O texto foi produzido já há algum tempo.. mas como certas idéias são atemporais vale compartilhar com os overmanos
Um público com um traço inevitável: a diversidade. Pessoas de vários cantos do mundo, com histórias e visões diferentes. Em comum, a pergunta: “como a arte pode transformar beneficamente realidades?â€. Na certa houve inúmeras respostas nos dias 17 ao 25 de julho, perÃodo do “VII Congresso do IDEA Abraçando as Artes de Transformação: Viva a Diversidade! Viva!â€, em Belém (PA). E é de lá, do Norte do PaÃs, que um sergipano concedeu a entrevista abaixo por telefone. Zezito de Oliveira foi convidado para apresentar a interessante experiência do Projeto ECARTE que, nos anos de 2002 a 2006, realizou oficinas de teatro, dança e discussões sobre o Estatuto da Criança e Adolescente com adolescentes do conjunto Jardim, periferia da região metropolitana de Aracaju.
- Cite três aspectos mais relevantes que você destacaria no IDEA 2010?
A abertura foi muito bonita, vários grupos do Pará estavam presentes: marujada, carimbó, grupos indÃgenas. Na chegada, senhoras erveiras davam banho de cheiro nos participantes. Primeiro destaque foi como fizeram a programação através de oportunidades onde as pessoas na abertura das conferências e rodas de diálogo podiam entrar em contato com as outras através de uma forma de comunicação para além do código verbal, utilizando gestos, movimentos, olhares e afetos. Em um dia foram técnicas do teatro do oprimido [Teatro desenvolvido por Augusto Boal que utiliza a platéia como personagem e que tem como objetivo democratizar o teatro para realidades desfavorecidas]. Em outros dias, foram técnicas de mimica e ginástica oriental, coordenada respectivamente por jovens da Tailandia e de Hong-Kong, este último por um rapaz excepcional, de um grupo de Hong Kong, que possui um trabalho junto a pessoas portadoras de necessidades especiais. Outro aspecto foi a imersão nas comunidades. Cada participante poderia escolher um roteiro para vivenciar uma experiência envolvendo arte-educação em comunidades ribeirinhas, nas pequenas ilhas. E um terceiro aspecto importante foi o contato com demais paÃses. Da Europa vem a maioria, pelas condições óbvias, mas veio muita gente da Ãsia e também da América Latina e da Ãfrica. Esse último continente em menor quantidade, em razão das dificuldades de captação de recursos junto a cooperação internacional, em razão da crise financeira internacional de 2008/2009
-O que você pode trazer de positivo para o trabalho realizado em Aracaju?
O sentimento de coragem do pessoal que trabalha com situações de violência. Como agentes culturais do Zimbábue que enfrenta o próprio governo local e já tiveram integrantes de seus grupos presos. Outro caso interessante foi de uma jovem colombiana Julia Escobar, coordenadora da ONG Caixa Lúdica da Guatemala mostrando o que gerou a Rede Guatemalteca de Arte Comunitária. Um trabalho junto a jovens aliciados pelo narcotráfico e envolvidas com gangues. Há uma disposição de enfrentamento da violência e nesses processos, você percebe o quanto tem gente com coragem no mundo fazendo arte. E além de fazer arte, eles têm uma consciência de que a arte precisa ser bem feita, com mais afinco. Vejo neles muito estudo, muitos ensaios. Aqui no Brasil foi muito interessante um trabalho feito na Bahia e no Pará de arte junto com a polÃcia. Outra experiência bacana veio da China com vÃtimas do terremoto. A arte educadora disse que foi muito desafiador porque ela era muito tÃmida antes de iniciar esse trabalho. Então perguntaram como ela venceu esse bloqueio e ela respondeu: ‘Pelo coração’. Você percebe que mesmo quando a arte é polÃtica, você está trabalhando o ser humano. Isso passa também por um aspecto terapêutico da arte, porque o individual está conectado ao coletivo. A arte pode ajudar as pessoas a serem melhores, centradas no ser humano, mais conectadas umas à s outras e antenadas a bons valores.
Como Sergipe pode se firmar nesse cenário mundial da arte educação para a transformação?
Acredito ser importante Sergipe se voltar à sua cultura. Não como algo fechado, mas sim em diálogo com outras culturas e povos. Outra coisa que acho fundamental é levar a sério a pesquisa, o estudo e buscar a beleza, a qualidade artÃstica e, principalmente, o vÃnculo social bem firmado. Ao trabalhar com jovens você tem um desafio, porque, em certos trabalhos, se ficar somente no contexto tradicional não haverá diálogo. Você tem que fazer o diálogo do tradicional com a cultura urbana, a cultura contemporânea. Pensar na cultura como algo dinâmico. Como a embolada junto ao hip hop, a cultura popular com o rock, como no exemplo do Mangue Beat [movimento musical pernambucano que misturou tradições como Maracatu e estilos novos como o Rock, misturava Josué de Castro com ficção cientÃfica, e possuÃam letras com engajamento social e ecológico]. Isso na música, mas existem também trabalhos sendo feitos no teatro e na dança. Falo desse diálogo enquanto processo pedagógico e artÃstico junto a jovens.
Beleza, rapaz, marcando presença nesses eventos culturais aew, parabéns, aos poucos a gente vai conseguindo destacar a nossa Cuiltura no nÃvel que Ela merece !
Ainda num tenho notÃcias do grandão, mas ele tá nma área, de vez em quando pego uns comentários dele, pelaà !
Boas aulas !
Um beijo !
Ei Zezito.... Muito legal ler a sua entrevista sobre o IDEA. Foi muito bom encontrar você em Belém.... já retornei a Minas e agora estou trabalhando na organização no núcleo Minas da Rede Brasileira de Arteducadores (ABRA).
gobira^ · Belo Horizonte, MG 9/10/2010 08:54
Deveria haver por todo paÃs, em cada cidade, movimentos iquais. Os nossos jovens estão largados aos próprios destinos.
Parabéns e o que é bom não tem idade.
abraços.
Palco - Gilberto Gil
"Fogo eterno prá afugentar
O inferno prá outro lugar
Fogo eterno prá consumir
O inferno, fora daqui
Venho para a festa, sei que muitos têm na testa
O deus-sol como um sinal, um sinal
Eu como devoto trago um cesto de alegrias de quintal."
Alcanu, Drevra, Gobira e Kfarias, muito grato pelas palavras.
Acho que a metáfora do cesto cabe em relação a todos que fazem o Overmundo, o IDEA e ao Gilberto Gil/Juca Ferreira e a toda equipe que fez/faz o MINC nestes oito anos, além dos milhares de arte-educadores, artistas, produtores culturais, mestres, educadores e gestores culturais que estão espalhados por tantos lugares do nosso paÃs.
Tudo que Gil descreve na letra e a alegria que emana da melodia pode reforçar através da música, aquilo que respondi ao Thiago Paulino, o qual agradeço por perguntas tão bem elaboradas e pela fidelidade com que traduziu para o papel as respostas que dei no calor, humano e ambiental, do IDEA 2010.
Para ver e ouvir Palco, clique aqui
Desculpe-nos! O clip de Palco que deveria ter entrado era esta aqui.
Zezito de Oliveira · Aracaju, SE 9/10/2010 21:00
Opaaa... isso é o que eu gosto no Overmundo: esses cometários, intercâmbio e troca de visões de mundo. Afinal foi por aqui também que conhci Zezito e parte de sua história.
Conexão pelo Overmundo e depois conexão no mundo sergipano conhecendo mais perto o trabalho da Ação Cultural.
Abraços fortes e solidários a todos..
Neste perÃodo em que a matéria está em evidência, os paraenses estão celebrando a festa da Virgem de Nazaré se bem que eu prefiro chamá-la da menina/senhora Maria de Nazaré. Que ela derrame uma chuva de bençãos que alimente a coragem, a beleza, a solidariedade, a alegria e o prazer de todos os paraenses, amazônidas e brasileiros que sonham e lutam para vivermos no Brasil como num jardim de mil delicias.
Zezito de Oliveira · Aracaju, SE 11/10/2010 17:25
Tenho uma admiração muito grande por gente como você , e por todos - verdadeiros herois, que têm iniciativas na área cultural , principalmente quando aliam a arte com a educação. Parabéns.
abraços
Movimentos para levar a cultura aos jovens deveriam ser espalhados pelo paÃs.
Parabéns!
Olá pessoal de Sergipe! Parabéns! Nós aqui do 5o SEtoR-Academia da Arte do Trabalho, desenvolvemos Tecnologia Social que adota a Arte como fator fundamental no Desenvolvimento Humano, Profissional e para a Geração de Trabalho e Renda! Veja em www.5osetor.blogspot.com.
É muito confortante e motivador encontrarmos pessoas como vocês que acreditam na arte como fator de auxÃlio por um mundo melhor e mais consciente!
Parabéns!
50setor,
Valeu!! Vamos nos comunicando.....
Abraço,
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