Samuca é um senhor negro de aparência cansada e um olhar orbitando entre o nada e o lugar nenhum, que jamais foi visto sem um paletó puÃdo, sempre transitando pelas vielas de Ondina, no máximo andando até a Barra. Samuca não mais se comunica pelos métodos tradicionais, parece ter desistido de falar. Não se sabe sobre a origem e o passado dele. Sem nome nem sobrenome, Samuca é um fantasma a quem se referem com certo carinho e um pouco de compaixão, do mesmo jeito que Gasparzinho também é um etéreo camarada.
Samuca perambula envergando seu paletó esfarrapado que algum dia foi bege. Sempre desconfiado, não aceita a aproximação despretensiosa de ninguém, mas também não costuma reclamar com palavras. Simplesmente, muda de local, sai do ponto demonstrando uma insatisfação por ser seguido. Está quase sempre fumando um cigarro que alguém lhe deu no outro turno, ou que ele mesmo comprou com algumas moedas dadas em gratidão.
De manhã bem cedo, ele bate ponto numa delicatessen da Avenida Ademar de Barros para tomar café. À noite, ele volta e os funcionários já sabem que ele quer um pão e uma xÃcara de café quente. Muitas vezes, alguém oferece um sanduÃche e ele recusa. Outras vezes, apenas aquiesce com a cabeça e emite um grunhido para dizer que aceita o favor.
O leitor mais atento vai sentir falta das aspas com declarações de Samuca, tudo reflexo da mudez irredutÃvel de nosso personagem. Falar é até desnecessário com tanto recado que ele consegue dar em seu idioma peculiar de escapista. Em mais de 40 anos a girar na mesma região, Samuca é um espectro de boatos.
Uns juram que já foi muito rico e se revoltou com a vida burguesa, outros garantem que ele era um dedicado estudante de medicina que perdeu o equilÃbrio de tanto decorar anatomia e diagnósticos de doenças. Samuca não dá respostas, apenas continua andando.
Sem dono
Errante mas disciplinado, ele anda muito e sempre. E quando não está caminhando, fica agachado, recolhido em uma introspecção muda. São inúmeras as lendas urbanas que rodeiam essa entidade.
“Cada um conta sua própria históriaâ€, confirma Andréia Araújo dos Santos, caixa há um ano e três meses em um dos estabelecimentos em que ele dá o ar da graça. Alguns afirmam existir parentes seus em São Lázaro, outros dizem ter visto familiares dele na Boca do Rio. Um vendedor de caldo de cana divulga que ele viu a mãe sendo estuprada e ficou traumatizado.
Já Ãlvaro Barbosa, o dono de um carrinho de cachorro-quente, garante que ele era um secundarista aplicado que chegava da escola por volta do meio-dia, quando testemunhou o assassinato dos pais por um carro em alta velocidade. Daquele dia, virou um nômade na paisagem.
É o esmolé que tem o orgulho para rejeitar caridade. “Se ele já estiver com uma carteira de cigarro e alguém oferecer mais um, nega na mesma horaâ€, jura Ãlvaro Barbosa, 54 anos. Só que à s vezes tem uma necessidade orgânica que o impede de manter a fleuma. “Se ele estiver sem nada, aceita até a guimba do cigarroâ€, completa Carmelito Souza, 50 anos, dono da banca de revistas onde o surrado Samuca à s vezes chega com duas ou três moedas para trocar por algo para fumar.
Passeio
A vida de Samuca é também um passeio por Ondina, bairro residencial com o fluxo contÃnuo de estudantes. Acompanhar seus descaminhos é uma descoberta da geografia do bairro. É invadir a Rua Baependi e depois trilhar pela orla dos hotéis de luxo, passando por restaurantes e agências bancárias. É ficar tranqüilo sob uma árvore na Rua Macapá, ouvindo os pneus de carros chacoalhando no calçamento de pedra. A Avenida Ademar de Barros é seu lar e uma amendoeira é seu teto. Em outros momentos, prefere dormir na Sabino Silva, não se sabe o que o faz mudar de um dia para o outro.
É capaz de ficar uma hora fitando o movimento de veÃculos no rush do fim de tarde. Samuca caminha vagaroso, a passos de quem não tem destino. O paletó de ombreiras largas dá ao corpo a geometria de um quadrilátero. Recorta uma caixa de papelão e recolhe um papel laminado do prato de marmita sujo. Com aquele, vai fazer um colchão fino e inútil. Com este, produz uma espécie de relógio sem ponteiros mas brilhante, ou uma coroa. Por essas e outras, já foi eleito por alguns fãs como pioneiro na reciclagem.
Fãs virtuais
No site de relacionamentos Orkut, a comunidade Todo Mundo Conhece Samuca contava com 960 usuários na última semana de abril, todos fãs do “mendigo mais chique do Brasilâ€, alguns com oito anos de idade, outros com mais de 50. Os tópicos são diversos como A idade de Samuca, Onde Samuca passa o Carnaval, Quase atropelei Samuca, Samuca campeão corredor. Só que o mais comentado, com quase 80 opiniões, é O passado de Samuca.
Cada um consegue uma interpretação mais incrementada para essa incógnita que se revela tão incômoda como o assassinato de John Kennedy. O estudante Eduardo Pontes, 19 anos, criador da comunidade: “Eu sei que cada prédio tem sua teoria do passado de Samuca que é passada para frente pelos moradores mais antigos, ou pelos porteiros e zeladores. A mais famosa do meu prédio conta que Samuca era um garoto rico que deu uma festa enquanto os seus pais viajavam. Após fazer o uso de drogas nessa festa, ficou totalmente sem noção e acabou indo para as ruas, mais tarde ficando maluco.â€
Lá na frente, outro diz que ele era excelente professor de matemática que ficou maluco depois de corrigir tanta prova. Um mais ufanista garante que ele foi combatente na Guerra do Vietnã e que não agüentou ver tanta carnificina.
O universitário Marcelo Kubli Vieira, 21 anos: “O motorista da minha vó disse que conhece Samuca faz anos. A história que ele me contou é que Samuca trabalhava como cobrador de ônibus e era um homem direito e trabalhador. Mas aà ele teve um caso com a mulher do chefe dele, que resolveu espancar o pobre Samuca até ele ficar doidão do jeito que ele é.†Cada qual faz a aposta mais absurda para o evento que transformou para sempre a vida deste anônimo em um passado de sombras e um presente de migalhas.
Funcionário-padrão
Seu Ângelo, um espanhol que era o antigo dono da delicatessen, uma das pessoas mais próximas a Samuca, certa vez contou para uma funcionária que ele era caixa de uma padaria no Chame-Chame. O estabelecimento faliu e “de uma hora para a outra, ele fundiu a cabeçaâ€. Já dona Maria José, que está pagando o pacote de pães cacetinhos, discorda. Ela ouviu dizer que o problema dele foi de uma paixão fulminante por uma antiga moradora da região. Como não foi correspondido, resolveu largar os parâmetros de vida comum para algo sem juÃzo e sem razão.
O porteiro Manuel Borges dos Santos trabalha há 18 anos no mesmo local, tempo suficiente para ter a convicção de que estamos falando de gênio incompreendido. Argumenta que ele é bom de cálculo e tem a noção exata dos dias da semana, dos feriados, principalmente. “Se você perguntar o que significa o dia de hoje (21 de abril), ele te dá uma aula sobre Tiradentesâ€, garante Manuel, na certa esquecendo que Samuca dificilmente articula um diálogo. A empregada doméstica Nuzinéia Santos há 16 anos serve um café para Samuca, a pedido da patroa, que mora no CondomÃnio Costa Cavalcanti. Dele, nada ouve, mas também não diz nada.
Um tempo atrás, segundo os poucos que ainda se interessam pelo enigma que é a vida de Samuca, ele foi atropelado. Ficou quase dois anos em tratamento no Hospital Juliano Moreira. Quando se recuperou, indicou como endereço para o motorista da kombi a rua onde sempre fica, hóspede do relento. O carro parou ali, em frente da padaria, Samuca saltou sem dizer adeus e lá ficou. A versão para essa história muda de acordo com o narrador. Para uns, não foi o Juliano Moreira, mas sim o HGE. Para outros, não foram dois anos, mas alguns meses. Por fim, tem aqueles que dizem que Samuca nunca foi atropelado, apenas é recolhido de tempos em tempos para uma assepsia geral. “Nessas horas, ele volta novinho, com aparência boa e cheirosoâ€, jura Fernando Silva, gerente da delicatessen onde ele é assÃduo beneficiário.
A enfermeira Moni Melo deu o depoimento mais lúcido da comunidade do orkut. Ela garante que conhece Samuca desde 1970, quando começou a estudar no Instituto Social da Bahia, ainda criança, e via sempre aquele senhor de cara amarrada, mas vestido numa elegância de dar gosto. Quando ela começou a fazer estágio no antigo Hospital Geral, no Canela, terminou atendendo aquele que sempre foi tema de suas especulações juvenis. “Ele sofre de esquizofrenia, doença que afeta as funções cerebrais e desconecta o paciente da realidade. Ele ia sempre para o HGE por conta de bronquite, piorada pelo cigarro. Nunca deu trabalho para as equipes médicas ou de enfermagem quando ficava internado. E como sempre, de repente, ele sumia...â€, narra.
Sem passado e sem futuro, seu perÃmetro é um território onde os estudantes passam fazendo chacota. Várias gerações se acostumaram a fazer dele o alvo preferencial de sua falta de limites: Samuuuuuca, gritam. Enfezado, ele reage com algum palavrão, num dos poucos episódios em que é capaz de falar. Um balconista confirma que ele nada diz, nada esclarece. A esse incomum personagem juntou-se um estudante universitário que, semanalmente, aparece com uma máquina digital para, também solitário, registrar fotografias do indigente, sem que ele perceba.
Samuca está ali na frente do mercadinho, sentado e roto, como se fosse um vira-latas sempre acuado. Dona Fifi passa por ele e cumprimenta: “Samuca, meu amigo, boa noiteâ€. Ele não responde, parece não ligar. Continua a mexer em um pedaço de papel velho, como se sua vida dependesse exclusivamente do fato de ficar despercebido aos olhos do mundo.
Pablo, pablo, são duas sensibilidades gigantes - a de Samuca infesnso ao Mundo, e a sua de retrata-lo - a capacidade de enolver-se com tal grandeza, merece parabéns.
Andre Pessego · São Paulo, SP 26/5/2007 12:18
Muito obrigado pelo elogio. Samuca realmente é uma personagem fora de série.
Valeu
Obrigada por nos presentear com o retrato desse brasileiro tão especial, Pablo. Uma história digna de um texto tão sensÃvel.
Tetê Oliveira · Nova Iguaçu, RJ 26/5/2007 23:38Valeu, Tetê! Ainda estou vendo aqui como melhor usar o Overmundo. Obrigado pela motivação.
Pablo Reis · Salvador, BA 27/5/2007 00:15
Acho que o Overmundo é pra isso mesmo, Pablo. Para um "outro mundo"...
Abraço!
Valeu, Egeu! Concordo com você. Essas pessoas estão aà cheias de histórias que merecem ser contadas. Abraço
Pablo Reis · Salvador, BA 28/5/2007 08:22Fabuloso, um dos grandes momentos do overmundo, na minha humilde opinião. Texto agradável, demonstrando uma pesquisa bem fundamentada e, mesmo assim, sem tirar do foco o personagem maravilhoso que retrata. Obrigado, Pablo.
CHEI alexandre abrahão · Belo Horizonte, MG 29/5/2007 13:44
Muito bacana o perfil,Pablo.
ótima leitura!
valeu a dica Chei!
Beijo grande.
Lindo isso, Pablo. Acabei de ler um outro texto aqui no OVERMUNDO sobre uma outra "personagem brasileira", A missão de uma bailarina especial, muito bom tbm, vale a pena dar uma olhada.
E Chei... valeu demais a dica.
Chei, Maria Elisa e Yuga, muito obrigado! Seus comentários me deixaram feliz e bastante orgulhoso. Acho que as palavras são, inclusive, mais elogiosas do que eu mereceria. Yuga, li o texto da bailarina, gostei e já votei. Valeu, galera
Pablo Reis · Salvador, BA 29/5/2007 19:11
Parabéns Pablo!! Mostrou um lado muito diferente do programa das 13h! Brincadeira...
Abração meu velho e tudo de bom!
Sabe-se quem batizou o Samuca?
Marcelo V. · São Paulo, SP 30/5/2007 16:58Valeu, Marvin! Poxa, Marcelo, até que tentei descobrir mas não consegui. Um abraço
Pablo Reis · Salvador, BA 30/5/2007 17:27quero conhecê-lo. É essas pessoas que deixam a gente em dúvida se existimos mesmo, se somos mesmo "normais", se somos mesmo felizes.
Jan Moura · Cuiabá, MT 31/5/2007 10:45
que coisa louca...adorei essa história, adorei o texto, adorei a tua sensibilidade, Pablo...
Parabéns mesmo...
Deixem o Samuca em paz!
Marcos Valério de Azevedo Maia · Belo Horizonte, MG 31/5/2007 18:57Texto lindo, Pablo, de uma sensibilidade enorme. Valeu mesmo!
Ilhandarilha · Vitória, ES 31/5/2007 20:32
Lindo. SensÃvel, delicado...
Olhar humano sobre uma vida transformada por outros em caricatura.
Parabéns, moço.
bom texto Pablo! sua descriçåõ do bairro me deu uma saudade de salvador......
diginois.com.br · Rio de Janeiro, RJ 31/5/2007 21:41Pablo, meus sinceros parabéns. A sua sencibilidade e a capacidade de passa-lá para o papel é maravilhosa.
Anna Claudia Costa · Natal, RN 31/5/2007 23:05
Sensibilidade à parte, uma excelente matéria. Fez um retrato não só do personagem (sem sequer ter falado com ele), como também dos palpites que o cercam.
Bom texto.. legal como levanta várias possibilidades e compara versões..
Mas achei um pouco triste o fato de que (pelo menos foi a percepção q tive) de ver poucas pessaoas que se relacionam com Samuca ultrapassarem a barreira fantasmagórica para ajudarem-no com algum gesto solidário.. assim como o Samuca as grande cidades estão cheias de moradores de ruas como suas vidas difÃcei e invisibilidades completa da nossa sociedade....
caramba pablo foi de mais?
markinho · São LuÃs, MA 1/6/2007 04:36Este é um tema maravilhoso!Na minha terra são tantos destes personagens que até podiamos fazer um banco de informações para a memória de todos eles. Realmente, todo maluco tem seu gingado!
João Rafael · Sabará, MG 1/6/2007 06:44Figura fantástica e um texto delicioso de ler.
Daianne Fernandes · Palmas, TO 1/6/2007 08:43Lembrei-me de uma frase do Suassuna, em uma palestra dele que assisti essa semana. De como todas as cidades tem seus "doidinhos"... e como eles vão se tornando a alma do lugar.
Daianne Fernandes · Palmas, TO 1/6/2007 08:45
Pablo, acho que cada canto do Brasil tem suas figurinhas exóticas. Minha infância teve uma, a Mayoya, em JataÃ, Goiás. Sua matéria está riquÃssima em detalhes e versões.
Essas figuras que transitam entre dois mundos sempre atraem a curiosidade, e exercem algum fascÃnio. Prazer em conhecer o seu 'Samuca". Parabéns pelo texto!
eh! salve! texto bao heinh? e o samuca sao tantos...
bentuio · São Paulo, SP 1/6/2007 09:55
Centenas de 'Samucas' estão espalhados pelas ruas do mundo. Em Guarulhos-SP, conhecia um 'samuca' que tinha sido um grande farmacêutico da cidade, mas acabou tudo com bebida.
Texto excelente. Bela história.
Muito bom o texto, e o registro de um dos muitos Samucas que temos espalhados pelo paÃs.
Abraços e Parabéns!
Muito bom o texto, atraente e fascinante como você narra a historia!!!
Andréia Santos · Salvador, BA 1/6/2007 13:23
hehehehe
tá parecendo comigo.
Parabéns para ambos..ao personagem Samuca e Pablo pela sensibilidade e observação. Não apenas pelo excelente perfil, mas por dar destaque a pessoas tão fantásticas como Samuca, que quase nunca são reconhecidos nem divulgados pela "grande imprensa". Não é fácil falar de alguém, ainda mais sem conversa, já que Samuca quase não falava. Percebo então a importância do olhar sobre o outro e a capacidade desta observação. Interessante também todas as suposições da história de vida de Samuca. Obrigada pelo texto :]
LÃzia Sena · Salvador, BA 1/6/2007 14:20
Meu caro PABLO... ainda nem li mas já gostei! Esses pobres "zombies" urbanos são (quase sempre) negros. Também conheci em minha juventude um jovem negro deficiente fÃsico, andava pelo calçadão da praia de Copacabana, no posto 3, sem que ninguém o notasse ou alimentasse.
Chamava-se JORGE... tentou se enturmar conosco, mas as chances eram mÃnimas. Desenhava em rascunhos, belos traços. Teria sido um ótimo desenhista, se a oportunidade lhe fosse dada. Volto ao teu texto outro dia! Abraços do "NATO" AZEVEDO
Obrigado a todos pelos comentários. Vocês foram muito gentis e muito mais generosos nos elogios do que o merecido. Valeu, Jan, tenho certeza que em Cuiabá há muita história de vida pra ser contada. Natacha, obrigado pelo carinho. Carol, guardei como troféu seu comentário, assim como o de andarilha. Anna Claudia e Mário, agradeço os incentivos. Santanna, tá na hora de vc voltar a Salvador. Thiago, sua interpretação é muito coerente. Markinho, obrigado. João, invista nesses personagens. Daianne, Suassuna tem toda a razão. Roberta e Bentuio, valeu. Filipe e Priscila, eu li seus textos e são ótimos. Caranguejo, você pode até andar pra trás, mas enxerga bem adiante. Andréia e Azevedo, muito obrigado. LÃzia, quando passar por Ondina, procure por Samuca. Galera, tem um texto novo meu na fila de edição. É o SENHOR CONSPIRAÇÃO, sobre uma figura tão interessante quanto Samuca. Um abração a todos.
Pablo Reis · Salvador, BA 1/6/2007 16:03
Somos fantasma aos olhos do outro...
Agradecido, José!
Parabéns, Pablo. E obrigado por compartilhar conosco a poesia urbana viva, cotidiana e pulsante. Mágica... mágica...
Edisandro · Cruz das Almas, BA 1/6/2007 19:12Edisandro, meu amigo, só tenho a agradecer seu empolgante comentário e tentar me esforçar para ser fiel aos heróis da vida real. José, um abraço cordial.
Pablo Reis · Salvador, BA 1/6/2007 19:31Parabéns, Pablo!!! Belo texto!!!
Cipy Lopes · Salvador, BA 1/6/2007 21:54
de certa maneira, todos somos samucas.
bela matéria.
estamos chegando Pablo, dia 11/06 na sala do coro do Teatro Castro Aalves num evento chamado conversas plugadas. pinta la!
diginois.com.br · Rio de Janeiro, RJ 2/6/2007 20:57
durante alguns anos vivi na sabino silva e sempre via aquele ser com um certo porte nobre (nunca o vi sem estar de terno), andando por ali, as vezes no meio da rua, andando e rindo, fazendo gestos, com seus cocares dos mais diversos materiais fabricados por ele mesmo... da janela do apartamento onde morava, muitas vezes via seu samuca, enigmático morador das ruas da nobre ondina... sempre tive curiosidade, é verdade, em saber mais sobre ele... hoje em dia, quando vou andando da centenário para a sabino silva filar o rango da minha vó, ehehehe, muitas vezes passo por ele, e sempre o cumprimento, "bom dia seu samuca", e sigo andando. no que o máximo que já consegui de retorno foi o balançar da sua cabeça e algum grunhido com um certo cansaço e desdém pela comunicação com os "normais" ehehehe. contato só o essencial... ele já pediu muitas vezes água ao porteiro do prédio onde eu morava, cigarro na banquinha de frutas do lado do prédio e é interessante porque parece ser considerado pela maioria como realmente uma lenda viva e parece ter obtido um certo status cult, com um certo respeito dos moradores... e isso também é enigmático pois geralmente este tipo de personagem urbano, da linhagem dos loucos, vagabundos, andarilhos, malandros, perdidos, entre outros, são geralmente rechaçados, postos pra fora dos ambientes e tal... com seu samuca, talvez pelo tempo que a comunidade convive com a presença dele e também por ele não "incomodar" as pessoas, estas pessoas o consideram parte integrante do ambiente do bairro e o tolerem...
bem, eu particularmente sou fã de seu samuca...
somdoroque.blogspot.com
Cipy e André, Samuca é uma espécie de entidade aqui em Salvador. Mereceria ser reverenciado. Roque, você disse tudo sobre essa figura exótica e intrigante. Santanna, não vou querer perder o espetáculo. Pessoal, tem um texto novo meu na fila de votação, precisando da ajuda de vocês. É sobre um senhor que vê intriga internacional em todos os fenômenos, o Marinheiro Milton, também conhecido como Senhor Conspiração. Avaliem mais esta figura soteropolitana, clicando aqui.
Pablo Reis · Salvador, BA 3/6/2007 16:58Obrigado, Fê! Tem um texto novo e mais bem humorado falando sobre uma corrida de garçons no meio da rua: CEM METROS COM BANDEJA. Dê uma passada lá. Um beijo
Pablo Reis · Salvador, BA 8/6/2007 21:58
ok, Pablo gostei dessa resportagem com o nosso amigo samuca, conheço o mesmo a 25 anos a mesma coisa não mudou nada, e as historias q conta dele deve ter uma com fundo de verdade...
e continue assim realizando reportagem do nosso povo.
abraço.
Parabéns Pablo, sou também de Salvador mas, não conheço Sr. Samuca, entretanto, fico a imaginar se o MUNDO do Sr. SAMUCA não seja mais interessante que o nosso... Talvez no seu mundo não exista tantas pessoas "doentes" como existe no nosso!! Gostei muito da sua pesquisa. Bjo.
ILZE SOARES · Salvador, BA 4/10/2007 15:35
Cara, achei seu texto excelente! Muito bem escrito, fino jornalismo literário. Deu vontade de conhecer o Samuca, só pra confirmar, porque parece até ficção!
Vou adiciona-lo como amigo.
Até
Maravilha!
Sou de Salvador e não conheço Samuca, mas já me encantei com ele, graças a sua capacidade massa, Pablo, de captar o que há de extra-ordinário no cotidiano. Lembrei de uma reflexão de alguem sobre Bobby Fischer (célebre enxadrista que pirou um pouco): 'não seria a loucura um estado de inteligência acima de qualquer outro?'
Conheço Samuca, alguns dizem também que por estar na encruzilhada é um Éxu vivo, onde ele tem a missão de levar os desejos e recados dos humanos para os Orixas, por isso na encruzinhada pois ali se tem acesso para todos os caminhos. Samuca é o senhor de todas as chaves.
Evandro Calisto · Salvador, BA 12/12/2008 09:59isso se chama folclorizacao da miseria, o texto provoca em quem le uma reacao de peninha, de 'as coisas sao como sao e nao ha nada q eu possa fazer para mudar', de inacao e contemporizacao. me desculpe, mas vejo nessa situacao apenas miseria e insensibilidade. as pessoas passam e ja' sao vacinadas contra qquer reacao de ajuda. onde estao as instituicoes para ao menos tentar dar uma vida mais digna a esse ser humano?
ocaminhodomeio · Salvador, BA 3/6/2012 08:32
Ola Pablo!!
Morei no jardim Apipema, quando eram apenas 4 casas na rua Nita Costa a primeira do bairro, em meados de 68 e já estava lá o Mestre Samuca, muitas vezes alvo das brincadeiras de criança que fazÃamos, na ingenuidade da idade.
Hoje um amigo dessa época maravilhosa que foi minha infância me passou o link do seu texto, vejo nele o Seu Samuca, e viajo no tempo, num tempo que não volta e que parece não ter passado para o Samuca.
E que me faz lembrar de um certo Antonio Bispo do Rosário, eu sua "lucidez"
Obrigado
Pablo meu querido, me emocionei com seu texto, estava até curioso pra saber quem escreveu, quando tive a alegria em ver que foi você.
Já vi Samuca em minhas corridas matinais, ele as vezes fingia correr, mas na lentidão dele, era uma forma de se comunicar com os corredores, achava engraçado, mas não sabia nada dele.
Com seu texto acabei tendo por ele uma afeição, como quem gosta de um personagem fictÃcio de novela.
Assim como a "mulher de roxo", ele entra para a história social de nossa cidade, e espero que alguém como você escreva um livro sobre essas histórias sociais que um dia serão um passado interessante em nossa terra.
Muito boa a sua matéria sobre o Samuca. Moro em Ondina desde 1985 mas, desde antes, já freqüentava o Bairro. Me recordo bem dele e atualmente mesmo residindo em SP, sempre estou em Salvador e acabo encontrando com Samuca. Abraço e parabéns pelo texto.
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