Mas é uma palhaçada mesmo...

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Thiago Perpétuo · Brasília, DF
8/9/2006 · 53 · 5
 

Quem foi ao Teatro Goldoni neste final de semana pôde ver uma verdadeira palhaçada! E esta, aliás, foi a boa notícia da noite chuvosa da Capital Federal. A comédia “Bagulhar” (direção de Denis Camargo e Ana Flávia Garcia) contou com a presença marcante de um dos grandes artistas de Brasília, Zé Regino, que, aliás, segundo consta nos autos e baixos do teatro candango, é dos maiores especialistas na complexa arte de interpretar clowns, que, não raro, é capaz de fazer rir e chorar.

E foi isso mesmo o que aconteceu! Junto com Elison Oliveira, encenou as agruras de dois moradores de rua, na batalha cotidiana de (sobre)viver às intempéries do tempo, à falta de comida, ao universo de invisibilidade a que estão condenados os que pouco ou nada a tem neste mundo, talvez só mesmo uma garrafa ou duas de pinga para aplacar as dores usuais de quem se aventura pela vida.

Cara de palhaço, pinta de palhaço

Em palco, Zé Regino é um clássico. Deu vida ao mendigo “Micóbrio”, acertadamente o mais carismático. Carregava com este personagem a veia da simplicidade e do desleixo, da singeleza e da inocência. Tanto que compartilhava as folhas de jornais, que o protegiam do frio da noite, com seus sapatos, a quem cobria carinhosamente. Difícil não nos remetermos ao olhar de Carlitos (o do cinema, leitor, pelamordedeus!!!) ou mesmo do Chaves; destes personagens mágicos que apanham da vida mas fazem crer, sem pieguices, que a tal da vida é, de alguma maneira, bela. Realmente bela.

O contraponto era o mal-humorado – mas nem por isso menos bem quisto – personagem interpretado por Elison Oliveira, que se irritava com a presença de Micóbrio, mas dele se aproveitava, ora roubando-lhe objetos bagulhados no lixo, ora enganando-o na divisão da esmola pedida. Aliás, pediram esmola meeesmo!!! O melhor é que o público entrou no clima, e moedas foram jogadas aos montes. Entretanto, animados pelos personagens, o público começou a jogar notas, e então talões de cheques, e então carteiras, e bolsas... uma catarse bem humoradas que divertiu a todos.

Alma lavada

Enfim, uma comédia muito bela, muito bem executada pelos atores. O ponto fraco foi o tempo: a peça alongou-se em cenas que muito bem poderiam ser limadas. E ao final, onde os atores encerram as piadas para lembrar que a velha máxima “seria mesmo cômico, se não fosse trágico”, nem todo mundo entendeu.

Mas nada que tire o brilho da peça que tratou de maneira delicada uma situação sofrida que só ela. E a dupla de atores arrancou risadas até mesmo dos mais rabugentos espectadores da platéia (grupo no qual me incluo, imerso que estava na melancolia costumeira das noites de chuva de Brasília). Não demorou muito para afrouxar o riso, e me divertir com as situações de comédia pastelão. E se o nome disso é teatro? Talvez chamar de magia fosse mais apropriado!

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Daniel Duende
 

Mais uma grande matéria, meu rapaz! Mandou muito bem!
Vou lê-la novamente com mais calma depois do almoço, mas já de antemão vou lembrando: coloque uma foto que ela vai ficar ainda mais glamourosa.

Parabéns pra você, cara.

Abraços do verde.

Daniel Duende · Brasília, DF 5/9/2006 11:52
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Ana Cullen
 

Novamente um ótimo texto Thiago! Que bom que você está gostando daqui...

Ana Cullen · Brasília, DF 6/9/2006 01:01
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Thiago Perpétuo
 

Uma pena que não tenho fotos apropriadas!!! Meu celular não tira fotos com a configuração necessária... :(

Thiago Perpétuo · Brasília, DF 6/9/2006 11:50
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Daniel Duende
 

É... é uma pena. Mas nestas situações sempre vale a pena dar uma cutucada em alguém que estiver tirando umas fotos e perguntar, candidamente ainda que na cara de pau, "puxa, eu estou escrevendo uma matéria sobre este evento e adoraria usar uma ou duas fotos suas. Você poderia mandar pro meu email? Meu email é tal e tal... bla bla bla...". Além de conseguir fotos, vc ainda conhece pessoas...

É claro que nem sempre cola, mas não custa tentar... :)


abraços do verde.... e... mais uma vez... parabéns pelo texto. :D

Daniel Duende · Brasília, DF 6/9/2006 13:35
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Thiago Perpétuo
 

Beleza, Verde, tentarei... cara dura pra isso tenho de sobra, hahaha. Um grande abraço...

Thiago Perpétuo · Brasília, DF 8/9/2006 12:06
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