Não há como não comparar as mudanças no festival musical da Motorola com relação à última edição. São brutais. Para começar, enquanto que ano passado ele era espalhado por vários dias e lugares de São Paulo, sendo que apenas um deles era gratuito e no Parque do Ibirapuera; este ano a empresa resolveu apostar todas as suas fichas em um único evento.
Além disso, a cobertura da imprensa foi bem mais presente, com diversos veículos disputando espaço na sala de imprensa e no fosso. Aliás, a evolução da própria sala de imprensa reflete isso, agora devidamente equipada com computadores, conexão, comes e bebes e alguns telefones MotoROKR para a imprensa avaliar.
Infelizmente não cheguei a tempo da primeira banda. Assim será impossível avaliar a qualidade da apresentação do Venus Volts. Já Stop Play Moon brindou o público, ainda relativamente pequeno e espalhado, com simpatia e competência. O histórico ligado ao mundo da moda pode passar a falsa impressão de esnobismo e excesso de pose, mas não é isso que vemos no palco. O setlist foi excelente e Geanine Marques sabe se conectar com o público melhor do que muitas atrações internacionais. Até os mendigos tiveram sua vez (lembranças do show de Miele na Virada Cultural). Entre as atrações, o espaço era preenchido pela excelente discotecagem de Killer on the Dance Floor.
A terceira banda, definida como um “Ludov do cerrado” por um espectador não-identificado, Nancy é o oposto de SPM. Conseguiu colocar para baixo até Edgar, o mestre de cerimônias, que ao final da apresentação resumiu: “Legal, né?” Não é uma questão da música ou da banda serem ruins, o EP que avaliei é bom, Keep Cooler é excelente. Mas no palco a banda trava, não há conexão com o público, Camila Zamith pode ser a vocalista, mas não é líder de nada. Não há sequer aquela simpatia desengonçada de bandas cheias de vergonha. Nem a própria banda compreendeu o comentário de Camila sobre o Sol. A única energia da banda vinha de Praxis, que precisa fechar a boca, e Dreaduardo, que fica preso atrás da bateria. A impressão que ficou é de que tocam pois é o que sabem, não o que amam.
Simpatia desengonçada é justamente o que trouxe a primeira atração internacional, Fujiya & Miyagi. Com cara de suecos, a banda inglesa segurou o público que se multiplicava ao entardecer até a chegada da banda mais empolgante do planeta, The Go! Team. Mesmo há 48 horas sem dormir, a banda não parou quieta um minuto no palco. Apesar de ingleses, uma mistura praticamente brasileira de pessoas e duas baterias, cheia de energia e simpatia. Fechando o dia, que já virara noite há muito tempo, Metric começou acanhado com uma dança robótica sensacional de Emily Haines, mas logo o gelo cool se partiu e ao final foi a única banda que rendeu biz.
Extremamente pontual e organizado, o festival foi um sucesso. O line-up poderia ter sido organizado melhor, já que por exemplo Metric e SPMoon pareciam mãe e filha. Considerando que o público aumentou vertiginosamente quando começaram as atrações internacionais, seria interessante alternar e realmente projetar os artistas novos. Além disso, Go! Team é um dilema, por um lado seriam ótimos para fechar, por outro, seria bom vê-los em um show menos lotado durante a tarde, com o público pulando e brincando, tal qual a banda.
A concentração de tudo em um único evento é uma faca de dois gumes, pois tirou o aspecto único do Motomix, e o show no parque perdeu aquele clima descontraído presente na edição do ano passado, mas também criou um dia memorável. E as supostas interações com Bluetooth (estampadas em adesivos) não aconteceram comigo. Além das músicas também havia o visual com projeções dos trabalhos enviados ao festival e a presença das caçambas com intervenções. Resumindo, Motomix 2008 foi um festival de primeira linha a ser usado como referência. Além da qualidade, era de graça, vai ser difícil ganhar disso.
Muito legal, Mafra, sua volta ao evento. Este tipo de cobertura em retrospectiva sempre rende bastante...
Uma dúvida só: que história é essa de os mendigos participarem? Tanto no Motomix quanto no show do Miele, não entendi direito a referência... Abração!
Thiago, essa história do mendigo ficou no vácuo pois não falei nada da virada, que vergonha.
Mas durante o show do Miele lá, um mendigo ficou conversando com ele até o Miele cansar e mandar os seguranças arrastarem o cara. No Motomix um mendigo se apaixonou pela vocalista do SPMoon e ela correspondeu com beijos e gestos. Uma atração à parte.
Tomara que se use mesmo como referência!
Mi [de Camila] Cortielha · Belo Horizonte, MG 2/7/2008 10:40Para comentar é preciso estar logado no site. Faa primeiro seu login ou registre-se no Overmundo, e adicione seus comentários em seguida.
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