Múltiplos Olhares para Alma Corsária

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Redação Overmundo · São Paulo, SP
20/2/2013 · 26 · 0
 

Foi uma vivência coletiva.
Imagine só um grupo de quatro amantes da arte realizando um percurso de algumas horas em Belo Horizonte. A cidade, diversa e em sua plena efervescência cultural, oferece opções contemplativas a quem deseja aproveitar atividades que possibilitem inúmeras reflexões, a partir de um único evento ligado à cultura. É o caso do projeto Cinema Em Transe, realizado no Sesc Palladium, que exibiu ontem (19/02) o filme “Alma Corsária”, lançado em 1993, e dirigido por Carlos Reichenbach. O longa-metragem traz a narrativa de dois poetas e amigos de infância, contada em vários momentos de suas vidas.

Os planos de fundo de “Alma Corsária” agregam referências da História brasileira, moralismo, literatura, transformações antropológicas, resiginificação da vida noturna, prostituição, desigualdade social, além da amizade como vitrine do contexto político. Então, os quatro amadores da arte, incluindo a pessoa que vos escreve, expõem suas perspectivas e promovem links diretos entre a verossemelhança abordada pelo filme e a nossa realidade vigente - de 50 anos mais tarde.

O tempo.
O filme retrata a história da amizade de dois poetas que lançam um livro a quatro mãos. No cinema brasileiro destacou-se como um dos principais diretores da “Boca do Lixo”, que teve foco de produção a região central de São Paulo, e abordagem de temas marginais como violência, prostituição e suicídio.

Importante destacar na película apresentação de um inventário de três décadas da história brasileira. Temas como ditadura militar e a repressão vivenciada na sociedade brasileira e a amizade de dois amigos de infância. A todo momento conta com a presença de vários tipos humanos, como um suicida em potencial. Enquanto a festa avança, a narrativa volta ao passado e revela a origem dessa amizade.

A noite da gente.
Os bares aparecem no filme como cenários fundamentais. Abrigos, catalisadores e promotores de novas ações significativas e transformadoras. Amigos compartilhando penas, honrando a farra, para salvar o desconhecido do abismo, ou simplesmente tomar uma bebida com os seres do "submundo". Não é coincidência que os amados amigos escolhan o boteko chamado Pastelaria Espiritual. Não é apenas para comer ou beber, se não criar um espaco conjunto no qual os personagens urbanos: artistas, prostitutas, imigrantes e estudantes se misturam e ao mesmo tempo se expressão. "Nunca se deixa o bar do mismo jeito que entrou" se poderia adicionar as placas de certos bares tanto São Paulo, Buenos Aires, como Guatemala cidade.

Os bares e espaços de ocupação e troca vital de ideias em toda a América Latina. Redutos onde permitido, cada vez menos, que os extremos da cultura se possam reunir, acariciar e dar uma retroalimentação. No filme um piano suave magistralmente executado por um dos paroquianos de gira 360 graus e nos desafia quando a câmera encontra um fisiculturista regozijando e exortando-nos a admirar suas curvas. Tudo em o mesmo boteco e a cambio de um pequeno preço de um copo de cerveja ou uma cachaçinha.


Meu corpo. Autonomia social?
Na historia, é notável o paradoxo entre as classes sociais. É revelado pelos personagens a busca pela sobrevivência estabelecidas através das relações de poder; conquistadas ou impostas.

As classes ditas marginalizadas, são reféns deste sistema capitalista, sujeitas a prostituição, ao descaso e até a falta de oportunidades. O filme relata bem as diferenças entre Augusto dos Anjos e Cesario Verde, estabelecendo comparações a respeito de seus adeptos e sua literatura, onde o poder economico é uma forma de divisão até mesmo de ideias e buscas ou entre o clássico e o erudito e tambem entre questões de género.

A fim de revelar estes estereótipos, o autor retrata as limitações de cada personagem de maneira que suas vivências diárias não os torna descontentes, nem tão pouco a procura de mudanças, mas de tal forma a corresponder com um mundo onde cada um é refém de um sistema econômico mal estabelecido e vigente na época referida, meados de 1950 (e até nos dias atuais).

Redatores: Florencia Goldsman, Cida Correa, Phyl D. Martins e Valdir Costa.

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