O Carnaval de 1932 foi de muita alegria para o bairro de Laranjeiras, no Rio de Janeiro. Pelo sexto ano consecutivo Mestre Camarão ganhou o tÃtulo de melhor mestre-sala desfilando pelo seu Rancho Carnavalesco, o Arrepiados. E naquela época o voto era popular! Camarão recebeu 45 mil 503 votos no concurso instituÃdo pelo Jornal do Brasil.
Os Arrepiados, ao lado do União da Aliança eram os dois ranchos carnavalescos criados pelos operários da Fábrica de Tecidos Aliança. Até a terceira década do século XX a fábrica ficava exatamente aqui, nos fundos da Rua Gal. Glicério, então chamada apropriadamente de Rua Aliança. A crise da Bolsa em 1929 combinada com recessão no Brasil e grandes estoques acumulados de tecidos de algodão coloca aquela pequena indústria têxtil em declÃnio e em 1935 o que resta dela é comprada pelo empresário pernambucano Severino Pereira da Silva. A intenção era utilizar as máquinas em outras tecelagens de menor porte já que havia um decreto governamental que restringia a aquisição no exterior de máquinas para indústrias consideradas de superprodução. Mas isso já é uma outra história.
A famÃlia de Cartola (o Angenor de Oliveira) antes de se mudar para a Mangueira morou nas encostas de Laranjeiras e seu pai trabalhava na fábrica. Reza a lenda que lembrando das cores dos Arrepiados – verde e rosa – foi que Cartola sugeriu a cores da hoje Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira. Outra versao diz que foi para lembrar as cores do Fluminense, cujo campo ele podia avistar do alto do Morro Mundo Novo, próximo onde morava (meio forçada essa, hein, tricolores…).
Mas Camarão, aliás o tecelão João Pereira Subtil, ganhou esse apelido ainda garoto quando começou a trabalhar na Fábrica Aliança, onde seu pai Ãlvaro já trabalhava e exatamente como ele, com pele branca e excessivamente avermelhada pelo calor, já ostentava o apelido. Primeiro “Camarãozinho†e só mais velho estreando no rancho como Mestre Camarão depois de terem, pai e filho, feito parte do Cordão Flor da Primavera. Os Camarões acabaram formando uma dinastia pois o apelido passou para um dos alunos do rancho que por sua vez passou para o irmão também mestre-sala. A tradição carnavalesca no bairro das Laranjeiras é portanto centenária, o que faz com que hoje seja o bairro com o maior número de blocos de carnaval do Rio (quiçá do mundo?). Pelas minhas contas tem treze blocos mas posso estar errado.
É aqui também, exatamente onde existia a Fábrica de Tecidos Aliança que, desde 1999, sai um dos Blocos de Carnaval que mais gosto, pelo seu estilo completamente diverso da grande maioria dos outros blocos do carnaval de rua do Rio. Trata-se do Gigantes da Lira. O bloco teve sua origem no trabalho com crianças realizado pelo grupo teatral do Palhaço Dr. Giramundo e seus Gigantes da Lira. Dr. Giramundo é a atriz Yeda Dantas, paraibana de Catolé do Rocha, terra natal também do cantor Chico César.
Uma das ramificações do trabalho de Yeda é o Acorde Gigante, um grupo vocal composto por 6 cantoras vestidas de melindrosas em verde-e-amarelo cantado marchinhas de carnaval. São As Bandeirosas. Outro é a Fuzarca da Lira, uma banda de Palhaços. Yeda realiza um trabalho de teatro de rua e palco (teatros, praças, feiras, festivais, circos) e seu personagem Dr. Giramundo já é muito conhecido no Rio e se apresenta em várias outras datas festivas como Aleluia, Santo Antônio, Independencia, Natal...
Yeda, que também é diretora de teatro, conseguiu reunir autênticos personagens do mundo do circo e do teatro em curiosas versões de palhaços, pernas-de-pau, malabaristas, saltadores, extra-terrestres e nêgas-malucas, vindos de diversos segmentos do movimento cultural do Rio de Janeiro. O bloco sai sempre no sábado que antecede ao Carnaval.
Pra começo de conversa o bloco prioriza as crianças. E portanto seus pais. Que portanto bebem menos. E um bloco de carnaval cujo nÃvel alcoólico é mais baixo sempre é mais simpático. Laranjeiras congrega muitos casais jovens na faixa dos 20 e 30 anos que se encontram na pracinha aos sábados na Roda de Choro (onde toca o Choro na Feira) e acabam fazendo da saÃda do bloco o Carnaval para seus filhos. Vão todos fantasiados e é uma festa bonita.
E em segundo lugar o bloco tem uma banda (Banda Gigante regida pelo maestro Edmar) com bateria e uma seção de metais, que toca todas as marchinhas e os antigos sucessos do carnaval de todos os tempos enxertando outras canções que são cantadas por todo mundo. Como Carinhoso de Pixinguinha e João de Barro. As músicas de blocos de carnaval de modo geral são ruins, as letras sofrÃveis e o pior: são repetidas ad nauseam até o final do desfile!
Tá na hora dos blocos ampliarem o seu repertório e deixarem de ser trampolim para compositores que querem mesmo é compor para as escolas de samba (tá certo, não são todos). Acabam construindo letras quilométricas que contrariam, a meu ver, o princÃpio básico dos blocos: a brincadeira e a descontração.
E isso o Gigantes da Lira tem de sobra: o Boneco Gigante da Lira (4 metros de altura), criação de AluÃsio Augusto, inspirado nos bobos-da-corte e nos folclóricos bonecos Olindenses; a apresentação de dois especialÃssimos casais de mestre-sala e porta-bandeira: o casal mirim e o casal gigante (na perna de pau) encantam todos, principalmente as crianças, com suas evoluções, assim como o impagável Rei Mominho.
É isso aÃ, alegria, brincadeira e descontração o Gigantes da Lira tem demais!
O texto que você acabou de ler faz parte de uma série sugerida e organizada pela comunidade do Overmundo. A proposta é construir um panorama do Carnaval do Brasil, sob a ótica de colaboradores espalhados por todo o paÃs. Para ler mais relatos sobre o assunto busque pela tag carnaval-2007, no sistema de busca do Overmundo.
Egeu, sensacional! O Gigantes da Lira é o máximo mesmo. Pena que não fui este ano... :( Muito boa também a história carnavalesca resumida do bairro das Laranjeiras! Apesar de tricolor, também acredito mais na história da inspiração verde e rosa do Cartola ter vindo do rancho do bairro. Há quem dê também uma versão das cores da manga. Vai saber...
Quanto as músicas de carnaval: sem dúvida os sambas dos blocos podiam ser melhores, mas te confesso que ouvir as MESMAS marchinhas nos 512 blocos cariocas também está me dando um pouco no saco... Tão tentando renovar com esse concurso de marchinhas, mas acho que essas coisas levam tempo... Não vejo solução a curto prazo. Abraço!
Helena,
Existem mais de mil marchinhas! (tô exagerando...)
O problema é que só tocam as mesmas...
De todo modo uma renovação tá mais do que na hora...
Gostei muito do texto!
Bom, se quiser acrescentar mais uma possibilidade para explicar as cores da Mangueira, ainda ligada ao Flu (hehehe), tem a história de que Cartola, tricolor roxo, se inspirou em uma bandeira desbotada do clube. Daà o verde clarinho e rosa.
excelente o texto. no momneto estou morrendo de raiva por ter perdido.
clarice laus · Rio de Janeiro, RJ 16/2/2007 02:30
Eu estou curioso para ver os Filhos de Gandhi !
No mais excelente texto ! Boa folia a todos !
Um dos meus sonhos era sair nos Filhos de Gandhi!! Ai, ai...
Fábio Fernandes · São Paulo, SP 16/2/2007 09:27
Pessoal,
Rancho Flor do Sereno, hoje, a meia-noite em frente ao Bip-Bip.
E' baile popular na rua com uma belissima orquestra regida por maestro Mauricio Carrilho!
O Bip-Bip fica na R. Alm. Gonçalves quase esquina de Av. Atlântica.
Pra quem vem do Leme é depois da Djalma Ulrich no Posto 6...
Que graça! Adorei a matéria Egeu... carnaval assim é que é bom, marchinhas, palhaços, fantasias e tudo mais! Hoje eu vou curtir marchinhas! Lá no Café da Rua 8!
E me lembrou de algo que eu havia esquecido completamente: a frase padrão em itálico no fim do texto avisando que faz parte de uma série de matérias!
Abraços!
Só que eu acabei de descobrir que não sei colocar texto em itálico... tem um código e tal pra isso não?
:o/
Pessoal,
Misturei as estações. O que sai hoje a meia noite é o Bloco do Bip-Bip. Mesmo local e quase as mesmas pessoas.:))))
Ah bom, Egeu! Estranhei muito aquele seu outro comentário: hoje é o bloco do Bip, que dá uma volta no quarteirão e olhe lá, mas é muito divertido. O Rancho Flor do Sereno rola na pracinha do Bip na noite de segunda-feira e é regido pelo meu irmão, o Pedro Aragão (só para consertar a informação e prestigiar a famÃlia, hehe. O Mauricio certamente estará por lá). Abraços!
Helena Aragão · Rio de Janeiro, RJ 16/2/2007 12:59
Apaga a fita, Helena!
Vamos de novo: segunda-feira a fabulosa Orquestra Flor do Sereno, regida pelo não menos fabuloso maestro Pedro de Moura Aragão!
Um carnaval on igual soh que diferente !
Sabadão
Afroreggae – teremos o grupo de Vigário Geral tocando seus tambores de sucatas a partir das 16h no posto 8 em Ipanema , barulho bom ! Claro que eu vou com meu radinho de pilha com um dos fones em um dos ouvidos ligado no jogo do Mengão
Caveira – esses aportam com Djs e batucadas em frente a clinica Dr Eiras na Marques de Olinda , você jah pode imaginar o que vai acontecer ? Nem eu , sábado a partir das 14hs
Domingão Parado
Que merda eh essa ? – esses ficam parados a partir das 14hs no Paz e amor, peace and Love allways
Empolga as 9 – Domingão as 21h da noite nas areias de Ipanema eles vão fazer seu desfile-parado
Bangalafumenga – esse desce a Pacheco Leão a partir das 17h
Charanga3d – esses saem as 0:00 da Republica do Peru no calçadão de Copa em direção ao hotel Othon, instrumentos ? tem ateh game boy com som amplificado, sirenes , tambores e otras cositas más
Segundona
Afoxeh Filhos de Gandhi – manda descer pra ver Filhos de Gandhi as 15h no posto 6
Malditos – os roqueiros da festa Maldita resolveram organizar um bloco que sai da Casa da Matriz , rock e batuque serah que combina ? a verificar.
terça-feira
Eh do Pandeiro – jah viu bloco soh de pandeiro ? Eh tem um que sai na terça no Jardim de Alah a partir das 16h
Vagalume o verde – esse eh no quintal de casa a partir das 20;30
Me beija que sou cineasta – cinema e batucada ? Os caras vão dar uma voltinha na Praça Santos Dumont a partir das 9h da matina, deve ser coisa de cineasta.
quarta-feira
Mengão no Maraca !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
O Bloco Virtual – faz seu desfile as 18h no Posto 9
Põe na agenda duda! Assim todo mundo vê!
Abraços!
Pedi permissão ao Egeu e peguei uma carona no artigo dele pois entrar na fila de edição e votação iria demorar , no mais vou dar uma olhada na agenda e postar por lah também, valeu Ana e boa folia !
dudavalle · Rio de Janeiro, RJ 16/2/2007 14:11Hahaha, agora sim, Egeu! Cheio de adjetivos!! E Duda, valeu pela programação, não sabia de alguns que você cita aÃ. Abraços
Helena Aragão · Rio de Janeiro, RJ 16/2/2007 16:13
Egeu:
excelente matéria. aprendo contigo, ótimo trabalho!
beijão
Fran
Obrigado Fran, vamos em frente progredindo... :))))
Beijo
Egeu, parabéns pelo seu texto. Eu não conheço o carnaval do Rio. A mÃdia insiste em mostrar as grandes escolas de samba e esquece que tem um carnaval não pago, um carnaval de brincadeiras e diversão não cronometrada no Rio. E na alegria de conhecer mais do Rio fiquei triste com os blocos de carnaval que esquecem que tudo é uma grande folia e que o objetivo é a felicidade, a brincadeira. Não agüentaria ficar ouvindo a música varias vezes repetida. A loucura é a diversão e não lavagem cerebral.
Abraços!!! Gostei muito do seu texto!!!
Obrigado, Osvaldo. Nos veremos em Olinda um dia. Passei uma semana na pousada S. Francisco (na rua do Sol) e passeando pelas ladeiras. Foi muito bom!
Abraço!
ainda existe a tradição. os tempos devem correr, concordo, mas não atropelhar velhas referências que deram corpo à festa
muito bom
Legal o texto. A melhor coisa do carnaval ainda são os blocos de rua. Cariocas em sua essência, sem "organização", sem merchandising de cerveja, sem cordão de isolamento, alegria livre, violência fora.
Gyothobat · BrasÃlia, DF 17/2/2007 15:58Adorei o artigo. É fantástico que estas tradições dialogam com a modernidade. Eu estou passando carnaval em minha terra natal, Cachoeira do Sul, 150km de Porto Alegre, RS. É uma cidade onde há forte influência da colonização alemã. No clube que estou passando o carnaval, há blocos, já bastante modernizados, mas a banda que toca axé no baile ainda toca muitas marchinhas antigas, que imagino que muitos blocos ainda preservam.
Alê Barreto · Rio de Janeiro, RJ 17/2/2007 16:01Faltou dizer que o texto está muito bem contextualizado historicamente também. É fundamental não perder a memória, principalmente do que foi bom e precisa ser preservado.
Gyothobat · BrasÃlia, DF 17/2/2007 16:04
Gosto da frase de Paulinho da Viola:
"Eu não vivo no passado mas o passado vive em mim".
Abraço para todos!
Pessoal,
Mesqueci e o Gustavo da Bahia me fêz lembrar:
As informações históricas sobre o carnaval de Laranjeiras estão no livro de Jota Efegê (João Ferreira Gomes) "Figuras e Coisas do Carnaval Carioca", editado pela Funarte em 1982. É raro mas procurando bem algum sebo tem.
se fosse no tempo antigo, este seria um texto que recortaria e guardaria numa pasta para ter sempre fácil para pesquisas futuras - ainda bem que nossa vida ficou mais fácil com o arquivo eterno (assim espero) e fácilmente "buscável" da internet
quanto à tradição: é sempre uma questão de equilÃbrio, não é? para mim inovação faz parte da tradição, principalmente quando se trata de arte moderna (e o samba e a marcha para mim são arte moderna), cuja história foi batizada por Octávio Paz (foi ele mesmo?) de "tradição de ruptura"
ainda por falar nisso: não vi a Viradouro ontem: alguém viu? o que achou?
Ainda da série igual soh que diferente teremos:
Sabado 24 as 17h as Mulheres de Chico - bloco dedicado a Chico Buarque aonde as mulheres comandam o batuque , elas saem na Praça Antero de Quental no Leblon
Sexta 23 as 21h na Travessa da Mosquera com Mem de Sah o Soh Tamborins - aonde soh tem a galera chegada a um tamborim.
Terça dia 20 - Rio Maracatu as 16h no Arpoador - maracatu no Rio
E nesse eterno retorno olha que engraçado: 1932 foi o ano em que se oficializou o desfile de escolas de samba (e a Mangueira ganhou esse primeiro concurso).
Vi os carros da Viradouro rapidamente quando passei ontem pela Av. Pres. Vargas e muito pouco do desfile. Vou ficar no replay...
Pela importância da notÃcia reproduzo aqui o post de Christiane de Assis Pacheco, do Rio de Janeiro, na Agenda de Samba e Choro:
"Ufa, nem tudo está perdido neste mundo! Recife, que está a anos luz do Rio em termos de organização do carnaval, proibiu na última quarta-feira o uso e a venda do maldito spray de espuma, que depois do descaso dos governantes e dos pitbóis, é a coisa que mais atrapalha o carnaval desta cidade.
Até em blocos infantis como o Gigantes da Lira, cheio de bebês de colo, lá estão os malas do spray. E vocês acham que é só a criançada que joga aquilo na nossa cara? Nada disso, a maioria são manés de mais de 30 anos, geralmente sem fantasia.
Recomendo ao dignÃssimo sr. alcaide que dê um pulinho em Recife e Olinda pra fazer um curso intensivo de carnaval. Que a alegria dos pernambucanos o contamine e ele resolva importar para cá coisas até agora desconhecidas como decoração para a cidade, banheiros para os foliões, segurança, controle do trânsito etc.
Ai, ai, não custa sonhar...
E viva o confete e a serpentina!
viva o confete e a serpentina - mas cuidado com essas proibições: o carnaval brasileiro não começou com o entrudo, onde substâncias bem mais desagradáveis eram usadas para molhar as pessoas? Imagina se o governo da época tivesse conseguido proibir tudo...
Hermano Vianna · Rio de Janeiro, RJ 20/2/2007 11:25É verdade, Hermano, há que ter cuidado...
Egeu Laus · Rio de Janeiro, RJ 20/2/2007 11:34ótimo texto egeu! só fui ler agora... estou virando seu fã! rsrsrs
Guilherme Mattoso · Niterói, RJ 27/2/2007 14:53Adorei saber sobre o Carnaval de Laranjeiras. Gostei não, AMEI!!!
Cintia Thome · São Paulo, SP 6/7/2007 20:05
Egeu.
Eu já vi outros carnavais. Melhores, bem melhores. Lindos, até mesmo lÃricos... Pois não tenho já mais de meio-século?
É com imenso prazer que leio o teu delicioso texto. Sempre houve, aqui ou ali, tentativas de manterem-se alguns "nichos" de um carnaval bonito (a Cinelândia tinha uns bailes ao ar-livre, até alguns anos atrás, frequentados principalmente por pessoas idosoas). Eu sempre ia, porque era lindo.
Quem sabe, no próximo carnaval, tantas das pessoas que leram o teu artigo não possam ter agora esta opção ao "Camarote da Brahma" e à "Marquês de SapucaÃ", que, citando Luis Gonzaga Júnior, em "Gás Neon", eu chamo de "Lama Enfeitada"...
Parabéns! Lindo texto!
Baduh
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