O que é Grilowsky?

Divulgação
"Uma apresentação libidinosa, com cheiro de sexo e sangue."
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rodrigo édipo · Olinda, PE
18/11/2006 · 120 · 5
 

“Sexismo, Toxicomania, Alcoolismo, Violência!â€. Talvez essa seja a resposta para a pergunta-título da matéria. Esses termos nada moralistas e dignos de um Velho Safado como Charles Bukowski constam na página pessoal do tresloucado, performático e polêmico músico pernambucano Grilo no site Trama Virtual.

O decompositor – como se auto define – é figura conhecida aqui no estado faz um bom tempo. Membro da produtora de vídeo experimental Telephone Colorido e ex-Molusco Lama (quem conhece, sabe o peso disso), o inquieto sujeito também faz parte de vários projetos na área musical. Como os grupos: Gnomos da Metrópole, Conceição Tchubas, Pajé Limpeza, Geladeira Metal, e agora Grilowsky. É comum “esbarrar†com Grilo pela internet divulgando suas inúmeras investidas, como também encontrá-lo em festinhas lançando mão de seu Jazzy Metal nonsense puramente intuitivo. Seja lá o que isso for.

Agora, Grilo atravessa um novo momento na intensa carreira que construiu nesses dez anos. Enfrentou nada mais nada menos que 194 bandas nas eliminatórias do concurso Pátio do Rock. Conseguiu um lugar entre as dezesseis que vão a final. Por messenger, nos concedeu uma entrevista que mesmo não contemplando temas como: sexismo, toxicomia, alcoolismo e violência, ficou bem interessante. Confira aí embaixo.


Giro: Quem é Grilo? Que projeto é esse? Como começou?

Grilowsky- Cara, a idéia pegou mais quando no Rio de Janeiro fiz Gatinha Vitiligo com Flu (De Falla). Daí em diante, retornando a recife dei continuidade. Aconteceu a instiga mesmo antes, num show do Conceição Tchubas no Garagem, em que passei o baixo pra Paulinho do Amparo (3 Et’s Records) e assumi os vocais de improviso. Adorei aquilo, desde Gnomos da Metrópole que não cantava com tanta vontade. Aos poucos fui gravando em casa mesmo. O primeiro disco já saiu, chama-se FIC-SCI e foi lançado no SPA das Artes deste ano. É um cd-book, um conto que eu compus a trilha sonora pra leitura. Pra mim é o trabalho mais maduro e interessante.

Giro: Então quer dizer que todos os projetos que você está (ou esteve) envolvido, contando também com o Geladeira Metal, faz parte do repertório de Grilowsky?

Grilowsky-
Na verdade esse show do Pátio do Rock vai ser uma detonação. Espero reunir no mesmo palco pra acompanhar a lombra o Conceição Tchubas e o Geladeira Metal. O show deve passar um pouco desses 10 anos de carreira fonográfica com novas versões do Pajé Limpeza, Gnomos e hits do verão do Geladeira e Grilowsky. Além de muito improviso monstruoso, alternando do pop até a música extrema. Convidei também Filipe do Noisiv, conheço ele há tempo e ele se instigou em tocar flauta transversal. Estarei com algum instrumento pra conduzir a dinâmica da apresentação, que será mais performática e plástica do que um show de rock convencional. E não vai ser careta não. Será uma apresentação libidinosa, com cheiro de sexo e sangue.

Giro: Muita gente não entende a música que você faz. Naturalmente as pessoas buscam uma melodia pop ou acha que é tudo tiração de onda. Como você lida com a conturbada relação da sua arte com o público?

Grilowsky-
Não é arte. A minha intenção é minha lombra pessoal mesmo, dentro da dinâmica emocional da hora a música se decompõe e compõe.

Giro: Por que não é arte?

Grilowsky- É apenas expressão mesmo! Na verdade fico surpreso quando a galera diz que adora o Geladeira Metal, pois aquilo é pau de dar em doido. Não sei se é arte ou não, deixo isso pra curadoria. Me gratifica compor coisas como Gatinha Vitiligo e ter participado do Gnomos, que fazíamos um som que a galera demorava a digerir.

Giro: Acho muito interessante essa tua dicotomia.

Grilowsky-
Não é dicotomia. É politomia. É pra tudo quanto é lado saca? Jogo coisas aonde a rosa dos ventos não possa indicar. Se perder no desconhecido da criatividade, se dar o prazer de entrar num buraco negro e de repente ver pirilampos coloridos lá. A ordem dos fatores não altera o produto (risos).

Giro: Como foi a experiência de produzir com Flu?

Grilowsky- Limpeza, o cara é tranqüilo demais. Já admirava o trabalho dele com o De Falla e os trabalhos solo. Ele compôs Gatinha Vitiligo e fez bases e mix fatal de Jackeline Negão, que é de Lourival Batista e fazia parte do Pajé Limpeza. Na verdade o Grilowsky termina sendo algo que a partir de coisas “pop†levar ao público a insanidade criativa de uma galera toda, saca?

Giro: E Gatinha Vitiligo? Foi homenagem a alguém?

Grilowsky- (risos) Fiz pra uma amiga, mas o nome eu não revelo.

Giro: Ela achou legal?

Grilowsky- Amou. Na verdade as garotas adoram, e me surpreendi com a excelente aceitação de Ninfeta Daniela no público feminino.

Giro: Tu curte as músicas produzidas aqui? Tem alguma banda que tu pira de verdade?

Grilowsky- Das mais recentes curto muito o trabalho de Thelmo Cristovam, Hronir, Ahlev de Bossa, Combo de Improviso, Embuás. Essa parada mais Guiodai mesmo de improviso. No pop rock curto muito Paulinho do Amparo e Isaar. Acho massa toda essa galera que citei, pois elevam a dimensão da música pra outro plano saca?

Giro: Perfeito Grilo. Achei importante teu trabalho se classificar pro Pátio do Rock. Pois te vejo um ET no meio de todas aquelas bandas.


Grilowsky- (risos) Também acho, na verdade o show poderá ser uma experiência sensorial estranha para o público acostumado ao bom e velho rock’n’roll!

* A apresentação será dia 25 de novembro (20h30), no Pátio de São Pedro (Bairro do Recife).

** na web: http://www.tramavirtual.com.br/grilowsky

*** outros links:
geladeira metal: http://www.tramavirtual.com.br/artista.jsp?id=52418
http://www.youtube.com/watch?v=KJCI9EdAom0
epiléptico sonrizal:
http://www.youtube.com/watch?v=NKk4Aih6ySo
página pessoal:
http://www.orkut.com/Profile.aspx?uid=6149125834883762538

- Texto publicado originariamente na revista eletrônica Giro Cultural
(www.girocultural.com).

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Felipe Leal
 

eu fiquei impressionado com ele simulando um epilético no programa do China. tinha uma designer por lá que ficou realmente irritada com o negócio. não o conheço, mas o Grilo é engraçado, pelo menos nas performances. e me admira bastante que ele seja realista ou sincero ao ponto de diminuir quem pensa que o que ele faz é "arte" [o que não é teu caso, rodrigo!].

curto teus textos lá no giro, abração!

Felipe Leal · Rio de Janeiro, RJ 18/11/2006 12:25
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rodrigo édipo
 

concordo contigo felipe. fiquei também admirado com a sinceridade e simplicidade ao não se julgar artista. como muitos, até por falta de segurança no produto que expõe, fazem por aí. o reconhecimento de uma ação como arte é uma atividade tão delicada e subjetiva que é melhor deixar nas mãos de curadores especializados mesmo. ou do próprio público né?

* valeu pelo elogio felipe. abraço.

rodrigo édipo · Olinda, PE 18/11/2006 13:49
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André Dib
 

Édipo, parabéns pela matéria. Grilowsky é a próxima revelação da MPB em MP3. Soube que vai rolar até pagode na apresentação dele no Pátio do Rock.

André Dib · Recife, PE 18/11/2006 19:51
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soloist
 

Édipo, a entrevista é muito boa. Pra mim o grilo é um artista raro! Gostei muito das respostas e acho massa que ele ponha em prática um monte de idéia ao mesmo tempo. Ele não se rotula, o que tb é muito bom! Acabei de entrar no tramavirtual e escutei o FIC-SCI. Parabéns Grilowsky!

soloist · Rio de Janeiro, RJ 20/11/2006 15:20
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elaine olinda soares
 

Grilowsky é o futuro!

elaine olinda soares · Niterói, RJ 17/4/2007 09:32
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