Mais uma estrela "miojo"

Industrializado, feito em três minutos e com sabor artificial. É gostoso (lembre-se que, às vezes, o melhor tempero é a fome). Ainda acrescento: dizem que faz mal à saúde. Essas são as características do miojo, aquele macarrãozinho que quebra um galho quando a gente não sabe cozinhar. O nome "miojo" deveria ser sinônimo dos fenômenos instantâneos da cultura de massa.

A pseudo-atriz e pseudo-cantora Miley Cyrus é o "miojo" do momento. Ela é protagonista do seriado Hannah Montana, exibido no Brasil pelo canal pago Disney Channel e popularizado pela TV Globo, que exibe o programa em sua faixa infantil matinal.

Já foram "miojos" as pseudo-atrizes e pseudo-cantoras que saíram do telefilme High School Musical (também da Disney) e o grupo mexicano RBD, que protagonizaram a novela Rebelde. Quem serão os próximos "miojos"? Neste momento os executivos engravatados das gigantes corporações de entretenimento devem estar ocupados, selecionando mais um "miojo" e escolhendo o tempero ideal para conquistar o público.

Meus Deus! A que ponto chegamos? Cadê o bom e velho "espaguete", feito artesanalmente, com ingredientes meticulosamente selecionados, e que a gente consome com um bom vinho ao lado da namorada ou da família no almoço de domingo.

E o pior: quais as consequências de tanto "miojo" consumido por nossas crianças? A formação cultural delas estará comprometida, com certeza. Aliás, a formação cultural delas estará voltada única e exclusivamente para o consumo. Ou seja, para comprar mais e mais "miojos". Ou talvez, evoluir, para um "Cup Noodles".

A era "miojo" substitui a era dos enlatados. Até porquê (infelizmente) o "miojo" também tem produção nacional. Não podemos esquecer dos grupos de pagode, das mulheres-frutas, da festa no apê e do "axé music". A era "miojo" simboliza uma das consequências mais desatrosas do processo de globalização: o fim da identidade cultural dos nossos jovens.