Ela pinta, fotografa e faz curtas-metragens em Aracaju. Formada em artes visuais pela Universidade Federal de Sergipe, Gabriela Caldas está na ponta de lança de uma nova safra de curtas-metragistas que tem gerado uma importante e profÃcua movimentação na efervescente cena audiovisual sergipana.
Tirando proveito da facilidade trazida pelas novas tecnologias digitais, Gabriela faz o que se convencionou chamar de microcinema. O termo, cunhado em 1991 durante o festival San Francisco Total Mobile Home Microcinema, refere-se a todo tipo de produção audiovisual com baixo orçamento e estética intimista ou experimental. Resultado de uma revolução tecnológica e estética, o microcinema surgiu pelos idos dos anos 80, principalmente com a vÃdeo-arte americana. A importância da exploração dessas novas possibilidades trazidas a cabo pelos filmes de Gabriela – e ela não é a única – representa um passo à frente para a cena cultural sergipana.
Em larga medida, o sucesso dessa nova produção audio-visual em Aracaju deve-se à consolidação do Festival Luso-Brasileiro de Curtas-Metragens de Sergipe (o Curta-SE) que, já em sua sexta edição, tem sido um catalisador de novos talentos e formador de um público de cinema que tem olhado cada vez mais pro próprio umbigo. E anda gostando do que vê. Conseqüência disso é o crescente número de curtas sergipanos inscritos para a mostra competitiva a cada ano.
Mas Gabriela tem seus próprios méritos. É ousada. Dá a cara a tapa. Sai distribuindo seus filmes pra tudo quanto é festival no Brasil e no mundo. O resultado de sua ousadia: seu primeiro filme, Elipse (2003), teve destaque no Philadelphia Short Cut Festival 2003 e recebeu Menção Honrosa no Curta-SE no ano seguinte. O segundo trabalho, AmoRrer (2005), foi o vencedor na categoria vÃdeo na mostra sergipana do Curta-SE e na mostra competitiva nacional ganhou como melhor vÃdeo escolhido pelo júri popular. AmoRrer foi ainda selecionado para o 5 Goiânia Mostra Curtas, em dezembro de 2005, e também para a mostra Videolab Coimbra 2006, em Portugal, onde aliás arrancou elogios da crÃtica especializada local.
E no caso dela experimentalismo é mesmo a palavra. Não só estético, mas principalmente no modo de fazer e de viabilizar um filme – como não podia deixar de ser, numa cidade onde não há formação de cineastas, ou “realizadores de vÃdeo†(como ela prefere se definir), e pouca ou nenhuma polÃtica pública de incentivo para essa categoria. Elipse é um sketch teatral, sem diálogos nem offs, inspirado numa história de conflitos familiares. A trilha e o filtro vermelho gritam o sentido, além da surpreendente performance da atriz Diane Veloso. Foi filmado em três takes.
A opção por filtros monocromáticos, aliás, se repete em AmoRrer. Homenagem a Florbela Espanca, foi todo filmado em lilás - cor predileta da poetisa - o que também deixa evidente a formação de artista plástica da diretora. A bela trilha sonora foi feita especialmente para o filme pelo compositor Alex Sant'Anna e seu irmão Léo Airplane (multi-instrumentista que também toca na banda de rock sessentista Plastico Lunar). Outra curiosidade de A MoRrer é a narração em off dos poemas de Florbela feita por Maria Lucia Dal Farra, uma das maiores pesquisadoras sobre a poetisa no Brasil, que mora em Aracaju.
Gabriela é ainda coordenadora pedagógica do Núcleo de Produção Digital Orlando Vieira, ligado ao Programa Rede Olhar Brasil, do MinC, que realiza cursos, oficinas, debates e mostras visando formar e aperfeiçoar público e potenciais realizadores na cidade. Além de tudo isso, é ainda mãe de dois filhos - Hannah e Horácio!
Pra terminar (e isso já nem deve ser tudo!), ela já tem pronto o roteiro de seu terceiro filme, que deve se chamar Melusine. É inspirado num tipo de lenda francesa sobre uma figura mÃtica feminina. Nesse caso, se trata de uma mulher cobra ou sereia que não consegue fazer a transição para o modelo cristão de feminino. “O que fizemos eu e a Melaine (uma francesa que mora aqui) foi usar os arquétipos da lenda para figurar um processo de individuação de uma mulher que se encontra dividida. E tingimos com as cores da cultura popular. O interessante é que pensamos que estivéssemos construindo uma ponte desses dois imaginários até conhecer as pessoas que moram na locação (os arredores de uma lagoa no municÃpio de Santo Amaro –Sergipe). Eles dizem que essa lagoa é encantada e abriga uma sereia!â€, conta a diretora.
Para entrar em contato com a Gabriela: olhoscozidos@gmail.com
Queria conhecer a Gabriela. Ela nao tem blog, site? Ou mesmo perfil no OVermundo? Seus filmes estao em algum lugar na rede? Vale a pena colocar, hein?
Roberto Maxwell · Japão , WW 11/11/2006 03:27
Opa Roberto! Que bom que já rolou o interesse!
Dá uma olhada novamente no texto, pois eu inseri uns links q devem ajudar a fazer o contato.
Só tá faltando agora a gabi liberar os filmes aqui pro banco de cultura do overmundo né?
Ela prometeu! O Marcelo Rangel está de prova! E aà gabi? ;)
Bjs a todos.
oi MaÃra! lendo a sua matéria não podia de indicar o Festival de Cinema de Campo Grande (MS). As inscrição para a Mostra de Curtas vai até o dia 09 de dezembro! Mando o link da nota q escrevi aqui no Overmundo sobre as inscrições AQUI. abração rodtex
Rodrigo Teixeira · Campo Grande, MS 12/11/2006 23:07MaÃra, muito legal a matéria. Vou ficar aguardando para ver se a Gabriela disponibiliza algum dos filmes por aqui. Estou curioso para assistir.
ronaldo lemos · Rio de Janeiro, RJ 14/11/2006 09:28
oi gente
eu tou tentando uploadear o curta para vcs.
mas chega um momento que da pau e não completa.
:/
É ótimo saber que existem pessoas dedicadas como a Gabriela, que vencem todas as barreiras para a divulgação de um belo trabalho.
Fernando Júnior · Aracaju, SE 21/11/2006 15:26
Feliz Natal, mina
http://jjleandro.blog.terra.com.br/
http:fotolog.terra.com.br/jjleandro60
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