Graffiti como alternativa social

Flickr.com - choufi - http://www.flickr.com/photos/choufi/
Arte de rua é empregada como arma contra marginalização.
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Patrick Brock · Salvador, BA
11/2/2007 · 124 · 7
 

Deglutições culturais da espontâneidade à parte, o graffiti* vem crescendo em Salvador, seja através de iniciativas estatais ou no velho estilo independente. Junto com outras obras de arte que particularizam o espaço urbano em Salvador, há muros grafitados em profusão, até com emblemas oficiais da Prefeitura Municipal. Nas unidades da rede de ensino pública estadual do projeto Escola em Tempo Integral, com mais de dez mil alunos, há oficinas de grafitagem.

A Prefeitura de Salvador, em parceria com a Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia, já tem um projeto de inclusão social através do graffiti. Ãreas da cidade como Barra, Avenida Contorno, Comércio, Calçada, Coutos e o Subúrbio Ferroviário já passaram por intervenções artísticas comandadas por grafiteiros. Numa iniciativa inédita, 27 grafiteiros profissionais foram contratados a salários de R$ 400 mensais com benefícios. Em seis meses de projeto, a prefeitura afirma já ter grafitado 3.500 metros de muro.

Para o artista plástico e grafiteiro Denis Sena, 29 anos, o graffiti tem crescido muito na cidade. "É uma arte que ainda é nova em Salvador, a cidade tornou-se plástica e isso é subversivo. Antigamente havia muito preconceito, chamavam você de pichador, era uma coisa pejorativa. Com a aceitação maior da arte de rua, fica mais fácil levar o nosso trabalho para outros espaços e gerar alternativas de renda para os grafiteiros", diz Sena, que é autodidata e pretende fazer um curso de design. Dentre os seus trabalhos, está um graffiti feito no navio do grupo ambientalista Greenpeace, que esteve em Salvador, e diversos painéis pela urbe, como o muro da Escola de Administração do Exército. Este ano, vai ministrar oficinas de grafitagem para cidadãos da terceira idade.

O Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac) realizou no ano passado o projeto Graffiti no Pelô, com uma turma de 20 adolescentes do Centro Histórico de Salvador. Com a ajuda do Centro de Tecnologia Musical Eletrocopeerativa e do grupo Grafipaz, o Ipac buscou unir hip-hop com graffiti em oficinas e apresentações musicais para afastar os adolescentes do crime numa zona altamente turística, capacitando-os para usar a experiência aprendida no projeto em atividades remuneradas. A Eletrocooperativa já trabalha com inclusão social através da música, capacitando jovens de 18 a 24 anos para trabalharem como produtores musicais ou DJ's.

* O termo "graffiti" é empregado com esta grafia a pedido da fonte, que a considera mais precisa para simbolizar o seu trabalho, em detrimento do "grafite" encontrado no Dicionário Houaiss. "Graffiti" é o termo empregado pelo dicionário de língua inglesa Webster's.

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Egeu Laus
 

O termo Graffiti realmente se universalizou.
Mesmo porque é um termo italiano milenar utilizado já para descrever as inscrições na arqueologia cristã, no Egito dos faraós, etc.

Gosto da palavra grafite apenas pra poder utilizar mais livremente "grafiteiros" etc.

Mas o assunto Graffiti é muito pouco abordado pela midia tradicional (a não ser em matérias completamente superficiais).
Vale a pena construir uma literatura a respeito aqui no Overmundo.

Abraços!

Egeu Laus · Rio de Janeiro, RJ 11/2/2007 23:28
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eric renan ramalho
 

De fato , a arte de rua tem se expandido por todos os cantos, faz parte da paisagem de diversas cidades importantes do nosso país, além do mais, é uma possibilidade de inclusão social e de expressão artistica. prabéns aos artistas pela arte desenvolvida, e a vc Patrik pela reportagem....

eric renan ramalho · Belo Horizonte, MG 12/2/2007 19:37
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Gustavo Gama
 

E fica aqui o protesto contra a Prefeitura de Sampa q pretende "apagar" os graffiti´s da cidade... Aqui no Rio, felizmente, está cada vez mais difícil andar pela cidade e não dar de cara com a arte das ruas... Me veio aqui uma idéia: bem q os grafiteiros cariocas poderiam homenagear o Gentileza, q, mesmo não sendo um artista gráfico, foi um dos primeiros a "ocupar" o espaço público, pintando suas frases nas pilastras perto da Rodoviária.
Quanto ao projeto, é mais uma prova de q a arte é solução, p q faz pensar, provoca a integração... Parabéns pela matéria Patrick!

Gustavo Gama · São Paulo, SP 13/2/2007 14:53
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Rix Silveira
 

Concorod totalmente, Bernardo, apesar de ser publicitário.
Mas faço um tipo de arte de rua, dê uma olhada:
http://poesiafora.blogspot.com/2007/09/colado-em-propaganda-outdoor.html

Rix Silveira · São Paulo, SP 2/11/2007 23:52
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Rix Silveira
 

Pô, mandei um comentário errado, me desculpe!

Rix Silveira · São Paulo, SP 2/11/2007 23:53
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Denis Sen@
 

Bala,meu rei!!!

Quero falar contigo!

ht´tp://www.denissena.com

Denis Sen@ · Salvador, BA 13/4/2008 23:33
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Denis Sen@
 

http://www.denissena.com

Denis Sen@ · Salvador, BA 13/4/2008 23:33
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