É fato. O espaço da poesia é limitadÃssimo. A mÃdia tem seus Ãcones. Grande parte das livrarias acaba refém dessas escolhas e as prateleiras ostentam sempre os mesmos poetas, sem se abrir para outros autores. O desapontamento dos poetas é grande. Mas eles, em sua maioria, nunca desistem e procuram divulgar seus poemas na Internet, grande aliada de quem quer visibilidade e aplauso. Mas também não desistem de publicar seus poemas, considerando sempre que estão fazendo amigos no meio literário a partir do seu trabalho, e não o seu trabalho a partir de amigos.
O chamado descaso da mÃdia e das grandes editoras levou o jornalista e poeta catarinense a escrever Poesia não vende, livro que, segundo seu autor, nasceu para denunciar e questionar o descaso público que a poesia sofreu nas últimas décadas e protagonizar uma verdadeira revolução literária junto à sociedade. A idéia, segundo ele, é fazer com que a poesia volte a ser popularizada e valorizada como antigamente. Rodrigo sugere ainda a utilização do conceito de letramento como uma das soluções para que a poesia cumpra o seu papel social e ajude a gerar um Brasil mais poético e, conseqüentemente, mais culto, com pessoas mais conscientes do seu papel social.
Poesia não vende é o quarto livro de Rodrigo Capella e o primeiro de poesia do jornalista, que tem 26 anos e começou a escrever aos 12, incentivado pela avó. O primeiro livro foi publicado aos 16 anos, Enigmas e passaportes (Forever Editora, 1997). Depois vieram: Como mimar o seu cão e Transroca, o navio proibido, ambos pela Zouk Editora, em 2005”;;;. Este último vai ser levado à s telas pelo diretor Ricardo Zimmer.
Mesmo com a agenda lotada por conta do lançamento de Poesia não vende em várias cidades brasileiras, Rodrigo conversou por e-mail comigo por e-mail. Confira abaixo a conversa.
Criou-se um ciclo para a afirmação “;;;poesia não vende”;;;. Vinicius de Moraes não vendeu? João Cabral de Mello Neto, Moacir Félix, Leminski, Manoel de Barros, Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade não venderam e não vendem? Por que agora poesia não vende?
Só vende poesia quem tenha pelo menos quatro dessas cinco caracterÃsticas: fama, engajamento literário, aporte de uma grande editora, relação com outra esfera artÃstica e persistência literária (que pode ser traduzida em descoberta de novas técnicas e estilos lingüÃsticos). Esses autores que você citou venderam porque, de certa forma, se enquadraram nesse perfil. A poesia, por si só, não vende e nunca vendeu. Quem vende poesia é o artista-poeta e não o poeta-artista.
Você acredita realmente que haja má vontade das editoras, e muita, quanto a publicar o gênero poesia? O problema está na qualidade dos poemas? A linha que divide a poesia boa da ruim é muito tênue?
Existe, na verdade, um complô contra a poesia. As editoras simplesmente ignoram esse gênero literário como se pegassem um calhamaço de folha podre e sem conteúdo. Criou-se um ciclo vicioso: as editoras não publicam poesia, os poucos livros que chegam às livrarias ficam escondidos em estantes empoeiradas, o leitor não encontra a obra e acaba não comprando, por isso as editoras não publicam poesia.
Poesia não vende porque as pessoas, em sua maioria, estão acostumadas com histórias com começo, meio e fim, que não exigem muita reflexão, sendo que com a poesia acontece o contrário?
Há esse lado também. As editoras não são as únicas culpadas, embora contribuam bastante para a poesia não vender. A população precisa valorizar mais a poesia, precisa ler um verso e questioná-lo. Só dessa forma a poesia pode ser compreendida.
Qual a saÃda para quem está iniciando? Bancar a publicação do bolso? E, depois, como fica a distribuição?
Grandes poetas tiveram que arcar com a publicação de suas obras. Augusto dos Anjos teve a ajuda de seu irmão para pagar Eu e outras poesia, e Manuel Bandeira arcou com Carnaval. Os exemplos são muitos. Acho que eles fizeram a escolha certa. Atualmente, é muito mais fácil publicar livro, embora o mercado editorial esteja um pouco estranho e arredio. Eu, por exemplo, nunca tive que pagar para publicar os meus livros. E nunca farei isso, embora não condene quem faça.
A gente percebe que muitos poetas procuram refúgio na Internet para publicarem seus poemas e se tornarem conhecidos. Mas a Internet ajuda a vender poesia? De que forma?
Existem, atualmente, muitos poetas bons que utilizam os blogs para se comunicar e expressar sentimentos. A qualidade existe e só não é melhor porque faltam incentivos. Precisamos valorizar os poetas da Internet. Sem dúvida! Publicar na Internet é uma grande saÃda. Há muita gente boa atrás dos blogs, expressando sentimentos e mostrando seus versos. Muitos poetas conseguem sensibilizar editoras através de seus blogs. Isso tem ocorrido muito e é uma saÃda. Agora, os poetas precisam se mobilizar mais, precisam sair para as ruas, protestar, organizar mais saraus, fazer uma verdadeira revolução poética. Nós estamos precisando disso! O meu livro Poesia não vende, por exemplo, surgiu no meu blog Poemas e DelÃrios de Rodrigo Capella. Confira em http://poemasdorodrigocapella.blogspot.com.
Outra questão que, se não é crucial, pelo menos é irônica. Se poesia não vende, por que você fez um livro de poesia?
Essa é a própria contradição do poeta. O claro e o escuro, o seco e o molhado. Mas, acima de tudo, é um desabafo social. Essa questão precisava ser levantada, nós precisamos discutir: afinal, poesia não vende? Por quê? O que ocorre? Nós não podemos ficar calados. Temos que agir, nos movimentar e brigar para que esse contexto se inverta. Espero, algum dia, nem que seja daqui a 50 anos, escrever um outro livro chamado Poesia vende sim!
Há livrarias que nem contam com prateleiras especÃficas para o gênero poesia. O que fazer para mudar essa situação?
Isso é complicado demais! Mas, está, aos poucos, mudando. A livraria começou a perceber que precisa vender um pouco de tudo. E está colocando mais livros de poesia, embora misturados aos demais gêneros. Vai chegar uma hora em que, para organizar melhor as coisas, eles vão precisar abrir prateleiras especÃficas. Isso vai acontecer em breve, pode apostar!
Qual é o poeta contemporâneo que mais vende atualmente no Brasil?
Alguém vende bem? Eu, sinceramente, não conheço. A maioria dos poetas com quem tenho convÃvio sempre reclama de grana. É, a situação está complicada. Precisamos nos unir, antes que a poesia brasileira vá para o fundo do poço. E ele está logo ali, mais uns passos e caÃmos dentro. Porém acredito na reviravolta. Estamos começando. E, como todo processo, esse também é lento e gradual.
Torná-la leitura obrigatória nas escolas seria uma forma de fazer as pessoas lerem poesia? Dificilmente se vê um livro de poemas ser recomendado por professores.
Não gosto de tornar nada obrigatório. A poesia deve ser uma leitura livre, como seus versos. Se obrigarmos alguém a ler poesia, estamos desvirtuando a coisa. Poesia é sinônimo de alegria e entusiasmo, e não de obrigação. Ela deve ser incentivada e não obrigatória!
Seu livro tem depoimentos de poetas, escritores, cineastas. Todos falam da relação da poesia com a sua (deles) arte. Como foi conseguir esses depoimentos?
Foi simples, todos foram muito atenciosos e gostaram da idéia do livro Poesia não vende. Alguns se empolgaram tanto e me perguntavam quando o livro ia ficar pronto. Achei formidável! Foi uma experiência incrÃvel, você pode acreditar.
O que você chama de letramento
É a solução. Incentivar jovens e adolescentes a desenvolver uma atividade a partir de um verso poético é, simplesmente, plantar a semente para termos um paÃs mais poético. Além do letramento, eu sugiro visitas freqüentes à s editoras, nas quais os alunos conheceriam os procedimentos de confecção de um livro.
Como é possÃvel introduzir esse conceito nas escolas?
Apenas introduzindo. Não há segredo. É preciso boa vontade do governo e das escolas. Sabe, algumas pessoas estão muito acomodadas. O governo está acomodado, as editoras também. Não querem fazer nada. Então, temos que plantar a semente nas escolas. E... bingo! Teremos, sem dúvida, um Brasil mais poético.
Quais os elementos que você oferece ao leitor para que ele reflita e questione a existência da poesia no contexto literário?
Todos os que existem: momento infinito, alegria, correlação artÃstica, necessidade de mudança e, principalmente, a função da poesia dentro da própria sociedade. Mudar pequenas coisas e despertar grandes sorrisos. Essa é a grande função da poesia. Você já sorriu hoje? Leia um verso e experimente!
Querida Tacilda:
Ainda impactado pelo seu texto anterior, e, para ser sincero, sem muito saco para discutir poesia sob o ponto de vista mercadológico, quero apenas dar um toque: em Rodrigo conversou por e-mail comigo por e-mail. tem um "e-mail" a mais.
beijos e abraços
do Joca Oeiras, o anjo andarilho
Que pena que não abri o micro hoje antes do texto passar para a fila de votação.Mas aproveita e vota, mesmo com as falhas. Hehehehe
Tacilda Aquino · Goiânia, GO 23/6/2007 14:48
Cara Tacilda,
Já tinha ouvido uma entrevista com Rodrigo no rádio. Teu texto me ajudou a compreender um pouco mais as idéias dele. Valeu. Mas uma pergunta me saltou lá de dentro como um gafanhoto na primavera: os poetas da antigüidade, pela criação de quem nos chegaram os mitos e a própria narração poética, teriam alguma noção de que a poesia um dia seria ou não seria vendida?
Abraço,
Aldo
Uma boa pergunta, meu caro Aldo. Também me soa estranho falar, como ele fala, em "fundo do poço da poesia brasileira". De repente se descobre uma Cora Coralina ou um Manoel de Barrros e aÃ, como fica?
beijos e abraços
do Joca Oeiras, o anjo andarilho
Gostei da entrevista, mas senti falta do comentário do livro.
Gisélia Duarte · Goiânia, GO 23/6/2007 21:32
Quando eu vender minha poesia não serei mais poeta.
Agradecido!
Poesia é um assunto complexo, ao menos pra mim. Eu de fato não entendo de poesia e nem me atrevo a tentar escrever.
Não vou colocar minhas idéias especÃficas aqui porque estou cozinhando um texto sobre o assunto faz tempo (quem sabe o seu me ajuda a terminar).
Mas gostei do que foi colocado. Bom texto.
Concordo:a poesia diverte e faz refletir.
Beleza de entrevista!
E que Rodrigo Capella venda muitos livros!
caro amigo,
Eu penso que mercado tem que ser algo meio insensÃvel mesmo na apreciação, pois quem não faz vender -"close" - sai do negócio. A poesia tende a ser um mercado restrito para nós brasileiros, pois primeiro, o povo parece que não gosta muito, tem que se ter de vez em quando cultura/transcendência para se atingir a essência da intensidade do autor, segundo tem que ter qualidade, versos livres, livres..sei não. E mesmo nos grandes mestres há uma variação de qualidade, pelo menos no meu gostar - saio do êxtase para a total apatia de uma página para outra. Eu não posso julgar qualidade, quem sou eu, mas como jogada de futebol , o lido para mim tem que gerar paixão, chamar-me atenção, ficar matutando.... Se não ocorre não tem gás, não compro, não leio de novo. Tem que ter idéias diversas, sinuosas, antÃteses, charadas, dores , prazeres, profundidade, essência, métrica, sonoridade, rima sem isto não dá vazão ao sentimento que desejo ver, se não tiver esta forma clássica, a poesia livre tem que ter um grande "boom". Na internet, pela bandnews -fm Paulo Autran gera magia sonora em bons textos.
Finalizando é isto, poesia é um quadro de pintura , tá ali, Dali, livro é mulher com vestido de noite, por baixo, nas entranhas, descobre-se que, as vezes, só tinha maquiagem e pouca carne. felicidades. Eduardo
Concordo. E adorei o texto.
A idéia do livro é muito boa, fiquei com vontade de ler!
Bjos
A D O R E I !!!
Dá vontade de espalhar este texto para as Editoras...Sites...
Poesia, cadê voce???
A midia é madrasta rs.
Votei e vou voltar para reler!!!
Tacilda,
oportuna a entrevista com Rodrigo Capella. Eu sei bem o que são esses entraves. Até hoje só publiquei um livro de poesia pq venci em 2002 um concurso Cora Coralina em Goiânia, para poetas inéditos, e o livro foi publicado pq era um dos prêmios p o vencedor. Tenho hj dois livros de poesia, um de conto, um de crônica e um romance prontos p publicação e vencer esses obstáculos só se enquadrando nas condições que o Capella cita. Mas como sou obstinado, não desisto.
abcs
Querida Tacilda:
Temo que tenha sido um erro de estratégia publicar seus dois textos um em seguida do outro. O outro, "Poesia pra que te quero" é, francamente, muito mais substancioso que este e, no entanto, cobleu , até agora, menos da metade dos votos. Uma pena!
beijos e abraços
do Joca Oeiras, o anjo andarilho
parabéns , Tacilda
ótima entrevista
gostei muito
beijão
Fran
Caro Joca. Na verdade o texto Poesia para que te quero foi escrito enquanto eu esperava as respostas do e-mail que tinha mandado para o Capella. Fico feliz que você tenha gostado do texto, que foi escrito com muita emoção -- aquelas que batem quando a gente lembra o momento que viveu. E aproveitando o seu elogio, peço para quem passar por aqui, que também passe por e dê uma conferida no outro texto.
Tacilda Aquino · Goiânia, GO 25/6/2007 07:21Ainda estou apanhando dos links. Era para ser passe aqui.
Tacilda Aquino · Goiânia, GO 25/6/2007 07:22
Querida Tacilda:
Você, por acaso, tem o endereço de e-mail da Elisa Lucinda?
beijos e abraços
do Joca Oeiras, o anjo andarilho
autor um tanto contraditorio e de pouca base, mas pelo menos com algum questionamento, vai caminhar. estudo sobre entrevistas e gostei das questoes levantadas, ia até bem, quando o questionado solta umas teses infundadas que seria um baita gancho pra voce puxar uma outra questão, mas vc prossegue num roteiro pre-concebido. principalmente no momento que o autor fala que se está no inicio! inicio de uma luta de milenios, de camoes, fernando pessoa, cecilia meirelles, vinicius, drumondd, meu Deus, que inicio infindável nao? um baita gancho que iria gerar uma riqueza de debate. mas é isso aÃ, valeu muito pq quem produz merece louvores
Cecilia de Paiva · Campo Grande, MS 25/6/2007 10:59Seu texto incita uma reflexão muito válida. Realmente a poesia perdeu o espaço que tinha em outras épocas. Esses e muitos outros da poesia brasileira, publicavam seus poemas em jornais e etc. Retrato de uma época? Talvez. Agora nos resta saber até que ponto o povo se interessa pela poesia? Não arrisco nomear um culpado, mas acredito que a TV, e outras mÃdias podem ter contribuido pra essa mudança. Infelizmente a poesia ficou pra quem realmente gosta... Um abraço.
FILIPE MAMEDE · Natal, RN 25/6/2007 11:08
gostei da entrevista e do blog do rodrigo.
eu, que ando em busca de uma editora, enfrento dois problemas básicos: 1 - aqui praticamente não existem editoras, exceto, talvez, a do grande e heróico professor Cinéas Santos. Que, no fim das contas, a gente que está no inÃcio acba tendo de pagar para editar. 2 - as editoras de fora mal sabem da existência do PiauÃ, e menos ainda da minha existência em particular.
Claro, não estou considerando a qualidade dos poemas. Vai ver tem isso também, né? rs rs
abraços!
Tacilda, é fato: poesia não vende, ou no mÃnimo vende mal. A Ãdéia do livro é muito boa, colocar isso em discussão é necessário, mesmo por que traduzir sentimentos em versos concisos, rimados ou não, definitivamente não é tarefa fácil, como alguns querem fazer parecer.
Estou nesta discussão há algum tempo aqui mesmo neste overmundo. Entre tantas formas de comunicação, e novas descobertas, a poesia é um respiro, um ar fresco que não se pode perder. Tem charme, tem valor literário e acredito que deveria ter mais espaço no mercado editorial.
Bom texto, como sempre!
posso estar falando uma tremenda besteira, ou um romantismo desmedido, mas poesia não se vende. acho temerário que o alvo da poesia seja um mercado de consumo, seja a venda... e talvez seja exatamente por isso que seja dificil vender poesia: é contra a natureza mesmo da própria poesia. A poesia simplesmente é e e seu ser entre outras coisas implica uma resistência natural a essa tendencia de coisificação, massificação de tudo em "coisa posta no mercado": poesia é avessa a isso, e não acho que seja uma boa causa, para o poeta, a luta por vendê-la... o maior incentivo que se pode dar à poesia é a sensibilização do humano que há por tras de todo o consumidor... vender definitivamente não é preocupação da poesia e tampouco pode ser do poeta...
romantismo? utopismo? besteira? sei lá!
Carpe diem!
Essa discussão não faz o menor sentido. A poesia serve para que as pessoas reflitam, se emocionem, mirem-se nos próprios abismos, façam as mais inusitadas perguntas, procurem as respostas que as ciências não oferecem. Portanto, a poesia tem a maior importância nestes tempos mercantilistas. Se a poesia vende ou não, essa é outra discussão. E a resposta é: a verdadeira poesia não se vende, e essa é sua maior virtude. O que se vende (ou não) é o objeto livro, apenas o suporte da poesia. Paulo Leminski já disse, certa vez, que a poesia é um "inutensÃlio". Num mundo dominado pelas relações de compra e venda, é ótimo que a poesia não tenha valor de mercado! Agora, se algum poeta está escrevendo poesia com a intenção de vender e ganhar dinheiro, está equivocado. É melhor que vá escrever livros de auto-ajuda. É muito mais fácil e terá muito mais chances de virar best-seller. Fazendo isso, o falso poeta poupará aos leitores da verdadeira poesia o risco de perder tempo lendo seus versos.
Alexandre Marino · BrasÃlia, DF 25/6/2007 14:09
Alexandre,
poeta não pode querer viver da poesia?
Querido André:
Querer, pode! rsrsrs
beijos e abraços
do Joca Oeiras, o anjo andarilho
PS Aliás, navegar é preciso, viver...
antes tarde que mais tarde
ainda assim, escrevo
e escrevo para que não fique mais só comigo
nos vários sentidos
já posto aqui,
já blogo acolá,
tem quem odeie
tem quem goste,
há seis bilhões de pessoas no mundo
e eu não falo chinês, nem escrevo em inglês,
filosofo em português
sei nada de métrica
sei pouco de rima
sei que a alma anima
se ela existisse,
mais me confortaria,
como Rita Apoena conforta,
Ela é poema.
Ronald é augusta poesia
a verve do verbo
que poesia venderia?
aquela em que o poeta se vendesse?
e poeta que não se vende e vende?
como o poeta que não vendeu, morto, agora vendendo, ficaria?
eu fico todo prosa quando meu verso é chamado poesia
- por muito pouca gente, algumas pessoas muito amigas -
penso, até, que é demasia
se penso, desisto de encontrar editor
mais fácil encontra o amor
que nos dá sem querer ter
aquele dita, eu premedito,
aquele descrê, eu acredito
mais ainda, para ficar entre poesia e prosa,
penso que existo, ele duvida
(Valeu Tacilda!)
Tacilda, penso que poesia não serve pra nada. E acho isso bom. A arte pode, mas não necessariamente deve ter uma utilidade ou servir a um fim último que não a exteriorização da subjetividade do artista. Ser obrigado a achar uma utilidade para a arte pode ser uma boa maneira de colocá-la numa camisa-de-força. Nesse sentido, acho positivo que a arte seja inútil.
E quanto à pergunta "Se poesia não vende, por que você fez um livro de poesia", acho que a resposta podia bem ser: porque não fiz o livro pra vender. Pode parecer um contra-senso, acostumados que estamos a ter um objetivo financeiro ou mercadológico, mas queria acreditar, talvez do alto da minha ingenuidade, que ainda existe gente que faz arte pelo prazer (quiçá necessidade) de fazer arte, e não para vendê-la como um produto.
E se o livro "poesia não vende" se tornar best seller, estaremos diante de um paradoxo?
Ótimo texto, parabéns.
não há nada mais patético do que um artista(?) mendigando público.
ora, se a sua poesia não vende, vá fazer salgadinhos pra festas infantis, serviço de encanador, cortar a grama de algum endinharado. enfim, qualquer coisa que te sustente. não me venha com essa empulhação de que "o governo está acomodado, as editoras também. Não querem fazer nada.".
o contribuinte não é obrigado a sustentar poeta; as editoras não são obrigadas a publicar o que não vende.
toda vez que dão oportunidade pra esse rodrigo capella, lá está ele reclamando, choramingando. antes de mendigar, que tal começar a fazer uma poesia melhor?
Falou e disse. Esse sósia de Zeca Baleiro não rabisca nem lista de supermercado.
Marcus Assunção · São João del Rei, MG 25/6/2007 18:29
Bela matéria Tacilda!
A polêmica aqui criada dá-nos a uma idéia da importância do tema. Li todos os comentários anteriores, após a leitura da entrevista, e ao que me pareceu a poesia ainda se apresenta como um tabu entre os próprios poetas e literatos brasileiros, como se fosse uma religião (apesar de até esta ser comercializada desde tempos atrás).
Que "pecado" há em se querer ganhar dinheiro fazendo o que se gosta?
Eu não acho que porque a poesia, em formato de livro, cd, dvd, atc. pode ser comercializada ela não se torna impura ou sem profundidade, vulgar ou simples objeto de consumo.
Pagamos para ler um belo, profundo e reflexivo romance, porque não podemos pagar para ler um livro de poesia?
Cabe ao poeta decidir o que fazer com sua obra. Vendê-la ou simplesmente dispor dela gratuitamente.
Por fim concordo que a poesia deva ter mais espaço, incentivo, e divulgação, pois quando um poema é escrito, imagino que deva dar muito prazer ao poeta, porém se ele for lido por tantas pessoas quanto possÃvel este prazer deve ser multiplicado...
Abçs.
Poesia pode não vender, mas que provoca boas discussões, isso provoca!!!
O que a gente não pode esquecer é que o sonho de todo escritor é ser lido, conhecido. Se não fosse assim, eles se contentariam em manter diários fechados a sete chaves (para aguçar ainda mais a vontade de dar uma espiadinha em quem pegasse no diário por acaso). E como bem disse André Gonçalves "poeta não pode querer viver da poesia?"
Joca, aqui tem um texto sobre a poesia e Elisa Lucinda que você corre o risco de gostar.Hehehehe
Tacilda Aquino · Goiânia, GO 25/6/2007 20:55
Pois bem, Robert. Acho que literatura, num todo, pode ser comercializada. Acho intrigante quem diz que quem vende poesia é um "vendido". Vamos analisar isso melhor: que ator atua somente por amor? E porque pagamos ingresso em peças teatrais se os atores fazem isso por amor? Poeta também escreve por amor, mas que mal haveria em um poeta conseguir uma editora, assinar um contrato e ganhar com a vendagem do seu livro? Ou melhor: por que não pode haver uma profissionalização da poesia? Ora, vamos ver que nem tudo que existe de poesia no mundo (internet, livrarias) é de fato bom; a maioria é descartável. Sejamos realistas. Existe muita dor de cotovelo e pouco embasamento teórico. Por que um poeta não pode entender de literatura? Assim ele saberia que amoredoramoreflor não faz mais sentido ser publicado. Isso já foi feito - e há muito tempo atrás.
Infelizmente, não conheço a obra do Rodrigo para dar meu juÃzo de valor, mas certamente o daria e seria sincero quando o fizesse. Há livros - e em Blumenau tem muito disso - que não valem os dedos que o digitaram na tela do pc. No entanto, há autores necessários (que eu poderia citar aqui, se tivesse espaço e vontade) cuja importância vai para além da mera exposição de sentimentos, como sugere o Rodrigo. Há poetas que revolucionam a lÃngua e marcam momentos históricos. Por que os poetas que estudam sua poesia e, principalmente, a vivenciam, não podem receber por isso? Acho foi essa supervalorização dos versos de dor-de-cotovelo que nivelaram por baixo a produção poética brasileira. O que Bandeira tem, o que Oswald ou Mário de Andrade tem, o que Leminski tem... enfim, o que tem os poetas merecedores de espaço na mÃdia, não tem que ser copiado, tem que ser ultrapassado.
Acho que o que falta, realmente, são poetas que saibam o que escrevem. O que eu tenho a ver com a tua vida? Nada! Portanto, que os pseudo-poetas dêem um reestudada no que têm escrito. Vai ver, entraram na poesia por onda. Vai ver, seriam melhores em fÃsica quântica, em engenharia florestal, sei lá.
Outra coisa que me intriga: tem muito poeta por aà que (virtual ou não) que conhece somente a sua poesia ou os clichês literários brasileiros presentes em livros de ensino médio. Para se escrever - e isso eu aprendi fazendo - é necessário que se leia. Só assim vai haver um diálogo intertextual, um progresso verdadeiramente intelectual. Do contrário, só amoredoramoreflor mesmo.
Desculpa o abuso do espaço.
Abraço.
Parabéns, Tacilda, pela idéia do questionamento... mas, faz(em) pelom enos30 anos que não se gosta mais de Poesia, que não se lê poesia e as Escolas (públicas e outras mais) têm muita culpa nisso. A chave é realmente a EP recomeçar a estudar/analisar o Poeta,seja contemporâneo ou "ultrapassado" (como diz o LABES) mas sem essa coisa de que isso presta/aquilo não.
A escolha do que é bom ou não deve caber ao leitor. Valeu o questinário, esse debate era necessário! Abraços,
Emtao...
Eu mesmo publiquei varios de meus poemas aqui no Overmundo.
A poesia sempre foi deixada em segundo plano...Uma pena!
Quem quizer ler meus poemas é so procurar aqui nos arquivos antigos.
Poesia serve pra quê???
Já comentei com o Poeta Benny Franklin. Quando houve a morte daqueles universitários em EUA, qdo. há pouco uma gang de desocupados espancaram e mataram um garçon em São Paulo, quando aqueles rapazes de classe média alta bateram numa trabalhadora, uma empregada doméstica, no Rio. Quando em Sao José do Rio Preto, SP um menino queimou o cabelo da Professora...Se esses pais tivessem declamado uma poesia por dia, dessem livros de poesia para ler,esses jovens adultos não teriam feito essas barbaridades.
O que falta a uma criança é poesia, sonho...
Mas a propria Educação (Governo) não coloca no seu planejamento de "educação"...Não se tem aula de filosofia, sociologia..nada...
Do outro lado, os pais, dão video games, computadores para a criança ficar em rede com assuntos que no meu tempo eram proibidos...e hoje, esses assuntos proibidos são corriqueiros, banais e a mente deles têm sede de imaginação para o mal, aà o desvio de conduta, não temem nada, pois vivem em criar pesadelos...e a morte é banal, a vida do próximo banal...
A Poesia traz leveza à vida. Poesia é amor ao próximo Poesia é Vida!
Poesia dá alegria. Será que as Editoras não vendem alegria?Amor?
A educação aqui é uma lástima! E o resultado é a violência!
para Labes e Robert Portoquá e outros tantos...
1°, poesia está no mercado e fazem sim dela objeto de consumo, não sou louco de negar isso. Aliás, esse é o motivo pelo qual pagamos por ingressos de peças teatrais, musicais, livros de prosa etc.Não há mal nenhum nisso, tb não vejo mal nehum se ganhar dinheiro com poesia e nem acho que o poeta vai, necessarimenta fazer pior ou melhor poesia conforme ganhe mais ou menos por ela. agora, se o artista (e nisso está o poeta) executa sua obra pensando somente em ganhar dinheiro com isso, certamente, não é arte que ele estará fazendo...
arte, como bem se disse é, por definição, um "inutensÃlio" (opinião que de Leminsk com a qual comungo)... não serve pra nada, nem pra ganhar dinheiro... o que fazem dela pode ou não ter uma utilidade, pode ou não revolucionar seja lá o que, pode ou não visar ao dinheiro (mas ai não é mais o artista que está atuando, mas sim o empresário, o publicitário, o jornalista, o vendedor...), por isso disse que não é preocupação da POESIA o dinheiro que vai ou não ser dado por ela; por consequencia, não pode ser essa a preocupação do POETA, como quer indicar os choramingos do autor do livro citado na matéria acima.
2°, acho relevante o comentário de que os poetas têm que reestudar o que escrevem..., mas muito me preocupa essa catedratização que querem fazer da poesia..., gozado dizer, com certa ironia, que que para alguns poetas "ultrapassados" a poesia ainda é um tabu uma religião, quando se está quase a defender que poesia é coisa pra "iniciados", "letrados", que conhecem mais que os meros clichês apresentados no ensino médio... isso é o mesmo que dizer, "ei poesia é só pra quem pode, para seres especias": sacraliza-se não a poesia, mas, pior, o poeta... poesia agora é sobre humana??? (pensando bem, que mal há em ter como religião a poesia? enfim...) Nietzsche, em "Além do Bem e do Mal", já alertava para os perigos da mitificação da ciência e do erudito
Penso que quando Carlos Drummond de Andrade(olha ai um clichê!) sinaliza em vários de seus poemas que poesia é coisa séria e que não se deve fazer poesia de meras dores de cotovelo, com certeza não quis dizer que a poesia deveria ser algo que devesse passar pelo crivo da erudição, aprisionada nas catedras... o que seria de Patativa do Assaré se fosse assim??? Patativa que, aliás, está sendo estudado na Sorbonne, na cadeira da Literatura Popular Universal, sob a regência do Professor Raymond Cantel e que costutumava dizer que para ser poeta não era preciso ser professor. 'Basta, no mês de maio, recolher um poema em cada flor brotada nas árvores do seu sertão'.
Pra finalizar, é claro que considero importante mais espaço mais insentivo a leitura de poesia... mas, veja pra POESIA, não necessáriamente pro poema... (falo um absurdo???!!!), a é de poesia que o mundo precisa... isso pq a poesia não deixa de ser expressão do belo e como diria Dostoievski, "a beleza salvará o mundo".
Agora de que forma se faz isso (incentivar a leitura, impregnar o mundo de poesia, de beleza)? creio que certamente não é pela mão do governo, das editoras, e nem mesmo dos poetas que querem ganhar dinheiro com seu produto intelectual... como disse acima, acho que o caminho mais curto é sensibilizar o humano que há por trás do consumidor... uma flor que não se pisa, um papel que não se joga na rua, um bom dia que se dá, um elogio sincero que se faz, passando por coisas mais complexas, como "um pensar/agir juntos ou individualmente" sobre um verso, de uma autor clichê ou não... e mesmo de "maus-autores"... em tempos de pressa, valorizar, quem sabe, a moleza, o atraso... enfim toda e qualquer forma de sensibilizar é melhor que estimular financeiramente o merdado editorial: isso, repito, é reivindicação do empresário, do editor, do publicitário, do vendedor e mesmo do cidadão (pq não?), enfim de todo mundo que tem por objetivo e direito (é bom ressaltar) a ganhar dinheiro. Mas não pode ser do poeta e, menos ainda, da poesia... os valores em jogo, podem até ser paralelos, mas não se confundem, nenhum cifrão pode ser comparável ao que sinto quando estou vendo um por-do-sol no arpoador, ou quando vejo uma criancinha cair levantar e sorrir, ou quando leio T.S. Eliot, apesar de pagar pra chegar ao arpoador, pagar pela tv através da qual vi a criancinha e pelo livro do Eliot..., e tenho certeza de que se fosse perguntado ao mar-tarde-pedra-sol, à criancinha, ou a Eliot o motivo que os levaram a "serem", por-do-sol, queda-sorriso e poesia, certamente não diriam que foi pelo dinheiro...
Bom, é o que penso...
Carpe Diem!
Vendendo ou não, a poesia existe e não desiste. A prova foram tantas reflexões e polêmicas causadas diante da entrevista.
Viva a poesia!
Bravo, Tacilda! Gostei da entrevista, confesso que mais das perguntas do que propriamente do entrevistado, que considero apenas esforçado. E falo isso porque li o Poesia Não Vende, uma bela idéia que Rodrigo não deu conta de sustentar, nem com sua prosa e muito menos com sua poesia (que prefiro nem comentar). Nem mesmo as asas consagradas de um Moacyr Scliar foram suficientes para sustentar o pretensioso vôo proposto pelo autor. E aqui temos que reconhecer: é um marqueteiro de mão cheia. Nisso há muito que se aprender com ele.
Mas deixando Rodrigo de lado, o que interessa é que você tocou numa questão crucial. E coincidentemente, conclui a leitura de Correspondências, de Clarice Lispector (organizado por Teresa Monteiro, Editora Rocco, 2002), e não é que encontrei lá a mesma questão levantada por uma das nossas mais aclamadas, estudadas e reverenciadas prosadoras, aquela que na ficção moderna só encontra correspondente em Guimarães Rosa - os nossos dois grandes inovadores.
Clarice Lispector, autora de sete romances, uma novela, seis livros de contos, um de entrevista, dois de crônicas e cinco infantis, também cometeu seus versos. Mas viveu de prosa e lutando bravamente para publicar seus livros.
O trecho a seguir é de uma carta intitulada Uma história curta de Amor, não datada, mas provavelmente de 1975, endereçada à Andréa Azulay, que iria completar 10 anos de idade: “(...) Andréa lia muitos livros até quase onze horas da noite. E também escrevia muito bonito. Mas veio a fada e avisou-lhe: se você vier a ser escritora, procure escrever em prosa, até mesmo prosa poética, porque ninguém edita comercialmente livro de poesias (...)â€.
Nessa curta história de amor Clarice Lispector, com amor e infinito cuidado, tentava passar à sua jovem, inteligente e instigante correspondente, que considerava uma filha espiritual, os conselhos que julgava pertinentes para o exercÃcio do ofÃcio do escritor. E foi delicada Clarice ao suscitar a questão. Não disse: Escreva prosa ou até mesmo prosa poética. E sim: procure escrever em prosa... Justamente porque ninguém edita comercialmente livros de poesia. Todos os nossos grandes poetas: Drummond, Bandeira, Mário de Andrade, João Cabral de Melo Neto (que até montou uma editora artesanal na Espanha para editar seus próprios livros e de outros que admirava, como Bandeira e insistiu muito para editar Clarice - contos) tiveram que bancar limitadÃssimas edições de seus livros... Às vezes, 200 livros, distribuÃdos pelos próprios. E claro que também se dividiram na prosa, principalmente para jornal, para defender o pão nossa de cada dia.
Tacilda, adorei caminhar com você pelo território encantado das suas leituras e vivências poéticas. E pelo jeito latentes vivências. E que bom que você trouxe para o enredo desta instigante discussão o seu professor de literatura, o Paulo Afonso Carneiro, lá do outro texto. Penso mesmo que professor bom não é aquele que ensina, mas o que instiga, o que motiva, o que cativa (assim mesmo, cheio de adjetivos), e mais do que incutir coisas em nossas mentes fisga mesmo o coração. Todo mundo que gosta ou escreve poesia (não importa se bem ou mal) tem lá no fundo do baú um professor, um incentivador... Gostar ou não de poesia tem sim a ver com educação, com formação, com incentivo. Se o sujeito vai ou não escrever poesia, aà são outros 500. Mas com certeza seria um leitor atento.
Assim como a prosa, a poesia tem de circular. Publicar na Internet é interessante, instigante, principalmente pelo retorno imediato do olhar do outro. Mas nada substitui o livro. Como objeto-veÃculo o livro é um mundo que abro e fecho quando quero; leio no meu tempo emocional, com o recorte e o filtro das minhas vivências. E ninguém escreve pra si mesmo. Quem escreve, sem hipocrisia, quer ser lido, amado, aplaudido... Pode até ser incompreendido, rechaçado, repudiado, o que é melhor que a indiferença (e quantos dos imortais que hoje veneramos não lograram em vida o rótulo da incompreensão e repúdio?) E a única maneira do livro circular é ser editado. Todo autor sonha com o livro. Isso é fato. E se poesia fosse mais incentivada nas escolas, com certeza, terÃamos mais leitores interessados e conseqüentemente editoras com público para cativar com edição de novos poetas. Desculpe o texto longo, mas é que a discussão é boa.
Beijo grande.
Obrigado Cida:
Acho que seu comentário enriqueceu muito a discussão!
beijos e abraços
do Joca Oeiras, o anjo andarilho
Seria ótimo se todos os alunos da fase fundamental das escolas do PaÃs tivessem um Paulo Afonso Carneiro em suas vidas. E Cida, se o Paulo ainda estivesse vivo, certamente iria ficar lisonjeado com seu comentário.
Tacilda Aquino · Goiânia, GO 26/6/2007 14:09
Aplaudi Tacilda, pelo foco e pela causa do postado
Volto, por vontade e honestidade intelectual para te aplaudir Cida.
Se me permites uma brincadeira, já a essa hora da discussão bem arrematada por ti:
- Quando crescer quero ser parecido com a Cida.
Grato.
Apesar de achar a discussão mercadológica da poesia uma bobagem desnecessária e inútil, gostei muito da reportagem e do seu estilo.
Parabéns!!!
O texto ficou bem construido. ta de parabéns...
Mas essa proposta não me parece estranha...já ouvi o mesmo discurso do Rodrigo, em um comercial de fradas descartaveis...em um discurso sobre inclusão social...entre outros. Poesia como mercadoria! É isso que querem me oferecer?..Otima solução pra aumentar o sálario de misérias de nossos nobres poetas. Quem sabe prateleiras de livros de poesia em supermercados. O que vocês acham é um bom começo para iniciar a população geral no mundo lúdico-poetico da mercadoria?!
abraço
olá tacilda,
li a Ãntegra de sua entrevista, e também alguns dos comentários - com destaque irrepreensÃvel ao de cida/lúcida como ela só. há coisas que realmente me espantam no mundo da arte institucionalizada e mercadológica, e isso é desde sempre. desde antes de eu saber articular quaisquer criticidades ou juÃzos estéticos... hoje, aos 35 anos, sei bem o que quer a poesia comigo, e a tenho como raiz primeira de tudo o que faço. parafraseando aquela famosa canção do chico, no fundo, sou um poeta. as pessoas em minha cidade me conhecem como músico, meus alunos como "o professor", minha mãe como "filho", minha namorada como "meu amor"... mas no fundo, sou um poeta. e ser um poeta não é uma vocação profissional, não é uma opção oficiosa, não há aposentadoria, e nem tampouco é um dom divino - que descreio de belezas que distanciam. ser poeta é uma escolha difÃcil. uma escolha que não nos deixa escolha. uma fome e uma febre que não cessa. creio em rilke: se puder contestar à quela pergunta severa ("sou mesmo forçado a escrever?") por um forte e simples "sou", então construa a sua vida de acordo com essa necessidade.
oh, me causa um enfado terrÃvel discutir sob argumentos da necessidade do dinheiro, da sobrevivência dos artistas e de sua produção no sistema capitalista, bla blá blá. isso tudo já ultrapassou as fronteiras do óbvio. todos temos que ganhar a vida de algum modo, inclusive com arte, mas os processos criativos não devem estar condicionados à tais ditames, ainda mais se tratando de poesia. é preciso lembrar de que fazemos arte para vencer a dor de existir.
no mais, parabéns por incitar a discussão.
beijos,
r
MATÉRIA MARAVILHOSA ...MAGNÃFICA !!! QUERIDA TUDO DE BOM E QUEM VENHAM MAIS! VALEU MESMO!
MaluFreitas · Salvador, BA 5/3/2008 14:09
Li e reli cada comentário.
Fiquei horas antes de dar minha humilde opinião.Eu sempre vou ler uma poesia!
Ainda que nunca as venda que me importa?
O debate aqui foi proveitoso,isso significa que Tacilda conseguiu dar novo sangue aos comentários tão comuns:
- amei,maravilhoso.aqui vi um mundo se descortinar,talentos natos...Corações arrebatados.Só tenho agradecimentos a todos.Obrigada Tacilda por existir ainda que no mundo virtual.Quem sabe um dia nos reunimos?Eu serei sempre uma boa leitora.Um beijo enorme em eu coração.
Meu poeta preferido Manoel de Barros diz que até cuspe á distãncia serve pra poesia...ora,ora a poesia serve pra tudo,ué!!!Beijos cariocas.
Se precisar...fala...
Recebi o chamado da poesia
Como quem come um manjar
Vou descalça...devagar...
Sempre dobrando a esquina
Porque ela é rumo de corda
É ciranda que aglutina...
Ela é fogo de palha...
É limalha de oficina...
Quando se vê pôs a cara
Numa cesta de rima...
Quando se vê não trabalha
E finge que me domina...
Recebi o chamado da poesia
Como quem senta na sala
Na brisa do meio dia
Ela escolhe meus dedos
Versa um pouco ...se cala
E eu digo sincera
Bendita esta coisa bela
Se precisar...vem ...
Dê seu sorriso...e me fala...
Nina Araújo.
Oi, Tarcila!
Cumprimentando-a.
Na minha parca idéia, porque embrionária, a poesia serve para evacuar o que sinto e não consigo coagulá-la presa ao pensamento, serve para sobejar o que sinto e não para confundir-me despido; serve para monitorar o que outros pensam e eu desconheço de cara; enfim serve para ser mais alimento e menos metafisicismo, ao Mundo.
Com perdão de todos: até que me provem o contrário, a poesia é um mÃssil de vingança do mais profundo da nádega humana.
Abçs.
Benny Franklin
Pateta, quase poeta.
E, se me permite, ainda que variando possa eu ainda estar, Benny, serve também a poesia, em seu inservÃvel mister, a dizer de mim a outros que ainda pouco sabem de mim e a mim mesmo o que mesmo eu de mim não sei.
Um beijo ainda do lado de cá.
Grato por tuas palavras lá em meu escrito.
Tacilda querida, Parabens pela bela entrevista com o Capella. Vc. conhece o livro do gaucho Ricardo Silvestrin O MENOS VENDIDO. eh no mesmo diapasao. Coincidencia que tambem escrevi pequeno artigo BRASA ADORMECIDA enfocando o mesmo assunto. Gostaria que vc. me desse o prazer de sua visita e consequente leitura.Desde jah agradeço.
Ternura e carinho
PARA QUE SERVE A POESIA?
Anibal Beça ©
De servir-se utensÃlio dia a dia
utilidade prática aplicada,
o nada sobre o nada anula o nada
por desvendar mistério na magia.
O sonho em fantasia iluminada
aqui se oferta em módica quantia
por camelôs de palavras aladas
marreteiros de mansa mercancia.
De pagamento, apenas um sorriso
de nuvens, uma fatia de grama
de orvalho, e o fugaz fulgor de astro arisco.
Serena sentença em sina servida,
seu valor se aquilata e se esparrama
na livre chama acesa de quem ama.
não sei se serve para algo.
mas entrei na luta.
Que tal você começar escrevendo poesias hein? Desculpe, mas poemas aqui vendem muito bem e obrigado. É do meu amigo e de um grupo de poetas. E todo valor é doado ao hospital do cancer infantil. Lamento, amigo, mas essa realidade de que poemas não vendem não bate muito com nossa realidade. Tem muita gente que conheço que já vive de poesias sim, é só não depender de editoras, que tal? Poesia pra quê? Ora, livros pra quê então? Abraços!
blogdarua9.blogspot.com
Ótima a entrevista!! Não sei escrever muito bem mais me faz bemm escrever, confuso né rsrsrs!!!!
É o que é a poesia se não apenas poesia.
E quem há de le-lá se não houver gosto.
Pergunto quem há de amar se não houver amor.
Não uso as palavras mais difÃceis.
Me expresso assim.
Um Vocabulário simples.
É apenas prazer.
Por quanto tempo?
Pela eternidade?
Como unir tempo e eternidade.
Por quanto tempo é a eternidade.
Confuso.
Assim é a poesia.
Expressão da alma.
Divisão das idéias.
Já é noite.
O mundo ja dormiu.
Devo dormir.
Amanha é um novo dia!
Logo levantarei.
Bacana, Tacilda, que este texto inteligente e instigante continue conquistando e provocando leitores. É um dos meus preferidos na galeria do Overmundo pelo que proporcionou de troca de opinião. Continuo na estrada, alinhavando os meus achados sobre a serventia da poesia, a minha casa no fim da rua.
Grande beijo.
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