Empina, Jó! Empina, Jó! E lá saia ele, com suas pernas compridas, a passos largos, inclinando o corpo para frente. Era um jovem que, na década de 80, perambulava pelas ruas de Rio Branco, principalmente na Epaminondas Jácome e Getúlio Vargas, empinando o corpo quando as pessoas gritavam “Empina, Jóâ€.
Quem não teve oportunidade de conhecê-lo provavelmente deve ter cruzado com um rapaz moreno, magrinho, que sempre abordava as pessoas com a tÃpica saudação: “Meu querido, você não teria aà 1 real para me dar?â€.
Agatócles, seu nome próprio, tinha boa formação e era culto. Chegou a trabalhar como figurante no cabaré da novela Roque Santeiro, exibida pela Rede Globo em 1985, porém, perdeu o controle de sua racionalidade e passou a transitar pelas ruas pedindo esmola. “Meu Querido†foi uma figura tão conhecida que ganhou até comunidade no orkut, a “Meu Querido FOREVERâ€, na qual as pessoas trocam curiosidades sobre ele.
Esses são apenas dois loucos presentes no ensaio “Fragmentos de Loucuraâ€, apresentado pela Companhia Eventual de Artes (Ceva). Como o próprio nome diz, a companhia faz apresentações eventuais, quando surgem convites nos eventos da cidade. Formada em 1998 pelo teatrólogo Cleber Barros, a Ceva não tem elenco fixo. “É um espaço aberto para artistas que gostam da arte do improvisoâ€. O ensaio sobre a loucura surgiu da idéia de Cleber de montar um espetáculo inacabado, com um roteiro que muda periodicamente e com artistas que interagem com o público.
Atualmente, os personagens são interpretados pelos atores Ivan de Castela, Cleber Barros, Regina Cláudia, Mirna Campos, Verônica Padrão e Yuri Montezuma, mas a companhia está sempre aberta a receber atores interessados. A pesquisa para compor as falas e gestos foi feita por meio do contato com os próprios “protagonistas†e de situações e experiências relatadas pelo povo.
Um dos “loucos†mais conhecidos da cidade era o chamado “Camaleão Ovadoâ€. Já de idade, andava pelas ruas do Segundo Distrito, nos anos 70, com roupas velhas e um cajado na mão. Permitia que o chamassem de camaleão, mas perdia a boa educação se o denominassem camaleão ovado, pois tinha a consciência de que isso era papel da fêmea.
Tinha também o Raimundo Doido. Uma espécie de arauto da cidade. Fazia mandados, pequenos carretos, capinava quintal, baldeava casas e anunciava acontecimentos importantes, como a chegada de autoridades, inaugurações, promoções comerciais e convites em geral. Costumava dizer aos comerciantes: “Escreve ai que eu digoâ€. Calçava sapatos de seringa e levava à s calças uma tira de pano. Sempre alegre, ria quando a meninada gritava “Olha o Raimundo Doidoâ€.
Por sua importância histórica, virou personagem da minissérie “Amazônia - de Galvez a Chico Mendesâ€, da novelista Glória Perez, exibida recentemente pela Rede Globo.
Sobre a Ceva
A Companhia surgiu quando Cleber Barros chegou do Rio de Janeiro para uma temporada em Rio Branco. A ele juntaram-se os atores Ivan de Castela e Elineide Meireles, que se reuniam em um bar chamado Roça Brasil, no bairro Bosque, para ensaiar o Fragmentos de Loucura.
A Ceva não tem sede. É um grupo de pessoas que propõe fazer teatro, sempre, sem complicações e com um figurino simples. “A Ceva tenta mostrar que um grupo de teatro não é aquela coisa linda que você vê no dia da estréia. Fazer o teatro é dificÃlimo. E mais, por que o nome ‘Fragmentos de Loucura’? Porque quem faz teatro tem que ser loucoâ€, argumenta Cleber.
Outros loucos
Doida Herege - Mulher que anda pela intermediação da Rua Rio Grande do Sul e Papoco, semi-nua gritando a não existência de Deus. Na sua falta de fé, ora e convida a Deus para descer a terra e ter com ela uma conversa.
Chica Tolete - Jovem que, há 50 anos, trabalhou como dama da noite no bairro do Papoco. ( ) Temida pelas mulheres e pelos homens por não ter papas na lÃngua, ser agressiva verbal e fisicamente.
Louca de Cruzeiro do Sul - Moça nascida em Cruzeiro do Sul e que, em pleno porto do famoso Juruá, despia-se e banhava-se diante de todos. A famÃlia, em meados de 1997, a trouxe para fazer tratamento no Hospital de Saúde Mental do Acre (Hosmac). Quando tinha licença médica, saÃa esbravejando nas ruas e praças da cidade, relatando as experiências vividas dentro do hospital. Ainda hoje aparece no centro de Rio Branco. Às vezes dopada, pelas constantes idas ao hospital.
Gostei da loucura toda! Muito bom o texto.
Abraço,
Obrigada, Felipe!
Nattércia Damasceno · Rio Branco, AC 8/4/2007 23:14
Fiquei pensando agora... A loucura é um "problema" apenas em termos...
Na verdade o chamado louco sente demais, e manifesta o que sente com muita intensidade, mesmo não tendo muita consciência desse processo. Já quem se considera normal muitas vezes é tão rÃgido que paga, como preço da normalidade social, um engessamento do corpo.
Divagações de quem já não tem café a esta hora...
Eu concordo, Felipe.
O Cleber, que transformou toda essa "loucura" em teatro, disse que os loucos são aqueles que a gente aponta como loucos, mas aquilo nada mais é que uma expressão. Eles não se vêem como loucos.
O Jó, por exemplo, tem um sorriso bonito.
Felipe Obrer · Florianópolis, SC 8/4/2007 23:26
Hoje, é isso que acontece quando a gente grita "Empina, Jó". Ele apenas sorri.
A loucura é mutável.
Sensacional. Tantos os figuras quanto a companhia de teatro. IncrÃvel que já é possÃvel fazer um apanhado de textos sobre "loucos" nas cidades no Overmundo. Definitivamente, cada cidade tem o seu! Lembrei de três exemplo: a véia do Shopping, de Aracaju, a nau dos loucos, de Chapecó, e a Louca de Higienópolis (partes 1 e 2).
Ops, faltou falar que a Louca de Higienópolis é de São Paulo.
Helena Aragão · Rio de Janeiro, RJ 9/4/2007 15:39
Que bacana, Helena!
Já imaginou o encontro de todos eles? rs
É Deda, se todos os loucos fossem desse naipe a gente tava bem o problema é quando eles se metem a serem polÃticos, médicos, e o pior, professores universitários, pensadores, formais, filósofos no pior sentido, sacou né? Ou seja, faltou um aà ;)
Hermington Carajo · Rio Branco, AC 10/4/2007 17:29Excelente artigo, adorei especialmente pelo tema, muito pouco abordado.
DaniCast · São Paulo, SP 11/4/2007 09:39
Grande Nattércia!
adorei o artigo, bem feito e super interessante, a loucura é sempre um bom tema.
É triste saber que pessoas inteligentes como Jó, tenham esses tipos de transtornos mentais.Pior ainda, é saber que vários são os fatores que levam o indivÃduo a ter esses problemas, como:(ambientais, sociais, fÃsicos,emocionais). Isso quer dizer que não estamos livres de virarmos um "JÓ" na vida.
Como sempre, estou muito orgulhosa de você. O tema é muito interessante.
Eu só conheci o Meu Querido semanas antes de morrer. Achei-o bastante orientado, mas sou suspeita para falar já que piro de vez em quando, rsrs. Para mim a loucura é apenas um modo de viver.
Fabiana Mesquita · Rio Branco, AC 11/4/2007 20:19Loucura e genialidade sempre caminharam juntos. Parabéns pelo texto e parabéns pelo resguate que esse grupo faz dessas pessoas. No Brasil inteiro a gente encontro personagens reais como esses, muito bacana...
FILIPE MAMEDE · Natal, RN 12/4/2007 08:13
Que a minha loucura seja perdoada...
Sobre a Doida Herege acredito que ela deve ter lido Nietzsche.
Muito legal o tema e o texto.
Hermington, sei bem de quem você está falando. Quase incluo no texto por conta própria rs
Dani, obrigada! A loucura é mesmo pouco falada...
Grande Joseph, obrigada! Legal te encontrar aqui também. Quero ler um texto seu ;)
Minha tia Zetti, obrigada.
Fabiana, você é pirada. Pare de ler aqueles livros...
E Filipe, valeu! O ensaio é muito interessante e o público se diverte bastante relembrando os "personagens" da loucura acreana.
Bem pensado, Higor...
Pena que nunca a encontrei por aqui, se não perguntaria o que ela anda lendo...rs
Valeu ;)
Amei.
Em minha terra tinha o Pão com Ovo (sumiu o coitado, deve ter virado sabão), um louco tão louco que acho que Napoleão achava que era ele.
Beijos, amei o texto.
Pão com Ovo?! Que apelido bacana. Quisera eu tê-lo conhecido.
Obrigada, Felipe!
Ah, e também o Bidu Doidão, que certa vez chutou uma quina (!) do meu carro, arrebentou a lataria, tentando me mostrar o golpe de capoeira que tinha aprendido. Os pés dele não sofreram nadinha.
Ou o Chapéu, um doidão que fazia caminhada o dia inteiro no bairro, e respeitava um sinal de trânsito imaginário.
Sem contar o Felipe Simpatia, que fica perambulando nos pontos de ônibus cantando músicas antigas, fazendo flores de papel para as meninas no bar e sempre dá "bom dia" para a estátua do Carlos Drummond que fica no centro de BH. Louco...
Felipe, por aqui tem muitos outros que não entraram no espetáculo.
Até doido com parente importante, como o Lona, que andava com um rádio de pilha no ouvido e falando loucuras. Ele é irmão do Enéas Carneiro, que já foi candidato a presidente. Na verdade, não sei quem é o doido nessa história...
Olá, Nattércia!!
Tou tentando ficar louco ou será que louco sou... Loucuuura!!
Venha me conhecer!! Amei!! rsss
Agrato, José!
Ótimo texto! É difÃcil achar pessoas que abordem tão bem o assunto.
Alcy Filho · JataÃ, GO 12/4/2007 11:44
Verdade lembrei de um aqui no bairro onde moro. Moisés, tinha mais de dez irmãos 8 morreram com questões de roubos, assaltos.
O moisés, ficou louco e é da mesma familia do gato molhado quem é primo dele, na verdade existe 3 pessoas da mesma familia que ficou doido.
Poxa fui lembrar disso por causa do texto. O cara anda vários bairros aqui em SP, nossa teve relatos que ele virou um andarilho.
José, acho todos temos um pouco dessa loucura...Eu só espero não virar personagem de teatro rs.
Alcy, obrigadão! ;)
Higor, que história trágica a do Moisés, não? Estranho seria se ele fosse normal...
Legal o texto...
Inclusive uma das peças de teatro de rua que mais me encantou foi um do grupo Imbuaça daqui de Sergipe.. sobre a interessantÃssima vida do grande Artur Bispo do Rosário que com seus mantos e obras dizia-se enviado de Deus a terra e encantava o mundo...
O teatro também é uma ferramenta interessantÃssima para lidar com a loucura.. ia ser interessante também algum texto de trabalhos de Teatro dentro dos hospÃcios...
Abração.
Coisa de doido, Nattércia!
Ontem mesmo pensei neste assunto. É que vi na TV algo sobre o maluco beleza mais importante do Rio. Até futuquei os comentários ao seu post, crente que alguém aqui do Rio ele lembrar dele. Pensei num post sobre ele mas não tive tempo: Ele é o Profeta Gentileza do qual, para não perder a viagem, homenageio deixando este link. Lembrei também do Arthur Bispo do Rosário (quem não conhecer que o busque, urgente). Será que todos que temos fascinação por estes doidos vamos ficar doidos também (se já não somos, certo?)
Adorei a matéria, é claro.
Abs,
Tá certo. \vamos facilitar, né? Quem quiser ver o Bispo do Rosário ele está aqui (seu trabalho)
http://www.proa.org/exhibicion/inconsciente/salas/id_salabispo.html
Nattercia, muito legal o texto.
Fez-me lembrar dos "loucos" da minha época na USP na década de 80. Um deles chamava-se Piauà e circulava no prédio de Ciências Sociais. Andava falando o tempo todo, com um discurso bem elaborado, mas sem se dirigir à s pessoas. Dizia-se que tinha sido perseguido na época da ditadura e tinha ficado desse jeito. Haviam muitos outros que frequentavam a universidade, moravam nas residências estudantis e são lembrados até hoje nas comunidades do Orkut. Mais inesquecÃveis do que alguns professores ou as próprias disciplinas.
Uma amiga antropóloga fez uma tese interessante sobre o Juqueri.
E eu adoro músicas sobre loucura - há diversos "clássicos". Enfim, como disse o Spirito Santo acima, é fascinante.
Abraços
Maravilhoso o texto, Nattércia. Parabéns!!!!!
Aquinei Timóteo · Rio Branco, AC 12/4/2007 16:58
Thiago e Spirito, adorei as obras do Artur Bispo do Rosário. Queria ver de pertinho...
CCorrales, os loucos sempre têm um nome interessante, não é? Valeu pelo comentário.
Aquinei, obrigadãooo! Acho que você vai ter que ler isso de novo no A Catraia - O Retorno rs.
Nattércia,
(Eu nem tinha reparado que o Thiago também falou no Bispo).
Pois eu vi, Nattércia. As obras do Bispo numa grande exposição no Museu de Arte Moderna do Rio. Pra mim, Duchamps perde.
me lembro que na biografia dele teve um lance que me deixou (sem trocadilho) pirado: Ele dizia que a razão de ter realizado aquela obra magestosa, moderna, esfuziante, era uma missão que ele recebeu de Deus de 'inventariar todas as coisas do mundo'. As obras eram a maneira que ele encontrou de organizar, em suportes, os arquivos de 'coisas'. O manto era a roupa de gala que usaria no dia em se apresentaria a Deus para dar conta de seu trabalho. Tem umas 'coisas' que ele, na falta dos objetos em si, borda em grandes panos. A linha do bordado, ele mesmo fazia, desfiando o zuarte azul dos uniformes do manicômio.
As últimas vezes que soube de seu acervo, numa ele estava numa exposição de arte contemporânea na Dinamarca na outra (mais recentemente) largado e se deteriorando numa sala do antigo manicômio onde ele viveu e morreu.
Coisas do Brasil.
Pois é o Livro sobre a vida dele é interessantÃssimo e se chama Arthur Bispo do Rosário - O Senhor do Labirinto ...como acredito em uma realidade espiritual que entranmos em contato constantemente sem nos darmos conta, pra mim Bispo do Rosário realmente possuia algum intercâmbio com o outro mundo... ele dizia sempre que um anjo aparecia em seu quarto e o obrigava a fazer tudo aquilo.
A biografia é muito interessante e vc acaba percebendo que mesmo isolado do mundo na cela de um hospÃcio, ele produzia coisas completamnete e muito parecida com as melhores produções das artes plásticas contemporâneas e universais.
Um de seus mantos sagrados foi utilizado para ilustrar um das capas do grupo Paralamas do Sucesso...
Vou tentar postar aqui no Over um ensaio q fiz sobre a obra dele..
Thiago,
Eu acho que, de algum modo, todo artista precisa entrar num certo estado de loucura. Publica o ensaio sim! Por favor.
Abs
SpÃrito,
É vero... e que bom que estes artisatas saem dos padrões da normalidade..(vide o genial e não menos louco Vincent Van Goh)
Já tá na sala de edição - Arte para encontrar com Deus (por falar em Doido)
, vai lá suas sugestões serão valiosas!
Abraço.
Gostei muito do tema pois, loucura é sempre um assunto polêmico e que deve ser tratado. O melhor de tudo é que ele está sendo tratado pelo teatro. Quer mais loucura do que a dos atores? Que vivem uma vida que não é a sua em um palco? Que tentam entender o ser humano? Afinal qual é a definição de loucura?
Nattércia,
Um louco fez um SLONG de uma campanha para um prefeito de uma cidade próxima à minha. Ele dizia em toda a cidade que o prefeito atual (na época da eleição prefeito), tinha errado ali, ali, e fez um mapa com a "cara" do prefeito apontando todos os pontos da cidade na qual a gestão atual não tinha dado as devidas assistências a população e podem crer, ele desenhou o mapa que tinha a cara do prefeito. O mapa foi destribuido, o então prefeito perdeu a eleição e o doido já promete ao atual prefeito o seu mapa. E ele teme que o mapa ezecute-o na próxima eleição. Será que ele é maluco?
Marluce
Nattércia,
Teu trabalho é maravilhoso, falar em loucura é chover no molhado para poetas!
Marluce
Nattércia, parabéns!!!
Trabalho muito legal...
Parabéns, muito bom o teu texto. Abraço!
José Clinio Timóteo Correia · Rio Branco, AC 16/4/2007 13:48
"Historia de doido". Cliquei assim que vi na janelinha lateral VEJA TAMBÉM. Não li os comentários. Do final do texto vim logo para este espaço.
Interessante observar como os doidos "fazem fama" nas cidades em que vivem. Enquanto estão vivos, eles marcam a vida das comunidades. Depois se tornam figuras imortais, sobretudo a partir de resgastes como estes que você faz neste texto, Nattércia. Gostei muito.
Agora mesmo estava pensando que farto material colherÃamos de vários colaboradores do Overmundo para uma publicação coletiva sobre OS DOIDOS DO BRASIL. Hã?!
Eu mesmo tenho umas histórias pra publicar. No meu baú de guardados tenho um texto em que também faço o registro de doidos que marcaram minha infância, em AraguaÃna - TO.
Nele resgato algumas figuras como MARIQUINHA, ZEZÃO DOIDO, ZÉ DA ANA e o PAPAGAIO DO ... (êpa!) PELADO, entre outros. Vou procurá-lo para também publicar aqui, sobretudo de ler com gosto esta sua publicação.
Dez pra você pela publicação do texto aqui. Agora, sim, vou curiar alguns comentários.
Uma correção:
"Vou procurá-lo para também publicar aqui, sobretudo DEPOIS de ler com gosto esta sua publicação."
Hehehe...
Depois de mergulhar nos comentários, não tive como não voltar, Nattércia. E desta vez pra confessar que tô aqui "doido" sem saber que link pego primeiro para ver mais sobre estas figuras fantásticas. Já comecei a me coçar de vontade logo nos primeiros links deixados pela Helena. Agora vejo que vou gastar ainda mais a minha vista com leituras em tela de micro. Lá vou eu.
Antes, claro, preciso dizer que lembrei de mais uns doidos de AraguaÃna. Vou citar alguns e já adiantar logo que talvez eu volte aqui. É que minha memória é fogo e sou meio reincidente, principalmente quando o assunto é loucura. Vamos aos tais:
DOMINGOS DOIDO, que se posicionava nas esquinas no final da tarde, recém-banhado, todo cheiroso, "retrovisando" as pessoas com um daqueles espelhinhos de bolso. Ria pra caramba sozinho. E nunca encarava a gente de frente, só pelo seu "retrovisor".
ESPECIAL, um gaiato de marca maior que andava sujo e maltrapilho, muitas vezes só de calção. Falava palavrões e metia medo em muita gente.
CHICO DOIDO, vereador (falo sério) de um mandato e que talvez fature uma reeleição agora em 2008. Não escreve nem lê patavina, mas teve garantido o exercÃcio do mandato, depois de ter figurado entre os mais votados na última eleição municipal. Não atira pedras em ninguém, mas não mede palavras ao falar. Só deus e o mundo em AraguaÃna sabem que Chico não bate bem do juÃzo. É o primeiro doido vereador de que tenho notÃcia. Será?!
Antonio, obrigada pelos comentários. A loucura é, certamente, um dos temas mais intrigantes e não há quem não conheça algum louco na vida...
Gostei dos da sua cidade. Aguardo um texto seu sobre o assunto rs
Abraços
Nattércia,
Adorei a narrativa e as personagens reais desses fragmentos de loucura que saltam aos olhos na paisagem de muitas cidades brasileiras. A sua história de louco atiçou o meu desejo de releitura de HospÃcio é Deus, de Maura Lopes Cançado, um dos textos mais lindos que já li. Bem-nascida, culta, inteligente, articulada e talentosa, Maura Lopes morreu em um hospÃcio. Mesmo com sua trágica história pessoal, o tormento de sucessivas crises que a levaram a se internar em clÃnicas psiquiátricas e hospÃcios, deixou um dos mais tocantes relatos sobre o que é viver do outro lado da linha. E a palavra de Maura Lopes é lúcida, cortante, denunciadora, uma lâmina que rompe o pátio, o silêncio do muro, a demência de um violento sistema de saúde que até pouco tempo confinava os doentes mentais, com toda a crueza de hediondos métodos de tratamentos. Enfim, HospÃcio é Deus é um livro essencial, que merece ser lido. Provavelmente deve estar fora de catálogo. O meu exemplar é da década de 80 (CÃrculo do Livro). Eis uma obra que merece ser reeditada.
Grande abraço.
ÔXE q quase q não vejo esse post e quasi q bato o nariz, q tô sempre meio avoadinha... mas loucos e maluquinhos em geral são assim mes, inda bem q achei,
gente q matéria bonita !!
pude ver uma linda expô dos bordados do bispo naquelas salas do térreo do museu nacional na cinelândia, é de gritar saber q não se sabe bem o q aconteceu sua arte... já q não iam guardar direito q pelo menos tivessem feito a sua vontade, que era ser enterrado com o manto.
nos tempos de ir e vir do fundão bem lá no século passado deu pra ver o gentileza pelas avenidas, inda hoje ler suas maravilhosas lições de amor ao próximo pelos pilotis é como ouvir deus sussurrando mantras só procê...
aqui em petró tivemos o tiziu q cantava muito bem e se dizia amigo do doutor getúlio, figuraça !
e gente não devemos nos esquecer de -
EU SOU ESTAMIRA !!
pros visivers e os invisivers
Olha a conscidencia! lucindaprado@hotmail.com - entre em contato por favor.
Venha conosco para que possamos fazer uma coletânea para o projeto de um possÃvel livro Caiubi! Venha até minha página http://clubecaiubi.ning.com/profiles/blogs/uma-licao-de-amor-lucinda-o
Leia os textos anexados a "UMA LIÇÃO
DE AMOR" que esta no blog da página que você irá entender melhor... O
desafio é o seguinte: Todos nos tivemos ou temos em nossa cidade um Chico Papo,
Um velho do sacou ou um Papão... Escreva seu conto e venha conosco para juntos
escrevermos um livro Caiubi.
O Importante é que seu texto conte uma história que possa ser agradável ao leitor e que tenha uma mensagem reflexiva.
Estamos aqui neste fórum para interagirmos e juntos pensar este belo projeto.
O que você acha da idéia? Pode ser verso, prosa, crônica, como você quiser, ficção ou não.
Vamos aderir e divulgar esta idéia para nossa lista de amigos? Abra sua memória,escreva sua vivência,aguardamos seu contato.
LUCINDA PRADO
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