Confesso minha ignorância: até poucos meses não tinha a mÃnima idéia de que o culto dos animês (desenhos animados de origem japonesa) havia deixado de ser uma atividade solitária diante das TVs e tomado conta de um circuito de festas em centenas de cidades brasileiras. Foi o Overmundo que me deu as primeiras dicas de que algo bem interessante estava acontecendo. O texto sobre a Pandora No Hako, banda de j-rock (aprendi ali que essa sigla - falada em inglês: jei-rock - significa rock japonês com preferência clara pela trilha sonora de animês) criada no Rio Grande do Norte, ficou por meses no topo da lista das colaborações mais lidas aqui no site. Pelo Overmundo também tive notÃcias de encontros de fãs de animês realizados por todo o Brasil: no Ceará, no EspÃrito Santo, em Sergipe, no Amapá. Fiquei então com uma pulga-pokemon atrás da orelha, com minha antena farejadora de "novidades culturais divertidas" ligada em alerta máximo: tem festa boa acontecendo no Brasil, e eu ainda não fui convidado!
Resultado: na primeira oportunidade apareci de penetra: ontem aconteceu o festival de aniversário de cinco anos da Anime Center, que é uma empresa de eventos de animês e mangás, aqui do Rio (para vocês verem como as coisas são bem organizadas: essa empresa já tem cinco anos, e não é a única no Brasil - sinal também que o negócio dá certo), realizado durante o chuvoso fim de semana no Centro Cultural da UERJ.
Cheguei atrasado, o cosplay já tinha começado. O que li no site não me tinha preparado para o que ia enfrentar ao vivo. Cosplay (como Ronaldo Lemos, companheiro de penetragem, me explicou) é outra abreviação nativa, desta vez para "costume play" - brincadeira de fantasia ou peça (no sentido teatral) de fantasia. Claro que eu sabia que ia encontrar um concurso de gente que se fantasia de personagens de animês. Mas não estava esperando tanta gente, no palco e na platéia. Quase não consegui entrar no teatro. Fui abrindo caminho à força na multidão (penetra é assim mesmo...), mas só consegui um cantinho na escada de entrada, e tive que passar por uma torturante sessão de alongamento para enxergar alguma coisa.
Valeu a pena. O que acontecia na platéia era até mais interessante do que as apresentações no palco. Uma balbúrdia ensandecida, como se todo mundo estivesse vendo o melhor espetáculo de suas vidas. Várias pessoas gritavam comentários, mas muita gente tinha umas plaquinhas brancas onde escreviam suas observações sobre o que estava acontecendo. A visão era a de um blog ao vivo, ou chat em três dimensões, com inúmeros "comments" surgindo aqui e ali em dezenas janelas de pop-ups simultâneas. Ou parecia uma história em quadrinhos, encenada por todos, cada personagem falando em seus respectivos balões. (Essas plaquinhas são muito comuns em outros eventos? É um fenômeno internacional? Por favor: quem souber mais responda essas minhas perguntas escrevendo um comentário abaixo!)
No palco iam desfilando várias personagens de animês que eu nunca tinha ouvido falar e outros mais conhecidos no mundo online (como os de Ragnarok). Havia várias etapas e categorias no concurso: desfile comum, encenações de trechos de desenhos animados, criações teatrais livres em cima das tramas dos desenhos animados etc. O mais bacana era a seqüência, um acontecimento atrás do outro: as cenas iam ganhando significados diferentes, produtos do acaso do que vinha antes e depois. Era como se todo mundo estivesse sampleando seus trechos preferidos dos animês, e a mixagem final fosse uma obra coletiva, feita ali na hora por muita gente, em interação com o público. Alguns trechos, deslocados de sua história original, ganham impacto estranhÃssimo. Vocês sabem como são as narrativas dos animês, muitas vezes elas beiram o total esoterismo, com misturas alucinadas de mitologias de todas as procedências. Imagine tudo isso misturado no palco, em tom de chacota constante, mas que em determinados momentos adquire uma densidade metafÃsica digna dos melhores palcos de ópera (eu e meu relativismo sem-noção: óperas - ou qualquer outra manifestação cultural - também possuem um lado mico bem acentuado...)
Quem chega de fora, desprevenido, vai logo condenar tudo como uma pagação de mico coletiva. Eu mesmo, depois do cosplay, fiquei um pouco melancólico. Mas era uma melancolia também densa, um desconforto com a maluquice constante do ser humano (identificada também como minha maluquice - não estou tirando o corpo fora não, por isso a leve e doce tristeza que sentia...), capaz de se agarrar em qualquer coisa para ter instantes de felicidade, para construir seus paraÃsos artificiais. Desenvolvi na hora uma nova teoria da natureza humana, na qual a pagação de mico é necessidade fundamental. Então: toda cultura precisa criar espaços onde o mico é liberado - ninguém consegue viver com saúde fÃsica e mental se não pagar mico (de preferência na frente de um monte de gente) de vez em quando...
Mas o que acontecia no Anime Center era bem mais interessante do que uma simples pagação de mico coletiva. Ninguém ali era bobo: todo mundo parecia perceber o lado meio ridÃculo daquilo tudo (como percebemos o lado meio ridÃculo em quase tudo que fazemos, basta olhar para qualquer pista de dança...) Mas isso não impedia de a diversão ser "autêntica", e de muita gente levar aquilo tudo a sério, como se fosse a coisa mais séria do mundo (e diversão é mesmo uma das coisas mais sérias do mundo!) Uma vez o próprio Dorival Caymmi (ele mesmo, uma divindade na Terra) me deu sua receita para a felicidade: "é só a gente fingir que está alegre - vai fingindo, fingindo e quando vê está alegre mesmo!" Como discÃpulo, aprendi que essas palavras contêm o segredo prático para tudo, não só para a alegria. O pessoal no Anime Center estava fingindo muitas coisas: fingindo ser personagens de animê, fingindo estar no melhor espetáculo do mundo ("temos aqui nosso Cirque du Soleil particular!"), fingindo estar se divertindo com nunca etc. E não é que dá certo? Poucas vezes vi tanta gente se divertindo tanto!
E a diversão ficou boa mesmo quando fomos para o ginásio e o Anime Daiko começou a tocar. Também não sabia que isso já era uma febre, mas acho (apenas pelo que vi ontem na UERJ) que os daikos - grupos que tocam aquele tambor asiático chamado taiko, e fazem espetáculos de extrema energia - devem estar se espalhando pelo mundo como as rodas de capoeira (a procura que fiz agora no Google me deu de volta links para 556 mil páginas que contêm a palavra daiko - para taiko são quase 3 milhões, para capoeira são 6 milhões).
O Anime Daiko é um grupo de Londrina, Paraná (alguém pode escrever algum texto sobre o grupo aqui no Overmundo?), e mistura a música percussiva tradicional com os hits dos desenhos animados japoneses. O resultado é contagiante. A primeira música do seu show é bem tradicional. A segunda serve de base para uma coreografia animê executada só por quem é do grupo. Mas já na terceira música, o pessoal da platéia vai para o palco (que ontem era a quadra de futebol de salão da UERJ), forma uma roda em torno dos tambores (que tocam em cima das trilhas de animê que saem dos alto-falantes), e dança com coreografias coletivas diferentes para cada música - que todos sabem cantar em japonês.
Não estou ficando louco: aquilo era bonito demais! Parecia uma quadrilha pós-moderna. Parecia uma micareta de ETs. Parecia terreiro de ciber-umbanda onde baixam entidades do Yu-Gi-Oh!, misturadas com nintendogs e outros replicantes. Mas no fundo era só isto mesmo: MUITA gente se divertindo pra valer. Dava uma vontade louca de largar a pose e cair na roda (a mesma vontade que senti quando entrei no meu primeiro baile funk, 21 anos atrás), cantando e dançando como se não houvesse amanhã, ou como se o amanhã fosse o mais perfeito mundo de animê. O mais impressionante era que ninguém parecia estar bêbado de nenhuma droga - não foi preciso nenhum empurrãozinho para a dança começar: a apresentadora só disse: "agora todo mundo pode vir dançar". E todo mundo foi dançar.
Se eu encontrasse aquelas pessoas num dia comum na rua - garotos e garotas normais, bem grandinhos, mais para o estilo metal, meio emo ou indie também, muitos tons de pele e classes sociais diferentes (mas aparentemente mais Zona Norte que Zona Sul) -, nunca diria que seriam capazes (ou teriam a coragem) de entrar numa roda animê para fazer aquelas coreografias (algumas quase "ridÃculas" na sua infantilidade). Mas ninguém parecia ligar para olhares externos. Até porque eram pouquÃssimos olhares externos. Todo mundo ali era da mesma tribo, e o que cada um fazia não poderia ser mais "normal". Todo mundo estava fazendo a mesma coisa: como diria meu querido amigo e também mestre Fausto Fawcett: destruiam seus egos na matéria em movimento.
Se eu fosse um profissional dos estudos culturais ou antropólogo pós-modernista (estou brincando, gente!), tentaria "defender" o ritual animê dizendo que é "desconstrução", ou "apropriação" da linguagem da mÃdia, ou tática de "resistência". Seriam palavras pomposas, politicamente corretas, que dariam respeitabilidade para a brincadeira. Mas não acho nada disso: aquela festa não é nada anti-mÃdia. Pelo contrário: é celebração de amor à mÃdia, à mÃdia mais mainstream (apesar de estar sobretudo na TV a cabo) do mundo hoje, ou que vai ser cada vez mais mainstream. É amor à mÃdia tal como ela existe, que torna possÃvel a existência de fenômenos planetários como os mangás ou o metal. Os cosplayers não parecem querer uma outra mÃdia - querem mais mÃdia, querem inventar seu cantinho na mÃdia, para fazer mais festa. Querem complementar e não criticar. E que complemento bacana criaram! Que festa boa!
Por isso, para terminar, um conselho de mais velho maluco: alô garotos e garotas do animê: não acreditem em pais e professores que nunca ouviram falar no Naruto: vejam muita televisão! Leiam muito mangá! Por ali vocês vão aprender rapidinho, se já não aprenderam, quem foi Osamu Tezuka, ou quem é Grant Morrison. E suas festas vão ficar cada vez animadas! Só quero ser convidado: o Overmundo está aberto para anúncios das festas, para dicas sobre lugares nas várias cidades brasileiras onde os cosplayers se encontram, para textos sobre os eventos. Espero ver todo mundo sempre por aqui.
PS: Se tiver algum antropólogo estudando essas festas, por favor entre em contato. Se não tiver nenhum, que alguém se anime!
É de ficar emocionado mesmo ao ver o público do AnimeCenter dançando no ginásio da UERJ. Fiquei pensando o tempo todo no filme Shara, um dos mais bonitos que já vi. O filme fala sobre identidade coletiva e individualidade, catarse e de cada um poder "brilhar como mil fogos", tendo como ápice o festival Basara Matsuri que acontece na região de Nara no Japão. É só olhar as fotos do festival para de lá ver como não dá para negar a conexão com o que aconteceu aqui...
ronaldo lemos · Rio de Janeiro, RJ 31/7/2006 02:03
Fiquei feliz, pois achava que quadrilha pós-moderna era apenas uma definição para as organizações do Congresso nacional... Que bom que existem outras mais interessantes. Gostei muito de "micareta de E.T's". Essa é a melhor imagem para me fazer imaginar o que acontecia lá. Agora, desculpem a minha ignorância, mas considerando que essa ode à televisão seja sincera, como é que vocês, Hermano e Ronaldo, arrumam tempo para ver televisão e ter tantas referências culturais como as citadas aqui em cima??!?? hahahha!! Ou então, eu preciso saber qual é o canal de tevê que vocês assistem! Nunca tinha ouvido falar em Festival Basara Matsuri... hahahhaa!
Abraços!
Sempre acho que quando alguém está dançando empolgado, não importa o nÃvel do mico, ou se a pessoa dança muito mal... Se ela está alegre, isso "redime" qualquer coisa. Agora, muitas "pulgas-pokemon" (hehe) atrás da orelha depois de ler tudo isso, hein. Já tinha ficado impressionada com o povo de Natal citado na matéria do Yuno (o sucesso foi tanto aqui no site que a música postada no Banco de Cultura ficou dias e dias na home)... Agora só falta alguém que é local dessas festas aproveitar o Overmundo para contar, de dentro, como é ver o movimento crescer assim!
Helena Aragão · Rio de Janeiro, RJ 31/7/2006 12:41Fala Bruno, pois é, o caminho é mesmo esse que o Hermano falou. As pessoas se interessam por cultura japonesa porque assistem anime na televisão. Eu mesmo, fã ardoroso de Evangelion e já tendo visto pelo menos 300 episódios da série DragonBall (incluindo Z e GT), fui me iniciar em coisas do Japão um pouco por isso mesmo. A pessoa começa no DragonBall e chega na Naomi Kawase (diretora do Nara) ou no Ozu, Murakami, Tanizaki, Kenzaburo e por aà vai...
ronaldo lemos · Rio de Janeiro, RJ 31/7/2006 13:11
texto delicioso Hermano ... parece que também estava lá no meio, dançando ao lado dos ultra e spectromans da vida, se bem que esses dois são bem velhinhos: melhor falar em Yu Gi Oh! ou Naruto - este último ainda uma tremenda incógnita para este humilde ser que não entende nada de Pokémon, não acompanhou a novelinha dos Cavaleiros do ZodÃaco e achava que DragonBall Z era uma marca de placa de vÃdeo para computador.
Aqui em Natal as coisas seguem crescendo a olhos vistos: novas bandas no circuito e planos para uma versão potiguar desses festivais 'animes'. Vamos aguardar pra ver.
Hermano, quando for acontecer por aqui te dou um toque.
Abraços de Guiodai, gaigaigai...
Helena, se acredita que a turma é tão perfecionista que ainda não liberaram outra mp3? Essa música que está no banco de cultura foi um arquivo que acidentalmente acabou 'vazando'.
Vai entender!!
Uma coisa é certa: o público j-rocker se prolifera a cada dia.
Oi Yuno: clica lá no link para o Naruto... Garanto que sua vida nunca mais será a mesma. hahahaha!
Hermano Vianna · Rio de Janeiro, RJ 1/8/2006 19:18parei com os japoneses lá ainda no Ultramannnn... depois deste texto vou atrás dos netinhos do cara... hehehe... belo texto hermano!
Rodrigo Teixeira · Campo Grande, MS 2/8/2006 00:30nao eh soh a tv quem dissemina os animes. tem tambem os fansubs. sao grupos de fas que baixam os filmes da internet ou copiam dos dvds norte-americanos e japoneses e traduzem eles mesmos. a traducao geralmente eh feita a partir da legenda norte-americana ou do audio original japones. jah comprei muita coisa boa nos fansubs: hokuto no ken, crying freeman, spectreman, elfen lied e etc. aqui em belem temos uma especie de fansub que eh o pessoal do cinema em trashformacao. muito tempo antes de chegar as grandes publicacoes, cineastas como takashi miike e filmes como audition, ichi the killer, dead or alive ja nao eram mais novidade por aqui.
Vladimir Cunha · Belém, PA 2/8/2006 09:56
Hermano, para mudar a vida só com chaveirinhos do Naruto .. hahaha
Vou baixar algum desenho para conferir melhor.
alguém se aventura a escrever sobre os fansubs? um mapeamento das atividades no Brasil seria bacana... há problemas de direito autoral etc.?
Hermano Vianna · Rio de Janeiro, RJ 2/8/2006 15:10
Sou do tempo do Spectreman. Reconhecidamente um fã, mas depois acompanhei muito superficialmente a evolução das animações japonesas que foram chegando ao Brasil...
Em Manaus acabei chegando à uma festa destas por total acidente, também me surpreendi com a quantidade de gente e a vontade que tive foi de me mandar para casa para me fantasiar do que quer que fosse... daÃ, percebi o quanto poderia considerar meu desconhecmento sobre o tema um defeito.
O pessoal aqui é bem organizado e promovem eventos em um espaço de mais ou menos três meses.
Texto maravilhoso, Hermano! Parabéns!
Por aqui não rolam essas festas (que eu saiba), mas o Manganimation leva muita gente!
Vou dar uma passada lá na próxima semana pra ver o que rola e conversar com a galera sobre o movimento aqui no PiauÃ. Sei que eles são muitos e bem organizados.
Qdo minha filha nasceu eu era repórter de um suplemento de jornal que tinha uma página dedicada a animes; os meninos que participavam sempre me deram um presente lindo, um desenho da bebê e uma mensagem dizendo que ela era a mais nova "otaku do pedaço".
beijos
Descobri esse mundo há alguns poucos anos atrás e tive a mesma impressão que você. Um mundo tão grande e tão vasto que não se tem noção. Fora que você ainda descobre que já fazia parte dele e não sabia.. :-)
Aqui em Sergipe, neste final de semana vai acontecer o Anime-Se. Estou assessorando o evento e você não sabe a alegria que é vc ir nos meios de comunicação daqui com uma sugestão de pauta e impressionantemente ser aceito de cara. Primeiro porque o assunto é interessante, segundo por conta da aceitação. E sabe qual é a maior alegria ainda? Ter vendidos num dia só mais de 50 ingressos!! ^_______________^
Cara, queria ter a oportunidade de ir em eventos fora os daqui do Nordeste. Estamos começando a fazer coisas grandes agora, mas esperamos chegar ao nÃvel de um Anime Friends, por exemplo.
Micaretas de ets.. hahahahha.. fale assim não..
:-
Aqui em BH, como descobrimos cada vez mais pelo Brasil inteiro, o anime é muito forte também. Lembro que alguns anos atrás os encontros eram menores e normalmente produzidos pela Livraria Leitura, que também organizava os encontros de RPG (há uma relação entre os dois públicos? Normalmente, quem gosta de anime joga rpg e vice-versa?). Agora os eventos de anime aqui são grandes, reúnem muitas pessoas e são realizados em ginásios, como o Anime Festival BH, que acontece em Outubro. Eu não sei como é hoje (imagino que seja ainda mais forte), mas os canais da TV aberta, como a Record, a Band e a Globo dedicavam boa parte da sua grade de desenhos animados aos animes. O que eu acho bacana, é que o pessoal do anime tem um poder de organização muito grande (maior do que os do RPG, por exemplo). Com ou sem apoio eles estão sempre organizando exibições e outros tipo de evento para espalhar a cultura.
Ah, e Naruto é muito bom. Dá para baixar tudo, com legendas em português facilmente em sites como o Naruto Fan e o Naruto Hajime.
Hermano, agora que sei o que é 'fansub' posso afirmar que conheço um grande grupo (a mesma turma das bandas de j-rock e agregados) que se 'alimenta' de coisas baixadas na rede. Há tb uma troca incessante entre eles, novos links, pen drives pra lá e pra cá.
VÃdeos, aúdio e até quadrinhos em PDF. Agora a pergunta que não quer calar: e os direitos autorais?? Como ficam? Vale lembrar que a maioria do material baixado permanece inédito no Brasil. Se ilegal, sugiro uma entrevista com aquelas máscaras quadriculadas, nomes trocados e oinks falsos. hehe
abraços,
hermano,
os problemas de direito autoral existem mas sao contornados. as copias sao apenas para divulgacao e de obras que nao tem representacao legal no brasil. assim, ninguem se interessa em processa-los. no caso do spectreman, que esta disponivel em dvd, os filmes foram gravados direto das fitas master do sbt. mas como a emissora nao exibe mais o seriado elas continuam a ser comercializadas sem problema.
acho excelente uma materia nacional sobre fansubs.
Hermano,
as sensações que você sentiu, refletem-se em todos os cantos do Brasil, pelas mais variadas pessoas. Eu mesmo, me surpreendi quando em outubro de 2005 resolvi realizar um evento de anime aqui no ES. Esperavamos 80 pessoas e apareceram 300... foi a maior loucura, pois não tinhamos espaço e a galera dividia espaço com ônibus e carros em frente a minha loja. Em março de 2006 realizamos outro evento, onde esperavamos 600 pessoas e apareceram nada menos que 1200!!!. Estamos programando um grande evento para outubro deste ano e esperamos 2000 pessoas!!! O que faz os eventos do eixo Rio/Sampa se tornarem grande é a grande quantidade de empresas voltadas para este tipo de cultura/produto. Outros estados sofrem com a carência de lojas especializadas (objetivo agora herdado por lojas que comercializavam RPG e precisam subexistir depois do que a mÃdia fez ao jogo).
Antes dos eventos que realizei, "otakus" capixabas clamavam em todos as comunidades do Orkut por eventos, hoje eles querem cada vez mais... heheheheheeh Parece até engraçado que até então não tivesse apoio de nenhuma organização para a realização deste tipo de evento aqui no estado. Mas as coisas mudaram e sentimos que o que chegou, veio para ficar.
Ainda lamento que este tipo de evento sofra um preconceito da mÃdia em geral, que ainda finge não ver que a maioria do público prefere os desenhos japoneses (mangá). É uma tendência mundial que é ignorada pelas emissoras abertas. Quem não ignora consegue um indice de
Olá Phendragon, só para dizer que escrevi a minha coluna na revista Trip, que vai sair no mês que vem, exatamente sobre as relações entre a mÃdia "tradicional" e culturas emergentes como os animês. Você tem toda razão, o fenômeno dos animes veio para ficar. Mas a pergunta maior é: com tanto sucesso, quem precisa da grande mÃdia?
ronaldo lemos · Rio de Janeiro, RJ 10/8/2006 11:17
Hermano,
a questão dos fansubers é muito interessante e complexa. Há um discurso nativo de que eles só legendam e disponibilizam material não licenciado para exibição no Brasil. Pelo que tenho visto, muitos trabalham pela paixão mas o produto desse trabalho acaba sendo vendido - como deve ter visto nos stands do evento. Essa prática na verdade acho que incorre na ilegalidade mas ainda não tive tempo para mapear a questão legal. Uma das coisas que acabei sabendo nesses cruzamentos de informação foi que há um certo interesse nessa disseminação via fansubers pelo fato dela divulgar o material produzido no Japão - o espaço sendo conquistado, chegam os produtos oficiais (que acabam sendo adquiridos já que muitos fãs gostam do contato com a coisa real) e uma possÃvel repressão, que aqui não é lá essas coisas, embora exista.
Agora que terei mais tempo para minha pesquisa pretendo entrar em contato com alguns fansubers, se descobrir algo te informarei.
Um abraço,
André.
Adorei a matéria e para ser sincera...meus irmãos (e um dos meus melhores amigos) sempre vão para os encontros de animes e eu nunca pensei na hipótese de ir junto (agora eu fiquei com vontade!), và uma coisa ou outra no computador com a minha irmã, mas nunca dei muita atenção. Durante um tempão meu irmão fez tradução voluntária (sem remuneração) para animes, será que ele é um fansub? Se alguém quiser trocar uma idéia com ele é só me mandar um e-mail que eu passo o e-mail dele...
Ana Cullen · BrasÃlia, DF 1/9/2006 19:36
Há uma comunidade no Orkut pra se trocar conhecimentos sobre confecção de cosplays: http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=21005612
Muito interessante. :D
abraços do verde.
hermano, pode deixar que o pessoal de "estudos culturais" ficou feliz com o direcionamento deste texto. esse pessoal espera que o overmundo revele surpreendentes combinações entre nacional e estrangeiro, tradicional e moderno, central e periférico, popular e erudito...
Kuja · São Paulo, SP 8/11/2006 16:26hehehehe - que pessoal é esse, Kuja? Será que eu conheço? verde: vou lá no orkut conhecer
Hermano Vianna · Rio de Janeiro, RJ 8/11/2006 17:54vc publicou esse texto em 2/8/2006. pq apenas agora ele apareceu no meu agregador de notÃcias?
Kuja · São Paulo, SP 8/11/2006 18:00estranho... você assinou o rss das minhas colaborações?
Hermano Vianna · Rio de Janeiro, RJ 8/11/2006 18:29já viu esta outra?
Hermano Vianna · Rio de Janeiro, RJ 8/11/2006 18:31anime e taikô? isso é sensacional!
Kuja · São Paulo, SP 9/11/2006 21:39
Adorei a matéria...
Dica...
Quem gosta de filmes do tipo Matrix:
Vejam Ghost in The Shell, Serial Experiments LAIN e Evangelion...
Quem gosta de romances:
Karekano, Honey and Clover....
Sem falar na frebre de Bleach
www.bleachproject.com
E para todos que se interessaram....
OTAKU no sekai ni YOUKOSO!!!!!!
Bem vindos ao mundo Otaku!!!!!
Otaku = "Quem curte Anime" mas tb pode ser usado como Geek
opa, só para avisar que a banda Pandora no Hako está cotada para tocar no Festival MADA 2007, que acontece em maio aqui em Natal - evento considerado um dos mais representativos da chamada cena independente da música brazuca.
Yuno Silva · Natal, RN 26/3/2007 10:00
Hermano, achei por acaso esse registro genial de sua ida a esse animencontro e adorei. Sou profª da UERJ e coordeno uma pesquisa que investiga justamente a relação de jovens com o tripé da indústria de entretenimento japonesa, buscando entender os sentidos que eles produzem sobre mangás, animes e videogames. O grupo tem frequentado esses eventos, registrando e fotografando as práticas relacionadas aos usos desses artefatos e entrevistando otakus, cosplayers, videogamers etc. Os depoimentos dos jovens são geniais e estão dando "panos pra mangá". Assim que eu me familiarizar com o overmundo vou mandar material da pesquisa pra vocês. O tÃtulo do Projeto que coordeno é Infância, Juventude e Indústria Cultural: sociedade, cultura e mediações e, como não podia deixar de ser, você é uma das nossas referências teóricas. Nossa, que máximo ter encontrado o overmundo!!!
Abraço grande
Maria Luiza Oswald
PS1 Se alguém se interessar, a descrição suscinta do projeto pode ser encontrada no link que estou enviando abaixo
PS2 Aproveito para enviar dois outros links sobre congressos na área de MÃdia e Educação
oi Ize: muito bom saber que educadores estão pesquisando cosplays, mangás e animês - temos muito o que aprender com essa garotada - fiquei curioso com relação ao trabalho
o link para o Laboratório está no PS2 inteiro (o que está marcado em azul é o link
o endereço está aqui:
http://www.lab-eduimagem.pro.br/
mas não apareceram os links para os congressos...
Oi Hermano, além de tudo, vc ainda responde aos e-mails: isso é que é referência!!! O pessoal da pesquisa vai ficar babando. Vou tentar mandar os links para os congressos:
Tentando mais uma vez:
SE os links não forem, vou parar pra estudar detidamente a maneira de participar do overmundo
oi Ize:
no comentário acima você tranformou toda a frase
"SE os links não forem, vou parar pra estudar detidamente a maneira de participar do overmundo"
num link para
http://200.156.25.73/Coloquio/coloquio.html
Oi, Hermano.Não nos conhecemos, mas já trabalhamos juntos (rsss). Participei do livro Jovens na Metrópole (lembra no texto sobre os japas e os manos?). Então, li seu comentário sobre os animes e gostei muito do relato de campo. Estou concluindo meu mestrado sobre brincadeiras em uma escola da periferia da zona sul de sampa e, curiosamente, muito do que eu tenho a dizer
(or)feu · São Paulo, SP 12/10/2007 07:21
até agora está relacionado com os animes. Bom, pra encurtar o papo, o trabalho de campo me levou do pátio de uma escola do Jd. Miriam a um mega encontro de cosplays na UNINOVE de Santana; sem falar dos passeios nas galerias da Liberdade e sessões do desenho Naruto. Só tenho a dizer que o tema é muito interessante, vale mesmo ver "de perto".
abç,
fernanda noronha
oi Fernanda: bom reencontrá-la no Overmundo - seria ótimo ler um relato do seu novo trabalho de campo aqui, pode ser mesmo estilo primeiras impressões - e se pessoal do Jovens na Metrópole quiser também publicar por aqui textos complementares aos do livro, também seria excelente! abraços!
Hermano Vianna · Rio de Janeiro, RJ 12/10/2007 11:33
Legal.Vou escrever algo, sim.
abç,
Olá! me chamo Carlos Machado e sou professor na área de educação. Você solicitou um antropólogo, não é meu caso, mas apesar de morar em Curitiba (PR), faço doutorado na PUCRio em Educação (Estudos Culturais) e minha tese é justamente em Animencontros brasileiros.
Inicialmente gostei de seu artigo, lembra muito a primeira vez que tive contato com esses eventos em 1998 aqui em minha cidade. Tenho um testemunhal muito similar. É justamente a visão alien de aliens, ou como você colocou muito bem "quadrilha pós-moderna" ou "terreiro de ciber-umbanda ".
Sobre as plaquetas que também me chamaram a atenção tenho um artigo publicado e defendido, já escrevi alguma coisa sobre a cultura otaku brasileira para uma revista da prefeitura do Rio "Nós na Escola" e também conheço um antropólogo carioca que está estudando os eventos do ponto de vista antropológico. Aliás, me encontrei com ele no meio de 70 mil otakus em São Paulo no maior evento da américa latina, o AnimeFriends.
Apenas ai no Rio, como pesquisador, cheguei a frequentar 11 eventos e mais 14 em outras cidades brasileiras e te garanto você só viu a ponta do iceberg ;-)
Se você puder entrar em contato comigo agradeceria. Também gostaria de fazer contato com o criador da "MacarenaOtaku" Dan Camargo do grupo AnimeDaiko.
Abraços!
Aliás, agora que vi. O antropólogo a que me referia é o André Lourenço que também está por aqui =]
Carlos San · Curitiba, PR 23/4/2008 03:19Curitoso. A Profª Maria Luiza Oswald que também está por aqui é da minha banca (eheh) Mundo pequeno esse virtual ;-)
Carlos San · Curitiba, PR 23/4/2008 03:25oi Carlos: pelo visto estamos formando no Overmundo uma turminha de pesquisadores animados por animês - seria bacana você publicar seus textos por aqui - quanto ao Dan Camargo: ele está morando em São Paulo e pode ser encontrado facilmente em concursos de cosplay locais - abraço!
Hermano Vianna · Rio de Janeiro, RJ 23/4/2008 18:52
Olá Hermano, tudo bem?
Já faz um tempo que tenho seu salvei seu relevante artigo aqui no meu computador, guardando para a produção do meu Trabalho de Conclusão de Curso. Pois bem, estou me formando em jornalismo aqui em Santos/SP, e estou produzindo um vÃdeo documentário sobre as manifestações dessa área especÃfica da cultura japonesa no Brasil.
Você conhece artigos acadêmicos que tentam explicar esse movimento através da literatura da antropologia, ou de outros campos de estudos comportamentais? Ainda sou novato aqui no Overmundo, mas gostaria, se possÃvel, de trocar umas idéias sobre o assunto por e-mail.
Grande abraço!
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