O TEATREIRO: I - Da arte de tentar sair na mídia

Guia da Folha - Online
O espacinho conseguido no Guia da Folha (vai chover!)
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Valmir Junior · São Paulo, SP
5/6/2007 · 99 · 3
 

O problema de depender de outros é esse: não importa o quanto você se esforce, você depende que alguém comprove algo sobre você. Essa é a trajetória de um ator, ele depende do público. Mas essa não é a discussão de hoje. A dependência é outra: a mídia.

Tanto pro ator, vale também para o jornalista, que é o meu caso (jornalista-ator). Ele depende do editor, da linha editorial do veículo e, claro, de Q.I. (pros leigos, isso quer dizer Quem Indica). Então não adianta um amigo nosso querer publicar a pecinha desconhecida no jornal X. O editor não vai deixar. No caso do ator, não adianta achar que alguém vai querer publicar matéria sobre você, mesmo com Q.I.: vai ter sempre uma peça com algum global estreando em algum lugar de São Paulo (ai, se fôssemos um grupo do Acre!).

Eu fiz Jornalismo. Não, não construí as fundações arquitetônicas da universidade. Cursei o cursinho de Jornalismo. E aprendi que pra ser chefe de redação é preciso de cancha, de repertório. E o repertório diz: o leitor quer saber que pecinha o ator da novela tal vai estrear. A cancha diz: mesmo que seja mais uma comedinha da qual já estamos de saco cheio, o público quer assistir isso, salvo os intelectualóides, estudantes de teatro e alguns raros sensíveis "públicos" (o que é uma verdade parcial).

Eu sou ator. Desconhecido. E sofro pra conseguir um espacinho. Que seja, ali, bem no roteiro de sexta-feira. Vitória aparecer por ali, viu? Ainda mais no fim-de-semana de estréia. Não fosse o empenho de preparar press kits bonitinhos com direito a um presentinho para entregar aos jornalistas, nem roteiro dava...

Daí que, na véspera de estrear uma peça (em tempo, ela se chama: "Amores Dissecados" e o grupo é o Teatro Insano) em pleno Espaço dos Satyros, na super Praça Roosevelt, um epicentro de cultura, oásis de inteligência artística, um movimento (podemos chamar assim já? Registra aí, Magaldi) cultural sem precedentes, eu conto com a mágica de pisar em cena esperando alguém, pelo menos. Vamos aguardar.

O Q.I. funciona, viu? Mas, como ator, você tem que ter cancha. Tem que ter repertório. Um repertório fodido. Uma carreira crescente. Alguns prêmios na gaveta e, talvez, um fomentinho pra poder gastar com publicidade na Ilustrada e no Caderno 2 (tem mais publicidade do que matéria, repararam?). Daí, beleza. Agora, em início de carreira, xi...

Mas a gente continua. O teatro é o que importa. Sempre...

Pensamento do dia: devia ter feito curso de Marketing...

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Fernanda Tsuji
 

Ser profissional, lutar com as próprias armas e ser independente não é fácil. Mas também não acho que seja castrador. É o saber lidar com tudo isso e sair ainda mais amadurecido. Como artista, como jornalista, como pessoa. E nada compra o orgulho de ver a casa ser construída com as próprias mãos.

Fernanda Tsuji · São Paulo, SP 4/6/2007 10:57
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Valmir Junior
 

Texto publicado no blog Ator Desmensurado

Valmir Junior · São Paulo, SP 7/6/2007 00:53
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Jan Moura
 

Ator dor sofrimento amor. ai que trocadilhos de palavras mais bobos.. mas resumem. Sei do que você fala, aqui em Cuiabá a coisa é um pouquinho pior, não tem peça de ator global estreiando sempre mas temos jornalistas ignorantes.. que escrevem para o caderno policial, e quando dá tempo e quando não tem nenhuma morte eles escrevem sobre a gente. Escrevem não, copiam nossos releases e assinam. Enfim... viva a arte de fazer arte. Queria ser um dos públicos que entram e se assustam com vc. Abraços.

Jan Moura · Cuiabá, MT 1/8/2007 09:33
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