Em coluna recente aqui na Ilustrada (link apenas para assinantes), Marcos Augusto Gonçalves fez o seguinte comentário sobre a turnê Banda Larga, de Gilberto Gil: "É engraçado um compositor bem-sucedido como Gil tirar chinfra de 'liberou geral' na questão dos direitos autorais. Mas, na verdade, ele está abrindo mão de quê? Pelo que entendi, de nada: apenas de não ir à Justiça contra pessoas que fazem gravações dos shows e as colocam na internet - o que já ocorreria mesmo." Na semana passada, em artigo para O Globo, Roberto Corrêa de Mello e Walter Franco, dirigentes da Associação Brasileira de Música e Artes (Abramus), escreveram algo parecido, tendo como alvo o projeto Creative Commons: "Na verdade estamos com muita ansiedade e surpresa sobre um tema que pouco, muito pouco, tem de novo. Por quê? A Carta Constitucional de 1988 já consagrou tal direito no artigo 5º, incisos XXVII e XXVIII, explicitando de forma assertiva que só compete ao autor o direito de usar, fruir, dispor e gozar de sua criação da maneira que quiser. [...] Creative Commons é assim tão visceral? Criativo como, se a Carta Magna já consagra o direito de autor?"
São perguntas extremamente pertinentes. Porém, Marcos Augusto Gonçalves se engana: Gil não está tirando chinfra de "liberou geral" com relação a seus direitos autorais. Como dizem os dirigentes da Abramus, a Constituição brasileira já determina que "só compete ao autor o direito de usar, fruir, dispor e gozar de sua criação da maneira que quiser." É isso - simplesmente e apenas isso - o que Gil faz em Banda Larga: está reafirmando enfaticamente seu direito autoral de decidir o que pode ser feito com suas obras. É o contrário do "liberou geral". Liberar geral seria fazer vista grossa para "o que já ocorreria mesmo" - Gil está trazendo o que ocorre (todo mundo sabe que ocorre, quase todo mundo participa da "ocorrência" - e muitos autores ficam satisfeitos quando encontram vÃdeos de seus shows ilegalmente disponÃveis no YouTube) para a legalidade. O que não é pouca coisa. E pode ser o inÃcio da criação de novos modelos de negócios para autores que não querem mais agir como se a revolução digital não tivesse "ocorrido".
Quem tiver dúvidas deve ler os Termos de Uso do site da turnê Banda Larga, totalmente licenciado em Creative Commons. Tudo é muito claro, e já no primeiro parágrafo está escrito: "Os presentes termos de uso, além de regularem contratualmente a relação entre as partes, devem ser entendidos também como licença de uso do site, que é regido pelo direito autoral." É isso mesmo: qualquer licença Creative Commons é totalmente regida pela legislação de direito autoral (as licenças, quando lançadas em paÃses diferentes, são adaptadas para a legislação de cada um desses paÃses, e assim aconteceu no Brasil, que não segue as regras do copyright da legislação norte-americana). No Banda Larga, a novidade é que seus conteúdos - enviados por qualquer usuário do site, inclusive por Gilberto Gil - podem ser copiados, distribuÃdos, executados e servir de fonte para obras derivadas se forem observadas as seguintes condições: a finalidade tem que ser não-comercial; o autor da obra original tem que ser creditado; a obra derivada tem que ser distribuÃda com a mesma licença Creative Commons. Portanto: nada mais distante de um "liberou geral" ou "vale tudo". Só vale o que o autor, neste caso Gilberto Gil, determinou que vale.
Então os dirigentes da Abramus têm razão em perguntar: mas o que é criativo no Creative Commons? Certamente não há ali uma novidade na lei, ou uma mudança legal. A lei de direito autoral continua a mesma. Tudo que as licenças Creative Commons permitem já era permitido pela lei. E mais importante até: já eram práticas comuns, sobretudo na internet. O que o Creative Commons faz de útil é trazer essas práticas para o âmbito legal, codificando-as em licenças com textos claros, baseados na legislação vigente, que facilitam a vida de criadores que querem sinalizar para o mundo que incentivam determinados usos de suas obras, vedando outros usos, mas sempre mantendo integralmente seus direitos. Sem as licenças do Creative Commons, cada autor teria que escrever - ou contratar advogados para escrever - suas licenças pessoais (o que continua podendo fazer, inclusive pode usar outros tipos de licença, criadas por projetos similares ao Creative Commons) dizendo quais os usos permitidos para seus trabalhos. A aceitação das licenças - hoje já são mais de 150 milhões de obras licenciadas em Creative Commons - mostra que muitos criadores, sempre voluntariamente, consideram que essa codificação é vantajosa (mesmo comercialmente), simples, prática, e permite maior proteção e controle de suas obras, sem a necessidade de intermediários, acelerando assim sua circulação na internet e fora dela. Mais uma vez: o resultado buscado é o contrário do "vale tudo" - trata-se do fortalecimento do direito de autor exercido pelo próprio autor (e não por intermediários), com opções mais diversas do que aquelas apresentadas pelas licenças tradicionais, que nos eram vendidas como se fossem as únicas possÃveis.
Quem leu este artigo até aqui pode se perguntar: mas o que está errado com as licenças tradicionais? Nada está errado, legalmente falando - mas elas se tornaram inadequadas para lidar com a realidade estabelecida pela cultura digital, e pela crise do modelo pré-internet da indústria fonográfica. Mesmo as chamadas grandes gravadoras (que são cada vez menores - no Brasil elas têm atualmente apenas 92 artistas contratados) já perceberam que não dá para lutar contra a maré digital. A Universal e a EMI agora vendem música na internet sem o DRM pois viram que a proteção era muito ruim comercialmente. E para quem não tem gravadora - a maioria da gente que faz música - é inegável que a situação atual, mesmo ainda confusa, se revela como uma incrÃvel e inédita oportunidade, e não como uma ameça, pois permite que suas obras tenham acesso a mercados e meios de distribuição com amplitude, vigor e independência completamente inviáveis no passado. Todo dia surgem novas formas locais e mais baratas de gravação, reprodução, distribuição, divulgação etc. É uma situação francamente positiva do ponto de vista da inclusão democrática, da diversidade e, em última análise e por isso mesmo, da eficiência competitiva no mercado. Quem tem música boa e disposição para o trabalho (mesmo as velhas gravadoras), não precisa temer os novos tempos. Os governos devem garantir que grupos diferentes possam exercer plenamente essa oportunidade, que possam ter acesso aos equipamentos - inclusive ferramentas para proteção legal - que facilitem seu trabalho criativo.
No ano passado, fazendo o programa Central da Periferia, pude conversar com muitos dos músicos mais populares hoje no Brasil, quase todos pertencentes à maioria que não tem contrato com gravadoras, grandes ou independentes. Eles mesmos produzem seus CDs "em casa", e aà sim liberam geral, torcendo para que sejam vendidos pela pirataria (onde mais vão vender, se as lojas de disco fora de Rio e São Paulo sumiram?) Ou seja, ficam totalmente desprotegidos. É obrigação portanto do Ministério da Cultura pensar em como proteger essa maioria, trazendo-a para a legalidade, mas uma legalidade realista, não fantasiosa, sem fingir que vivemos no mundo de antes dos computadores com gravadores de DVD, sem querer numerar CDs logo agora que os CDs estão condenados a desaparecer, sem proibir a cópia de músicas de CDs legalmente comprados para tocadores de MP3 (como a lei brasileira, se interpretada ao pé da letra, proÃbe), sem propor marcas d'água digitais que não funcionam (e criam riscos de que nossas vidas na rede sejam vigiadas totalitariamente por gravadoras e outras empresas de mÃdia). É esse debate, é essa procura de novos caminhos, de novos modelos de negócio, mais colaborativos, mais descentralizados, mais independentes de 3 ou 4 intermediários monopolistas, que tanto o ministro Gilberto Gil, quanto o artista Gilberto Gil querem incentivar.
Artista tem que poder viver de suas criações. Nada a ver portanto com a idéia que a distribuição de música tem que ser integralmente gratuita, ou outro projeto quixotesco semelhante. Para isso sim, é preciso ser muito criativo. De nada adianta chorar com saudade do tempo em que as grandes gravadoras funcionavam (mas sempre funcionaram para poucos, e hoje há muito mais gente produzindo música por aÃ). Muita coisa vai mudar. Muita gente vai perder empregos (como os monges copiadores de manuscritos da Idade Média tiveram que partir para outros trabalhos depois da invenção da imprensa). O tempo pode ser cruel para alguns, mas não pára. E como disse Antônio CÃcero, numa de suas belas composições: "quem vai colar / os tais caquinhos / do velho mundo".
É preciso enfrentar o problema. Os caquinhos estão todos espalhados pela internet, em milhões de samples que são o motor principal (e ainda muitas vezes ilegal) da criatividade contemporânea. Contar com soluções já ultrapassadas - como o DRM - é suicÃdio (também para o "business"). Não há soluções fáceis. É preciso experimentar muito - e o Ministério da Cultura pode criar um ambiente que possibilite as mais variadas experimentações, já que do sucesso de algumas delas depende a saúde da indústria criativa brasileira no futuro. Mas esperar que a solução venha do governo, é querer vida fácil demais. Somos todos cidadãos grandinhos, temos que tomar conta de nossas vidas, de nossos direitos.
Para terminar: na semana passada o ministro Gilberto Gil proferiu uma das conferências principais do seminário Tecnologia Emergente, do Massachusetts Institute of Technology (MIT). A repercussão na internet foi imediata. Até o CNet, site central para a divulgação das novidades tecnológicas e que raramente fala do Brasil, publicou matéria elogiosa sobre a reflexão avançada acerca de cultura e direitos autorais proposta por Gil. Ainda este ano nosso ministro foi para Sevilha participar de outro colóquio, chamado Criatividade e Inovação na Cultura Digital, ao lado de uma seleta turma de convidados, entre eles o sociólogo Manuel Castells, o neurocientista Antônio Damásio e o urbanista Sir Peter Hall. Cito esses acontecimentos - apenas dois, entre vários outros recentes e da mesma importância - para mostrar que o Brasil conquistou notável presença internacional num debate de ponta. Em todo mundo, há curiosidade para conhecer melhor o que estamos pensando sobre direitos autoriais e cultura por aqui. Viramos referência num assunto, mais que decisivo e crÃtico para qualquer indústria criativa planetária, no qual até então ocupávamos posição (segundo as visões mais benevolentes) secundária. Vamos agora arregar? Tenho essa mania de pensar sempre grande: não admito que sejamos condenados a ser um paÃs medÃocre: quero o Brasil indicando novos bons caminhos para o mundo, não quero o Brasil entrando num beco sem saÃda por medinho DRM, ou por apego ao que já passou. Vamos encarar o desafio que o mundo da internet nos propõe? Cantando, então (será que violo algum direito autoral?): "chegou a hora dessa gente bronzeada [e digitalizada!] mostrar seu valor..."
uma versão reduzida deste texto foi publicada no caderno Ilustrada, Folha de S. Paulo, no dia 06/10/2007 (link apenas para assinantes)
PS: Na semana passada, aqui no Rio, levei um sobrinho de 15 anos e outro de 9 anos para assistir o Video Games Live. O que mais me impressionou foi a reação da platéia quando apareciam os filmes com as saudações dos criadores ou compositores das trilhas sonoras do jogos. O público aplaudia com entusiasmo impressionante, consagrando-os como heróis. Gente (geralmente japonesa) como Hideo Kojima, criador do Metal Gear Solid, ou Koji Kondo, compositor do Zelda e do Super Mario Bros. Gente que inventou novas formas artÃsticas, com novos modelos de negócio (cada vez mais independentes de cópias fisicas facilmente pirateáveis) baseados em serviços de assinatura e outras estratégias de venda que sabem tirar partido da internet. Toda modalidade artÃstica deveria tomar lições com os games - cada vez mais originais, mais ousados e bem-sucedidos como produtos comerciais. Novamente: gente (venerada pelas novas gerações assim como David Bowie e Francis Ford Coppola foram venerados pela minha) que não fica chorando pelos cantos, contra o novo, apegada ao que passou. Gente que tem mais o que fazer/criar.
OVERMANO “HERMANO VIANNAâ€
A CULTURA BRASILEIRA VIAJA NAS ONDAS DO ACASO...
Um dos brasileiros mais conhecidos no exterior é o Ministro da Cultura - Gilberto Gil. Ele deveria ter recebido o prêmio "Nobel da Paz - 2006". Até em um evento da ONU, o “Ministro-artista†participou cantando "A PAZ" - palavra que ficou harmoniosa e intimista, ao som do violão de "Gil".
No outro lado do enredo, grande parte da classe artÃstica brasileira, não está em paz com o Ministro. Esses brasileiros acham que foram entregues ao "Deus Dará" e estão atrás da "Parabolicamará". E agora José? E agora amigo Gil? Palavras bonitas e poemas elaborados precisam de sintonias. As constelações tupiniquins da criação, não perdoam! Os versos escritos há décadas viraram profecias: "Olha lá vai passando a procissão... Esperando o que Jesus prometeu".
O "Ministro-compositor" viajou muitas vezes ao exterior! Será que andou divulgando a “Milenar Cultura Universal Brasileira? MacunaÃma está aposentado? No amado, idolatrado e problemático Brasil, as polÃticas culturais parecem serpentes no Sertão... Se o Ministério da Cultura realizou eventos importantes, quais foram os resultados para a pacificação dos “egos machucadosâ€? Os "Morros Urbanos", as “BrasÃlias Teimosas†e outros centros explosivos - no talento e na violência - continuam dependendo da arte para o exercÃcio de cidadania!
Alguns dados estimados da população artÃstica no Brasil: 50.000 músicos, 40.000 compositores, 100.000 artesãos, 30.000 escritores, milhares de atores e atrizes, e outros não mencionados - dependendo das minguadas verbas governamentais. Faltam programas e incentivos culturais! Sejamos justos: o atual Presidente da República, não é o único culpado. Os presidentes anteriores e outros governos das esferas municipais e estaduais participaram da degradação cultural.
Nessa terra de "jabá", o velho "bacalhau" (antes - comida de pobre) perdeu o "status". A controvertida "Classe ArtÃstica Brasileira" já não escuta o "Guarani"... O Brasil canta “Festa no Apê...â€
Site:
http://www.overmundo.com.br/overblog/a-cultura-brasileira-viaja-nas-ondas-do-acaso
Abraços.
Lailton Araújo
Escrevi um artigo sobre o mesmo tema aqui.
ronaldo lemos · Rio de Janeiro, RJ 6/10/2007 12:19
O Gil têm que falar de jabá. Jabá é assunto. Esse silêncio sobre jabá incomoda. Creative Commons é uma realidade muito festejada por quem está no inÃcio do processo de divulgação da sua obra e do seu nome, tin tin, eu adoro, legaliza. Pra mim já soa até meio velho esse papo de Creative Commons. Deixa com a gente ministro, a gente vai usar a licença sim, pode deixar que a gente pensa também, a gente né burro não. Mas quanto as atribuições de ministro de estado (ele aceitou encarar a peleja), "estando ministro de estado", ele têm que falar de tudo. E têm que falar também de: aumento de alcance do sinal das rádios comunitárias. Uma rádio comunitária no Brasil têm legalmente um alcance 500 vezes menor do que uma rádio comunitária nos EUA e Canadá. Propôr o aumento de alcance seria uma medida simples e muito eficaz, no momento. Mas os interesses...as práticas polÃticas...o sistema de comunicação no Brasil está nas mãos de polÃticos, que obtiveram concessões por barganha de votos. Porque não fala disso? Ele está lá, têm que propôr, têm que falar. Dedo na ferida. Mas pra colocar o dedo têm que ter isenção. E Gil não têm. É comprometido.
Fazer uma turnê com o nome "Banda Larga" é muito pouco. Até porque na esfera do show business, confunde o "público" com o "privado", mazela tão recorrente na polÃtica e na sociedade brasileira. Divulga seu nome, suas idéias, sua imagem como ministro de estado e depois faz shows e cobra ingressos. Fomenta os "novos meios", tendo sido beneficiado pelas práticas duvidosas dos "velhos meios". É muito confuso. O ministro está em turnê, enquanto os funcionários do ministério estão em greve. É muito confuso. Se vai encarar a peleja de ministro, têm que dar conta. Gil é um homem incrivelmente talentoso, sua obra não deixa dúvidas sobre isso. Seu carisma e seu discurso "antenado", contemporâneo, fazem com que o "primeiro mundo" o adote. - O Brasil nas novas questões culturais está "antenadÃssimo"- diria algum tecnocrata europeu. Mas essa visibilidade é insipiente para o impulso de mudança que nossa realidade precisa, necessita. Impulso de mudança que diz respeito a desmontar práticas anti-democráticas e fomentar práticas democráticas. Impulso esse que deve ser dado obrigatoriamente pelo primeiro setor. Sua situação institucional deixa dúvidas. Um ministro de estado têm contrato de trabalho com uma multinacional. É muito confuso. Isso têm cabimento? Ou estou louco e estou vendo coisas?
Nada contra Gil, grande mestre, artista talentosÃssimo. Muito a cobrar do ministro...
Se vai encarar a peleja, têm que aturar.
Hermano parabéns pelo artigo. Como não sou assinante da Folha de SP, poderia me enviá-lo na Ãntegra? alebarreto_capta@yahoo.com.br
Mansur, lendo suas palavras, acho que há um equÃvoco que precisa ser esclarecido. Rádios Comunitárias são um assunto amplamento cultural e concordo contigo. Mas estão sob jurisdição de um ministério que não está sob o comando do Gil. Ao invés de ficar apenas mobilizando e fazendo movimentos de pressão polÃtica, o Gil está demonstrando na prática o que é possÃvel fazer com os recursos que tem e com a estrutura do ministério disponÃvel. E mudou radicalmente a forma como o governo federal trata a cultura, para melhor, se compararmos com o ministério da cultura da era FHC e dos governos anteriores. Só constatar no site www.cultura.gov.br
Sobre a questão do jabá, que também afeta a cultura, temos daà dois fatos complicadores.
Primeiro: o crime é praticado pelos meios de comunicação, ministério que como já mencionei não é jurisdição do Gil.
Segundo: cito um trecho da Revista Aplauso, nº 83:
Era para ser uma investigação sobre a prática do jabá, mas a dissertação de mestrado de Kátia Suman, defendida no segundo semestre de 2006, na Unisinos, abaou constatando que a crise do modelo de negócios da indústria fonográfica está fazendo seu maior sustentáculo perder importância e espaço. "Não faz mais sentido ficar pagando pela execução de uma música no rádio ou na tevê, porque isso já não garante lucro com vendas de discos como antigamente".
Penso, particularmente ainda, o seguinte: se nem a ditadura, com todo o aparato repressivo e requintado que existiu em nosso paÃs conseguiu impedir que muitos artistas desenvolvessem suas carreiras, ditadura esta aliás que exilou Gilberto Gil, não acredito ser o jabá o principal problema cultural a ser combatido sem nosso paÃs. A questão é bem mais complexa.
A questão é complexa, com certeza. São muitos vetores e muitas variáveis. O jabá é uma das questões. Pode não ser atribuição direta do ministério da cultura, mas como a cultura está intimamente envolvida, cabe um posicionamento do ministro quanto a questão. Ele é o ministro e deveria se posicionar. Não creio realmente ser possÃvel coibir a prática do jabá por lei, por questões logÃsticas, mas temos que nos posicionar claramente. Meio de comunicação é concessão pública e deve ter responsabilidades públicas, não deveria ser apenas um balcão de negócios.
Não se trata de estar contra o Gil, sua estória e tal. Mas o momento é outro. A ditadura militar que o prendeu já passou. E temos outras ditaduras a combater. Na posição em que ocupa, ele deve esclarecimentos e posicionamentos claros a população. Ele é um ministro da república.
Melhorou sim. Melhorou o debate. Algumas idéias são muito boas. Do-in cultural e tal. Tudo bem. Mas é pouco. O meu dever como cidadão é "agulhar" o poder público. As tarefas são gigantes e as mudanças institucionais que o Brasil precisa estão em jogo.
Vale para as rádios comunitárias um posicionamento claro do ministro, mesmo não sendo atribuição do seu ministério, igualmente com relação a questão do jabá. Defendo o Gil enquanto artista e por sua importância histórica na história recente do Brasil. Mas eu vivo o "aqui e agora". Aprendi com ele. Temos que colocar o dedo nas feridas. Não para causar dor. Mas para "ministrar" remédios curativos. Deixar a ferida de lado pode causar infecção e aà o corpo todo padece.
Alê,
Relendo o meu comentário e o seu, percebo que a abordagem do meu comentário é muito mais ampla e não se detém na questão do jabá e das rádios comunitárias. Existem muitas outras questões inseridas. Como você as vê?
"..samples são o motor principal da criatividade contemporânea..." Essa frase me soa como aquela dos anos 80..."o piano acabou agora temos teclados"...Acho que ela soaria melhor assim: " samples são um dos motores da criatividade contemporânea"...a gente não precisa substituir as coisas, é melhor e mais sensato somá-las. Os samples estão aà e a questão é pertinente em se tratando de creative commons, tudo bem. Mas o "principal motor" que me conste ainda continua sendo o ser humano mesmo.
Mansur, a questão de se posicionar claramente sobre um tema pode ser discutida uma vida inteira e pouco avançaremos, pois trata-se de percepção e isto varia conforme a subjetividade de quem observa. Dentro deste ponto de vista, a minha posição é de que o Gil não precisa se posicionar para mim com relação a uma polêmica do ministério das comunicações.
Criticar que "melhorou somente o debate" sem fazer um contraponto fundamentado para mim é a crÃtica pela crÃtica.
Eu apoio abertamente as rádios comunitárias, mas não acho que preciso ficar fazendo discurso, passeata, atacando quem é contra elas. Eu vou até as rádios comunitárias, eu vou aos Pontos de Cultura, eu assisto os debates, eu me mobilizo da maneira que acho mais adequada.
Se você considera que as ações do Gil são somente "debate", recomendo novamente que vá ao site e veja fatos concretos sobre os quais apoio minha avaliação sobre a gestão do Ministério da Cultura:
Ministro da Cultura assina portaria que detalha as medidas de acessibilidade e democratização do acesso aos produtos culturais produzidos com apoio do Pronac
http://www.cultura.gov.br/noticias/noticias_do_minc/index.php?p=30262&more=1&c=1&pb=1
Mais Cultura, mais Brasil para mais brasileiros
http://www.cultura.gov.br/noticias/noticias_do_minc/index.php?p=30216&more=1&c=1&pb=1
Acordos viabilizam a implementação das linhas de ação do Programa Mais Cultura
http://www.cultura.gov.br/noticias/noticias_do_minc/index.php?p=30214&more=1&c=1&pb=1
Parceria entre ministérios da Cultura e da Educação vai levar conteúdo nacional para estudantes da rede pública de ensino, a partir do próximo ano letivo
http://www.cultura.gov.br/noticias/noticias_do_minc/index.php?p=30222&more=1&c=1&pb=1
Programa Mais Cultura também prevê o fomento à publicação de nove milhões de livros a baixo custo
http://www.cultura.gov.br/noticias/noticias_do_minc/index.php?p=30224&more=1&c=1&pb=1
A Cultura Digital promove o uso do software livre e as ações de inclusão digital
http://www.cultura.gov.br/foruns_de_cultura/cultura_digital/index.html
Diversidade Cultural
http://www.cultura.gov.br/foruns_de_cultura/diversidade_cultural/index.html
Fórum Nacional de TVs Públicas
http://www.cultura.gov.br/foruns_de_cultura/forum_nacional_de_tvs_publicas/index.html
Poxa...Eu deixo claro no comentário que "Melhorou sim. Melhorou o debate. Algumas idéias são muito boas. Do-in cultural e tal (leia-se pontos de cultura né?)"...então eu não estou aqui só pra fazer crÃtica pela crÃtica, nem disse que "só o debate melhorou" e nem estou aqui pra entrar numa disputa contigo...
Está melhor? Está. Existem questões obscuras? Existem. É muito ou é pouco? É pouco. É o que vejo. É opinião amigo, tenho direito a ela. Não entremos na tolice de disputar quem vai ganhar esse debate, porque aà fica um "troço apaixonado", você lê o que você quer, da maneira que quer e acaba desprezando os detalhes que não convém aos seus argumentos e faz parecer que estou com uma postura, quando estou com outra.
Já entendi Alê! Você acha que está ótimo. Tudo bem. Eu acho que existem muitos pontos a serem discutidos. Tudo bem também. Concordo em discordar de você. E ponto. A minha posição está clara e a sua também. Eu critico alguns pontos. Você defende o conjunto. Você colocou seus argumentos e eu também. Ótimo. Vamos parar por aqui por enquanto? Vamos ver o que os outros têm a dizer?
Obs:
Eu também não estou fazendo passeata em relação as rádios comunitárias. Coloquei dados concretos e propus uma idéia. Então por favor, não coloque palavras na minha boca. Você quer defender o Gil, defenda. Mas peço que não distorça o que estou dizendo.
oi Alê - a Ãntegra é este texto aqui - o texto da Folha de S. Paulo é um resumo deste
quanto aos outros comentários, até agora: vou esperar mais gente se manifestar
mas aqui deveÃamos tentar falar de direitos autorais - jabás, rádios comunitárias etc. merecem outros textos e outras conversas - sobre rádios comunitárias, por exemplo, há este trabalho bacana publicado no Overmundo, que recebeu pouquÃssimos comentários e só foi baixado 52 vezes... ali há subsÃdios fundamentais para uma outra conversa importante
Mansur, com relação ao sampler: é minha opinião... - todos os estilos recentes que mais gosto, e que para mim inuaguram novos caminhos musicais (hip hop, techno, drum'n'bass, grime, house, ragga, reggaetón, funk carioca, kuduro, kwaito etc. etc.) não seriam quase nada sem o sampler - para mim há outros motores da criatividade, mas nenhum tão "principal" quanto os que o sampler possibilita - e novamente: acho que isso é outra conversa
Hermano,
muito bem pontuado. Acabei me desviando do debate central do artigo. Já baixei o artigo que indicaste para ler.
Mansur,
desculpe não ter entendido sua afirmação.
sobre o sampler, podemos continuar a conversa aqui
Hermano Vianna · Rio de Janeiro, RJ 7/10/2007 01:15
Hermano
Questão de ordem, tudo certo, vamos aos links propostos continuar a prosa...
Alê
Tranquilo, perdoado de coração...vamos aos links que o Hermano propõe?
Alê
Vou ler todos os links que você colocou sobre as ações do ministério.
Oi Hermano. Ao ler tua frase "Toda modalidade artÃstica deveria tomar lições com os games - cada vez mais originais, mais ousados e bem-sucedidos como produtos comerciais.", lembrei na hora de um trampo que o Maringá, um cara muito legal que conheço aqui em Floripa e que já convidei pra se cadastrar no Overmundo, desenvolveu. É um jogo musical interativo, que conta com a participação da dupla Colorir, que tem perfil também aqui no Overmundo. Ainda não participei da proposta interativa, mas achei muito interessante.
Abraços,
Felipe
Esqueci de colocar o link do jogo em si. Tá aÃ.
Felipe Obrer · Florianópolis, SC 8/10/2007 09:30Gostaria de deixar claro um trecho do meu primeiro comentário que pode suscitar interpretações equivocadas, o trecho é: "para colocar o dedo têm que ter isenção. E Gil não têm. É comprometido". Aqui não vai nenhuma acusação ou ilação a quaisquer práticas duvidosas realizadas diretamente pelo ministro. As práticas duvidosas são única e exclusivamente relacionadas a profissionais ligados aos meios de comunicação e companhias multinacionais que tornaram a prática do jabá uma "instituição", um câncer. A minha crÃtica ao ministro é uma crÃtica genérica a todos os artistas que se beneficiaram indiretamente dessa prática escusa, e que por acomodação fazem "vista grossa". Não acho que Gil seja corrupto, longe disso, aqui da platéia ele me parece um homem de bem e honesto. Mas "todo mundo sabe que todo mundo sabe" e não se fala nada...
Mansur · Rio de Janeiro, RJ 8/10/2007 11:50
O ponto fundamental é que as estruturas que hoje existem para regular a produção e o consumo de arte estão completamente defasadas, e, em conseqüência dessa alienação institucional, atiram contra tudo e todos que propõe novas possibilidades de trabalho.
Não é preciso ter na parede um diploma de História pra saber que um dos vÃcios mais antigos cultivados pelas instituições brasileiras é o de operar com uma idéia de mundo que foge completamente do mundo tátil.
Acho que o ministério do Gil, com toda sua diversidade e complexidade, vem batendo em vários pontos neste sentido. Todos o debate que rolou com o pessoal do cinema é prova disso. Interessante é que, de uma forma ou de outra, existem figuras dentro do Estado que percebem essa discrepância, e que se dispõe a estudar, debater e colocar a questão em cheque. Essa é a grande novidade.
Hermano, Mansur e todo mundo
Ânimos exaltados valem à pena quando a conversa, como neste caso, é boa.
É meio que recorrente: Todo mundo gosta do Gil. Poucos ficam interessados em comentar suas limitações (e as contradições eventuais de suas propostas atuais) mais gostam e admiram. Eu também. Mas mesmo sendo ministro de um governo, para mim, pouco acima do deplorável em quase todos os campos (a Cultura entre outros), ele poderia fazer um pouco mais (tocar nas feridas ainda abertas de nossa sistema de arrecadação de direitos autorais na música, não seria nenhum ato de heroÃsmo, coisa normal).
O afto é que gostei mais do desvio do papo, quando resvalou para os gêneros musicais, supostamente 'inaugurados' (como disse o Hermano) pelo indefectÃvel Sampler (fiz até um comentário num outro post).
'Hip hop, drum'n'bass, grime, house, ragga, reggaetón, funk carioca, kuduro, kwaito etc. etc.', muita coisa.
Fico com dedo coçando para escrever posts sobre alguns destes gêneros, principalmente o Kuduro angolano, base do Rap de Luanda, e filho (ou neto) do kabetula, do Semba, da Kizomba e outras danças d'Ãfrica, mas (na boa), sabe como é, por não poderem ser consideradas cultura brasileira, talvez não devam ser tratadas e comentadas por aqui (ou podem?).
Morro de medo de ganhar um Nada a ver.
Até nisto o papo edificante este. De verdade.
não a toa o povo d poa / rs, fundou o clube de nadismo
o gente calma vamos fazer um nadinha um tempinho
bailar um sembinha né
Pois é. A discussão parece vigorar quando o tema é música. Por que? Por que o Gil é músico? Quando falamos em legislação e direitos precisamos olhar para quem escreve também. É óbvio que música dá mais grana, mas o que é publicado dia após dia em prosa e verso está ali ó para ser plagiado, aumentado, cortado... E o autor do texto pode nem vir a saber que sua obra (seja boa, ruim, grande, pequena, expressiva etc.) correu o mundo e outra pessoa ganhou o mérito. Nesse ponto, acho que o Creative Commons dá muito mais certo do que se pode imaginar - ou alguém aqui não sabe quanto custa um ISBN, um registro na Biblioteca Nacional?
Labes, Marcelo · Blumenau, SC 9/10/2007 22:49e além do valor alto tem toda a papelada.....
sandra vi · Petrópolis, RJ 10/10/2007 06:00
Numa coisa a gente parece que a gente já atingiu o consenso: Criative Commons não é, definitivamente liberação geral.
O resto vamos discutindo que a conversa é muito elucidativa.
Spirito
Adoraria ler um post seu sobre kuduros, sembas, kabetulas, kizombas e outras danças d'Ãfrica...será que vai? Por mim "tudo a ver"...
Spirito, faço minhas as palavras do Mansur. Seria realmente muito bom ler um artigo seu sobre kuduros, kwaitos, sembas e outros ritmos antigos e novos da Ãfrica!
ronaldo lemos · Rio de Janeiro, RJ 10/10/2007 10:04
Estou passando por aqui pra votar...
O texto exige discussão...
Publiquei acima:
" Alguns dados estimados da população artÃstica no Brasil: 50.000 músicos, 40.000 compositores, 100.000 artesãos, 30.000 escritores, milhares de atores e atrizes, e outros não mencionados - dependendo das minguadas verbas governamentais. Faltam programas e incentivos culturais! Sejamos justos: o atual Presidente da República, não é o único culpado. Os presidentes anteriores e outros governos das esferas municipais e estaduais participaram da degradação cultural."
E continuo batendo na tecla...
Não sejamos hipócritas!
A "barriga" do músico, escritor, poeta, compositor e qualquer criador de obra intelectual (bem conceituada ou não) necessita de alimentos reais. A farinha, feijão, arroz, frango e outros carboidratos e proteÃnas são comprados com dinheiro, grana, tutu, bufufa!
Conheço muita gente talentosa e não talentosa que está passando dificuldade financeira... Alguns desses talentos possuem no currÃculo obras (musicais) que foram e ainda são "sucesso" no Brasil e exterior... E a grana não aparece! O nome é endeusado! E a barriga dói! Outros talentos estão em fase de "despejo" por falta de pagamento do aluguel residencial... Não sejamos hipócritas! A ferida tem que ser aberta! A roupa suja deve ser lavada aqui... Vamos parar com esse negócio de trono, pódio, não me toques... O artista (das letras ou da notas musicais - ou mesmo de outras artes) está passando dificuldade... Muitos não falam em público para não perderem o pódio... E vão para o boteco ou mergulhar nas drogas como válvula de escape! Onde está o dinheiro da obra do autor? Pirataria, licenciamento, bandas largas e Overmundo... Divulgam! E a forma de receber por uma obra publicada? Quais são os meios de transformar algo produzido, em bens de sobrevivência humana! E em dinheiro! Sim... Dinheiro! Ele é necessário para alguém viver... Até para pagar advogados! Ninguém consegue viver de sonhos! O sonho pode matar por inanição!
E preciso repensar o "direito autoral" e o artista brasileiro como gente e "de carne e osso...†A mÃdia fábrica Ãdolos e destrói esses mesmos Ãdolos. Quando a moeda "jabá" para na corrente, o tombo é grande, e o "astro maior" entra no Universo do anonimato.
Alguém aqui é filiado a alguma associação? Eu sou! Não tenho medo de mostrar a cara! Sou da SICAM (compositor), SOCINPRO (selo musical), ex-membro votante do Grammy Latino e estou na área há 25 anos...
Quero a minha parte (em dinheiro sim...) de tudo o que produzo para este paÃs! Tenho o direito de receber pelo meu trabalho... Os bancos não recebem pelo que emprestam? A Petrobrás não ganha pelo que extrai e revende? Alguns cachês artÃsticos chegam no mercado por R$ 100.000,00 / R$ 150.000,00 / 250.000,00... E por aà andam as coisas! Não sejamos hipócritas... Conheço a área! Não estou aqui pra “tapar o sol com a peneira!†Não tenho medo de me queimar! Nasci com a pele queimada! Sou migrante, negro, caboclo e sei da vida de “Gonzagãoâ€! Ele não pagou “Jabáâ€! Tinha talento! Por isso é o “Rei do Baião†e meu mestre!
Abraços!
( Desculpem se fui ácido! )
Lailton Araújo
Sabe o que eu acho, Lailton? Eu, como artista que nem você, embora não seja ex-votante do Grammy Latino, tenho o direito de expôr a minha obra na internet gratuitamente. O senhor levar o debate para o problema do seu bolso e do bolso de outras pessoas é empobrecer o debate. Eu tenho muito mais trabalho depois que eu botei meus vÃdeos na internet do que antes. E ganho mais dinheiro. Essa é a minha opção. Se eu fosse esperar que uma produtora de cinema me achasse um profissional talentoso ou que o governo federal colocasse dinheiro no meu filme através de renúncia fiscal, eu não somente estaria até hoje sem fazer nem os curtas que eu fiz como, se os tivesse feito, estaria de rabo preso com o governo ou com empresas patrocinadoras, que é uma escolha que eu respeito, mas que eu decidi não seguir.
Muita gente de talento não conseguiu e nem vai conseguir ter o reconhecimento do rei do Baião. E muita gente é rei de muita coisa sem talento. O Creative Commons realmente não salvou nem vai salvar a vida de ninguém. E como é opcional, não vai influir em nada na vida dos que decidirem manter suas músicas (e outras obras) num esquema tracional de distribuição.
No mais, não acho que como ministro de estado o Gil fez pouca coisa, não. Basta seguir os links postados por alguém ali em cima. Acho que as pessoas precisam enxergar através das névoas que sobrevoam o paÃs e separar o joio do trigo.
Bah! Muito elucidativo, Maxwell.
Labes, Marcelo · Blumenau, SC 10/10/2007 13:30Muito ou pouco é relativo ao que é possÃvel. Podia muito mais.
Mansur · Rio de Janeiro, RJ 10/10/2007 13:35Muito interessante esse texto. Voto carimbado. Um abraço!
Lobodomar · Guarapari, ES 10/10/2007 20:16
Maxwell, acredito que a visão de ampliarmos a liberdade de escolha é o caminho para o desenvolvimento. Quando o cinema surgiu, muita gente falou: "vai acabar o teatro". Não acabou. Veio o rádio e muitos podem ter pensado, "agora sim vai acabar o teatro". Não acabou. Daà veio a TV e muitos pensaram "vai acabar o cinema". Não acabou. Então, isso indica que o Creative Commons não irá provocar um dano maior aos artistas. O que está acontecendo é que muito mais gente vai ter oportunidade de mostrar o seu trabalho.
Fico imaginando como teria sido o cenário da música brasileira se na época do Gil, Caetano, etc existisse internet. Será que não terÃamos muito mais história para contar sobre a MPB, do que apenas a hoje contada por quem conseguiu distribuição para os seus produtos culturais?
Mansur, Ronaldo e todo mundo
The question is: Com CC, ou sem CC, acerca deste saladão cultural que é o mundo, como seria possÃvel fazer do Overmundo um espaço estritamente brasileiro? Ja´que sugerem, vamos falar um dia destes do Kuduro angolano então. Já mando aqui uma justifica prévia pára a minha solicitação de tudo a ver para o post estrangerista que farei.
Artigo 1- Kuduro é coisa bem brasileira, garanto, mesmo sendo de Luanda, Angola, Ãfrica austral. Só pra começar a etimologia da palavra já diz diz tudo: Ku (isto que vocês pensaram aà mesmo, só que, saÃdo do mais puro vernáculo do Kimbundo de Angolano ou seja, uma contrição de Ma-taku, palavra que se traduz por ânus - ou bunda, neste caso) e Duro (duro, do lusitano rÃgido, imóvel) Kuduro, pronto. Dança sem remeleixo de quadris (coisa que no Semba, por exemplo, abunda)
DifÃcil vai ser linkar alguma peça de Kuduro liberada em CC. Os rappers de Luanda, pelo que imagino, ainda não estão muito nesta onda não. A gente vai fazer o que for possÃvel. Vai que um deles topa?
Boa sugestão aqui para o tio. Luanda seria um belo territótio deste Overmundo possÃvel.
Abs
Abs
Mais Brasil que isto.
Muito bem,
valeu pelo artigo valeram pelos coment ários. Como não tenho direitos autorais em disponibilidade, ao que saiba, nunca tive
razões para entrar no tema.
Meu registro, que puderia ter sido somente o voto, é apenas dizer que aprendi muito. E ser dos que acreditam na postura do Ministro, Gilberto Gil; contratular-se com o Hermano e em especial com os comentaristas, um abraço a todos, andre.
Nada contra Gil, grande mestre, artista talentosÃssimo. Muito a cobrar do ministro...
Ta certo…!! Mas, ta errado - ??
Pois, quando o caso eh "poe um baiano na fita"... (falo gingando!!!) (pois sei de umas e outras!!!)... inclusive em Geneva, aonde tava ha pouco...
Ministro... poe, mais, 'jabas' nesse feijao... que chegou mais um... !?
Podes crer camara... desse jeito, o Rio, vai continuar... ???
e o BR… vai poder ate’ encalhar!!! ???
Ela nave va...
Sarava, qu’eh dia de Oxala!
Ronaldo e Mansur (e Helena também),
Só pra avisar que a matéria do Kuduroque vocês sugeriram, rolou.
http://www.overmundo.com.br/overblog/kuduro-afrohiphop-de-periferia
Muito bom! Vou citar seu texto no meu próximo post na Revista Música. Excelente contribuição. Parabéns!
Diego Matias · Corumbá, MS 25/1/2008 17:40
Boa discussão!
Contudo (não obstante eu seja um leigo no assunto dos direitos autorais) acho meio trágico o artista passar a 'cobrar' meios de ganhar dinheiro - especialmente cobrar de 'governos'. Incentivos, polÃticas públicas, regulamentações, tudo isso é importante, imprescindÃvel, talvez. Mas antes um cara fazia uma peça, com apoios financeiros ou não, e lutava pra ter público. - Hoje, muitas peças entram em cartaz já 'pagas'! - com lucro e tudo. Isso ocorre com filmes, e até com CDs de grandes gravadoras que obtém apoio da Lei Rouanet (caso de Vanessa da Mata)...
A primeira preocupação do artista, penso, é a arte! E, por conseguinte, construir um público. Como o público vai pagar pela obra cabe ao artista escolher, propor, buscar e/ou criar alternativas. Antes, 'A' alternativa a intermediação de um sistema industrial; a internet, parece, veio apenas multiplicar tais alternativas - inclusive, de forma experimental - os novos modelos são embrionários. Trata-se de fase de transição de conjunturas na área da distribuição da cultura e da arte, implicando inclusive na produção.
Só acho que artista também depende de grana, claro, pra viver. Mas no dia que a Arte e a Cultura dependerem de Governos e Indústrias, aà sim, deverÃamos nos preocupar seriamente com os artistas....
gil é um dos maiores artistas-cantores-compositores em atividade de nosso paÃs ..
porém, cobra uma BABA por um showzinho +/- e, como ministro da cultura, pouco ou nada fez pela NOSSA cultura de fato.
parafraseando uma grupo de reggae muito verdadeiro do Rio de Janeiro: "de que valem os DREADS .. se as palavras são em vão..."
Hermano,
Um artigo que vem a calhar num momento em que o tema está sendo amplamente discutido e despertando o interesse de quem, como eu, estava um pouco distante do tema.
No meu caso e de muitos faz-se necessário conhecer mais sobre o assunto. Esta semana li na edição imprensa do jornal Brasil de Fato um artigo, disponÃvel para quem não é assinante, que também me ajudou a começar a entender alguns dos interesses obscuros que estão em jogo nesse debate (certamente os mais importantes).
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