Inimigo do Povo

Divulgação
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Leca Perrechil · São Paulo, SP
14/6/2007 · 141 · 6
 

A peça Inimigo do Povo parte de uma premissa simples: o poder da maioria está nas mãos da minoria. Essa constatação é tão verdadeira nos dias de hoje quanto na época em que o texto foi escrito por Henrik Ibsen, em 1882.

O espetáculo conta a história de um médico de uma estância balneária que descobre uma falha no sistema de encanamentos de sua cidade. Para resolver o problema, os poderosos da região teriam que desembolsar um bom dinheiro. Com isso, o médico precisa enfrentar o poder da imprensa e do prefeito, o próprio irmão, para conseguir beneficiar a população.

Essa pequena sinopse no melhor estilo dos guias de teatro até que sugere uma peça empolgante, porém, a montagem dirigida por Sérgio Ferrara, em cartaz no Tuca, dá brechas para o espectador dar uma boa cochilada nos 50 minutos iniciais.

Com cenas monótonas e pouco criativas, parecia ser difícil chegar ao final dos 90 minutos de peça. Atores declamam o texto sem explorar possibilidades para o mesmo e algumas cenas são desnecessariamente longas e estáticas.

A peça melhora nos 40 minutos finais, quando o texto mostra o porque foi necessário montar esse espetáculo. Os eternos jogos sociais são explicitados muito bem, com todas as suas relações políticas, demagogias, imprensa comprada, influência em cima da população. A revolução dos "vira-latas" é difícil de vingar quando o poder da informação e o econômico andam juntos.

O espaço cênico é delimitado no chão com fita adesiva branca, estilo Dogville. Por fora da linha, é como se os atores estivessem em uma coxia - esperando à vista do público o momento de entrar em cena. Contudo, os dois espaços se confundem na metade do espetáculo, quando personagens atuam fora do limite demarcado e vice-versa. Se essa mistura é proposital, uma explicitação maior daria conta do recado.

No elenco, nomes jovens relativamente conhecidos, como o filho da Marie-Gabi, Theodoro Cochrane, e Chico Carvalho, ator de A Noite no Aquário, de Sérgio Roveri, em cartaz no Espaço dos Satyros. Aliás, a interpretação de Carvalho se destaca justamente pela oposição de seus papéis nessas duas montagens. Em Inimigo do Povo cada gesto seu é meticulosamente calculado, dentro da proposta de seu personagem.

Como também fazemos parte desse quarto poder detentor da informação, nos reservamos o direito de não falar dos outros atores. Alguns expressivos e com interpretação forte, outros nem tanto. Mas não queremos magoar ninguém, não agora.

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Leca Perrechil
 

Publicada originalmente na Revista Bacante.

Leca Perrechil · São Paulo, SP 10/6/2007 14:17
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FILIPE MAMEDE
 

Essa fotografia tá perfeita.

FILIPE MAMEDE · Natal, RN 14/6/2007 10:18
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José
 

Gostei da resenha...
Agradecido!!

José · Criciúma, SC 14/6/2007 11:10
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Leca Perrechil
 

Obrigada, José. Bjos.

Leca Perrechil · São Paulo, SP 14/6/2007 15:38
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Labes, Marcelo
 

Instigante, no mínimo! Sabe que eu gosto de chatices a la Von Trier? (risos!) Achei muito bacana o lance de a coxia se confundir com o palco. Legal o texto. Útil! Sim, sem dúvida. Abraço.

Labes, Marcelo · Blumenau, SC 14/6/2007 19:36
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Leca Perrechil
 

Oi, Labes. Também gosto de Von Trier e a idéia de confundir coxia com o palco também é bacana, mas quando bem feita. O que não é o caso dessa peça. rs.
No Satyros tem uma peça do Alberto Guzik, Na noite da Praça, que tem uma idéia de misturar a coxia com o palco, mas feito não com marcações no chão, e sim com o camarim aberto. Nessa peça ficou bacana.
Bom, como escrevi na resenha, a peça vale pelos minutos finais mesmo... se vc conseguir passar pelo marasmo inicial,.... rs.
Bjos.

Leca Perrechil · São Paulo, SP 14/6/2007 20:31
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