Não é de hoje que o espaço itaú Cultural na capital paulistana vem se destacando pela qualidade de suas exposições. Eu mesma, que não moro em São Paulo há mais de oito anos, tive oportunidade de ver ali o melhor da produção de arte multimídia em visitas esporádicas e, por isso mesmo, livre das expectativas.
Dessa vez, porém, a curadoria do espaço foi além e acertou em absolutamente tudo com a Bienal Internacional de Arte e Tecnologia emocão art.ficial 4.0 emergência.
Esse tipo de exposição já cativa por razões de caráter extra-plástico. Há nas instalações multimídias o "adendo" da interatividade. O lúdico dá sempre a primeira fisgada. Depois... bem, depois pode ser um desastre ou um enamoramento. No caso aqui, o enamoramento me levou ao casamento.
A variedade de trabalhos não é grande, mas o que falta em quantidade tem o acréscimo da inventividade. Gravam-se sons emitidos pelos visitantes (eu cantei!) que em seguida são reproduzidos aleatoriamente e simultaneamente num ambiente chieo de microfones e caixas acústicas; robozinhos simpáticos escaneiam e filmam imagens da sala onde estão e as remetem para um telåo logo na entrada da exposiçao. Assim, se você não se vê na entrada, provavelmente será visto por alguém que entrou depois na sala.
Os ambientes se sucedem e a vontade de interagir e criar, gerando um novo elemento para a mostra, aumenta. Existe um diálogo constante entre as obras/instalacões dos pr®prios artistas e entre tudo aquilo que é acrescido a essas obras/ instalações pelos visitantes. Conversa cibernética.
Destaco especialmente, por razões bem particulares (sou uma amante das palavras), o trabalho de Raquel Kogan. Seus áudio-livros me lançaram ao futuro. De repente, me vi diante do que seria uma biblioteca, ou uma livraria nos anos 2050 (?), se deixasse de lado a profusão de ruídos que sua instalação propositalmente gera. Uma sala de palavras. Livros de madeira são abertos e de dentro deles eclodem leituras de trechos de obras variadas. As favoritas escolhidas pelos convidados a lê-las. Variedade de línguas, de entonações, de interpretações, de pausas, de significados, de temas. Uma Babel feita de tecnologia. Bom... Foi aí que me casei.
Se você não teme o enamoramento e a entrega, não perca essa bienal.
Itaú Cultural: Bienal Internacional de Arte e Tecnologia: até 14 de setembro.
Milu,
Impossível nçao ter vontade de ir e enamorar-se, após ler seu texto fluido e sedutor.
Bjs,
Parabéns, sua capacidade de dar o toque foi de uma clareza que clareou a cuca de quem lê!
Alê Barreto · Rio de Janeiro, RJ 11/7/2008 09:46Para comentar é preciso estar logado no site. Faa primeiro seu login ou registre-se no Overmundo, e adicione seus comentários em seguida.
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