Feito a mãos e cabeças

Divulgação
Pessoas e telas se misturam nas apresentações do F.A.Q.
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Sergio Rosa · Belo Horizonte, MG
8/11/2006 · 225 · 4
 

Estudar e praticar novas linguagens de imagens e música eletrônica: esse é o objetivo do coletivo feitoamaos. Assim como as linguagens, o coletivo de artistas está sempre em constante mutação para refletir e aplicar novas idéias a cada projeto que envolve performances com música e vídeo.

Dentro do coletivo está o F.A.Q.: um projeto que atua numa linha consistente de desenvolvimento, enquanto o feitoamãos atende a demandas externas diversas (convite de festivais, galerias, etc). O surgimento do F.A.Q. se deu em razão da necessidade de se criar uma identidade e atuar como uma “banda audiovisual”, com um repertório mais fixo e que fosse amadurecendo aos poucos. Um projeto dentro do outro, normalmente é assim que os coletivos atuam. O mais importante é produzir, e isso o feitoamãos faz. Desde o seu surgimento, em 1999, são várias participações em festivais nacionais (FILE) e internacionais (Overtoom).

O grupo é formado por André Amparo, Francisco de Paula, Marcelo Braga, Cláudio Santos, Rodrigo Minelli, Ronaldo Gino e Lucas Bambozzi. Como surgiu? Aquela história de sempre. Um bando de amigos que trabalhavam e estudavam áreas afins resolveram juntar as idéias. Os temas abordados pelo F.A.Q. seguem uma linha crítica ao cotidiano das cidades grandes: violência, política, espaço urbano, meios de comunicação de massa.

A reflexão teórica é, sem dúvida, muito importante para o trabalho do grupo, mas, como afirma Rodrigo Minelli, um dos fundadores do coletivo, é preciso sempre estar de olho na prática. “Acredito que toda reflexão teórica acaba ficando esvaziada se não encontra uma ‘pega’ na realidade e se não se materializa nas obras. É preciso pensar no contexto sócio-cultural e político em que agimos, nas conseqüências do uso desta ou daquela tecnologia, e da abordagem que empregamos para falar das coisas que pensamos, ao mesmo tempo não deixamos que nossa discussão e reflexão façam com que o trabalho fique por demais hermético e incompreensível”, explica. Com sete anos de teoria e prática, a evolução das performances se deu, principalmente, na distribuição espacial do som e das imagens, nos suportes para projeção e na forma de se relacionar com o público ouvinte/telespectador.

Festivais que envolvem produção artística em novas mídias têm se estabelecido cada vez com mais vigor no Brasil. Além do já citado FILE, também o Resfest, o arte.mov, o Mobile Fest, etc. Isso é resultado de uma produção crescente no país nessa área. De acordo com Minelli, junto com crescimento surge uma identificação da produção nacional no contexto mundial, que se caracteriza por uma visão mais aberta e menos “armada” de convicções e preconceitos. A tradicional abertura brasileira a diversas influências cria um terreno perfeito para as experimentações. “As nossas obras têm um potencial de universalização maior do que aquelas criadas em outros contextos culturais, ou seja, nossas culturas acabam por se misturar de forma harmônica e os trabalhos de artistas brasileiros têm o potencial de serem compreendidos por todo mundo”, aponta.

Isso tudo só é possível, claro, à facilidade acesso e troca de informações que vivemos hoje. A possibilidade de interagir à distância, conectando pessoas e pensamentos. Mais do que as outras, a arte eletrônica sobrevive de colagens, remontagens, cópias e influências. Embora a discussão sobre direito autoral não seja nova, ela alcança importância maior a partir do crescimento da produção artística nos meios digitais, principalmente de música e vídeo. “Acho que a idéia de algo original existe caiu por terra. Como sempre foi feita, a arte hoje é baseada na troca de idéias e inspirações e não há como criar algo absolutamente isolado do mundo, por isso, toda discussão de autoria que não leve em consideração os processos de troca e de influência mútua são discussões que não levam a nada, meio uma discussão em que as respostas já estão dadas antes mesmo de serem feitas”, finaliza Minelli.

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alt.amb
 

o discurso do agora efêmero e o percurso do tempo real falso

obrigado por registrar reflexões em obras

alt.amb · Belo Horizonte, MG 19/11/2006 12:47
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Sergio Rosa
 

Opa. Achei uma matéria sobre o grupo no Youtube.

Sergio Rosa · Belo Horizonte, MG 20/11/2006 15:07
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DiogoFC
 

Desculpa, cara, mas pareceu um ensaio de Sociologia, não entendi NADA, tô até agora sem saber o q esses caras fazem.

DiogoFC · Criciúma, SC 12/12/2006 18:48
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Sergio Rosa
 

nao precisa pedir desculpa. acho que um ensaio de sociologia não é algo examente negativo. embora eu nao ache que o que eu tenha escrito seja um ensaio de sociologia.
bem, entao explicando, eles fazem apresentacoes de musica com intervencoes de videos. sao musicos e vjs, mas como muitos deles estao ligados a area academica, eles fazem essa ligacao entre a pratica e a teoria. dá uma olhada no site deles que dá para ver mais coisas e também escutar musicas e ver videos. olha o link no youtube que eu coloquei tambem.
abcs

Sergio Rosa · Belo Horizonte, MG 13/12/2006 00:03
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