Entrevista Secretário de Cultura de MS

Jefferson Ravedutti/Jornal O Estado MS (www.oestadoms.com.br)
Américo Calheiros em seu gabinete com vista para Campo Grande
1
Rodrigo Teixeira · Campo Grande, MS
19/2/2009 · 150 · 10
 

Américo Calheiros, presidente da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS), faz uma análise da cultura no Estado e revê a própria trajetória

Dentro da série de entrevistas para o Overblog com secretários de cultura das diversas regiões do país, Américo Calheiros, responsável pela pasta de Mato Grosso do Sul, fala sobre a experiência de comandar a Fundação de Cultura do Estado (FCMS), desde janeiro de 2007. Na verdade, a Secretaria de Cultura foi extinta em 2007. A pasta é ligada diretamente ao gabinete do governador. A carreira de gestor público do presidente da FCMS começou em 1997, quando assumiu o comando da Fundação Municipal de Cultura (FUNDAC), onde permaneceu até 2006.

Américo também é artista e produtor cultural. Ele ajudou a fundar o grupo Gutac, um dos primeiros a aliar educação e teatro no Estado ainda na década de 70. Também já escreveu livros ("Sem Versos", "Da Cor da Sua Pele", "A Nuvem Que Choveu"...) e trabalhou, em 1979, como editor de cultura do extinta "Jornal da Cidade".

O presidente da FCMS é filho de um nordestino e uma sul-mato-grossense. Nasceu em Goiana, em Pernambuco, mas aos 6 anos se transferiu com a família para Jardim e depois de dois anos mudou-se para Aquidauana, considerada por ele como a sua cidade natal de coração. Em 1970, aos 17 anos, deixou a pequena cidade para se estabelecer em Campo Grande, onde começou a trabalhar como professor. C

Começou a carreira dando aulas de alfabetização e logo estava ensinando no ginásio, onde construiu a maior parte de sua trajetória de professor. Formado em Filosofia, Ciências e Letras pela extinta FUCMAT, o atual presidente da Fundação de Cultura de MS (FCMS) acompanhou o desenvolvido cultural de Campo Grande e garante que é importante ter esta perspectiva histórica para entender o processo artístico da Capital.

Confira abaixo a entrevista exclusiva que Américo concedeu em seu gabinete no Memorial da Cultura e da Cidadania, em Campo Grande, e falou de diversos assuntos relacionados a sua pasta.

Rodrigo Teixeira - No senado, muitos grupos estão presentes defendendo seus interesses (agricultores, pecuaristas...) os senadores geralmente conseguem verba e propõem acertos para essas áreas, no entanto o setor cultural é esquecido. Como a Fundação trata disso? É possível fazer alguma ponte para trazer verba federal?
Américo Calheiros – Em 2007 estive em Brasília no ano que os deputados federais e os senadores estavam tomando posse e se entrosando na casa. Senti naquele momento uma certa dificuldade em ter uma visão maior dos caminhos que poderiam ser percorridos. Mas já em 2008 pude perceber primeiro que nós temos uma frente parlamentar em defesa da cultura no Congresso Nacional e eu acho uma iniciativa muito interessante. Que já aconteceu em outros momentos, depois teve suas atividades estaguinadas, ela volta para estar tratando de assuntos do interesse da cultura, por exemplo, da PEC 150, que é a Proposta de Emenda Constitucional que trata da destinação de 2% do orçamento nacional para cultura, do Estado 1,5 % e de municípios 1 %. Na verdade, na última do fórum que foi em Salvador, do Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes de Cultura, eu falei que penso que temos que ter uma ação mais próxima dessa frente e das nossas bancadas também. Eu sempre tive um entrosamento muito bom com a senadora Marisa Serrano, que tem sido para a cultura em Brasília uma porta extremamente aberta, uma parlamentar que tem conduzido nossas intenções, nossas propostas, com maior abertura, maior disponibilidade. Tanto é que esse ano nós já começaremos a ter retorno dessa ação dela. Tem duas emendas parlamentares de sua autoria que designam R$ 390 mil para compra de equipamentos (sofás e banners), R$ 400 mil para a reforma do Centro Cultural José Octávio Guizzo e isso está sendo tratado agora. Mas é uma burocracia sem tamanho. Para 2009 ela já segurou R$ 500 mil para um projeto que a gente propôs para divulgar nossos artistas fora daqui, no eixo Rio-SP e também nos Estados que compõe o Cone Sul: RS, SC e PR. E também temos a boa notícia de R$ 1 milhão que ela conseguiu para a capacitação em artes. Ela foi relatora desse projeto na Comissão de Educação e Cultura e conseguiu esse dinheiro para o Estado. Isso já deve estar sendo empenhado em aplicação no Estado todo para capacitar pessoas que atuam nessa área. Seriam para projetos que estão no início e que vão ser desenvolvidos. Então pegamos uma interação que esse projeto nosso já vem fazendo isso de forma bem insipiente e ampliamos isso. Demos uma voltagem maior.

Uma senadora está movimentando tudo isso... de alguma maneira é isso mesmo? O setor cultura tem de estar lá?
Tem de estar lá. Até porque o que eu percebi que os parlamentares estão abertos. Agora mesmo estamos tratando com o senador Delcídio Amaral duas emendas que não sabemos se vamos conseguir esse intento, mas é uma para o "MS Canta Brasil" e uma para o "MS Sons Dourados", que é um similar. Será na ordem de R$ 300 mil cada uma. Sempre que tem alguma proposição, é muito bem recebida. Estivemos eu e a Nilde Brum no gabinete do senador Valter Pereira, não conseguimos encontra-lo, mas recebemos da parte da sua assessoria total abertura. Então eu acho que nossos senadores estão abertos, participando e depende da nossa ação agora. E mesmo os deputados federais, nessa última visita que fomos eu e a Nilde visitamos o deputado Dagoberto Nogueira e o deputado Valdemir Mocca, ambos se manifestaram.

Tem de pensar nas conexões fora do Estado...
Tem de pensar e correr atrás disso. E eu senti que o congresso está aberto para a área cultural. E daqui para frente é ir lá, estar junto, apresentar propostas, é cadastrar o máximo de projetos de interesse do Estado. E esse interesse a gente percebe por essa vontade de estar buscando todos os recursos eu percebo em todos os meus pares dentro do Fórum Nacional dos Secretários. Porque hoje não existem Secretários de Cultura no país que, primeiro, não sejam profissionais no sentido de atuação. Não tem amadores, quem não queira se profissionalizar cada vez mais, juntamente com sua equipe de trabalho, procurando dominar todas as ferramentas que estão ao alcance para elevar a sua condição, principalmente, orçamentárias e também a condição de informação, de intercâmbios, de trocas. Porque o Brasil começa a viver um momento novo para a cultura. Temos dificuldades ainda? Temos. A minha visão particular é de um certo otimismo, porque eu não via esse cenário. Começo a enxergar.

Sobre essa questão orçamentária, de verba destinada à cultura, qual sua posição quanto a esses índices e como avalia esses números?
Essa questão é polêmica. Até pouco tempo quando isso foi colocado na mesa do Fórum, dentro do próprio fórum houve divergências. Porque falaram que "não vamos conseguir adesão das pessoas para isso, não há uma inclinação favorável porque dizem que vai engessar mais o orçamento". Só que está mudando completamente. Hoje já é um consenso de todos os dirigentes de cultura do país que nós devemos lutar por isso. É a defesa do fórum... Lá na frente é outra coisa, outro momento... Aprova-se e aí vamos brigar pela execução.

O orçamento dos fundos de cultura em MS são insuficientes para a produção artística. Como aumentar essa verba? Como avalia a qualidade dos produtos lançados pela lei de incentivo e o que você mudaria?
Nosso problema é orçamento. Você sabe que nós estamos disputando com bilhões de necessidades na nossa frente. E, além disso, isso ocorre porque a visão que se tem, ou melhor, a visão que se construiu em torno da cultura no país é de que ela é supérflua. Nos últimos anos é que está se revertendo esse tipo de conceito. Agora como que vamos mudar de dia para noite uma concepção enraizada na sociedade brasileira e na mentalidade de todos nós? Porque se acontece, por exemplo, de estar faltando sala de aula e tem de cortar o orçamento, não temos dúvida de que esse orçamento vai ser cortado da cultura, do turismo, do esporte. Hoje até o turismo já vem atingindo um outro patamar. Por isso também que nós dentro do Fórum estamos fechando em torno do trabalho que tem de ser feito em torno da cultura como uma das vias do desenvolvimento. Aliás foi proposta minha assim que entrei aqui. Mas hoje isso é indiscutível, nós fazemos parte do PIB desse país, nós fazemos parte do desenvolvimento humano, social, político, intelectual... Temos de fazer com que essa mensagem chegue a toda sociedade brasileira. Nós temos de ter adesão. Sem adesão da sociedade não vamos conquistar uma mudança nessa atitude nacional em relação da importância que a cultura também tem.

A verba de MS é até maior que de alguns outros Estados e menor que de outros. O orçamento do fundo de MS – R$ 1,3 mi aproximadamente – continua o mesmo em 2009. Como avalia esta situação?
Eu estava achando que esse ano seria nosso grande ano em termos de ampliação de recurso. Porque havia essa perspectiva. Mas com o Estado perdendo milhões devido a crise, todos os orçamentos estão no mesmo patamar que estiveram no ano passado e ainda, digamos assim, na corda bamba, porque se essa situação se arrochar mais do que está no momento... Só que isso quer dizer que nós não vamos nos deixar afetar por esse espírito de crise e vamos buscar as nossas alternativas também. Aliás, eu acho que a cultura é pródiga em fazer isso, nós sabemos sobreviver.

Uma das áreas artísticas que mais necessita verba é o cinema. Sem patrocínio é muito difícil de se fazer cinema no mundo inteiro. Não está faltando uma política de áudio visual para o MS mais clara e objetiva?
Sim. Acho que realmente temos de fazer uma definição de uma política nessa área. Agora, depende de um conjunto, vários organismos funcionando. Aqui para nós depende desse funcionamento da TVE, mas também de como as coisas vão caminhar. Nós temos um bom entrosamento com a base, não temos nenhuma dificuldade nesse sentido aqui. E temos que também sentar e definir o que pode ser feito independente disso ou daquilo. Por que tem de ter estrutura.

Você concorda que cinema é uma área que precisa de um olhar especial?
O país é extremamente beneficiado pelo cinema. O cinema nacional hoje não perde em qualidade, em espaço, em nada. E tem conseguido recursos consideráveis para sua produção. Essa é uma realidade que existe em alguns Estados brasileiros. Mas a produção cinematográfica sai muito cara, é diferente, não dá pra fazer um improviso, um "criativo". Tem de ter equipamentos e investimento. Para que a gente possa realmente contemplar essa área, temos de nos estruturar para saber exatamente o que queremos nesse momento. O que precisamos, é palpável a curto, a médio e a longo prazo. Qual a política que tem de se estabelecer. E isso tem de ser feito em conjunto.

MS poderia servir como locação devido ao belo cenário das terras sul-mato-grossense.
É. Isso vem sendo trabalhado em termos de legislação, em âmbito nacional, em termos de incentivo. E isso vai chegar aqui também, temos que estar bem afinados com a base nesse sentido com propostas concretas.

E vem aí o filme "Cabeça a Prêmio", que marca a estréia de Marco Ricca como diretor e que foi rodado em MS em 2008. Como você avalia essa experiência?
Excepcional em todos os sentidos. Primeiro que o Marco Ricca é um artista que não é uma estrela, é um trabalhador do cinema. Se postou dessa forma aqui, conquistou a adesão das pessoas por essa postura, muito pragmática e muito aberta. É uma pessoa de visão, porque na primeira conversa que tivemos ele disse que não queria apenas utilizar o estado de MS para filmar, que queria deixar uma parcela dessa experiência junto a pessoas, um legado, não só de atores, mas também na parte técnica. Para nós foi importante, tivemos alguns técnicos nossos da Fundação de Cultura que acompanharam do começo ao fim. Foi uma experiência única, que ficou e poderá ser compartilhada e servir para as próximas produções que acontecerem aqui no nosso Estado. Ele nos cedeu todo o cadastro que foi feito dos atores, dos técnicos, das pessoas envolvidas nessa produção e isso vai facilitar também para as próximas produções. Porque já temos aí um início de trabalho, bem feito, que vai nos permitir ter uma contribuição mais técnica, mais assertiva, que vai beneficiar nossos atores e técnicos no futuro. Ele frisou muito bem esse potencial de locações que nós temos aqui, inclusive sobre a questão da luz especial que nós temos em MS, que é um potencial nosso a ser explorado e que de repente também nem tínhamos nos dado conta.

Quanto às cidades do interior de MS. O que de fato a secretaria está fazendo com relações a projetos?
Nós iniciamos um trabalho nesse sentido criando alguns projetos e trabalhando em parceria com as prefeituras, até porque se não fosse em parceria não teríamos condição de fazer. Fizemos o Rotacine, o Circuito Sul-mato-grossense de Teatro, o Circuito Dança do Mato, a Conexão Dança de Rua, o Projeto Interação, dentre outros... Hoje, indiscutivelmente Campo Grande é uma cidade que tudo acontece. Se alguém participa de um edital da Funarte,vai pôr como primeiro ponto de circulação Campo Grande. Tudo passa por aqui, seja pelo governo, seja pela iniciativa privada. Andando pelo Brasil afora eu vejo o quanto nós temos de opções na área de cultura e lazer para a população e, gratuitamente, que é uma característica que se instalou aqui. No interior, quando a gente fez esse projeto, o Rotacine por exemplo, nosso objetivo era de atingir 50 a 70 pessoas, isso estaria bom para início. Em parceria com a Programadora Brasil compramos uns 126 títulos e saímos. De lá pra cá fizemos 20 municípios. Teve um lugar que tivemos quase 1.700 pessoas nos três turnos. Porque os espaços não cabiam mais pessoas, era gente querendo ver a produção brasileira. A mesma coisa aconteceu com o teatro, com a dança, com tudo que fizemos. O Estado vive um momento de interesse cultural.

Quais as cidades principais do interior de MS?
As cidades com maior densidade populacional como Dourados, Corumbá, Ponta Porã, Três Lagoas, Coxim e Aquidauana. Tivemos só dificuldade com Dourados, mas nas outras não tivemos dificuldade nenhuma. A coisa aconteceu além da nossa expectativa. Todas as cidades me surpreenderam.

Está provado que a economia da cultura movimenta uma grande soma de dinheiro e de forma bem democrática. Está provado também que para a arte de uma região ficar conhecida é preciso aparecer nas grandes mídias de SP e RJ. O que a fundação está fazendo de concreto para divulgar os artistas além da fronteira?
Como a gente tem recursos ainda pequenos diante da demanda, estamos procurando atender o imediato, mas também fazendo projetos e elaborando propostas, porque não dá para fazer primeiro uma coisa e depois a outra. É preciso estar trabalhando concomitantemente com as possibilidades. Um outro projeto que estamos trabalhando é em uma possível parceria com São Paulo para ver o que podemos levar da nossa arte. Estamos amadurecendo, começamos a desenhar esse projeto. Porque sabemos que temos artistas que nunca tiveram a oportunidade de mostrar seus trabalhos ainda, aqueles que já começaram a sair da casca, os que já estão se mexendo, andando e mostrando o que vieram fazer, e outros ainda que já estão reconhecidos sobejamente em nosso Estado, até além do Estado. Esses, eles querem alcançar novas localidades. Então temos de pensar em tudo e estamos pensando. Acreditamos, pelo menos esperamos, poder fazer algo ainda nessa gestão nesse sentido.

Já houveram vários projetos e tentativas de fazer uma política em conjunto entre as secretarias de estado de cada região. Qual a dificuldade em projetos desse tipo? E por que a integração é tão difícil? As próprias leis dificultam esse processo?
Para nós está sendo uma experiência muito produtiva participar da Comissão de Cultura do Codesul. Esse ano como o governador André Puccinelli é que presidente do Codesul, então todas as comissões são presididas também pelos secretários, presidentes, as autarquias, etc. Nós temos estreitado os nossos laços com RS, SC e PR. E vimos que nós podemos trabalhar esse intercâmbio. Percebemos o quanto estamos distantes mesmo próximos geograficamente ou por afinidades culturais. Por exemplo, levantamos a possibilidade de fazer um festival de chamamé, envolvendo os estados do Codesul. A gente sabia da proximidade do RS com o chamamé. Então optamos por fazer um festival de música de raiz e estamos correndo atrás do dinheiro em conjunto, nem que isso venha a sair em outra gestão. A região Centro-oeste, por incrível que pareça, na eleição que teve no Fórum, nós propusemos e foi aceita em caráter periódico a criação da região Centro-sul. Ou seja, nós e Goiás, estamos trabalhando agora com o Sul.

E esse evento não vai pro Norte por quê?
Ah, eu estou com uma boa relação com o secretário de cultura do Mato Grosso, mas ele não participa do fórum. Eu acredito que falta mesmo no Brasil essa cultura de ficar junto, de se unir. Em relação ao Centro-oeste, por exemplo Brasília, vive uma outra realidade. Não caminha na direção das mesmas preocupações que nós temos. Acabou de fechar um fundo que dá de cara 30 milhões de reais, então, sobra quem? Goiás, MT e MS. Goiás tem participado, eu falo do Fórum porque é onde se encontra, pode dialogar, conversar, propor, bolar algum tipo de ação, de atitude, iniciativa. Bolar alguma coisa que possa florescer. Então nós e Goiás que sobramos, resolvemos aderir. MT demonstrou um grande interesse em fazer parceria com MS, isso não está voltado para a questão nacional. Nós não estamos fazendo ocasionalmente essa parceria, não de forma institucional. Como fizemos agora com o lançamento do livro do Luis Carlos Borges... O que tem aparecido pontualmente, e que esteja dentro das nossas condições, nós estamos trabalhando. Até porque quando eu estava na Fundação de Cultura de Campo Grande cheguei de ir à Cuiabá conversar com a secretária Maria da Glória, planejamos uma série de coisas e institucionalmente não caminhou para lugar nenhum porque era mais complexo. Agora, eles estão interessados e nós também. Então acredito que vá começar a acontecer.

Qual a dificuldade em catalogar os artistas e criar verdadeiros guias de consulta divididos por linguagem artística em cada Estado?
Já fizemos essa catalogação, claro que sem demanda, uma atualização ou acompanhamento.

Qual o orçamento deste ano para cultura e o que foi feito de fato com esse recurso?
Em 2008 gastamos R$ 2,6 milhões. Mas tivemos ainda a contrapartida depositada pelo governo de R$ 600 mil para os pontos de cultura, além dos recursos de R$ 1,5 milhão conseguidos pelo governador para os festivais.

Comente a sua percepção sobre descentralização e a criação de redes como os pontos de cultura.
Eu acho interessante, mas infelizmente há uma burocracia muito grande permeando esse processo. Temos a proposta de implantar 30 pontos de cultura, tivemos 29 inscrições e tivemos apenas 3 aprovados na primeira etapa. Com a vinda da equipe do ministério ficou só um. Então mandei uma consulta ao ministério sobre a possibilidade de lançar novamente o edital.

Falta as pessoas do meio cultural entenderem o projeto ou é um problema documental?
Acho que o governo tem de exigir, porque ele vai destinar os recursos. Mas tem de exigir o essencial. As vezes quando se começa a entrar em um detalhamento muito grande, não consegue obter isso dos artistas. E também existe, por parte de alguns propositores, a necessidade de ter uma organização maior jurídica. E também de arquivo dos seus trabalhos, de atualização para que possam realmente comprovar suas atividades e o andamento de seus trabalhos.

Essa questão dos pontos culturais revelou um certo estágio que estamos em MS?
Acho que em 2008 no FIC isso apareceu. Porque tivemos 345 propostas, destas, quase 70% não foram acatadas. Não por problema de mérito, mas por problema estrutural. Não sei se porque fizemos o programa Interação por várias cidades do Estado, ensinando como elaborar um projeto, porque não é só para o FIC, é para qualquer edital nacional e internacional. Capacitar as pessoas para que elas possam fazer isso. Sentimos que houve um número grande de projetos bem estruturados, mas quando entrava na parte documental afundava. A gente ficou até muito triste em certos projetos que seriam interessantes para o Estado.

Quais os principais avanços e as críticas em relação ao governo Lula?
O governo Lula tem a preocupação com a cultura, isso está explícito, a sociedade pode ver, a destinação de mais de R$ 4,8 bilhões representa um reconhecimento da importância dessa área. O que está faltando, no meu ponto de vista, é uma estrutura maior para o ministério poder viabilizar-se e fazer as coisas acontecerem. Há uma falta de quadro, e aí fica difícil, acho que o ministério está se ressentindo disso. Nós temos boas propostas em andamento, na área do Iphan e a criação do Instituto Brasileiro de Museus é interessante. O Iphan inclusive está andando muito bem malograda as dificuldades de pessoal. Dentro do ministério em si, falta isso, falta mais estrutura para poder desenvolver todas as propostas que tem e dinheiro em termos de editais.

compartilhe

comentários feed

+ comentar
Hermano Vianna
 

realmente muito boa a idéia desta série de textos com a tag cultura-2009 - interessante descobrir as semelhanças e diferenças nas respostas dos secretários de diferentes Estados - seria ótimo, além dos secretários estaduais, encontrarmos por aqui também os secretários municipais (e não só das capitais) - mas já temos um belo começo (além do Mato Grosso do Sul, há Alagoas e Espírito Santo) - valeu Rodrigo, Sérgio e Marcelo!

Hermano Vianna · Rio de Janeiro, RJ 15/2/2009 23:54
1 pessoa achou útil · sua opinião: subir
Rodrigo Teixeira
 

Valeu Hermano. Pretendo entrevistar em breve o presidente da Fundação Municipal de Campo Grande e postarei no Overmundo com certeza.
Grande abraço!

Rodrigo Teixeira · Campo Grande, MS 17/2/2009 20:18
sua opinião: subir
Rodrigo Teixeira
 

Quem quiser conhecer os projetos da Fundação de Cultura de MS (FCMS) é só clicar AQUI

Rodrigo Teixeira · Campo Grande, MS 17/2/2009 20:19
sua opinião: subir
Andre Luiz Mazzaropi
 

Américo;
parabens pelo seu trabalho; a cultura brasileira precisa de menos leis qua a protejam e mais ação governamental e parlamentar.
A lei Roanet tem que acabar pois previlegia apenas artistas consagrados nacionalmente (plim-plim). O Congresso Naciojnal tem que aprovar no legislação acabando com as existentes e determinando que dos orçamentos oficiais; 3% Nacional, 4% Estadual e 5% municipal sejam consignados a Preservação e Promoção da cultura.
Cultura não é formação de eduacação e sim preservação da educação já formada.
Falta ainda nas camaras municipais, assembleias legislativas e no Congresso Nacional pessoas da cultura; pois não tem ninguem de renome. O ultimo artista eleito optou por ser vice em São Bernado do Campo - SP ( porque).
Sucesso a voçes domais lindo estado brasileirto o Mato Grosso do Sul e dizer que fal ai o Tam Um Jeca na Cidade com André Luiz Mazzaropi - O Filho do Jeca

abraços

André Luiz Mazzaropi
O Filho do Jeca
www.andreluizmazzaropi.com.br

Andre Luiz Mazzaropi · Taubaté, SP 18/2/2009 10:10
sua opinião: subir
Gisele Colombo
 

Ótima entrevista Rodrigo! Parabéns! Já encaminhei a entrevista para o Américo! Abcs Gisele.

Gisele Colombo · Campo Grande, MS 18/2/2009 10:22
sua opinião: subir
Jota Jr
 

Esperamos políticas sérias de apoio ao cinema e ao vídeo digital aqui no MS. Temos grandes artistas, excelentes roteiristas e técnicos, mas que por falta de oportunidades saem do matão. E perdemos assim boa parte da excelência de nossa gente para outros estados e até outros países.

Jota Jr · Campo Grande, MS 19/2/2009 16:50
sua opinião: subir
crispinga
 

Talento e profissionalismo. Parabéns ao jornalista Don Quixote de CG.
bjsss

crispinga · Nova Friburgo, RJ 19/2/2009 17:18
sua opinião: subir
sandra vi
 

grande alô pra rodrigo pelas suas matérias !!
além de um abração pro americo -
boas falas e bela foto !

sandra vi · Petrópolis, RJ 20/2/2009 11:48
sua opinião: subir
Zezito de Oliveira
 

Parabéns!!!
A sugestão do Hermano é bem pertinente. Há que revelar as formas de pensar e fazer gestão cultural nas pequenas cidades também. Deve haver aspectos bem interessantes para mostrar.
Um exemplo pode ser encontrado aqui, lamentavelmente o grupo que liderava o movimento perdeu as eleições, após duas gestões com avanços e alguns limites.
Abrs,

Zezito de Oliveira · Aracaju, SE 20/2/2009 11:54
sua opinião: subir
Marcos Paulo Carlito
 

Rodrigo, primeiro parabéns pela matéria, muito boa mesmo a idéia. Isso dá até um gancho:

Ótimo momento para uma visita à Coxim para entender o que foi feito por aqui nos últimos anos, o que rolou de apoio, verba, esforço e criatividade para, entre outras coisas, auferir a realidade cultural do interior. Aí você também aproveita e faz aquela matéria sobre o pé-de-cedro...

Será que a chefia não libera uma diárias por aí?!

Abraços Guaicuru!!!

Marcos Paulo Carlito · , MS 21/2/2009 00:29
sua opinião: subir

Para comentar é preciso estar logado no site. Faça primeiro seu login ou registre-se no Overmundo, e adicione seus comentários em seguida.

filtro por estado

busca por tag

revista overmundo

Você conhece a Revista Overmundo? Baixe já no seu iPad ou em formato PDF -- é grátis!

+conheça agora

overmixter

feed

No Overmixter você encontra samples, vocais e remixes em licenças livres. Confira os mais votados, ou envie seu próprio remix!

+conheça o overmixter

 

Creative Commons

alguns direitos reservados