A Obra, sexta-feira, 10 de março, 11:00 da noite. O Esquadrão Atari terminava a passagem de som e o Overmundo iniciava o seu lançamento "fÃsico" na capital mineira.
O coletivo, há apenas 5 dias no ar (a sua versão integral), já havia interessado a imprensa local. Restava descobrir se público de futuros integrantes do coletivo atenderia o chamado. Naquelas 11 horas os primeiros discos começavam a girar nas mãos do(s) DJ(s) Overmundo. A pista, o balcão e as escadas ainda vazios. Onde eles estariam?
Conjurados pelo refrão de "Fight the power", do Public Enemy, ou por mero atraso numa noite de sexta, o público passou tomar todos os espaços. Fila para entrar, comprar cerveja e ir ao banheiro (na ordem natural das coisas): bom sinal. Intervalo para o DJ, era hora do Esquadrão Atari. Outra fila se formou. Agora na frente do único televisor que resolveu funcionar no momento da apresentação. Após quase 1 hora de vÃdeo e música o esquadrão encerrou ali o seu último show. O próximo agora só com músicas novas e após o retorno de Chien LaHaine, ex-integrante do conjunto que se encontra atualmente num safari no continente africano. O trabalho novo será produzido sem gastar um centavo e sem precisar de nenhum estúdio.
Entre a desmontagem do aparato elétrico/eletrônico do esquadrão e a entrada do Arrebite, os DJs Overmundo voltaram a assumir o toca-discos. Não demorou muito para que Raul Costa e Rafael Ferreira subissem ao palco e assumisem o laptop e o controlador midi, respectivamente. Seguiu-se mais 1 hora de música eletrônica. Foi a vez do breakbeat da dupla que prepara o lançamento do seu primeiro disco. O EP Bicuda sairá pela gravadora alemã Phantomnoise Records, no inÃcio do segundo semestre.
Muito calor, sem descanso. Até as cinco da manhã boa parte das pessoas ainda aguardava as últimas músicas do set final dos DJs Overmundo. Como todos sabem, a festa ainda não acabou. Ela continua hoje e daqui para a frente e sempre, nesse coletivo.
Foda é fazer festa de "coletivo" a 10 reais. Além de inclusão digital, daqui a pouco vai ter ong focada em "inclusão no overmundo".
Desce do banquinho aÃ, moçada!
Realmente R$10 foi meio caro. Mas o objetivo da festa não foi lucrar. A Obra (local onde foi realizado) já possui o preço estabelecido para os dias de evento, e fim de semana é 10 reais, não importa a atração. Se você for contar que normalmente nos fins de semana só há djs tocando, uma festa que teve 2 bandas legais, e mais alguns djs não foi tão caro (como eu te disse, eu faria de graça, se pudesse, quanto mais pessoas melhor). E, sinceramente, pagar 10 reais para ver duas bandas não é tanta coisa (5 reais para cada apresentação). Temos que valorizar mais a produção local. Aqui já virou costume reclamar se um show já passa dos R$ 6,00. Com tal pão-duragem fica realmente difÃcil criar um circuito cultural que se sustente e não dependa de leis de incentivo.
Sergio Rosa · Belo Horizonte, MG 15/3/2006 21:01Quanto ao "descer do banquinho" eu não entendi a razão. Qual é?
Sergio Rosa · Belo Horizonte, MG 15/3/2006 21:05É simples, Sérgio. Cê tá esquecendo que Belo Horizonte não é uma classe média gigante... 5 reais é caro pra maior parte da população, e tu aà falando que é pãodurage. Eu sou branquelim classe média também, mas e a rapaziada do morro, das perferias? Cê acha que essa galera tem 6 reais pra show? Tem não, bicho. Os Racionais mesmo falam que gostam de fazer show em bairro zona sul porque aà a classe média banca os shows gratuitos que eles fazem nas comunidades.
cyrano · Belo Horizonte, MG 16/3/2006 08:39
Aliás, isso que você disse a respeito de um circuito cultural consistente é interessante. O Overmundo foi criado justamente porque esses circuitos culturais existem, alternativos, independentes, na base de sei-lá-que-coisas que brasileiro sempre inventa e sempre inventou pra se virar, populacho na produção independente, olho-no-olho, conversa no pé-do-ouvido da comunidade. Vai ver funk, vai ver samba, quem e como fez isso brotar da terra. Galera se vira a muito tempo sem grana, correrias mil, antena no Tupi que cê vai ver do que tô falando.
Essa história de que produção cultural precisa de grana é lorota. É bom ter grana, ajuda bagaray, mas não tendo a gente se vira. E é o que muita gente tem feito por aÃ. Porque que artista tem que viver da sua arte? Que ética é essa, e pra quê segui-la? Se essa "obrigação moral" te obriga a cobrar caro por seus shows, e se tu num queres isso, num é melhor buscar outras formas de pensar isso? Artista pode ser lixeiro, banqueiro, uscambau. "Profissão" tá morrendo e nela muitas coisas nascendo.
E agora a sobremesa: um videozim sobre CreativeCommons, o direito autoral que permite usos públicos de produções privadas&059; marco da cultura livre.
Bom, obviamente que eu não tinha a ilusão de achar que com uma festa de 10 reais eu conseguiria atrair os jovens da periferia. Entendo que para eles seria impossÃvel pagar por uma festa assim. O preço foi "sugerido" (como eu disse, ele já é estabelecido) pela própria Obra, que não é um local que exatamente racha de ganhar dinheiro com os eventos que realiza lá.
Eu nao reclamo não é da periferia que realmente não pode pagar 10 reais para ir a uma festa, e sim da classe média branca que tem condições, reclama, não vai nos eventos e ainda afirma que na cidade não há coisas acontecendo, não há opções, etc. E aà a gente passa a precisar de "remédios" como a Campanha de Popularização de Teatro que joga o preço do ingresso num patamar que a periferia possa pagar e que a classe média tenha vontade de pagar.
As suas demais opiniões são interessantes. Vou tentar respondê-las quando chegar em casa.
Só para completar então. A iniciativa de divulgação do Overmundo não comecou nem acabou com a festa de lancamento. Foi só mais uma ação, para oficializar. Ainda tem muita coisa pra acontecer. Mas é isso aÃ, é legal todo mundo ajudar na divulgação, da forma que puder e onde puder. CMI, conversê, comunidades, coletivos, fica vivo, etc.
Sergio Rosa · Belo Horizonte, MG 16/3/2006 19:03Bom, sou branco e sou da classe média. Não reclamo que não acontece nada na cidade e, por incrÃvel que pareça, eu REALMENTE não tenho 10 reais pra gastar. Sim, a situação tá preta. Ou melhor seria dizer vermelha, pra combinar com meu extrato nos últimos 9 meses. Mas é isso aÃ, tem que divulgar CMI, conversê, overmundo pra muitos cantos. Tava olhando o sistema de conteúdo de música, é simples demais. Queria propor umas mudanças pra melhorar a organização do esquema, tá misturado demais. Cê tem noção de como devo fazer isso?
cyrano · Belo Horizonte, MG 19/3/2006 18:59festa muito boa. O problema foram as caipirinhas...
Franklin_Magalhães · São João del Rei, MG 28/3/2006 11:13
Confira em primeira mão a nova música do EP do Arrebite que será lançado até o fim do ano.
http://www.rotonucleo.org/users/retrigger/bicuda%20master.mp3
Oi Sérgo e Cyrano
Lendo seus comentários aqui pensei em coisas que resultaram num texto que coloquei na fila de edição chamado "Música brasileira: alguns direitos reservados".
Ficaria muito contente com sua opinião a respeito, mesmo porque, de certa forma procurei sintetizar nele minhas opiniões sobre argumentos em que vocês discordam.
Abraços.
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