Esses dias assisti pela terceira vez ao Jogando no Quintal. Conhece? É um grupo de 9 palhaços, que se dividem em dois times de três jogadores, mais um juiz e dois palhaços músicos. Esse povo tira uma partida de improvisações, onde o gol é a risada do público.
Aliás, o público por lá é mesmo muito importante: dá o tema sobre o qual cada equipe irá improvisar, e ainda vota em qual time marcou o gol - que às vezes é de canela, ou sai aos 45 do segundo tempo, mas muitas vezes é um golaço.
Embora todos eles dominem o humor mais fÃsico, a improvisação praticada por eles é muito de texto, e grande parte da graça vem exatamente disso. É quando você fica assim: "será que esses caras vão mesmo conseguir fazer uma historinha engraçada sobre UM SUPERMERCADO ÀS 16h NO OCEANO PACÃFICO?". Um certo suspense, que vira gargalhada solta quando vem a piada certeira.
O começo
O grupo começou bem humilde nas suas intenções. Treinava no quintal (sacou o nome?) do palhaço Cizar Parker. Para eles era um simples treino recreativo de improvisação - mal sabiam que estavam treinando para a Copa.
A turma que assistia foi crescendo, o quintal ficou pequeno. Foram para um quintal maior, que também ficou pequeno. Foram para um espaço cultural. Adivinhe? Sim, e agora foram para uma lona circense enorme, com espaço para 700 pessoas - e lota.
O ponto
Fui revê-los, e assustei com a dimensão da coisa. Não era o show dos Stones em Copacabana, mas olha só, uma baita fila de gente, celulares tocando, procura de ingressos, estacionamento (antes a gente parava na rua próxima ao 'quintal'). Para completar, era noite de gravação de DVD.
A partida foi gloriosa, como sempre.
Mas foi aà que se deu.
Ouvi de algumas pessoas aquele comentário "legal, mas perdeu um pouco agora que está maior". E eu pensando...
Perdeu o quê?
Quando o Nirvana me surgiu - a banda - eu alucinei. Finalmente alguém trazia o rock de volta aos não-eixos, cuspindo na cara dos cabeludos pousers e virtuoses chatinhos que reinavam.
Mas aconteceu que todo mundo passou a idolatrar os caras, uma horda de turistas entrando na minha São-Tomé-das-Letras-Musical, e eu passei a odiar aqueles sujinhos que não tocavam nada.
Obs.: São Tomé das Letras vocês sabem, é uma cidadezinha charmosa no interior de Minas Gerais, reduto de hippies, ou neo-hippies, sei lá, enfim, eu fui há muitos anos e já era assim: toda a gente falando "antigamente é que era bom, perdeu um pouco agora que está maior". Juro, era quase um mantra.
Um dia eu liguei o rádio do carro e dei de cara com um som muito bom. Duro, porém melódico...ouvi até o fim, e era o Nirvana. Tive que engolir o veneno.
É mania da gente
Também já fui daqueles que foge do Carnaval, que prefere se enfurnar num sÃtio enquanto o povo se come lá fora. Só para não ser da maioria - mas aà é que pergunto: a maioria está sempre errada?
Consegui me salvar, agora passo o Carnaval bêbado e feliz em São Luis do Paraitinga. Conhece? ImperdÃvel, né? Assim como o Jogando no Quintal.
www.jogandonoquintal.com.br
é, tem um teor de birra isso de achar que quando as coisas crescem e ganham fama elas ficam piores, mas... é uma angústia totalmente legÃtima... por que isso acontece mesmo... em muitos casos. (as reticências são os momentos em que fiquei tentando lembrar dos casos, e lembrei vários.)
ah, deu a maior vontade de ver os palhaços :)
abraço!
Opa Rica, gostei do teu texto, então nem vou sugerir mudanças : ) Só duas dúvidas: que tipo de improviso os palhaços fazem? Será que é na linha daquele programa Whose Line is it anyway (conhece?), também similar aos cariocas do Z.E?
Thiago Camelo · Rio de Janeiro, RJ 25/5/2006 12:12
Você deu uma boa sugestão, sim! Vou explicar melhor no texto o tipo de improviso, em vez de responder aqui. É importante mesmo.
Não conheço nenhum dos dois, vou pesquisar.
Valeu pelas dicas!
abraço
Aqui no Rio o carnaval é a época de se ouvir isso. Os blocos voltaram à moda e quem descobriu isso antes se sente frustrado ao ver que a cada ano está tudo cada vez mais cheio. É como se tivessem descoberto seu segredo... Mas e a� Se tivesse vazio também não seria bom... As pessoas nunca estão satisfeitas!
Mas concordo com a Vania: o pior é que é meio inevitável pensar assim de vez em quando. Que coisa!
Olha só que engraçado, eu já marquei de sair nos blocos aà do Rio ano que vem! Quando reclamarem com você da invasão de paulistas, lembre de mim!
Rica P · São Paulo, SP 25/5/2006 17:41Para comentar é preciso estar logado no site. Faça primeiro seu login ou registre-se no Overmundo, e adicione seus comentários em seguida.
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