Triste o dia em que o diabo inventou o dinheiro... Quem mais daria a idéia de colocar preço na arte? Fazendo isso, inconscientemente, transformamos a música, literatura, dramaturgia, e etc, numa mercadoria disposta à poeira das prateleiras das "megastores"...
Para mim, o escambo seria muito mais justo. Os compositores e músicos disponibilizariam a sua produção cultural e as pessoas lhe disponibilizariam o que viessem a produzir também... Nada mais que justo; cada um contribuiria socialmente com aquilo que soubesse fazer. Creio que a música, a literatura, o cinema, são tão essenciais à vida quanto o pão. Não me parece exagero, "música é alimento da alma", certo?
Enquanto vivemos e olhamos as grandes cifras grudadas em pequeninas etiquetas nas capas de CDs, a música e as demais artes vão sendo contaminadas pelo capital. Não quero parecer “radicalóide†nestas linhas, apenas quero dizer que dinheiro e arte não são os ingredientes mais indicados para estarem juntos na mesma sopa.
Qual a influência do dinheiro na música? Bem, basta sintonizar uma rádio FM e você descobrirá. Todos os dias, a todo o momento, a indústria fonográfica tenta nos alienar pelos ouvidos. Criam segmentos e rótulos para ficar mais fácil de “bolar†as suas estratégias de marketing; criam modas e inseminam artificialmente uma dúzia de artistas de um sucesso só, para acompanhar a boiada. A porteira aberta pelo jabá é larga e essa música (geralmente de péssima qualidade) tem grande acesso às pessoas.
Não é interessante para esses empresários realizar o mesmo investimento em artistas que fazem música que force o ouvinte a usar um pouco mais do cérebro. Eles querem o sucesso imediato, a música do refrão chiclete, chula e descartável. Descartável porque precisam ser jogadas no lixo e esquecidas para que novas modas e canções igualmente descartáveis surjam e completem o seu ciclo de alienação. Assim caminha a humanidade, talvez para um abismo de ignorância... um abismo com trilha sonora de novela das oito.
Já que os ventos do mercado sopram nessas rotas, é melhor não contarmos com a maré para encontrarmos boa música. Isso não é novidade! O dinheiro dá as cartas nesse jogo, mas sempre temos um coringa na manga, que é ir contra a corrente.
Também é triste ver artistas se moldarem para se adequarem a essa realidade. Alguns “limpam†o som, fazem a barba e se sujeitam à s regras do jogo. É legal escutar a música nacional de outras décadas (apesar das horrendas baterias eletrônicas dos anos 80 hehehe). As canções tinham cérebro e estimulavam o povo a pensar. Boas canções, que viraram clássicos e tiveram papel cultural importante em lutas democráticas e na caracterização de uma sociedade pós-governo militar. Dizem que a diferença das décadas de ditadura para os nosso dias atuais é que os jovens daquela época tinham algo para lutar contra. Bem... leia os jornais, veja a televisão... onde é que não existem coisas para se mudar? Desculpem as possÃveis generalizações, mas engolimos e nos conformamos, mais uma vez, com o discurso da mÃdia de que a luta acabou. Enquanto isso, continuam alienando público e artista, com a falsa promessa do sucesso e da realização através das vias sugeridas. Valores materialistas para dias materialistas e pessoas materialistas.
Diogo, quanto à diagramção, seria legal dar um "espaço" entre os parágrafos. Isso, além de agilizar o texto, facilia a leitura e harmonisa o corpo do texto. Um abraço.
FILIPE MAMEDE · Natal, RN 15/5/2007 10:50
Diogo, quanto a expressão das suas emoções, tente-as expressar em frases ao contrário de colocar por exemplo "hehehe", substituindo por, isto ninguém pode negar!
Gostei muito do seu texto, um abraço!
Diogo,
Gostei! Abordagem necessária.
Abraço,
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