No último domingo 25, caminhando pelo Parque do Ibirapuera em direção ao palco do Motomix, começo a ouvir ininteligivelmente um anunciante e logo em seguida sons de música eletrônica chegam à mim antes que eu possa ver o local. Chegando de fato pouco depois das 14:30 fico contente em saber que assim como o Planeta Terra, as coisas no Motomix estão seguindo o horário. Depois do fiasco do TIM Festival, me parece que os organizadores de eventos brasileiros finalmente tomaram vergonha na cara.
Diante de uma platéia modesta e esparsa, o Coletivo Interligados Soundsystem se apresenta. Basicamente um Supergrupo de produtores e DJs, o Interligados consiste de uma grande mesa onde os membros executam uma jam session sem compromissos. A imprensa e organização parecem estar em maior número que o público, ainda em grande parte composto por transeuntes do parque, com suas famÃlias, bicicletas e cachorros. Acanhadas, as pessoas preferem ficar sentado ou conversando, apenas meia-dúzia dança. Com seus notebooks aliados a armas analógicas (como uma simpática maraca), o Coletivo faz seu trabalho bem, embora as pausas sejam longas demais.
Apparat e sua live band, a atração principal, se apresenta diante de um público maior (mas longe dos recordes do parque) e mais solto, mas igualmente relaxado e civilizado – elogiado pela organização. Apesar do som não estar na melhor qualidade possÃvel, a banda mais que compensa com uma performance impecável. Como bons alemães não se dão muito a frivolidades com o público, falando mais em Alemão do que no universal Inglês não dispensam o “obrrigadoâ€.
Terminado Apparat, Dudu Marote anuncia os vencedores do concurso “Novos Sonsâ€, Janete & Clair, de Belo Horizonte – cidade ovacionada por alguns membros da platéia. Cumprindo sua promessa de buscar “aqueles que trabalham em casa com poucos recursosâ€, o curador Marote selecionou uma dupla de guitarra e computador (sequer um estiloso notebook Macintosh – tratava-se de uma torre genérica de PC). Embora seja prematuro dizer isso, tal formação parece estar em ascensão, como Montage , UDR e Arrebite.
Com um som diferente, agradável e sem muitas firulas, algo como um loveliescrushing apimentado; Janete & Claire foi prejudicado pelo estranho line-up do evento. Após a saÃda dos alemães o público raleou um pouco e a cobertura da imprensa foi-se quase por completo. Ainda sim conseguem agradar, mesmo com um set modesto.
Composta por Lucas Miranda e Tiago de Macedo, a dupla ganhou força esse ano, tendo se apresentado já na Casa do Baile de Belo Horizonte e abrindo o Festival de Arte Digital, também em BH. Além da apresentação, a dupla seguirá essa semana participando de workshops e produzindo uma faixa em estúdio.
Durante o show do Apparat houve reclamação quanto à presença dos fotógrafos e cameramen no palco. Assim não foi autorizado a subir durante Janete & Claire para fotos melhores – o que me confundiu, pois entendi que era uma reclamação da banda, se a banda era outra, qual era o problema?
Para fechar o dia, Nego Moçambique sobe ao palco para arrancar o último suspiro de um dos públicos mais variados que já vi. Reclamando da não-passagem de som, ele ganha em simpatia ao anunciar que está um pouco envergonhado e espera estar agradando – o que o público calorosamente confirma.
Ao badalar das 18:00 o show é forçosamente encerrado, apesar dos protestos do público. E assim terminou o primeiro dia do festival. Bem-organizado, o Motomix acabou se provando uma bela intervenção no parque. O grande erro mesmo foi colocar Apparat como a segunda, e não a última atração.
Com consultoria de Camila Cortielha, Sérgio Rosa e Rafael Teixeira
Fotos no Flickr
Oi, Mafra, sugestões de edição:
- coloca os termos em inglês em itálico, é o costume quando a gente cita uma lÃngua estrangeira. :)
- eu prefiro o padrão de horário assim: 8h30, porque dois pontos para mim é sinal matemático de divisão. ;)
- os links para o Sérgio e eu estão invertidos. :p
O formato da hora vou manter por birra
Fernando Mafra · São Paulo, SP 27/11/2007 00:09
FERNANDO MAFRA...
Sou da área!
Trabalho bonito... Bom registro!
Leia uma reflexão:
"Nas periferias das citadas selvas ou grandes cidades, surgem as novas “tribos urbanas†- vestidas de contracultura. Elas simbolizam as rupturas dos velhos nichos ecológicos e provam que a espécie humana, caminha nos passos do jacaré, da formiga ou do piolho. O efeito dominó já contamina a sociedade pseudo-harmoniosa e puritana. Alguns gritam: não me toques! Muitos alegam que acontecerá a divisão natural em todos os aspectos e a ultrapassada sociedade elitista, sucumbirá no processo gradual da evolução. Os descendentes dos primatas continuarão em harmonia? (Lailton Araújo)
Votado! Bem votado!
Abraços.
Lailton Araújo
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