MÁRIO DE ANDRADE – CARTAS DO MODERNISMO

Thiago Sabino
Pinturas, gravuras, desenhos e esboços contextualizam o conteúdo das cartas
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Rodrigo Machado · Brasília, DF
7/11/2014 · 17 · 2
 

Uma exposição de afetos, por Vitor Borysow

A partir das pistas registradas em cartas, a curadora Denise Mattar constrói um retrato do escritor Mário de Andrade, tão múltiplo e complexo quanto um de seus famosos versos, “Eu sou trezentos, sou trezentos e cinquenta”. A exposição “Mário de Andrade – Cartas do Modernismo”, em cartaz no Museu Correios, até 4 de janeiro de 2015, revela uma parte da extensa correspondência formada por 20 mil documentos (entre enviados e recebidos) que o escritor trocou com ilustres desconhecidos e com os mais importantes artistas e pensadores brasileiros de sua época.

A janela escolhida por Denise Mattar para olhar esse universo são as artes plásticas e a relação do escritor com os principais artistas do modernismo brasileiro, como Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Candido Portinari, Di Cavalcanti, Enrico Bianco, Cícero Dias e Victor Brecheret. A exposição busca caracterizar o ideário modernista de Mário de Andrade, assim como implantação e expansão do Modernismo no Brasil. Por isso são apresentadas também cartas que se referem ao tema na correspondência com os poetas Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade e Henriqueta Lisboa.

Além, das cartas, fazem parte da exposição pinturas, gravuras, desenhos e esboços, muitos dos quais foram presenteados a Mário de Andrade e fazem parte de sua coleção que hoje está abrigada no Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da USP.

Logo na entrada, os visitantes podem ler os fac-símiles (foto) –reproduções coloridas – de cartas enviadas por Di Cavalcanti, Victor Brecheret, Cícero Dias e Anita Malfatti. Esboços, poemas e desenhos acompanham os pedidos dos artistas à opinião do “meu muito querido” amigo. Di Cavalcanti, por exemplo, em um afetuoso poema, promete fazer um retrato do escritor, o qual nunca realizou.

Telas e desenhos de Tarsila do Amaral, esboços e gravuras de Lasar Segall, Cícero Dias e Ismael Nery dedicados a Mário de Andrade, capas de livros, fotografias e painéis informativos contextualizam a correspondência. Um dos núcleos é o do Primeiro Modernismo, que gira em torno dos artistas participantes da Semana de Arte Moderna de 1922, da qual Mário de Andrade foi um dos organizadores. Logo após a realização da Semana, muitos desses artistas partem para a Europa o que motiva o escritor, sozinho no Brasil, a escrever a todos incessantemente, pedindo notícias e conclamando-os a voltar.

Outro núcleo da exposição corresponde ao Segundo Modernismo, em especial à relação do escritor com Cândido Portinari. A tela “O Violinista” de 1931, presente na exposição, marca o início da admiração de Mário pelo jovem pintor. A obra de Portinari pertence hoje à família do violinista retratado, Oscar Borgeth. Há tempos não era exibida ao público e foi resgatada graças à pesquisa da curadora.

Mário e Portinari ficaram amigos – relação estreitada no período de 1938 a 1941, quando o escritor muda-se para o Rio de Janeiro – e trocaram longa correspondência. Entre os fac-símiles das cartas, o público pode ler a correspondência de 1941 na qual o crítico comunica ao amigo sua decisão de voltar a São Paulo, amargurado com a situação política e artística do país.

Outro testemunho da mútua admiração é o belo retrato de Mário de Andrade feito por Portinari. O público pode observar a tela enquanto escuta à leitura da carta enviada pelo crítico ao pintor, na qual ele comenta sua fascinação pela obra. Da mesma forma, ao lado de telas de Anitta Malfatti, Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti e Enrico Bianco, o público pode escutar a leitura das cartas correspondentes, feita pelo ator João Paulo Lorénzon.

Os visitantes são convidados também a interagir com a instalação de Guilherme Isnard e Rafael Renzo. Ela faz alusão aos 20 mil documentos que compõem o conjunto da correspondência acumulada pelo crítico com a reprodução em quantidade similar da transcrição de cartas de Mário a Tarsila do Amaral, Anita Malfatti, Portinari, Drummond e Manuel Bandeira.

São seis modelos diferentes de cartas que o público pode ler e levar para casa, desde que deixe também sua missiva para o escritor. Para garantir o envio ao destinatário, uma antiga caixa dos Correios recebe as contribuições dos visitantes.

“Mário de Andrade – Cartas do Modernismo” é uma exposição para ir sem pressa, porque é na leitura/escuta das cartas que o visitante pode juntar as partes que compõem esse retrato de Mário de Andrade, como um quebra-cabeça, revelado pela curadora Denise Mattar.

até 4/01/2015
terça a sexta-feira, 10h às 19h
sábado, domingo e feriados, 12h às 18h

Museu Correios
Setor Comercial Sul, Quadra 4, Bloco A, 256 - Brasília - DF
tel.: 961) 3213-5076
museu@correios.com.br

entrada franca
classificação: livre

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Vanessapretty
 

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Vanessapretty · Santanópolis, BA 10/3/2016 22:19
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Silvia Araújo Motta
 

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Silvia Araújo Motta · Belo Horizonte, MG 29/11/2016 08:02
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Telas e fotos testemunham a amizade entre Mário de Andrade e Portinari zoom
Telas e fotos testemunham a amizade entre Mário de Andrade e Portinari
Público pode escutar cartas correspondentes aos autores das pinturas zoom
Público pode escutar cartas correspondentes aos autores das pinturas
As cartas enviadas por Mário são lidas por um ator zoom
As cartas enviadas por Mário são lidas por um ator
Instalação convida o visitante a interagir com a exposição zoom
Instalação convida o visitante a interagir com a exposição
O visitante pode levar cópia das cartas de Mário se deixar uma de próprio punho zoom
O visitante pode levar cópia das cartas de Mário se deixar uma de próprio punho
Denise Mattar, a direita, com sua amiga e também curadora Marília Panitz zoom
Denise Mattar, a direita, com sua amiga e também curadora Marília Panitz

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