O Livro como Fonte de Renda

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Georges Kirsteller · São Paulo, SP
29/8/2007 · 118 · 2
 

Apesar do Brasil ser um país onde se lê aproximadamente 0,7 livros/habitante/ano, o mercado livreiro e editorial tem se mostrado uma fonte de renda das mais promissoras. De qualquer maneira, é de se esperar que uma nação que se dá o luxo de informatizar praticamente a totalidade de suas atividades burocráticas e empresariais, não continue a trilhar, culturalmente, o mesmo caminho - e no mesmo ritmo - que a Somália, Ruanda e Nigéria. O povo se ilustra cada vez mais, dia a dia, vê e sente a necessidade de expandir seus conhecimentos e sabe que, a despeito da televisão, o livro ainda é a melhor e a mais barata maneira de adquirir informações. Assim, tanto do ponto de vista editorial quanto do consumo de livros, a tendência é melhorar.

No entanto, ainda é preciso lutar contra muitos obstáculos, contra muitas artimanhas desenvolvidas pelos distribuidores e livreiros, artimanhas estas geradas por uma política econômica nacional de juros altíssimos - que no mínimo inibem os investimentos - e que, "contaminando" o pensamento dos que trabalham neste ramo, prejudicam seriamente o desenvolvimento de um mercado que, a exemplo do que ocorre nos países desenvolvidos, é um dos mais lucrativos. A taxa de desconto cobrada por muitas distribuidoras, superando os 50% do preço de capa, deveria ser menor. Não houvesse uma porcentagem tão alta e o livro poderia chegar ao consumidor por um valor bem menor, facilitando vendas e possibilitando o acesso à cultura para um maior número de pessoas. A mentalidade colonialista que impera na maioria das editoras brasileiras - mentalidade esta provavelmente ditada por uma tendência que vem do próprio povo e que está no velho ditado "santo de casa não faz milagre" - determina a preferência editorial por autores estrangeiros, em detrimento dos patrícios que, certamente não têm menos valor que um Sheldon, um Robbins ou um Higgins. Temos brasileiros que escrevem muito bem, que possuem idéias excelentes e que poderiam se tornar grandes, desde que editados e, evidentemente, lidos. O preconceito pior parte dos livreiros - contra o qual nós temos lutado muito - de que o livro de bolso não tem aceitação por parte dos leitores, é um outro fator impeditivo de uma maior divulgação dos livros no seio do grande público. Um livro de bolso pode conter exatamente o mesmo texto que uma edição de luxo, com a vantagem de custar menos, justamente por não pensar em ostentação e apresentação luxuosa. O valor daquilo que está escrito é imutável. Ou presta ou não presta e cabe ao editor, antes do leitor, saber filtrar aquilo que irá levar às prateleiras das livrarias.

São espinhos que aqueles que desejam ingressar nesse mercado, têm de vencer. É uma luta que se deve abraçar contando como principal arma, a necessidade que o povo brasileiro vem demonstrando, de melhorar seu nível cultural para que, não apenas em reservas cambiais, de fato passe a trilhar o caminho do Primeiro Mundo. O brasileiro sabe que para se equiparar a qualquer outro povo mais desenvolvido, o requisito primordial é a cultura e, exatamente por isso, vem procurando aumentar em primeiro lugar, o seu nível de leitura.

Autores novos, talentosos, surgem a cada dia. Porém, esses gênios continuam apagados porque seus trabalhos não são divulgados, não são publicados, não são vendidos, não são lidos. São os preconceitos e os temores das editoras os principais motivos para que esses novos luminares jamais apareçam.

Há os mais ousados, os que se arriscam uma vez, levam sua obra a uma gráfica, mandam imprimir e... infelizmente, fracassam. Esse fracasso foi determinado principalmente pela falta de orientação editorial. Uma gráfica simplesmente executa o serviço gráfico que, inclusive, pode ser muitíssimo bem feito. Contudo, fazer um livro não é apenas mandar imprimir cento e tantas páginas de papel. Há que se editar o livro. Há todo um processo de revisão, desde a simples revisão datilográfica e ortográfica, até mesmo a delicada e sutil revisão literária, em que o editor apreende a idéia do autor e a retransporta para o papel, colocada em termos claros, lisos, escorreitos e de fácil entendimento.

Por isso a necessidade de uma editora. Temos visto obras de bons autores, bem escritas e com idéias excelentes, que não conseguiram "decolar", simplesmente por falta de quem as editasse convenientemente.

O custo editorial não é barato mas, as vantagens vistas no produto final são inegáveis. Uma obra que tenha o respaldo de uma editora e que não seja uma mera "produção independente", tem toda uma tecnologia e todo um know-how em sua execução, que permite a aceitação pública mais imediata.

Aceitação que vai desde a apresentação do livro, com a escolha de uma boa capa e um bom título, até a elaboração da idéia, no miolo do livro e a sua explanação ao leitor.

FONTE: www.ryoki.com.br/textos.htm

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Egeu Laus
 

Aos interessados no mercado editorial sugiro a leitura do primeiro trabalho de fôlego produzido no Brasil ultimamente:
A Economia da Cadeia Produtiva do Livro, por Fábio Sá Earp e George Kornis, pequisa encomendada pelo BNDES. Baixem o estudo em pdf aqui.


Egeu Laus · Rio de Janeiro, RJ 28/8/2007 01:50
5 pessoas acharam útil · sua opinião: subir
Georges Kirsteller
 

Caro Egeu,
Sem dúvida é um estudo bem interessante. Muito obrigado pela dica! Acredito que irá enriquecer ainda mais o artigo acima.
Um abraço,
Georges

Georges Kirsteller · São Paulo, SP 28/8/2007 11:05
4 pessoas acharam útil · sua opinião: subir

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