Convergência e tecnologia aumentam a comunicação e facilitam golpes eletrônicos
Pergunte a um morador de Queimadas (BA, 300 km ao norte de Salvador) onde é que se pode ver e-mails. Ele apontará a Casa Cyber, na rua principal da cidade de 10 mil habitantes. Lá, não se faz ligações interurbanas. "Temos só o Skype", informou o atendente. Numa sala ampla, doze máquinas são ocupadas por esparsos indÃvÃduos jogando games, teclando nos programas de mensagens ou, se você olhar bem, recebendo de volta os dados criptografados da sua conta no banco.
A Junta Comercial do Estado da Bahia contabiliza mais de mil lan-houses no estado, mas desconfia de que possam existir mais - como as bibocas com um computador e uma máquina de xerox. Há quinze anos, elas não existiam. São lugares como estes que estão
democratizando o acesso à internet no Brasil. Na capital Salvador, é fácil encontrar cibercafés nos bairros periféricos. Antigos donos de fliperamas converteram-se às novas tecnologias e até disputam
espaço na Avenida Suburbana, que liga o centro de Salvador aos bairros populosos em Pirajá.
O crescimento dos golpes na internet é uma das facetas dessa evolução, e traz à tona questionamentos sobre o potencial inerente em programas como o que o governo federal ensaia atualmente. Com base em pesquisas do Laboratório de MÃdia do MIT (Massachusetts Institute of Technology) e encabeçado por Nicholas Negroponte, foi criado o projeto do PC de US$ 100, com o lema de "um laptop por criança" - um tipo de acordo gigantesco entre diversos fornecedores de equipamentos para baratear ao máximo ocusto da engenhoca, que pode ser energizada com uma manivela. O objetivo de Negroponte e seus colegas é baratear o acesso à informática em paÃses do terceiro mundo. O Brasil estuda adquirir tais máquinas em escala industrial para distribui-las na rede pública de ensino.
Durante um evento anual de voluntariado na escola de uma fundação bancária em Cajazeiras, no 1 de março deste ano, Uéslei Santos, 10 anos, explica como é que o negócio funciona. "Eu vou uma vez por semana na lan-house que fica na rótula (cruzamento). Geralmente no sábado. Custa R$ 2 a hora. Jogo games, warcraft, CS, entro em chat", diz, enquanto espera na fila para a oficina de informática oferecida gratuitamente.
Legislações municipais e estaduais já regulamentam a instalação de lan-houses, enquanto uma proposta de emenda constitucional está tramitando pela câmara dos deputados, sem muita pressa. A lei foi proposta por um deputado paulista, onde foi criada a primeira Associação Brasileira de Lan-house e Cibercafé, e prevê a identificação obrigatória dos usuários, junto com outras medidas como proibir a venda de bebidas ou cigarros. Atualmente, a maioria das casas não cobra identificação dos usuários, embora o Sebrae já ofereça um pequeno manual sobre como abrir um cibercafé e o apresente como uma "oportunidade de negócio".
Genial o texto as informações Patrick. No Rio de Janeiro, só a Rocinha deve ter umas 50 Lan Houses. Esse é o fenômeno mais importante sobre inclusão digital que está acontecendo no Brasil. Ele tem de ser levado a sério e se tornar objeto de polÃticas públicas. Só uma correção, principal defensos do "One Lap Top per Child" é o Nicholas Negroponte. abs!
ronaldo lemos · Rio de Janeiro, RJ 5/9/2006 04:52
Verdade, que distração! John Negroponte era o embaixador americano no Iraque...
abraço
Mas as lans são um fenômeno engraçado. Surgiram mais por causa de games do que qualquer outra coisa. Democratizar ou disseminar o accesso à web é que é curioso, parece mais efeito colateral do que objetivo. Por isso que só dá moleque. E como a molecada de hoje é mais que esperta, já baixa legislação em cima. No interior de Sp é assim.
Delfin · São Paulo, SP 5/9/2006 18:53
É justamente esta colateralidade, este não-foco das Lã-Ráuses na "inclusão digital" que as torna potencialmente tão poderosas. Elas não estão lá para ensinar ninguém a "mexer com o Uôrdi", ou para "profissionalizar, inserir, ajustar socialmente, etc...". Elas estão lá para dar acesso e máquina pra quem quer acesso e máquina, e pronto. Nada mais democrático, inclusivo e eficiente do que isso.
E quem disse que jogar jogos em rede e ficar batendo papo em MSN não é inclusão digital? Foram estas coisas que trouxeram muita gente pra internet. Gente que hoje descobriu os outros lados da rede, e tá aÃ, em atividade, mostrando a cara.
Um brinde às Lan-Houses, aos MMORPGS, aos chats da vida (E da rede)e, sobretudo, à inclusão digital não diretiva...
abraços do verde.
Isso é uma verdade sem tamanho. E é fascinante
Bruno Nogueira · Recife, PE 6/9/2006 21:20O Negroponte do MIT não tem nada a ver com o Negroponte do Iraque. Nicholas Negroponte foi um dos primeiros pensadores da revolução digital, fundador, com outros caras, da EFF (Electronic Frontier Fondation), grupo que pretendia defendar os direitos do indivÃduo e a liberdade da informação na web sob a égide da famosa frase "Information wants to be free" (a informação quer ser livre).
David França Mendes · Rio de Janeiro, RJ 8/9/2006 16:30no Overmundo, há um outro texto sobre as lan-houses de Cuiabá: lá, no cmentário, eu fazia a proposta de um mapeamento da cultura das lan-houses em todo o Brasil... tomara que essas leis de regulamentação não atrapalhem (concordo, como sempre, com tudo que o Daniel Duende disse acima) - ha' essa tentativa de muita gente de criar uma imagem de lan-house como antro da perdição de criancinhas (como tentam dizer que no Orkut só há pedofilia, ou que animê deixa a garotada mais violenta...) - quem fala assim nunca pisou numa lan-house - eu sempre trabalho em lan-houses pelo Brasil afora (é bem mais barato que os tais "business centers" - muito cafonas esses nomes - dos hotéis!) - adoro o ambiente, a gritaria, o clima de recreio do colégio - ontem fui na Cidade de Deus e a garotada na rua só falava em MSN e Orkut e CS... é realmente a inclusão digital das massas...
Hermano Vianna · Rio de Janeiro, RJ 8/9/2006 18:08neste texto há também boas informações sobre as lan-houses na periferia de Fortaleza
Hermano Vianna · Rio de Janeiro, RJ 8/9/2006 18:22Inclusão digital, de baixo para cima, democrática a barata, isso é que é revolução. Estive na Rocinha e constatei que além de jogos e crianças, tinham jovens, adultos, trabalhodres encaminhando currÃculos por email. As Lan Houses lá abriam à s 8 da manhã e fechavam à s 5! 21 horas no ar! Sensacional...de arrepiar!
Tonico · Rio de Janeiro, RJ 8/9/2006 20:42Lan Houses são um verdadeiro fenômeno. E, de fato, contribui significativamente para a inclusão digital, ainda que este não seja o seu propósito. Pois, na medida em que massifica o acesso à internet, tornando popular e tangÃvel à sociedade o uso dos computadores, fortalece indiretamente - e "quase sem querer" - a popularização de um meio que até pouco tempo atrás era privativo da classe média e alta. Torna-se necessário, claro, uma regulamentação. Todavia, é forçoso reconhecer a importância das lan houses nesse contexto. Viva as lan houses!!!!!
Edson Costa Filho · Aracaju, SE 8/9/2006 21:59Senascional as informações do teu texto PATRICK...interessante o acesso "marginal",a legitimidade pela comunidade...fico a pensar pq as escolas com seus "centros inforamtizados" quase intocáveis,conduzidos com um excesso de carga moral que na sua grande maioria não agrega valor a formação, não conseguem favorecer a verdadeira inclusão digital promovida pelas Lan houses...a comunidade precisa de fato participar da "entrada" nas escolas públicas do projeto do PC de US$ 100, com o lema de "um laptop por criança"...o charme das lan e as diferentes possibilidades de experimentar a net devia ser alvo de curiosidade da educação...grande abraço,
ca_co · Juazeiro, BA 9/9/2006 11:17
Legal Patrick! Tb é interessante lembrar q o celular tb faz parte dessa propagação tecnológica, tem muita gente preferindo usar msgs de texto via celular, sai mais barato q ligar de fixo. Outro dia um sambador em Catu (BA) me mostrou imagens filmadas de um grupo de samba no seu celular! A convergência vai ser cada vez mais veloz, tv-radio-telefone-internet-game-pc, segundo Negroponte em breve fazer a distinção entre aparelhos vai ser difÃcil, o futuro do eletrodoméstico é ser holÃstico! rsrs...
abçs
Holy shit! E vem aà a tv digital com as possibilidades interativas que, na pior das hipóteses, superam em muito a tv atual... Acho que há um sinistro descompasso entre a organização social e polÃtica da sociedade e a vocação universal e holÃstica (André tem razão) das tecnologias em evolução. Daà a dificuldade da inclusão sem os bandidos, daà a dificuldade da inclusão das escolas públicas de forma criativa...
CrisLeme · Belo Horizonte, MG 9/9/2006 18:14
Patrick: esse micro a manivela, você tem noção da autonomia de vôo do bichinho máxima, em termos de tempo consecutivo de uso?
Uma pena que fiquei sabendo que o usuário comum não vai poder ter isso. É apenas para fins educacionais. Mas a idéia da manivela é velha: essa manivelha de energia já aparecera anos antes, num radinho ultrabom que tive a chance de ver funcionando nas mãos de um gringo na semana passada. Ele também é destaque de um livro sobre design de produtos recém-publicado no Brasil.
Agora, porque é que o micro da sua casa tem que ser a energia? Culpem o Edison, por ter detonado o trabalho em corrente contÃnua do Tesla, que garantiria energia grátis forever a todos nós. Hoje tal tecnologia é base dos principáis novos avanços em energia elétrica, influenciando principalmente o projeto HAARP dos Estados Unidos.
Sou a favor de energia gratuita e utensÃlios a manivela, enfim.
Delfin, a idéia da manivela foi abandonada no design final do computador do projeto OLPC. Essa foto é do protótipo 1 do projeto (que atualmente está no projeto 3, considerado final). A última versão, pelo que sei, é alimentada por um painel solar. Abs.
ronaldo lemos · Rio de Janeiro, RJ 10/9/2006 07:10Muito bom . é incrÃvel ver como essas iniciativas estão se multiplicando. Participo de uma experiência em Terra Nova no interior da Bahia onde a presença das crianças num hÃbrido de biblioteca e centro cultural é impressionante. vou falar com o pessoal lá para eles tentarem fazer uma lan house.
quito ribeiro · Rio de Janeiro, RJ 10/9/2006 12:27É importante frisar que cursos básicos de informática, com a acessibilidade das lans, perderam, significadamente, o "glamour" dos tempos de outrora. As pessoas aprendem e criam uma intimidade com a máquina ali mesmo, na lan. Se relacionam. É fabuloso!
Marcos Paulo · Rio de Janeiro, RJ 10/9/2006 16:02
Então cara.... O alastramento destas Lan houses me remetem a visitas que fiz a interiores do meu Estado (amapá). Aqueles garotinhos de pés sujos calçando uma sandália havaiana com os olhos brilhando para a tela é realmente um momento de muita satisfação. Saber que eles estão tendo acesso a informação que nós temos é, no mÃnimo, animador.
É claro que existe muito a avançar no que diz respeito a socialização das informações, mas um dos caminhos é este.
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