Entre, segundo disco solo do violonista Gabriel Improta, músico da nova geração de instrumentistas cariocas, é um convite à boa musica instrumental, vibrante e envolvente, e busca o equilÃbrio entre a improvisação e a forma pré-concebida a partir de composições próprias e de grandes violonistas do Brasil e da América Latina. O trabalho começou a ser gestado há dois anos na Lapa, em uma espécie de laboratório experimental realizado em grandes noites musicais do bairro, que é celeiro de uma musicalidade jovem, criativa e dançante no Rio de Janeiro.
“Quis fazer um trabalho de afirmação do prazer de tocar ao vivo, de ser músico e ouvir músicos. Este álbum traz a superação do humano, a transcendência, janela por onde só a música criada no instante pode entrar, por isso há tantos músicos virtuoses como convidadosâ€, comenta Gabriel.
Nas dez faixas do álbum, o músico conseguiu manter este calor do tocar ao vivo, do improviso misturado na medida certa com composições arranjadas por ele próprio e por grandes violonistas brasileiros, como Baden Powell, Egberto Gismonti, João Pernambuco e pelo venezuelano Antonio Lauro, músicos fundamentais em seu caminho, e que influenciaram - cada um a sua maneira - a sua musicalidade.
Neste novo disco, Gabriel Improta pensa livremente as diversas tradições musicais: da improvisação e da livre criação do jazz e do sambajazz, da perfeição madura da música erudita brasileira e instrumental, da canção de MPB, do choro, do tango moderno, da música negra norte-americana à música afroreligiosa brasileira.
“Essa fusão não é uma imposição nem uma pré-condição. Ela vem naturalmente, se faz necessária mesmo, para tocar o que se ouve, coerente com o que se é. Cria o contraste, a variedade, o interesse. Este álbum não está, portanto, em nenhum nicho de mercado, rotulável. Está, sim, em um entre-lugar em que só se pode estar quando se está tocando, em plena ação temporalâ€, comenta o músico.
O disco, produzido pela Kalimba, foi criado com a participação de nomes como Kiko Horta, Guto Wirtti, Endrigo Bettega, Rodrigo Lopes e Roberto de Moura. Entre as participações especiais estão Jaques Morelenbaum, Robertinho Silva, Derek Bermel, Tomás Improta, José Izquierdo, Dirceu Leite, João Hermeto, Daniela Spielman, Cassius Theperson, Cláudio Andrade e Rodrigo Lessa.
Um músico ‘mão na massa’ – violonista, compositor e arranjador, Gabriel Improta já tocou com grandes nomes da música brasileira, como Caetano Veloso e Roberto Carlos juntos, Gal Costa, Dominguinhos, Hermeto Paschoal, João Bosco, Elza Soares, Maria Rita, Francis Hime, Seu Jorge, entre outros.
Nasceu no Rio de Janeiro, em 1975, em uma famÃlia de músicos. Sua avó, Ivy Improta, era pianista clássica e o avô, Eurico Nogueira França, pianista e crÃtico de música, fundou a Academia Brasileira de Música junto com Heitor Villa-Lobos, padrinho de seu casamento. O pai, Tomás Improta, também é crÃtico musical e pianista com sólida carreira nacional e internacional.
Em 2007, Gabriel publicou sua dissertação de mestrado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Coisas: Moacir Santos e a composição para a seção rÃtmica na década de 1960 investiga o processo de composição do maestro pernambucano com base no contexto que o cercava na década de 60, como a valorização da cultura negra e a bipartição das músicas em populares e eruditas.
A convivência com Moacir Santos deu-se entre 2002 e 2003, perÃodo em que Gabriel ganhou uma bolsa da Capes para estudar improvisação e música para cinema em Los Angeles, cidade para a qual o maestro havia se mudado em 1967.
Em uma das primeiras visitas à casa de Moacir, uma grata surpresa: Gabriel notou que em cima do piano estava aberta a partitura do Estudo 6, Opus 10, de Frédéric Chopin, o estudo predileto do compositor polonês na opinião de Improta, que, nascido em uma famÃlia de pianistas, tinha uma relação especial com esta composição. “A partir daÃ, comecei a perceber uma série de afinidades musicais entre mim e o Moacir. Vi que o meu gosto musical era igual ao deleâ€, conta o violonista, que pouco mais tarde gravou um disco com o maestro.
Os estudos sobre música continuam. Há seis meses Gabriel começou a fazer doutorado em antropologia pela PUC - RJ. Embora dedique-se há algum tempo ao estudo intelectual sobre o tema, Gabriel não deixa de lado o prazer em fazer shows.
"Acredito que a força da música reside no fazer musical que é tocar o instrumento (ou cantar, ou compor ao instrumento ou compor na cabeça). É deste ato que nasce a música. É esta prática artesanal humana que está na base de qualquer música que valha a pena ser vivida. O pensar a música deve ser acompanhado do tocar a música. O intelectual que considera o tocar/cantar secundário, não percebe que a força artÃstica do músico vem do seu fazer musical - uma inversão total tÃpica da intelectualidade brasileira com seu desprezo por quem põe a mão na massa. Não há este divórcio entre a prática e o pensamento, ao pelo contrário, um facilita o outro", diz.
E é com esse olhar que o violonista vem conduzindo sua carreira. Nos últimos anos, Gabriel se apresentou em festivais nacionais e internacionais dedicados ao violão como o Festival de Guitarra de Havana, e o Panorama do Violão, realizado no Rio de Janeiro.
Em 2005, o grupo Garrafieira, do qual é arranjador, violonista e diretor musical ganhou o Prêmio Tim na categoria Melhor Grupo da MPB. Em 2006 excursionou pela Europa e Brasil com o quarteto formado por Armandinho, Robertinho Silva e Paulo Moura. Nos anos seguintes, apresentou seu show solo em Barcelona e Berlim e gravou dois especiais para as redes de TV RTP, de Lisboa, e BBC, de Londres, ao lado de Jaques e Paula Morelembaum e da cantora portuguesa Marisa. Em 2010, foi convidado por um produtor polonês para fazer arranjos para composições de Chopin e tocou no Royal Castle de Varsóvia.
A partir do segundo semestre de 2011, Gabriel levará o seu ritmo quente que mistura a carioquice da Lapa à qualidade do repertório dos grandes compositores aos diversos shows de lançamento que fará pelo Brasil.
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