André Deak
Durante muito tempo se convencionou dizer que havia apenas dois tipos de jornalismo: o bom e mau jornalismo. Entretanto, o bom e velho jornalismo, puro e simples, está cada vez menos simples e mais velho. As novas tecnologias já começam a obrigar – e até há pouco o verbo era possibilitar – mudanças na forma como as notÃcias são produzidas.
Recentemente, num seminário em São Paulo – o MediaOn – Michael Rogers, futurista do New York Times (uma espécie de estudioso de novas mÃdias) disse uma dessas verdades absolutas que poucos costumam perceber. Hoje em dia, disse ele, pode não ser comum que um jornalista seja capaz de produzir ou editar texto, foto, áudio e vÃdeo. Mas os jovens jornalistas já fazem isso. E são esses jovens que, em 20 anos, estarão nas chefias das redações do mundo.
O mesmo raciocÃnio – apesar de mais contundente – segue Julian Gallo, editor do blog Mirá e um dos finalistas do prêmio da Fundación Nuevo Periodismo Iberoamericano 2007 com um texto publicado no La Nacion chamado "Um novo jornalismo". Ele diz que "na essência, uma história publicada hoje na internet segue sendo produzida da mesma maneira que se fazia historicamente nos meios impressos. O autor faz o importante (escreve) e outras pessoas se dedicam a ampliar ou enriquecer o texto com desenhos e conteúdos. Esta forma de trabalho concebe um autor com um só talento: escrever. Assim, se impõe que outro alguém fará a diagramação, outro fará fotos, outro escolherá as fotos, outro fará vÃdeos e áudios para que outro edite para que, finalmente, um técnico coloque tudo junto. Uma estrutura desse tipo confere a um jornalista menos habilidades do que tem um adolescente de 16 anos que faz seu blog".
É claro que ser capaz de produzir em várias mÃdias não quer dizer que o jornalista será obrigado a produzir em várias mÃdias. Américo Martins, editor-executivo para as Américas do serviço mundial da BBC, diz que houve um tempo, há alguns anos, em que se imaginava que isso seria comum, mas as redações descobriram que é impossÃvel mandar um jornalista para o campo com uma "maleta multimÃdia" e esperar que ele mande textos em tempo real, grave uma áudio-reportagem e ainda apareça no noticiário da noite, na TV, com uma reportagem contextualizada. A idéia de que um jornalista fará o trabalho diário de três (rádio, online e TV) já se mostrou inviável. Entretanto, o próprio Américo lembra que a BBC enviou um “multi-homem†para cobrir a guerra no LÃbano e teve um bom resultado. Eles apenas não cobraram matérias diárias – o enviado fazia entradas diárias apenas no rádio e online, mas gravava para a TV em intervalos de alguns dias.
No Brasil, a experiência do repórter multimÃdia ainda está no inÃcio. A Agência Brasil é das poucas redações cujos mesmos repórteres produzem tanto para as rádios da empresa quanto para o online, em tempo real. As dificuldades não são poucas – mas o resultado é que temos uma equipe de repórteres perfeitamente capacitada para executar pautas diárias em ambos veÃculos (e alguns poucos fazem inclusive TV – não diariamente, claro).
O resultado de repórteres capacitados para várias mÃdias é benéfico em vários nÃveis. Uma operação jornalÃstica multimÃdia pode oferecer uma história no melhor formato possÃvel, seja ele qual for. Pode-se, por exemplo, gerar um tipo de reportagem que é a soma de vÃdeo, áudio, texto, foto e infografia, oferecendo ao cidadão a compreensão mais completa possÃvel de um assunto – como tentamos fazer com a reportagem especial sobre o Rio Madeira. Mas o verdadeiro desafio é criar não apenas a soma das plataformas, mas a fusão delas. Isso significa criar um tipo de reportagem que não é mais simplesmente vÃdeo, texto ou áudio, mas a mistura disso tudo. O uso do recurso conhecido como hipervÃdeo é uma das experiências que fizemos nesse sentido, na reportagem sobre consumo consciente. (E quem quiser ler sobre esse processo pode acessar esse texto aqui)
E já há quem exija mais, pelo menos para testar alguns limites. A BBC terminou no inÃcio de julho o que chamou de "experiência turca". Enviou o jornalista britânico freelancer Ben Hammersley para cobrir as eleições legislativas da Turquia. Além de gravar para a BBC World e BBC News 24, ele fez um teste utilizando ferramentas da web 2.0, colocando suas impressões no seu blog, Flickr, YouTube, del.icio.us e Twitter. "A idéia é expandir a reportagem e possivelmente alcançar novas audiências de novas maneiras", diz o editor Richard Sambrook. Ainda Sambrook: "Não é algo que todo repórter da BBC pode ou deve fazer. Ben é particularmente experiente no uso da internet e sites sociais desse tipo".
A BBC considerou interessante testar o limite do repórter, verificar o quanto ele é capaz de oferecer além de reportagens comuns. Todas as notas, métodos, entrevistas e problemas da apuração foram colocadas online. No YouTube, você descobre como um mal-contato num cabo do satélite quase acabou com toda a transmissão. "Esperamos que isso abra uma janela sobre como as reportagens internacionais são feitas. Não é perfeito, mas quebra o molde tradicional dos correspondentes internacionais", diz o editor.
O modelo homem-multimÃdia pode não ser o ideal, mas o antigo modelo de reportagem está acabando. Para citar outro exemplo: a Agência Brasil decidiu fazer a cobertura do Seminário Internacional de Diversidade Cultural em um blog, e não somente com reportagens tradicionais. A avaliação geral é que o resultado foi muito melhor.
Tendo esse novo passo em vista, muitos dos grandes grupos de comunicação estão unificando inclusive fisicamente suas redações. Jornais como o Daily Telegraph – exemplo mundial de integração multiplataforma – se organizam agora para receber e produzir notÃcias, independente do veÃculo. Você não tem mais os jornalistas da TV ou os jornalistas do rádio, você tem jornalistas.
Arthur Sulzberger, dono do New York Times, disse em Davos, na SuÃça, durante o Fórum Econômico Mundial, algo que elucida um pouco o futuro do qual estamos falando. Perguntaram a ele se, com a constante erosão da imprensa escrita, ele achava que em cinco anos o New York Times ainda seria publicado.
"Não sei, mas sabe o quê? Eu não me importo", disse. Ele explicou que está focado na melhor maneira de fazer a transição para a internet. O Times já tem mais assinantes online (1,5 milhão por dia) do que assinantes do jornal impresso (1,1 milhão). Sulzberger disse que o New York Times começou uma longa e dura jornada que irá terminar no dia em que a empresa decidir parar de imprimir jornais. E então o ciclo estará completo.
Muitos se recusam a enxergar, mas é fato: a velha mÃdia e a velha maneira de fazer jornalismo está morrendo. Cabe a nós ajudá-la a morrer mais rápido, ou sermos enterrados juntos.
Oi André, muito legal o seu artigo no Overmundo. Aliás, o blog da Agência Brasil sobre o seminário de Diversidade Cultural ficou muito bom, mostrando mais agilidade e flexibilidade de linguagem do que as coberturas "tradicionais".
ronaldo lemos · Rio de Janeiro, RJ 7/7/2007 11:14Ah, e no melhor espÃrito do novo jornalismo colaborativo, sugiro dar um espaço entre os parágrafos do texto para facilitar a leitura. Abs!
ronaldo lemos · Rio de Janeiro, RJ 7/7/2007 11:15
Oi Ronaldo, legal. Acabo de dar uma atualizada no texto, justamente para corrigir isso. Legal que você acompanhou o blog da diversidade, foi uma primeira experiência, ainda com muitas falhas, mas tentando acompanhar os novos tempos do jornalismo. IncrÃvel como a cobertura em formato blog pode ficar muito melhor do que no velho estilo texto-foto.
Já adianto: 50 jovens farão na Agência Brasil um blog jornalÃstico sobre o Pan. Fechamos uma parceria com a Revista Viração. Achamos que dará um bom material, colaborativo, complementando a visão dos jornalistas. Vamos ver no que vai dar.
Muito interessante seu texto e análise das transformações pelas quais passa o jornalismo. Importante esse conhecimento multimÃdia, principalmente para atingir o maior público possÃvel. Só temo que essa capacidade venha a ser usada apenas como forma de economia - como já vemos em algumas empresas, que divulgam em várias mÃdias o mesmo material produzido por um jornalista. Não há preocupação com diferentes linguagens, aperfeiçoameento no trabalho, maior aproximação do público.
Mas espero que esses empresários também sejam "enterrados" por esse novo - e não tão simples - jornalismo.
Quanto à cobertura do Pan, fico feliz com a parceria entre a Agência Brasil e a Viração. Tive o prazer de conhecer a revista no perÃodo em que trabalhei no Portal Viva Favela, do qual ela se tornou parceira também.
Melhor ainda descobrir essa fase de mudanças e crescimento da Agência Brasil. Parabéns pra vcs!
Tetê, na verdade não vejo problema em divulgar em várias mÃdias o material feito por um único jornalista (como no caso da BBC que eu citei) - contanto que ele tenha plenas condições para fazer isso (equipamento, treinamento, tempo, salário).
E que bom que gostou do texto e das mudanças na Agência Brasil! Obrigado
Deak, eis o ponto que esqueci de enfatizar: minha crÃtica é justamente porque, em geral, o salário pago faz jus a uma mÃdia apenas - e olhe lá! Além disso, não há preocupação na linguagem diferenciada que cada mÃdia requer, como vc bem exemplifica no texto. Às vezes, é só um copia e cola! :-)
Tetê Oliveira · Nova Iguaçu, RJ 7/7/2007 18:27
Bela análise...o que ainda acho que precisamos melhorar é na questão das narrativas, quem sabe o LEAD seja enterrado também.
Outro aspecto é a questão trabalhista dos jornalistas. Esse papo de super-jornalista-midiático será sinônimo de exploração? ou como destaca no texto: distribuir a informação por novos meios e atingir outros usuários?
Agora, acho que faltou ressaltar que nessa conjuntura muda também o perfil do jornalista. "Você não tem mais os jornalistas da TV ou os jornalistas do rádio, você tem jornalistas." Talvez no futuro bem próximo: jornalistas-gestoresinformacionaismultimidiáticos.
Tetê e Yuri, acho que esse é um ótimo debate: será que fazer para várias mÃdias é sinônimo de exploração? Tendo a achar que não, que a profissão deve evoluir para o tal "jornalista-comunicador-na-mÃdia-que-tiver-à -mão". Claro, ninguém diz que é para trabalhar 25 horas por dia, mas já dá para, hoje mesmo, fazer muita coisa - para várias mÃdias - em 8 horas normais. E, claro, não menos importante: qual a linguagem para uma nova mÃdia? (quem não teve tempo de ver, sugiro veementemente a experiência de hipervÃdeo que fizemos, e o texto que escrevi no meu blog)
Deak · BrasÃlia, DF 7/7/2007 18:40Fantástico texto. Adorei especialmente a coleção de referências, muito informativo!
DaniCast · São Paulo, SP 9/7/2007 15:34"O que a Radiobrás está fazendo agora é extremamente importante para o movimento internacional do Creative Commons, porque é uma instituição de credibilidade que está reconhecendo que o verdadeiro valor de sua contribuição para a cultura é dar ao povo acesso a conteúdos em que ele pode aprender e utilizar no próprio trabalho criativo. Acho que o Brasil está, mais uma vez, ensinando o resto do mundo algo importante sobre o que a criatividade pode significar nesse meioâ€, afirmou Lawrence Lessig, autor de Free Culture, e criador das licenças Creative Commons, em entrevista a Roberto Romano Taddei, um dos co-autores desse projeto de reformulação editorial da Agência Brasil, durante o ISummit.
Savazoni · BrasÃlia, DF 9/7/2007 15:47
Muito bom o texto e ótimo ver que o que senti falta já está sendo discutido nos comentários: a questão da exploração e da capacitação. Fico imaginando o que os fotógrafos profissionais, por exemplo, pensam quando vêem a disseminação (que para eles deve ser 'banalização') de fotos sendo feitas por repórteres-radialistas-tudo-ao-mesmo-tempo-agora. Concordo com a Tetê quando ela diz que a exploração já existe em uma mÃdia só. Então, dá para entender se o povo das redações estiver pessimista quanto a este futuro (presente?) multimÃdia... Não só pela perspectiva pessimista de mais trabalho, como pela possibilidade de isso resultar na demissão dos que não se adaptam (e 'passaralho' é sempre triste).
De todo modo, vejo esse teu texto como uma reflexão de longo prazo de deve ser lida por jornalistas de todo estilo ou geração. E vamos acabar com esse comentário enorme que tenho todos esses links que você aponta para explorar. :)
Eu acho, Helena, que os grandes fotografos tambem trabalharam de forma integrada, fazendo reportagens fotograficas sem a necessidade de texto ou, como ja existe, com a necessidade minima do material escrito. O foto-jornalismo tambem vem sofrendo mudancas com as possibilidades do uso da imagem em flash. Alem disso, aquela ideia de imagem que resume a materia cai por terra. Quantas e quantas imagens os fotojornalistas produzem que, simplesmente, vao para o acervo do jornal e que raramente vao para os olhos do publico?
Mas, outra questao que eu tenho a fazer ao Daniel eh sobre a reportagem multimidia. De verdade, ela eh trabalhosa e nao se aplica a cobertura de eventos em tempo real. Vc acredita nisso ou ha uma solucao para que um unico jornalista produza uma materia com o nivel de interatividade da que vcs produziram para o factual diario?
Bem, na minha singela opiniao, de quem esta jornalista e tem tentado de alguma forma agregar varios formatos na producao de materias, pelo menos na internet, usar as inumeras possibilidades de forma a produzir um unico material, como voces produziram, ainda eh dificil.
Nossa, meu texto esta confuuuuuuuuuuso. Mas, acho que da pra entender...
Roberto Maxwell · Japão , WW 10/7/2007 12:59
É, André. A discussão sempre volta pro mesmo lugar: o bolso. Pena que ninguém se toca que, de novo, quem faz melhor e faz o que é desejo do consumidor/usuário (ou o que vc quiser chamar) é quem vai ganhar. Os designers também têm esse problema, porque nossa ferramenta é universal e todo mundo tem acesso. Os menos inseguros é que se conformam que, quem faz melhor não faz pelo dinheiro, faz porque não consegue fazer diferente.
E o dinheiro vem, fazer o que?
Roberto, acho que naquele nÃvel - o das reportagens especiais - não dá pra fazer tempo real. Mas reportagens mais factuais, mais simples, podem sim ser entregues em vários formatos pelo repórter. O experimento da BBC mostra isso - num nÃvel enlouquecedor para o repórter (mas foi só uma experiência, não é para ser modelo).
Sobre fotógrafos, tem uma grande discussão sobre o futuro dessa profissão. Com certeza algumas coisas vão ter que mudar. Por exemplo, em várias redações, os fotógrafos fazem também os vÃdeos que vão para a internet. Ou editam as fotos enviadas pelo leitor. Ou as duas coisas.
Pois eh, eu acho que, o fotojornalista deve mudar seu perfil bastante. Mas, editar fotos dos leitores eh meio triste, nao? Mas, eh isso que eu estou comecando a experimentar. Em todas as coberturas que eu vou levo a camera de video para registrar a entrevista. A revista para qual eu trabalho ainda nao migrou para a internet. Por isso, uso o material no blog q eu produzo. Como eu nao gosto do formato da materia televisiva, quero dizer, do formato imagem-off-passagem, ainda nao sei qual o caminho ideal. No momento, tenho apenas utilizado as entrevistas com cortes e cartelas entre os cortes, de modo a tematizar as falas. Tambem nao tenho um padrao grafico, visto que nao sei produzir grafismos bacanas. Enfim, no meu blog tem umas pistas e esta tudo muito recente, muito no inicio. Mes que vem pretendo aprofundar isso em uma viagem que vou fazer pelo Japao de trem. Sugestoes sao bem-vindas.
www.robertomaxwell.com
Roberto, dá uma olhada nesse trabalho aqui, da empresa MediaStorm. Especialmente o mini-documentário BloodLines, feito por um fotógrafo. Veja como ele explora novas formas de vÃdeo (sem passagem!)
Deak · BrasÃlia, DF 10/7/2007 13:59Bem, Deak. Excelente documentario. Mas, eu acho que eu ando tergiversando. Eu fico me questionando onde esta a fronteira entre o jornalismo e o documentario. E acho que a unica barreira entre eles no meu trabalho, sou eu mesmo. Acho que o seu link me deu uma luz: porque nao produzir jornalismo com a minha experiencia de documentarista. Acho que eu tenho um respeito tao grande pela arte cinematografica que ainda nao enxerguei que eh possivel conjugar as duas coisas de algum modo. Valeu.
Roberto Maxwell · Japão , WW 10/7/2007 14:49Sinceramente não vejo grande novidade no formato, mostrar a mesma notÃcia em diversas mÃdias. Entendo que a “novidadeâ€, estaria no fato de que um único jornalista seria responsável em cobrir um evento com todo o mecanismo midiático possÃvel. Concordo quando tocam no ponto da exploração e competência. Exploração que (aà sim) não é nenhuma novidade e a dificuldade de se encontrar especialistas em tantas “modalidadesâ€, minha formação acadêmica, pelo menos, não me deu isso. Além disso, não acho que unir áudio-visual-on-line-e-tudo-o mais enterrará o bom e velho jornalismo, e nem deve. Como você mesmo disse André, essa comunicação multimÃdia pode ser viável para notÃcias rápidas, mais diretas, e aà que está a questão crucial, no meu ponto de vista: a notÃcia rápida deixará de ser superficial (ainda que necessária) se vier acompanhada de tantos recursos? Eu acredito que haverá espaço para o “novo†e o “velho†jornalismo, e eu aposto minhas fichas no futuro do “velhoâ€, nas grandes reportagens impressas, na parceria entre repórter e fotógrafo, e nos documentários, na narrativa envolvente, humana e de profundidade. A questão não é puramente técnica, mas também filosófica. E salve-se quem puder! Desculpe o comentário longo e confuso, isso é o que faz querer fazer tantas coisas ao mesmo tempo :) Abraços!
Erika Morais · São Paulo, SP 10/7/2007 15:19Erika, concordo contigo: o jornalismo em tempo real é mais desinformativo que informativo - seja em que mÃdia ele vier. Acho também que o bom jornalismo nunca perderá importância, mas o velho jornalismo eu não tenho tanta certeza. Por que fazer uma grande reportagem impressa se você puder fazer uma grande reportagem multimÃdia? (incluindo aà o texto, longo e denso, se for preciso). Por exemplo, o Clarin foi escolhido como finalista do prêmio da Fundacion Nuevo Periodismo com um multimÃdia humano e profundo: Carmen de Patagones
Deak · BrasÃlia, DF 10/7/2007 16:33
Peguei lá no G-Jol. Quem fala é um filósofo francês. É sempre bom prestar atenção em filósofos franceses:
"Assistimos a uma desmediatização. É um fenômeno que se observa com os blogs, Internet. As pessoas praticam entre si uma auto-informação, conquistam a democracia, que se exerce, evidentemente, em detrimento de uma corporação, de uma maneira que tem seu calendário, seus usos, suas fraquezas. Eu não penso, portanto, que isso seja o fim do jornalismo. Vai reaparecer o jornalista questionador, o jornalista especialista, aquele que reúne a memória à atualidade (...) O jornalista não está destronado. Ele encara uma forte concorrência que nasce da pressão democrática, instrumentalizada pelas novas médias. A imprensa está desafiada a se requalificar profissionalmente."
Viva a palavra. "Novos jornalistas" não chegarão aos pés de descrições de um Gay Talese ou de um Joel Silveira. Podem carregar todas as traquitanas possÃveis: o "novo jornalista" será um eterno medÃocre em todos os quesitos, não vai filmar, não vai entrevistar, não vai escrever decentemente. Parece que não sabem que a base da comunicação na internet é só o alfabetozinho, esse pobre arroz com feijão capaz de milagres. O conceito de novo jornalista vem a calhar para os analfabetos que pululam em redações, blogs e afins.
Marcus Assunção · São João del Rei, MG 10/7/2007 19:48Pela definicao do Marcus e da Erika, estou entendendo que o bom eh apenas o jornalista que apenas sabe escrever (ou ate que apenas saiba dominar outros meios, mas apenas um soh). Pelo que eu estou entendendo, existe uma hiper-valorizacao da palavra escrita, da reportagem escrita, como se nao se pudesse fazer bom jornalismo com imagens, sejam elas fotograficas ou em movimento. Alem disso, acho que eh subestimar a capacidade das pessoas achar que um individuo nao eh capaz de trabalhar com varias midias e faze-las dialogar de forma inteligente e eficaz. Mais uma vez, eh o preconceito com as imagens e a ditadura da palavra escrita. Alias, a contemporaneidade fez provar que a palavra escrita pode ser tao banal quanto uma foto de maquina digital. Ou tao rica. Vai depender de quem a produz. No passado, quando apenas os "iluminados"/"escolhidos" adentravam no universo de uma redacao de jornal/revista para ter a honra de escrever o que iria se tornar verdade absoluta, cabia a "marginalia" ler e concordar. A internet acabou com essa ditadura, principalmente a do texto impresso/jornalista detentor da verdade. E o proximo passo, ja em processo, vem dismistificando (eh assim q escreve?) a TV e o cinema de 35 mm como unicos produtores de imagens de longo alcance de publico. Internet, interatividade, multimidias nao sao a "salvacao" do jornalismo, nem garantia de qualidade. A peca mais importante eh aquela que esta na frente do aparelho, seja ele um supercomputador ou uma velha maquina de escrever.
Roberto Maxwell · Japão , WW 11/7/2007 00:13Jornalismo é 'convergência' daqui pra frente. Seja como mÃdia, propriamente dita, ou jornalista/repórter... Muito bom seu post, só não gostei do finalzinho: "Muitos se recusam a enxergar, mas é fato: a velha mÃdia e a velha maneira de fazer jornalismo está morrendo. Cabe a nós ajudá-la a morrer mais rápido, ou sermos enterrados juntos". Termino o curso de Jornalismo no próximo ano, ainda sonho em beber dos últimos resquÃcios de um jornalismo romântico, apaixonado e, sobretudo boêmio... enfim, o bom e velho jornalismo, como você bem disse. Um abraço.
FILIPE MAMEDE · Natal, RN 11/7/2007 11:03Caro Marcus, Paulo Coelho vai sempre vender mais que Guimarães Rosa, mas Glauber Rocha conseguiu falar com muito mais gente pelo cinema do que conseguiria se só escrevesse livros, e A Pedra do Reino com certeza está muito mais conhecido hoje do que antes de aparecer na TV. Com todo o respeito à palavra, mas, com a quantidade de informações que bombardeia as pessoas hoje, imagens, gráficos e sons podem ajudar muito a se compreenderem melhor e mais rápido as mensagens no jornalismo. Pela democratização da informação! Nelson não se furtou a gastar seu talento para com o papel que ia embrulhar peixe no dia seguinte... Porque jornalismo, jornalismo mesmo é isso: efemeridade. E quem quiser outra coisa que vá vender livro de poesia na frente do Masp pros transeuntes incautos, domingo de manhã, em companhia da feira de antigüidades
spensy · BrasÃlia, DF 11/7/2007 11:17
Roberto, não acho que o bom jornalismo só é possÃvel apenas no impresso, longe disso, mas tenho certeza de que um bom jornalismo começa, acima de tudo, pela boa escrita, venha de que mÃdia vier. Como falei em meu comentário anterior, a questão não é simplesmente técnica, mas também filosófica. A questão não é a quantidade de mÃdias utilizadas para informar, mas a qualidade com que a informação deve ser repassada. Ok, não temos como fugir do que já está acontecendo, eu, por exemplo, adoraria dominar a arte da fotografia, do cinema, do rádio, linguagem web...sei também que com o pouco que sei posso ser “explorada†com exigências de matérias rápidas e rasteiras e sobreviver nas condições atuais do jornalismo, mas não é isso que eu quero, não com o dead line absurdo do jornalismo diário (e como bem disse o André, á mais desinformativo que informativo), e sei que não é o que muita gente quer.
Acho perda de tempo voltar a velha discussão de pressa, correria, bombardeio de informações, falta de tempo para leitura...Existem pessoas que preferem ver um vÃdeo de dois minutos na internet sobre a guerra no Iraque e outras que se debruçam por 20, 30 minutos para ler um perfil de um boxeador. Um caminho não anula o outro. O que deveria ser o óbvio é o que faz falta no jornalismo: a narrativa. E, pelo que percebi, você é documentarista, se quiser saber um pouco mais a minha visão sobre o papel do documentário na narrativa jornalÃstica, dá uma olhada nesse ensaio que publiquei no banco de cultura.
Abraços!
Deak
bela reflexão, bom texto, com vários links e bem informativo.
Quero apenas discordar da sua conclusão final. E de tantos outras afirmações futuristas que tenho ouvido.
Sinceramente, não creio que os jornais impressos morrerão,
por serem substituidos por uma nova mÃdia, a internet. Acho sim,
que haverá uma transformação.
Por outro lado, fazer um blog, editar, mixar sons, é bem diferente de fazer jornalismo.
Boa discussão, acho que vale outro artigo.
Por fim (*ufa..) acho que o bom jornalismo não pode morrer.
Talvez a velha forma vá desaparecendo com o tempo, mas os bons e bem escritos textos ainda fascinam, impressos em papel jornal, cheirando a tinta.
Um abraço!
Isso se chama precarização das relações de trabalho... Mais uma "inovação" do capital...
Agradecido!
Roberta, o bom jornalismo não pode - nem vai - morrer. Mas eu não apostaria minhas fichas nos jornais... (até pela frase do dono do NYT, no texto). O jornalista que não souber trabalhar em várias mÃdias será um dinossauro em pouco tempo (assim como são, hoje, os que não sabem usar e-mail. O Robert Fisk diz que nunca usou sequer a internet. É um dos maiores repórteres do mundo, mas quantos grandes repórteres existem hoje? E fora esses gigantes, duvido que alguma redação, no curto-médio prazo, queira ter em suas fileiras gente assim. E será que no futuro haverá algum gigante do jornalismo que não sabe usar internet?). Claro, sempre haverá quem escreve melhor do que faz TV, ou faz rádio melhor do que documentários. Mas nada disso impede que o jornalista saiba operar uma câmera de vÃdeo/fotográfica, um editor de vÃdeo, ou trabalhar com o Audacity. Porque isso, até alguém de 16 anos já faz...
Deak · BrasÃlia, DF 11/7/2007 14:40
Pelo retorno do bom jornalismo em TODO PAÃS!
CRIS
achei excelente essa visão sobre o jornalismo, citei
sobre ele no meu blog ...
interessante o texto, deak. o jornalismo como conhecemos pode estar morrendo, mas a essência ainda é a mesma. os jornalistas podem até estar perdendo espaço para os blogueiros, mas o que importa ainda é uma boa apuração, um texto bem escrito... independente de estar no blog do zézinho ou na home do site da bbc.
Guilherme Mattoso · Niterói, RJ 11/7/2007 16:06Deak, estamos vivenciando a era da banalização e, a boa informação não ficaria ilesa. Até mesmo fofoqueiros das colunas sociais, hoje se declaram jornalistas. As notÃcias de futilidade pública nacionais e importadas, os novos heróis de ninguém fabricados nos formatados Reality Shous da vida fútil. Enfim, como diz na sua boa e coerente matéria:: O bom e velho jornalismo está morrendo; agonizando.
Sérgio Franck · Belo Horizonte, MG 11/7/2007 17:17
André,
excelente matéria, mas - como velho jornalista hoje exilado numa agência de propaganda para sobreviver - discordo de que o bom e velho jornalismo esteja morrendo. No meu entender, as transformações ocorrem muito mais no terreno da tecnologia, do mercado e da circulação/distribuição da notÃcia do que propriamente na forma de mostrar/narrar o fato, informar e analisar a notÃcia. O bom texto/imagem sempre será soberano. A consciência crÃtica é insubstituÃvel - e agora, com a velocidade do mundo tecnológico globalizado, mais necessária do que nunca. Acho que as transformação são inevitáveis, sim, mas temo que a convergência midiática possa agravar ainda mais uma questão que tem sido fulcral no exercÃcio da profissão: a superexploração da mão-de-obra, o desemprego e, conseqüentemente, o achatamento dos salários, em geral já muito baixos. A grande revolução do jornalismo não será técnica, mas ética e de credibilidade, ambas hoje cada vez mais corroÃdas, seja pelo aviltamento moral da sociedade baseada no lucro, seja pelo aviltamento profissional patrocinado pelos monopólios da informação. De qualquer forma, matérias como a sua são fundamentais para promover o debate e a reflexão sobre o tema. Fica a pergunta: qual será o futuro do jornalismo? Sinceramente, não sei. Parabéns pelo belo texto. Um grande abraço.
Nivaldo, obrigado pelo elogio. Ouvi uma vez e concordo: "não troco um bom jornalista de 50 anos por dois de 25". Ainda mais hoje em dia, com o mercado coalhado de jovens repórteres saÃdos de faculdades de jornalismo que proliferaram como epidemias, sem conteúdo algum - muito menos consciência crÃtica. Eu concordo que sempre haverá espaço para o bom jornalismo, mas o velho jornalismo eu não sei que sobreviverá. Quando digo velho jornalismo, não me refiro à apuração, à ética e a outros pilares da profissão - isso jamais vai mudar -, mas à forma. Por exemplo, conheço uma redação que experimentou dar aos repórteres, em vez de gravadores digitais, câmeras digitais. Serviam como gravadores com imagem. Na volta, em vez de aproveitar só áudio, aproveitavam também a imagem. Esse tipo de mudança deve ocorrer logo. Até porque o mercado - é fato - vai exigir que os conteúdos sejam entregues em todas as plataformas. Se as ferramentas mudam, a profissão acaba mudando também.
Deak · BrasÃlia, DF 11/7/2007 17:50Valeu, André. E não pense que eu sou avesso à tecnologia, nada disso. Pelo contrário, sou fervoroso adepto. E é por isso que me preocupo com o uso polÃtico-ideológico das novas tecnologias pelos velhos - estes, sim, jurássicos - donos da mÃdia e do mundo. É preciso estar atento e forte, como diz a velha e boa canção. E viva o futuro! Abraços.
Nivaldo Lemos · Rio de Janeiro, RJ 11/7/2007 18:01
Interessante neste debate `e que como a questao da mesma pessoa (jornalista) ter que desempenhar varias funcoes para que a noticia chegue a muitos por varios meios, alguem chamou isso de "precarizacao das relacoes de trabalho" uma "Inovacao, do capitalismo"; de uma maneira a por a culpa neste Ze Ninguem que chamam (e as vezes exclamam por ele) como o culpado por todos os males da humanidade, e - que `e o pior, colocaram a INOVACAO como o braco direito deste algoz chamdo capitalismo. Ai ai ai!...
Eu fico imaginando de qual biblioteca de universidade publica essas pessoas - principalmente aquelas que botam a culpa de tudo no capital e desejam um estado-social cada vez mais ESTATAL, tiram suas conclusoes sobre a nossa contemporaneidade e a instintiva necessidade de informacoes dos seres humanos de todas as tribos em tempos de pleno acesso, em tempos de fim das hierarquias, em tempos de multi-pontos, em tempos de Computador Para Todos...
Ora ora ora!... Muito mais importante do que ficar preocupado se "o velho jornalista" vai ou nao acabar, se vao ou nao aumentar o salario de fulano que souber botar as materia nos youtube, ora porra! vao se concentrar em algo de estrema importancia que `e a afirmacao de muitos meios (empresas) de producao e disseminacao de conteudos (que so noticia pura nao existe, as pessoas sao emotivo-sentimentais), que consequentemente precisara de varios "jornalistas" ou sei la o nome que vao dar a isso no futuro.
Muito mais significativo nesse debate `e se ater a guerra que os TUBAROES (globo, SBT, RECORD, abril) travam - principalmente na esfera governamental, pra manterem o Status Quo e se manterem atraentes aos anunciantes nesses nosso maravilhosos tempos de quebra de rupturas, de exxxtrema INOVACAO, de ultra-capitalismo fast-food ate na China do Confucio e dos Maos... hihihi! Eu quero `e ver as milhares de piranhas (google, aplle) comer esses tubaroes...
P.S.: Maravilhoso o trabalho que a RADIOBRAS esta fazendo pra se atualizar. As vezes `e engraxado um mamute como a Comunicacao Pesada Estatal Brasileira querer usar Blog... hihihi!.... Mas valeu pela tentativa, e que continuem a ousar.
clap clap clap! e acrescento: o Overmundo é provavelmente o melhor lugar pra se publicar essa notÃcia!
bom que o antigo modelo de reportagem esteja acabando. fiz uma disciplina na faculdade que estudava de forma crÃtica este formato, passando por desde a história do jornalismo impresso até a organização das redações e como os temas e mesmo a estrutura de reportagem foi mudando com o passar do tempo. inclusive a autoridade jornalÃstica está sendo colocada em questão, muito graças aos blogs e demais formas de mÃdias alternativas.. aliás, acabo de me descobrir uma futurista! nunca tinha ouvido o termo antes empregado dessa forma. hehe.
Gostei das irônicas "palavras" do Gledson. Tem quem acredite que o anacronismo do capital é inovação... Tem quem acredite que distorcer noticia é novidade... Tem quem acredite que quanto mais noticia melhor... Tem quem acredite que padronizar noticia é evoluir... Tem quem acredite que manipular noticia e moderno... Tem que acredite que jornalista não é trabalhador explorado... Tem quem não vê que o jornalismo está longe da realidade e as noticias manipuladas são com as “inovações†do capitalismo.
Eu não!
Agradecido.
José!
Mas esse papel de vÃtima do capital é mesmo confortável, não?... É ótimo ter alguém em quem meter a responsabilidade por todos os seus problemas. Ô, rapaz, tá insatisfeito com o patrão, demita-se e, se for capaz, monte uma empresa, cooperativa, ou vá plantar batatas... DaÃ, nas horas vagas, você faz o seu blog, sobe uns vÃdeos, baixa umas musiquinhas e faz bom jornalismo... Cê vai ver, sua vida vai melhorar bastante. O "jornalismo" comercial ainda tem força exatamente porque tanta gente fraca e de espÃrito opaco ainda aceita esse cala-boca chamado salário
spensy · BrasÃlia, DF 12/7/2007 10:16
Vou plantar batatas ecológicas... rsss
Agradecido!
Uma pena que a discussao desceu ao nivel das brigas pessoais ou de puras opinioes pseudo-politizadas. Eh uma lastima, mesmo. Mas, enfim, o texto esta ai cumprindo seu papel de apontar tendencias e discutir solucoes.
Roberto Maxwell · Japão , WW 12/7/2007 10:51Que é isso de briga e opinião pseudópode... Só fiz uma exortação irônica pra que a gente vença a barreira corporativa no momento de fazer o debate. Jornalista é quem faz jornalismo, não quem tem diploma de. Ainda mais hoje em dia, que não é preciso ser amigo do Gutenberg pra poder publicar um artiguinho... Um banquete fúnebre para o bom e velho jornalismo, é disso que se trata.
spensy · BrasÃlia, DF 12/7/2007 11:00
Amigos,
não citarei nomes, apenas quero reafirmar minhas opiniões e lamentar o tom autoritário e pouco cortês que alguns (poucos, é certo) adotaram para se posicionar neste debate. Lembro que idéias são para ser debatidas, sim, criticadas, sim, mas, principalmente, respeitadas (mesmo e principalmente quando não comungamos com eleas) sob o risco de se repetir erros históricos do passado, mesmo transvestindo-os com roupas de uma pseudo-modernidade que, na verdade, não escondem sequer o mais antigo dos equÃvocos: o preconceito, a intolerância. Um abraço em todos.
Nao estou induzindo nada. O debate esta fluindo ate q algumas pessoas comecaram a usar palavras grosseiras e uma ironia gratuita com o objetivo de diminuir a importancia do debate e da contribuicao. Lamentavelmente.
Roberto Maxwell · Japão , WW 12/7/2007 13:45Pelamordedeus, não está mais aqui quem falou... Que falta de senso de humor
spensy · BrasÃlia, DF 12/7/2007 14:13Pensando melhor, "descortês" é bem adequado... Porque o bom e velho jornalismo, esse moribundo, é justo isto: parte da corte. E a corte é exatamente o que tem de cair pra que o populacho possa ter comunicação e informação livre... Parafraseando o filme chinês, poderÃamos levar grupos de jornalistas burgueses reacionários para uma reciclagem em algum ponto de cultura, posse etc. periferia afora, para conviver com alguns ciberativistas camponeses revolucionários. E é isso mesmo. Grosso, de Mato Grosso do Sul, pago querido. O barato é lôco, o processo é lento, mas quem é é, quem não é cabelo avôa.
spensy · BrasÃlia, DF 12/7/2007 15:56
Quando a TV se popularizou, foi decretado o fim do rádio e do cinema. Quando surgiu a internet, falaram que o jornal impresso brevemente estaria morto (isso, há uns dez anos). Hoje, estão todos os meios ativos, se complementando e com públicos fiéis.
Tenho certeza que o jornalismo on-line sofrerá mudanças, se tornando mais multimÃdia a cada dia. Mas espero que os veÃculos de internet contratem profissionais suficientes. Não imagino como é possÃvel entrevistar, filmar e fotografar com responsabilidade, no trabalho diário.
Excelente o artigo que instiga ao debate. Esse é o momento em que as pessoas estão acordando para a nova era da informação. E é neste momento que não podemos esquecer do outro debate, ligado a esse, parte desse debate.
Como o André disse "O bom e velho jornalismo está cada vez menos simples" e isso significa que para se ter acesso à ele, precisamos de tecnologia. Tecnologia que custa dinheiro!
Coisa que o povo em geral não tem. Por isso o estado brasileiro tem que ser cobrado para que garanta acesso universal à tecnologia necessária. Caso contrário, os que têm dinheiro terão acesso ao bom jornalismo e os que não têm, ficarão com o velho.
Excelente mesmo!! E o debate está acirrado, o que é ótimo. Mas creio que a "velha imprensa escrita" está sim moribunda (e digo isso com certa tristeza.) e que é necessária uma urgente requalificação dos jornalistas que aà estão, pois, independente da mÃdia onde a notÃcia será veÃculada, o que não pode morrer é o espÃrito jornalÃstico, a vontade de fazer pensar.. e sinto que há uma crescente mediocrização dos profissionais que entram no mercado ano após ano.
só pra botar mais lenha na fogueira: segundo o Slashdot, os blogs estão rapidamente engolindo as mÃdias tradicionais no bolo da publicidade, pelo menos na área de notÃcias de tecnologia.
Felipe Vaz · Rio de Janeiro, RJ 18/7/2007 11:42
Fica aqui a dica. A primeira coisa que o bom jornalismo faria a fim de “oferecer ao cidadão a compreensão mais completa†sobre o tema em questão seria identificar as fontes de onde partem as opiniões.
Eu, por exemplo, sou repórter multimÃdia da Agência Brasil da Radiobrás. Se alguém ainda não sabe, o autor do texto é editor executivo de multimÃdia da mesma agência, onde, aliás, ocupam cargos de chefia duas dentre as várias pessoas que aqui opinaram, responsáveis pela implementação do modelo multimÃdia na empresa pública de comunicação.
Outra regra básica do “velho jornalismo†é sempre procurar ouvir o outro lado. O texto do Deak foi publicado pelo site no dia 10/07. É um ponto-de-vista. Há outros. Uns radicalmente contrários ao modelo multimÃdia, outros, conciliadores. O autor de um artigo não precisa considerar isso, mas quem o publica com a intenção de informar seu público sobre um fato sim. Isso distingue uma reportagem de uma opinião. É é isso que demanda tempo e exige atenção de um bom repórter.
Três dias depois da divulgação do artigo do Deak, a Comissão de Empregados da Radiobrás também “postou†um longo texto sobre o assunto. Sob o tÃtulo “Os problemas do jornalismo multimÃdia na Radiobrásâ€, o artigo reproduz uma série de depoimentos de repórteres da empresa para reforçar a tese de que a “experiência pioneira (no Brasil) tem uma série de distorções em sua conduçãoâ€.
Concorde ou não com a conclusão final da Comissão, contrária à multimÃdia (vale dizer que há repórteres da própria empresa que não concordam, defendendo apenas que haja uma compensação financeira para quem trabalhar para mais de um veÃculo), passados 17 dias, ainda não há, junto ao texto do Deak, um link que permita aos internautas acessarem a opinião divergente de quem vivencia o mesmo fato.
Em defesa do site, pode-se afirmar que o texto da Comissão foi disponibilizado e que, segundo as regras, ele tem de receber os votos dos usuários para efetivamente ser publicado com destaque. O que só reforçaria o argumento de que as novas tecnologias e as mudanças na forma como a informação é veiculada não são garantias de que o cidadão – que é quem realmente interessa ao bom jornalismo – vá ser melhor informado.
Sem querer entrar no mérito de se a multimÃdia é ou não o futuro do jornalismo (se for o caso, volto a falar disso), quero crer que ninguém diretamente envolvido com o assunto – nem o próprio Deak - concorda com o citado Julian Gallo e a idéia de que, antes, para que tivéssemos uma boa reportagem basta ao jornalista “um só talento: o de saber escreverâ€, como se matérias surgissem da mente criativa de um repórter capaz unicamente de redigir um bom texto.
Alex, ótimo saber que entrou no debate (e queria que tivesse escrito antes, porque agora esse texto já está no arquivo do overblog, e a discussão fica praticamente entre eu e você).
Primeiro, queria te responder sobre colocar ou não um link para o texto da Comissão de Empregados. Esse texto não é uma reportagem sobre o jornalismo multimÃdia, mas um artigo. A opinião do autor. Se fosse uma reportagem, teria, obrigatoriamente, que ouvir todos os lados. Mas não é o caso. Mas como o Overblog é uma ferramenta bem democrática, na minha opinião, qualquer um poderia ter publicado um link para esse texto nos comentários (como você mesmo fez). Até porque eu, inclusive, não consigo mais alterar o texto depois que ele foi para a fila de votação.
O jornalismo colaborativo não é um substituto para o jornalismo "tradicional", mas um complemento. O Overmundo não concorre com sites tradicionais de informação, por isso você - muito raro - verá na capa do blog um texto contra e outro a favor qualquer assunto. Os lados (muito mais que dois) representados.
Em se tratando da experiência pioneira da Radiobrás, continuo acreditando que, apesar dos problemas, foi um avanço, e não um retrocesso. É ótimo que os repórteres tenham se organizado para reivindicar melhorias (inclusive, não é muita gente que sabe, mas o próprio processo de organização dos repórteres da agência foi incentivado por essas chefias a que você se refere).
Quanto ao texto do Julian Gallo, ele fala do uso de ferramentas, por assim dizer, tecnológicas, (a caneta), não da bagagem cultural do escriba. E concordo com ele: se antes, um bom jornalista pudesse usar apenas um bloquinho de notas, hoje não é mais assim. Tem que saber pelo menos o word. Amanhã, o word, o audacity, um editor de vÃdeo, a máquina fotográfica...
E aà André,
Você deu uma palestra no IESB e comentou o Overmundo e esse texto, vim dar uma olhada. Parabéns, está muito bom, leia o meu texto quando puder:
http://www.overmundo.com.br/_overblog/noticia.php?titulo=um-pequeno-exemplo-cosmico-do-caos
Penso que o "novo jornalismo(?)" se dará da seguinte forma:
O que convencionalmente costumamos a chamar de grandes midias, não terão mais profissionais da escrita alocados em seu guadro de funcionarios. As noticias e/ou colaborações lacônicas e/ou concisas individuais - oportunizadas através de pasquins de média circulação -, dar-se-ão conforme o tema em voga e serão escritas e postadas por não-jornalistas. Rs. Será mesmo que isso é o que acontecerá com o bom/velho jornalismo?
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