Existem coisas veiculadas na Internet que beiram o exagero. O extremo do grotesco chegou em meu e-mail e não pude resistir. Coisas assim me provam que a rapidez com que as mensagens circulam pode até fazer bem. Nem precisei perder tempo com o Google.com para achar algo interessante.
Há poucos dias tive acesso ao livro Narrativas televisivas: programas populares na TV, organizado por Vera França. O livro é resultado de uma pesquisa que envolveu diversas pessoas interessadas em analisar o que a mídia tem a oferecer aos telespectadores. Foram analisados programas populares como o extinto Programa do Ratinho, no SBT, Hora da Verdade e Brasil Urgente, na Band e Domingão do Faustão, na globo. Foi tão excelente ao ponto de me ser útil na análise desse caso que vou contar agora.
Jonderval é a figura do vídeo abaixo. Prefiro que você assista primeiro e depois volte aqui ao texto.
Link: http://www.youtube.com/watch?v=7lRl0s4hNOA&eurl=http://brunacelia.wordpress.com/
Não tenho certeza de qual foi sua reação. Choro, gargalhadas, indignação. Só posso imaginar que algo entrou em sua mente e te fez pensar. Eu pensei, eu ri, me indignei. E logo me veio a importância do livro de Vera França.
A população de baixa renda, que antigamente não se via na TV, a partir dos anos 90 começou a ser atendida e apareceu em programas ditos populares. Em várias cidades do Brasil, já existem programas como o Brasil Urgente, cujo apresentador Luis Datena se auto-intitula “defensor do povo”. Aqui no Tocantins existe o Tocantins Urgente, apresentado pelo repórter Alysson Lima.
Nesses programas são mostradas cenas reais de fatos que acontecem com a população mais carente da cidade. Roubos, furtos, assassinatos, seqüestros, estupros, às vezes com cenas chocantes. É o repórter a serviço do povo, fazendo papel da justiça, sendo o agente fiscalizador.
Jonderval, o ladrão entrevistado no vídeo acima, é a representação do brasileiro que não deu certo na vida. Pobre, desempregado e cansado de trabalhar. Acredita que existe um sistema que permite os ladrões a trabalhar.
“Se eu não roubar vocês estão tudo desempregado (…) Vai faltar emprego pro reporte, pro escrivão, pra delegada, pro juiz, pro promotor … Tudo através de mim que sou ladrão (…) eu estou contribuindo para o bem de todos, não é?” , justifica.
Não consegui descobrir o nome do programa que o entrevistou, mas não foge da linha editorial dos programas populares que fazem muito sucesso. O que sei é que o tal programa é de Ji-Paraná, a segunda maior cidade de Rondônia. O que garante a audiência que os mantêm no ar.
A discussão vai além do que eu já disse. Por que fatos grotescos como esse de Jonderval vão para o ar? Por que têm audiência? Por que é a realidade da população que assiste?
Contudo, para não escrever muito, fico por aqui, assistindo ao Jonderval falar, tentando não rir e não me indignar.
“Eu não quero trabalhar, não. Já tenho trinta anos. (…) Deus limpa as minhas bagunça tudo”, conclui nosso Jonderval.
A ignorância e a briga pela audiência muitas vezes são responsáveis pela apelação e péssima qualidade que encontramos nestes tipos de programas.
Já o Jonderval... é apenas ignorância mesmo.
Axe'
To tao 'enojado' (as veses) quando passo de-canal em canal, e tem essas coisas "made in BR" programadas pra emburrecer a populacao, e desmerecer a arte e cultura, que nao sei se vou me dar ao "luxo" de perder tempo vendo esse em questao.
Mas, o assunto aqui tem uma funcao, que eu gosto de redigir, e verificar, protesta e sugere uma acao.
Parabens!
Votado. Infelizmente o Brasil ta cheio desses espetáculos... Como disse o Jonderval ta colaborando para mais empregos.
Imagino que os ladrões de gravata deveriam ouvir a franqueza do Jonderval...
abraços
sinvaline
É, a política do pão e circo continua... A televisão produz o espetáculo nosso de cada dia... Jonderval contraria a fórmula típica do herói e do vilão. Jonderval, nosso ANTI-HERÓI BRASILEIRO.
Bruna menina bonita,
Hoje andei o dia todo com uma Bruna, 8 anos, eu ela e o pai dela que trabalha comigo. A mãe estudante ...... tivemos que leva-la conosco pro trabalho. Ela é tão bonita..... E não faltou quem achasse estranho......, olhasse de mau jeito....
E assim, li o teu postado, vou dar mais uma olhada. Agora vou pra uma Roda de Capoeira, e a Bruna vai está também - ela a mãe e o pai. Num ambiente onde tem a menor fortuna acumulada por metro quadrado.
E falta na sociedade brasileira = "Para cada ente uma entidade"
Reinando isto, a familia em torno de um ideário, de um ideal, (familia, juntos....) não haveria verdades assim, tão cruéis
um beijão, andre.
Ta na moda agora esse tipo de diversao grotesca, e o joderval é só mais um pra gente rir e chorar. e sustentar.
Muito bom Bruna.
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