comercialização de cópias ilegais, e esse download caseiro da mesma forma. Quando na verdade é totalmente diferente. Essas leis estão sendo discutidas, em muitos paÃses isso está mudando em algumas áreas, em informática. Desde a experiência da Xérox, nunca mais a população pode voltar atrás com essa coisa da cópia livre. O caminho da música é seguir o exemplo da literatura e da Xérox.
Como a banda tomou conhecimento do Creative Commons?
Marcelo Campello: Tem um grupo lá no Recife que se chama Re:Combo que é super ativista nessa área. A gente...
Marcelo Machado: ... fizemos a capa do CD com um dos membros do grupo e ele nos deu a idéia. E através dele começamos a conhecer o que era o Creative Commons.
Samuel: É bom falar que não é do Recife só a banda. O Re:Combo tem conexão em São Paulo, na Alemanha. Os caras usam um programa que tu pode fazer música, grava uma base, manda pra um doido que é dono de uma banda na Alemanha, manda pra não sei quem, ou seja, é uma banda comunitária mundial, do caralho.
Marcelo Campello: Nessa época logo antes de lançar o primeiro disco a gente tava pensando nessas coisas. Eu tava numa viagem pessoal no meu prédio fazendo uma TV Prédio, que era um canal comunitário de TV e que funcionava dentro do prédio. Aà eu estava me questionando muito essas questões, tipo alugar uma fita e reproduzir para todos os andares. E isso era uma coisa que mexia com direito autoral. Foi onde despertou essas questões de direito autoral. E numa festa conversando com Mabuse, eu expus essas questões pra ele, que me falou: “você já ouviu falar em Copyleft?â€. Eu disse não e começamos a conversar. Tudo o que ele falava tinha a ver com que eu acreditava. Esse conceito entrou na banda também.
É possÃvel quantificar a proporção entre o investido e o retorno posterior?
Marcelo Machado: Venda de CDs a gente não tem como dizer se melhorou. A gente crê que com as músicas liberadas na internet as pessoas compraram mais CDs. Nos shows todo mundo dizia “eu tenho as músicas no computador, mas eu tenho o CD tambémâ€. E a gente chegou a tocar em alguns lugares porque os contratantes desses lugares ouviram a gente pela internet. Então se o cara de Florianópolis não tivesse ouvido a gente na internet, não terÃamos ido tocar em Florianópolis na nossa primeira turnê. E lá vendemos alguns discos, e isso vale pra qualquer outro lugar.
Marcelo Campello: Parece natural que se aponte pro lado do CD em si ir sumindo e virar a coisa da música virtual. Ou a gente lida com essa realidade nova e tenta descobrir novos caminhos pra isso, ou vai fazer que nem as grandes gravadoras que estão aà falindo.
Então não tem escapatória, tem que aceitar a nova realidade...
Marcelo Campello: ... e tentar criar a nova realidade, as soluções não estão aà prontas, a gente está participando do desenvolvimento.
A questão da venda de CDs ficaria em segundo plano?
Marcelo Machado: Acaba sendo uma coisa empÃrica. A gente colocando as músicas na internet ajudou a aumentar as pessoas que vão aos shows, as pessoas que cantam as músicas. E quem vai aos shows e gosta, compra o CD. E a gente vende o CD nos shows mais barato do que está nas lojas. Aà uma coisa acaba trazendo outra, e isso vai aumentando, pois na internet se propaga muito fácil. É uma coisa que tem um tempo bem diferente do que pra uma banda de sucesso, tipo uma banda que aparece do nada e vende milhões. Hoje em dia a coisa é diferente, as bandas que vão se firmando e se mantendo é ao longo do tempo que vão crescendo seu público. Tipo a Nação Zumbi, é uma banda que está há mais de dez anos aà e já plantou muita semente.
entrevista completa: http://www.odiluvio.com.br
Acredito que a socialização de materiais pela Internet seja uma ótima saÃda. Imagine uma pessoa que mora em um lugar como o meu (Amapá) e as dificuldades de acesso que temos a materiais como o de Mombojó. As lojas de CD são poucas e por isso falta espaço para algo que não tenha um retorno mercadológico acentuado. Por isso agredeço à iniciativas como esta que nos permite ter acesso com mais facilidade ao que pessoas de outros Estados estão produzindo.
Há braços!!!
Mombojó é uma das melhores bandas do Brasil atualmente. Curto pacas. Foi uma ótima surpresa vê-los no CPF de 2004. Até então não conhecia.
Tocaram em BH faz pouquissimo tempo, pouca gente soube do show. Seria massa ver uma música deles disponibilizada no banco de cultura do Overmundo.
Mombojó é massa, no ano passado fiz um trabalho para a faculdade sobre eles e o 'pós mangue' dentro da perspectiva dos estudos culturais.
Nanna Pôssa · Salvador, BA 11/9/2006 00:55
Grande entrevista Jucá!
Abraço
Nossa, eles são massa mesmo, mas eu ainda não tive a oportunidade de vê-los ao vivo.
Aqui tem uma entrevista bem legal tb, olhem
http://mtv.uol.com.br/drops/drops.php?id=34761
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