O direito a que, mesmo?
“Bispo Excomunga Família e Médicos que ajudaram a realizar o aborto na menina de 9 anos, em Recife”. A manchete estampada em vários jornais brasileiros na última semana retrata a história de uma criança pernambucana que foi violentada pelo padrasto e que, consequentemente, engravidou. A família da vítima, amparada por orientações médicas, optou pelo aborto levando-se em conta que a Legislação Brasileira permite a interrupção da gravidez nos casos de estupro e riscos para a gestante. A menina se encaixava nos dois quesitos. Não havia escolha!
No entanto, a notícia chamou a atenção pela forma radical com que a Igreja Católica agiu neste caso. Só a “Excomunhão” não fazia sentido. Para completar a ação punitiva aos que acreditam nos valores cristãos e impedir qualquer debate mais elaborado sobre temas como violência, mulher, saúde pública e solidariedade, a Igreja reforçou através do seu representante local que não excomungou também o agressor que brutalmente engravidou a criança por considerar este um crime menor que o aborto, pois não feriu o direito á vida. O direito à vida é ferido por crimes de diversas ordens, inclusive o da imposição das ações individuais ou coletivas.
A comparação apresentada pela instituição religiosa foi no mínimo, lamentável. Porque não dizer, idiota? Mais uma vez a Igreja mostrou-se incapaz de dialogar com a sociedade de forma clara, inteligente e menos alienada. Mostrou traços da veia autoritária que insiste em preservar mesmo que a sociedade diga não a esta prática danosa no mundo atual.
A Igreja Católica optou pela imposição da força do jargão “Direito à Vida” em meio aos “Mortos de Cidadania” que lidavam com as conseqüências da violência cotidiana. Esperava-se da instituição religiosa – e não só dela – uma atitude mais respeitosa em relação ao sofrimento da família da menina que também não teve direito à vida por inteiro. O direito à dignidade mostrou-se ferido, o direito a escolhas sensatas apareceu anulado, o direito a ter direitos, perdido.
Há de se considerar ainda que o Estado apareceu, neste caso, como eficiente e solidário no atendimento a criança vítima do estupro ao mesmo tempo em que não conseguiu mostrar-se suficientemente habilidoso para evitar este e tantos outros crimes que recheiam as estatísticas diárias dos números da violência em nosso País. O Estado é contraditório, falho, mas democrático. Conseguimos dialogar com Ele.
O momento é de cobrar abortos de imposição de pensamentos únicos, recortados, impostos. Opinião não se impõe, se discute, se forma por meio de argumentos. A Igreja criou um peso para os pobres cristãos envolvidos na excomunhão midiática e não tomou nenhuma medida para que este fato pudesse ajudar na construção de um debate mais justo sobre temas diversos. É hora de a Igreja olhar para trás e rever alguns dos seus conceitos. Talvez vire sal. Melhor assim!
Faraó
Grande texto
Este fato nos deixou perplexos.
Jesus disse: Vinde a mim as criancinhas"
E como a igreja pode excomungar uma criança agredida ( familia e médicos) e deixar de fora o agressor. É uma injustiça tão grande que não cabe em nossa consciência. Como submeter um corpinho fragil e vulneravel, de uma criança de 9 anos e 30 kilos à uma gestação de 9 meses sem as minimas condições fisicas e psicológicas? Não bastou o fato dela ter sido violada em seu mais sagrado direito, que é o de ser criança e existir.
O Estado fez sua parte ao dar assistencia para a menina, mas vamos ver se castiga o agressor de modo mais severo para que sirva de lição e novos fatos absurdos como esse não voltem a
se repetir. É vergonhoso, é aviltante, é um crime inafiançavel.
Igrejas, falsos padres, bispos e pastores moralistas e ignorantes, não me dizem nada, prefiro trazer Deus no coração.
Parabéns pelo texto.
Bjs
Faraó · Fortaleza (CE)
Excomunhão de idéias: eis mais uma questão.
A Igreja representa o próprio Brasil, tem as luzes e as trevas.
Ajudou a implantar a Ditadura mas era ela que também ia nos carceres tirar os presos da Tourtura.
Ela temn o Humano e o diabólico, tem a luta que há até na nossa família e no coracáo da gente.
O Bispo náo tem culpa. Empurraram pra ele aquela banana e ele merece a nossa consideracáo.
A luta continua. Temos é de ver funcionar as novas Escolas Técnicas e ficar mais conhecedor da evolucáo com o Prouni.
O Brasil tem evoluido como nunca. pena que empurraram essa crise artificial pra cima da gente e a parte diabólica fica acalentando ela e parando onde pode.
mas Deus é grande e nossos olhos viramn coisas impossíveis como o resultado da bolsa família, na fome da nossa gente mais abandonada.
Isso é que conta e alivia o coracáo, como água na terra seca e como a Transposicáo.
Parabéns pelo Trabalho.
Temos de nos orgulhar da nossa gente que em todos os lugares estáo lutando por uma vida melhor..
Os gemeos iam vir cheios de problemas físicoapelos nove anos da menina e seu corpinho fraco, despreparado para a gravidez e pelo crime odiento da tortura do estrupo.
A vida náo precisava de passar por esta experiéncia infeliz.
Seu Trabalho é admirável.
Desculpas colocar um contexto social.Parabéns.
Abracáo Amigo
Padre não trepa, optou por isso, devia ficar na manha !
preconceito idiota !
Se excomungue por seus maus pensamentos, duvido que não os tenha ! é muita hipocrisia @!
Deus é maior e está vendo tudo isso !
porisso que o mundo não vai pra frente, essas figuras rétrogradas !
Valeu, Faraó, beleza vc ter levantado a lebre, me desculpe ser meio desbocado aqui, mas achoq vc entende a minha emoção, tenho filhos e sobrinhas, queria ver se fosse com uma dela que acontecesse isso como eu reagiria !
Depois falam dos muçulmanos, vê se lá pinta isso...
Um beijo, meu irmão !
parabéns pelo texo e pela iniciativa. Antes do direito à vida em si, deveria ser defendido o direito à dignidade, ao respeito. Esse caso grotesco mostra a falência dos valores de outrora no contexto do século XXI. Os problemas atuais são diferentes dos de antigamente, e deve ser encarados e solucionados como tal.
Bárbara "Akyra" Rocha · Belo Horizonte, MG 15/3/2009 00:05
O direito à vida deveria ser prioridade.
Sou católica praticante e o que escuto em todos os lugares e leio em muitos sites é a banalização da Vida.
Ninguém pára para pensar na(s) vida(s) interrompida(s), morta(s), assassinada(s) e isso é visto como apenas uma
"interrupção", como se fosse interrompido um sinal de transmissão de tv, ou interrompido um game, muito fácil quando se
lida com máquinas. O difícil é : Assumir riscos em prol da Vida; Arriscar a vida para que uma criança não seja estuprada;
Impedir que pessoas perturbadas continuem abusando de nossas crianças; Tomar conhecimento das leis da Igreja Católica;
Lutar por uma causa nobre; Ir contra o comodismo; Buscar a Deus.
Em raros momentos se comenta as ações de um "padrasto" que estupra há anos aquelas que deveriam considerar como filhas;
ou como uma mãe pôde tolerar anos e anos um "casamento" envolto a tantas barbáries ou como a falta de Deus na vida de uma
família leva a desunião, desrespeito e violência.
Muitas são as opiniões diante de um assunto tão complexo e difícil. Deveríamos debater sobre tudo o que aconteceu, nos
informando de todos os fatos e principalmente ouvir todos os lados da história e não deixarmos levar pelo sensacionalismo e
o calor da imprensa. A atitude tomada pelo Arcebispo, contraria muitas pessoas, mas, ele está no seu papel defendendo a
Vida que é dom de Deus.
Alguém já debateu, ou pensou mais criticamente, por exemplo, sobre a atitude imposta por algumas religiões na proibição da
transfusão de sangue em doentes que necessitam de tal procedimento para sobreviver ? é negado o direito à Vida a uma
pessoa que sofre e anseia pelo direito de viver.... Porque a mídia não dá foco para esse assunto ?
É mais fácil tirar uma pedra do caminho do que conviver com ela e aprender o que ela tem a ensinar.
Devemos estar atentos a tudo que falamos, dizemos e pensamos sobre valores que são essenciais e primordiais.
Maria, claro que muito se discute sobre todas as religiões que defendem ou negam o direito à vida.
Mas nese cado está tudo muito óbvio: a vida que o Arcebispo estava tentando defender ia negar a vida a uma outra pessoa, que já gozava conscientemente do seu direito, diferentemente das outras vidas envolvidas.
Se o aborto nào acontecesse, três pessoas iam morrer. Isso é defender a vida?
olá Bárbara!
obrigada pelo seu comentário....
essa é a questão...como saberíamos que as 3 crianças iriam morrer??? ficou mais fácil pra os médicos acabar com o problema do que a medicina encarar mais esse desafio (Isso seria defender a Vida) !!
Não teria como, Maria. A menina tinha nove anos, o corpo dela não iria suportar a gestação. Uma gestação de gêmeos já é perigosa para uma mulher com o corpo pronto e condições plenas. Supondo que o seu Deus enviasse um milagre e essas 3 crianças sobrevivessem, sabendo que isso é totalmente impossível. Imagine como essa família seria desestruturada, duas crianças com uma mãe sem condições físicas, financeiras nem psicológicas de cuidar de si mesma, quanto mais dos filhos. A gente poderia adicionar mais 3 números nas contas da delinquência e mortalidade juvenil. Foi em defesa da vida dessa menina já tão castigada pelos anos de estupro e em defesa da sociedade já tão castigada com a violência que essa intervenção foi realizada. Realizar e passar por um aborto não é fácil, Maria. Mas não realizá-lo seria um crime muito maior.
Bárbara "Akyra" Rocha · Belo Horizonte, MG 30/3/2009 22:01Para comentar é preciso estar logado no site. Faa primeiro seu login ou registre-se no Overmundo, e adicione seus comentários em seguida.
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