Conheci o músico e compositor Lenine através de um amigo em comum. Ao saber que eu era do EspÃrito Santo ele foi logo confessando sua paixão por orquÃdeas, e a vontade de conhecer as reservas desse estado. Tava feito o convite, e ficou combinado o passeio então.
A orquÃdea é uma flor hermafrodita com variadas dimensões e cores, que floresce apenas uma vez por ano. Sua floração dura de três dias a um mês, variando de acordo com cada espécie. São mais de 35mil espécies já descritas, além das formas hÃbridas produzidas por cruzamento de forma espontânea e cultivada.
Lenine um dia comprou um sÃtio e levou lá um agrônomo para mapear o terreno. Durante o mapeamento eles acharam três plantas de uma mesma espécie, uma delas florida. Ele fotografou, começou a pesquisar e o hobby começou. Hoje ele tem uma coleção significativa com mais de 2 mil orquÃdeas, entre elas, 600 espécies brasileiras.
O EspÃrito Santo é considerado o lugar do planeta com maior diversidade de orquÃdeas por m2. São vários os orquidários espalhados pelo estado, e tem muita planta pra ser descoberta ainda. No municÃpio de Brejetuba tem uma chapada de uns 4 km, ironicamente chamada de Monte Feio, onde a gente tem que olhar pro chão pra não pisar nas orquÃdeas e bromélias.
O passeio, foi ótimo! Fomos falando de nossos colono-exploradores que derrubaram todos os bons paus do Brasil. Fomos mirando as montanhas esculpidas, e redescobrindo um tempo outro de respirar. Ainda por cima a luz tava linda e eu fiquei ouvindo e aprendendo sobre essas particulares e exóticas plantas.
Fiquei sabendo que as plantas são classificadas por um nome genérico e outro restritivo especÃfico. O primeiro nome refere-se ao gênero a que pertence, e o segundo à espécie. E é através da classificação que seu modo de cultivo é determinado. E o modo de cultivo determina o desenvolvimento da orquÃdea. É legal, por exemplo, fazer os arranjos com o xaxim da região de origem da planta para evitar a desidratação.
Fiquei sabendo que os pesquisadores que trabalham no resgate das plantas abandonadas pelos madeireiros, após a derrubada das árvores, tentam replantar as orquÃdeas na própria região pra não liquidar com o ambiente natural. E que, em orquidários particulares na Europa, existem varias espécies originadas da Mata Atlântica. Algumas que não são mais encontradas aqui, inclusive.
Até que a gente pegou uma estradinha e chegou ao Orquidário Sávio Caliman, em Venda Nova do Imigrante. O lugar é um sÃtio com galpões que eu só consigo descrever como uma dimensão paralela disfarçada de estufa. Eu, toda atenta, observando pra escrever depois, entrei no portal e zás: Não sei pra onde fui.
Esqueci o Lenine, esqueci a matéria e danei a fotografar. Sei que pelos corredores surgiam flores de todos os lados. Arranjos vinham do teto, esculturas surgiam do chão e uma enorme quantidade de vasos de mudas se espalhavam pelas mesas. Parecia uma galeria de arte com uma única e enorme instalação repleta de detalhes.
Sei que conheci as orquÃdeas: planta, que segundo Confúncio, exala um perfume de reis. E sei que nunca vi tanta cor na minha vida. Nunca vi tanta beleza. Comecei a achar os nomes próprios das belas plantas tão atraentes quanto as cores multifacetadas, e fiquei pensando que preciso separar um tempo pra sentar no balanço de parque, chupar picolé e freqüentar orquidários.
Lenine contou que já tinha viajado muito quando pegou a virose incurável das orquÃdeas. E que ficou pensando como teria sido bom ter descoberto antes essa paixão. Ele à s vezes utiliza a palavra hobby, mas é por humildade. O cara leva a sério mesmo o cuidado com as plantinhas.
E tá construindo um rico banco genético com a sua cuidadosa e catalogada coleção. E também escrevendo um livro sobre as orquÃdeas que foi encontrando. “A música tem sido muito generosa comigo e me levado a muito lugares. No livro falo das plantas que acabei descobrindo, das pessoas que acabei conhecendo em cada regiãoâ€.
Ficou mais fácil entender a paixão de Lenine quando conheci também Dona Tecla e Seu Gustinho, moradores antigos da cidade e pais do gentil Sávio, produtor e pesquisador culpado pelo paraÃso. Todos gente muito boa! Gente da melhor qualidade que nos recebeu de braços abertos.
E como se não bastasse a sinestésica e honrosa experiência de ser apresentada à s orquÃdeas, comemos queijo, tomamos uma dose da pinga fabricada pelo Seu Gustin e ouvimos as filosofias desse sábio agricultor. Foi o final de uma trip cujo mote, a gente foi descobrindo: era a generosidade.
Lenine levou 20 espécies de mudas. Eu volto lá sempre que posso.
Os madeireiros continuam abandonando as orquÃdeas , que eles chamam de parasitas.
Orquidário Sávio Caliman
Rodovia BR-262. Km 105. Entrar no Auto Posto Esmig, prosseguir na Avenida que margeia a BR até a Padaria Bel Pan. Virar à direita, seguir pela Avenida Lorenzo Zantonadi até o final. Seguir em frente pela Estrada de Lavrinha por mais 2,4 Km. Virar à esquerda imediatamente antes da pequena mata em frente a um galpão, e seguir por mais 300 metros.
Aninha, que bom te ver por aqui de novo! Sinal de que as coisas estão melhores, né? Só você mesmo para escrever uma frase linda dessas: "e fiquei pensando que preciso separar um tempo pra sentar no balanço de parque, chupar picolé e freqüentar orquidários.". Em tempo: vi Sal Grosso no Transborda. O que é aquilo? Genial, Ana. beijos
Ilhandarilha · Vitória, ES 10/1/2007 22:31
Oi Cláudia querida,
Não devemos todos separar um tempo pra chupar picolé ?
Bom que gostou do vÃdeo Sal Grosso.
Que bom mesmo que está de volta, Ana! E ainda mais com um texto desses! Também somos loucos por orquÃdeas lá em casa, fiquei babando com vontade conhecer esse lugar. Parabéns pelo texto!
Marcelo Rangel · Aracaju, SE 12/1/2007 20:01
Ana, que texto bonito!
esses passeios devem ser onÃricos, eu gosto bastante de orquÃdia, quando eu for para EspÃrito Santo eu já tenho um lugar a mais para roteiro!
texto lindão ana! como as orquÃdeas... bom 2007 pra ti... bj
Rodrigo Teixeira · Campo Grande, MS 13/1/2007 16:15
Ana, querida, que bom lê-la de volta.
Lembro que numa das visitas do Lenine a Goiás, para show, ele me perguntou na entrevista se aqui tinha orquÃdea. Não fazia idéia, mas sugeri que ele procurasse indicações na própria cidade onde se apresentaria, a histórica de Pirenópolis, onde já ouvi dizer ter gente que cultiva a planta. Nem sei se ele conseguiu achar algo. Mas gozado que ele ainda não musicou esse hobby né ? Não que me lembre de músicas dele citando orquÃdea, será que tem ?
Bjs e parabéns por esse belo registro,
EW
Lindas fotos, lindo o texto! Apredi bastante sobre orquideas, valeu!
Marcelo Candido Madeira · Rio de Janeiro, RJ 14/1/2007 14:46
Oi, Ana...bem legal teu texto.
Há um tempo atrás, passou num programa global uma matéria com o Lenine sobre o Orquidário. Maneiro ver esse assunto, mais detalhado, por aqui no Overmundo.
:)
Belo texto, Ana. Conheci um orquidófilo em Tijucas, SC. Bastante pobre, sua camisa era totalmente rasgada, mas seu orquidário era de um cuidado fantástico.
Egeu Laus · Rio de Janeiro, RJ 14/1/2007 19:12
Matéria fantástica, Ana! :D
Gosto de orquÃdeas. Acho-as muito bonitas, mas nunca tive um grande interesse por elas. Mas a sua matéria consegue despertar interesse sobre o assunto!
Abraços do Verde.
Ei Marcelo, é bom mesmo estar de volta!
Que bom que gostou do texto, e que bom saber que também admira as orquÃdeas. São lindas mesmo.
Rico, aqui tem orquÃdea pra caramba.
O que não vai faltar é orquidário pra você conhecer por essas bandas. Valeu.
Rodrigo querido, bom 2007 pra tu também. E se calhar, que seja um ano belo também.
Edson, bom te encontrar.
E eu não sei se Lenine já fez alguma música citando as orquÃdeas.
Marcelo, fico feliz que tenha gostado do texto. Bom que te serviu pra algo.
Marcos Paulo, olá,
Não sabia do programa global, mas num é legal quando as informações se complementam?
Egeu,
Parece que é uma caracterÃstica comum o exacerbado cuidado dos apaixonados com suas plantinhas. Mas vou te falar que entrar naquela estufa repleta de flores me fez vislumbrar o motivo da acuidade: é que elas sorriem pra nós de tanta cor!
Daniel,
muito grata por ouvir que de alguma forma o texto ajudou a despertar teu interesse. Agora vá num orquidário repleto e fique completamente desperto. Eu recomendo.
amor, melhor do que ler um texto tão gostoso quanto esse é saber direitinho o que vc deve ter sentido ao lado dessas flores e pessoas maravilhosas. há uma atração entre as coisas belas, não acha? tenho paixão por plantas e flores e elas, em silêncio, nos ensinam como podemos ter mais tempo para nós, para a terra, folhas, cores e perfumes. é uma dádiva, esse mistério chamado natureza. poderosa e simples, como a vida deve ser. adorei viajar com vc, mesmo virtualmente. beijos e feliz novo ano.
carol veiga. · Vitória, ES 15/1/2007 10:34Belas fotos e belo texto... E triste saber que existem espécies que não são mais encontradas aqui pelo descaso...
Léo Lago · Rio de Janeiro, RJ 15/1/2007 11:18tia ana, que bom que murtas gostem de orquÃdeas... belo texto. saúde, carinho...
neXnna · Vitória, ES 15/1/2007 11:51oi menina linda! saudade de você e sua poética. na cidade que nasci, guiratinga-mt, as orquÃdeas dão show, se espalham pelas milhares de cachoeiras, se ofertam como presentes dos deuses, enfim, uma maravilha de múltiplas cores e formas (e aromas!). lá acontece um festival nacional de orquÃdeas. já foram catalogadas várias espécies desconhecidas. é um show só! beijos, sucesso, vida longa!
eduardo ferreira · Cuiabá, MT 15/1/2007 12:21
ei Carol linda,
concordo com você: coisas belas se atraem, e poderosa e simples é como a vida deve ser... (feliz ano novo)
Léo,
Valeu. E sim, muito triste o descaso com estas exóticas plantas e tantas outras...
Texto encantador! Sempre quis dedicar um tempo do meu dia para cuidar de flores, até fiz um jardim numa casa que morei no Rio de Janeiro. Concordo com a Carol, as flores nos ensinam como podemos ter mais tempo para nós. De uma forma doce e singela, mostram, sem pretensão, beleza e silencio... encontro alento nas flores. Agora quero saber mais sobre orquÃdeas.
Fabiana Mesquita · Rio Branco, AC 15/1/2007 13:14
Tio Nenna,
murtas adooram orquÃdeas...
Eduardo, que prazer te reencontrar!
São mesmo presentes divinos essas vivas e belas criaturas coloridas e multiformes. (vida longa pra nós todos...)
Fabiana,
falou tudo: beleza e silêncio!
Muito legal, Ana!
Se eu já tivesse lido esse texto quando estive no EspÃrito Santo, teria prestado mais atenção nas flores!
olá Aninha , Belo texto . Vc como sempre dando show em tudo que faz!!!!!
ycrad · Vitória, ES 15/1/2007 15:54Gostei do lindo texto e também da dica. Como ando numa fase muito flora, vou prestar mais atenção à s orquÃdeas e incluÃ-las em meus roteiros de novas descobertas. Ainda mais que aqui em Goiás temos uma cidade conhecida pelas orquÃdeas e os encontros de orquidófilos que realiza, Pirancanjuba, próxima a Caldas Novas. Parabéns! Uma gostosura o seu texto.
Cida Almeida · Goiânia, GO 16/1/2007 13:46
Helder, valeu!
Eduardo, as flores continuam lá.
Na próxima passagem por aqui, vale a pena conferir de perto.
Ycrad querida, fico até vermelha com tanto carinho. Bom que gostou.
Cida, que delÃcia de comentário. E fases floras são sempr pacÃficas. Deseja paz a você o ano todo. Cores também...
Ana. OrquÃdea... Minha avó, quando tinha 85 anos, resolveu fazer um orquidário no seu jardim, logo abaixo da janela do seu quarto. Ela sempre cultivou orquÃdeas em seu habitat natural, pois mora no interior, em uma fazenda, com muita área de mata atlantica preservada. Mas resolveu fazer um orquidário..., ali, bem perto dela. E fez, aos 85 anos. E nos deixou lindos exemplares, que a todo momento, nos faz lembrar o quão linda e generosa era, e continua sendo, minha linda nona. Td de bom p vc. Marcus (kito) de Vitoria, ES.
marcusz · Vila Velha, ES 16/1/2007 17:34
Olá Ana!
Adorei o texto!Agora estou morrendo de vontade de conhecer o Orquidário Sávio Caliman!
É incrÃvel como frequentemente fechamos nossos olhos para belezas tão próximas a nós,não é mesmo?
Beijos ;)
Mulher, esse texto me levou de volta pra Minas, casa de vó que sabe fazer florir as orquÃdeas e pra exposição que acontece em Guaxupé - MG todo ano, linda de ver e viver. As minhas meninas de uns três anos pra cá se engrassaram comigo e desandaram a florir, cada uma num tempo do ano pra me entontecer logo de manhã. Grata!
Bia Marques · Campo Grande, MS 16/1/2007 22:57
Coisa mais linda, Aninha! O texto, as fotos, tudo.
E que bom ver você por aqui...beijo grande!
Opa, sua dica está anotada, Ana. :D
Quando tiver a oportunidade de ir a um Orquidário, vou me lembrar disso.
Abraços do Verde.
Kito, adorei a história da tua vó, que mais uma vez comprova orquÃdeas e generosidade de fato combinam. Tudo de bom pra você também.
Lorena, abra os olhos então.
Nosso estado é pequenino, e logo ali existem não só esse,mas vários orquidários. Vale a pena.
Bia, orquideas e avós também combinam eu acho.
E desejo que tuas meninas te entonteçam o tempo todo, essas danadas.
Waleska, é mesmo bela nossa flora.
Nat flor, bom te reencontrar. E bom que curtiu texto e fotos.
beijo pra você
Gostei muito! Muito, muito legal!
Carlos ETC · Salvador, BA 18/1/2007 14:55
Aninha,
Que delÃcia de texto. Tanta coisa boa pra conhecer e eu presa as mesmices.
Lembro bem desse passeio, até por que uma amiga minha estava com você, embasbacada com algumas das belezas naturais vista na visita ao orquidário.
Beijo
Renatinha
Mas que paraÃso! Sentà até o perfume dessas belÃssimas e divinais flores.
brigitte · Goiânia, GO 21/1/2007 19:49
Eeeeei Aninha!!!
Que texto bonito, cheiroso e sem espinhos! OrquÃdeas fazem parte de meus planos no futuro, e agora ainda mais!
Beijão pra você Ana, tenha um ano florido e abençoado!
aninha, querida, te mandei um convite por e-mail, vc viu?
qq coisa, me liga! bisous...carol.
Ai que texto interessante!
Adorei conhecer este outro lado do Lenine..
Os artistas em si são muito sensiveis mesmo, sejam plásticos, escritores, músicos, compositores...
É algo de muita sensibilidade na descoberta de uma paixão
como esta pelas OrquÃdeas, que são encatadoras!
Conheço este Orquidário, e reamente é muito lindo, fora que o acolhimento do proprietário nos deixa ainda mais à vontade e encantada!!
Muito legal o texto!
por mais que parece imprevisivel os rumos da sensibilidade, ela tenderá a existir infinitamente, enquanto o homem puder olhar para o sol e para lua.
Eder Fonseca · Cândido Mota, SP 15/2/2009 13:31Adorei o seu texto... e concordo plenamente sobre o que disse sobre o Orquidario Caliman......... estive lá e fiquei apaixonada.... para todos os lados que se olha, vc ve uma orquidea mais bonita que outra. Na hora de escolher mudas pra trazer pra casa.........ô duvida cruel!
Beautifulmg Patricia · Ipatinga, MG 3/11/2009 18:48ei Patricia, realmente o lugar é uma fonte de dúvidas.. ha ha. Pra onde olho? Que cheiro sinto? Que cor mais gosto? Que muda eu levo? Ainda bem que não dá para duvidar do encantamento a que somos submetidos num é ?
Ana Murta · Vitória, ES 3/11/2009 20:31Para comentar é preciso estar logado no site. Faça primeiro seu login ou registre-se no Overmundo, e adicione seus comentários em seguida.
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