Você coloca sua roupa de pirata e vai para a rua. Encontra hordas de colombinas, diabos, freiras, palhaços e homens vestidos de mulher. AÃ, atravessa o deserto do Saara, consola a jardineira, dá uma zoada na cabeleira do Zezé, fala mal da Aurora (essa fingida!) e celebra a mulata bossa nova, que caiu... no hully gully!? PeraÃ, esta cena é do carnaval de 2008 ou dos anos 70 (ou 60)? Pode ser de todos. Os blocos do carnaval de rua do Rio de Janeiro estão em lua de mel com a cidade. Crescem em tamanho e quantidade, atraem foliões cada vez mais animados e criativos em suas fantasias. Mas as marchinhas... continuam as mesmas. Claro que, para quem gosta (como eu!), são ótimas, geram uma catarse coletiva de vozes e gritos. Mas quando chega a terça-feira de carnaval, não sei vocês, mas já quero que o Zezé fique careca e que a Aurora se exploda. Será possÃvel que o povo não tem outras marchinhas para cantar?
Tem, claro que tem. Só no Sassaricando, musical de marchinhas que faz sucesso na cidade, são cerca de 100, de todos os tempos e jeitos. Quando levei meu avô para ver o espetáculo, ele saiu orgulhoso dizendo que reconheceu praticamente todas as músicas. Sinal de que, nos carnavais de outros tempos, elas ganharam bem as ruas. Nos anos 80, Chacrinha e Silvio Santos levavam as marchinhas para a televisão e dava certo. Mas o que mais chama atenção é que há também produção atual, coisa que os desavisados nem imaginariam se apenas se baseassem no que ouvem no carnaval de rua. Blocos como Céu na Terra, Cordão do Boitatá e Rancho Flor do Sereno lançaram seus discos com várias marchas inéditas, mas nem sempre elas são cantadas nos desfiles de rua, ou, quando são, (ainda) não repercutem muito na voz do povo. As marchas contemporâneas foram alavancadas sobretudo por conta do concurso de marchinhas da Fundição Progresso, que chegou ao terceiro ano fazendo muito sucesso dentro dos domÃnios da instituição cultural – e com repercussão nacional, graças a transmissão ao vivo no Fantástico. Do lado de fora, entretanto, a coisa ainda não reflete. Não se vêem os blocos dando vazão à s marchas estreantes, que falam de Tapa na Pantera, escova progressiva, burka muçulmana... Dão gosto de cantar justamente porque tratam de coisas dos nossos tempos. Por que diabos elas não emplacam?
“Demora mesmoâ€, diz com naturalidade Perfeito Fortuna, coordenador da Fundição e idealizador do concurso. “Participei de alguns movimentos de mudança musical. Tudo seria mais fácil se as novas marchinhas tocassem no rádio, mas mesmo sem isso as coisas estão melhorando ano a ano. Por exemplo: rock brasileiro não tocava na rádio, até que a Rádio Fluminense começou a bombar e tudo mudouâ€. Mas rádio faz tanta diferença em tempos de internet, mp3 e celular com musiquinha? “Claro que faz! As pessoas que ouvem Ipod são recatadas demais! Ouvem sozinhas. Marchinha é do coletivo, precisa ser ouvida em bando!â€
A melhora ano a ano que Perfeito aponta não é papinho de agitador cultural. A cada ano aumenta significativamente o número de marchinhas inscritas no concurso. Somadas, já passam de 2 mil, de 22 estados do paÃs. Interesse em produzir músicas, pelo visto, não falta. Mas e em aprender? “As pessoas só lembram que existe marchinha perto do carnaval. Não vão querer aprender uma marchinha nova em cinco dias. A gente já nasceu levando 'me dá um dinheiro aÃ' na veia, quando vê já está cantando e nem percebeâ€, diz a foliã Barbara Butland.
Aos poucos, entretanto, já é possÃvel ouvir uma canção nova ali no baile do Trapiche Gamboa, outra no ensaio do Cordão do Boitatá... “Imagina quanto tempo o “Allah-lá-ô†está aà para as pessoas aprenderem! É até covardia, a gente tem só dois anos...â€, diverte-se Perfeito. Se formos otimistas – e Perfeito é muito – 2008 pode ser considerado o ano da canoa virar, olê, olê, olá.
Mas será que os foliões estão ligados nisso? Será que ninguém sente falta de cantar sobre coisas da hora? Fui perguntando por aÃ. Em geral, a reação inicial foi o silêncio, à s vezes seguido de um “nunca tinha pensado nisso...†Tirando um ou outro rabugento que respondia “Marchinhas novas não emplacam porque são ruinsâ€, a maioria usou a tradição como argumento.
“Acho que antigamente eram poucas músicas disponÃveis, não se tinha tanta exposição, então a música feita para o carnaval era tão aguardada que ela acabou ficando muito marcada. Hoje você tem um bombardeio de música até no elevador...â€, opina o designer Júnior Simões. Bombardeio de tudo quanto é gênero, menos marchinha. “Tenho impressão que ficamos um bom tempo sem produção, então as pessoas se acostumaram com as antigas, aquelas do tempo em que o Rio era capital federal e influenciava muitoâ€, palpita o engenheiro Alexandre Velloso.
A historiadora Rosa Maria Araújo, criadora do musical Sassaricando junto com Sérgio Cabral, concorda com as suposições dos foliões. E acha que as marchinhas vão se adaptar aos novos tempos. “Nos tempos áureos elas tocavam no rádio, a partir de outubro começavam a sair as revistas com letras. Sem contar o cinema nacional, que era um grande difusor da marchinha em seus musicais. Os tempos são diferentes, essa retomada agora está começando, agora saiu o disco com as dez melhores marchas do concurso da Fundição e achei a qualidade muito boa. Aos poucos as pessoas vão se familiarizando.â€
Talvez a festa esteja se preparando para receber suas novas marchinhas. A saÃda para a lotação nos blocos é se criar mais blocos – e com isso, mais sambas e marchas pintam na área. Tudo isso faz Perfeito se empolgar num quase manifesto. “O que está acontecendo no carnaval carioca é um caso de saúde pública. Faz bem! É você pensar que está tudo tão errado, tão violento, mas que ninguém vai conseguir te entristecer. Os blocos são improvisados, não precisam daquele esporro de carro de som, juntam um grupo de pessoas que querem ouvir as vozes uns dos outros. Isso dá sensação de segurança. A marchinha é, portanto, o sÃmbolo disso. O Rio tem vocação para a alegria e continua exportando isso. Hoje já tenho conhecimento de concurso de marchinhas em Belo Horizonte, São Paulo e até organizados por prefeituras do interior. Daqui a pouco, aposto que as rádios vão querer entrar nessa onda, porque vai estar tudo dominado.â€
AÃ, não vou precisar mais explodir a coitada da Aurora, porque ela estará acompanhada de outras figuras, como a ótima Maria do Cabelo Bom (de João Cavalcanti, terceiro lugar no concurso).
Salve ela!
Boa discussão, ótimo texto (pra variar, né?).
Além da "força" que o rádio não dá (para se ouvir as novas marchinhas, só em CD, internet e nos próprios bailes/blocos), acho que tem a questão do tempo - já que a safra da Fundição é recente, de 2006 pra cá.
Tenho cantado algumas das novas marchas nos bailes que tenho feito com o Alfredo e os foliões rapidinho aprendem os refrões ("Eu vou vestir a burka, vou brincar de talibã...", "Maria do Cabelo Bom...", "Ta-ta-ta taca um tapa na pantera..."). Só que, "pra pegar", é preciso que a marchinha seja ouvida uma, duas, três (e mais) vezes por muitas pessoas.
Ou seja: acho que é continuar cantando por aà as novas marchinhas, espalhando pela internet, apoiando o Concurso da Fundição e torcendo pra que elas caiam de vez na boca dos foliões.
Beijão, salve o carnaval!
PS: Outro bom retrato dos personagens do nosso tempo é a "Marcha do pitboy (do Daniel Fernandes) que o pessoal do Céu na Terra tem cantado, conhece? "Lá vem o pitboy, pitboy, pitboy/ Juntando com a turminha pra fazer dodói"
oi Helena: boa reflexão para a folia! a situação musical no carnaval carioca é realmente peculiar - acho que no mundo não existe uma outra festa tão grande e tão popular baseada em canções tão antigas (talvez o carnaval de frevo, em Pernambuco, seja parecido) - estou pensando aqui em Trinidad e Tobago, só como exemplo: neste meio tempo o calipso (que é a base do carnaval de lá) já virou soca (soul-calipso) e agora tem uma mistura animadÃssima de soca com ragga eletrônico - os tempos vão mudando e o estilo musical (incluindo instrumentos preferidos) também - aqui as bandas que acompanham o bloco mantêm o mesmo instrumental há tanto tempo, não é? sempre me pareceu que a nostalgia é um dos motores da folia, e um certo tradicionalismo também (tipo "não altere o samba tanto assim")
mas este ano, na festa de Ano Novo de Copacabana, ao ouvir o Marlboro tocando funk com uma big band, me senti num baile de carnaval, com novas marchinhas - sempre achei o baile funk muito parecido com um baile de carnaval (trenzinhos e tudo...) - e as músicas de sucesso parecem tão jocosas quanto "mamãe eu quero" ou "o sol estava quente e queimou a minha cara" - mas quando escutei "dona gigi" acompanhada ao vivo por uma metaleira é que tiver certeza do parentesco - é estranho que os blocos não toquem mais esses novos sucessos no carnaval - mas sei que o que estou falando aqui pode ser um sacrilégio para muita gente - e então o comentário fica totalmente circular - de volta ao inÃcio
beijos e bom carnaval!
Que texto mais bacana. Ótimas reflexões momescas.
Romeu Martins · São José, SC 2/2/2008 21:25
Oi Helena,
Parabéns pela matéria! Os frevos-de-bloco por aqui passam por esse mesmo fenômeno. Não se pode imaginar uma apresentação de bloco sem os clássicos "Sabe Lá o Que é Isso", "Madeira que Cupim Não Rói", "Evocação n° 1" e "Último Regresso". E olhe que os nossos atuais compositores são bastante prolÃficos! Coisas dos novos tempos...
Abraço
Bela matéria Helena. Conheço compositores que tem em suas gavetas muitas marchinhas, super interessantes e atuais.O que se precisa é mais divulgação de textos como o teu para que se tire das ruas essa nostalgia (cansada).Parabéns, super rica a colaboração.
Cintia Thome · São Paulo, SP 3/2/2008 07:49
Helena,
É mesmo coisa para se pensar (o problema é conseguir pensar em pleno Carnaval), mas, só assim, por alto, me ocorreu que hoje acontece o mesmo com os Sambas-Enredo (e com o Samba em geral) que, além da divulgação burocrática no rádio e na televisão são quase que imediatamente esquecidos depois do desfile no Carnaval.
Uma coisa que precisa ser considerada também é que, por mais otimista que sejamos (e o Perfeito Fortuna, o nome já dia, é mesmo rei do otimismo), com um mÃnimo de distanciamento, dá para se perceber que esta 'retomada' dos blocos cariocas está muito localizada na zona Sul, uma área um tanto restrita da cidade, se considerarmos toda a nossa enorme periferia suburbana. É provável que não exista neste pessoal, de perfil social muito bem definido que engrossa os novos blocos do Rio, aquele 'desprendimento cultural', aquele espÃrito anarquista que caracterizava os foliões dos blocos de outrora. Os blocos de hoje talvez estejam vocacionados para exercer uma certa relação saudosista com o passado pacÃfico (aliás, idealizado demais da conta) do Rio de outrora. De certo modo, acontece isto na Lapa moderna, com o Samba 'de raiz'. Pode ser uma tendência 'artÃstico-carnavalesca' que reflete um pouco esta caracterÃstica de 'cidade partida' que o Rio tem nos dias de hoje. Se tenta copiar o que há de bom e do melhor de nossa cultura popular e se isola tudo isto numa ilha de paz, amor e tranqüilidade, uma ilha de Caras Pintadas de azul e branco, longe do 'resto'. Mas a cópia não traz a dinâmica cultural, o motor, o 'software' de outrora porque falta um elemento essencial: o Carnaval geral e irrestrito, aquela 'zona', aquela mistura social desbragada dos 'velhos carnavais' contexto das marchinhas abusadas e bem barra pesada (para a época) que eram um exercÃcio de crÃtica social, iconoclastia e sacanagem mesmo, tudo junto, no bom sentido.
Talvez falte aquele 'resto' da população que anarquizava tudo, carnavalizava, enfim e tudo fica sendo apenas meio que um 'entrudo' gigantesco, meio morno e cheio de mijões de via pública.
Não nos esqueçamos também que o fenômeno 'marchinha' é bem restrito ao Rio e, vá lá, São Paulo e que, como bem lembrou alguém aà em cima, este espÃrito carnavalesco que aqui rareia (pelo menos no caso das novas marchinhas que não pegam), está bem vivo em outros locais, como recife, por exemplo.
("Vai, com jeito vai, senão um dia a casa cai...menina vai!")
Sei lá. São tantas coisas e possibilidades.
É bacana esta retomada dos blocos na zona Sul, mas, é algo restrito e muito diferente do contexto que gerou as marchinhas originais.
Enquanto isto"... Olha a cabeleira do Zezé! Será que ele é?"
Abs
Gente, ótimos comentários que só acrescentam ao texto, valeu demais. Pedro Paulo, essa matéria (feita a toque de caixa, já na sexta de carnaval) não teria saÃdo sem tua ajuda nos contatos e nas conversas, valeu. E acho sim que vocês têm feito um papel bacana ao incluir as novas marchas (pelo menos as melhores) nos bailes e blocos em que cantam. Assim é que começa... Já ouvi a Marcha do Pitboy num show do Céu na Terra, mas pelo que vi eles não tocam no desfile... Por que esse receio de incluir as novas entre as consagradas?
Hermano, como sempre excelentes links e comparações com outros paÃses e gêneros. Adorei conhecer o som do carnaval em Trinidad e Tobago. Não acho nada absurdo o que você fala sobre a mistura, acredito que num tempo não muito distante ela vai passar a ser mais natural.
Josué, Cintia e Romeu, obrigada pela leitura. Josué, eu era mesmo curiosa com essa renovação do frevo nos blocos daÃ. Aqui, tirando o bloco da Ansiedade (e ontem o Boitatá, que tocou bastante frevo), só ouvimos Vassourinha, como se fosse o único frevo existente na face da Terra. :)
Spirito, gosto muito de ler seus comentários e reflexões sobre essas coisas, apesar de nem sempre concordar com alguns aspectos (mas que sempre me fazem aprender muito). É curioso que, lendo seu comentário que de certa forma critica a nostalgia, não deixo de sentir uma nostalgia sua de outros tempos, quando o carnaval era mais "geral e irrestrito' e com 'despreendimento cultural'. Sinto que você sempre mira o argumento na questão da cidade partida (o que concordo) e na comparação no samba cantado na Lapa, que se mira nos compositores antigos (o que tb concordo), mas te pergunto: e o que está rolando no subúrbio? Do jeito que você fala, parece que ele está parado, anestesiado vendo de longe esse carnaval 'morno' da Zona Sul. Não acredito que esteja... Quando escrevi a matéria, pensei muito no Cordão da Bola Preta, um megabloco de uma instituição de 90 anos que canta marchinhas e os mesmos sambas-enredo há décadas. Pra mim, o Bola é o principal bloco onde a cidade partida mais se mistura, mas mesmo lá o repertório é o mesmo. Do jeito que é amado na cidade, acho que poderia lançar uma nova "Quem não chora não mama" por carnaval que pegaria. O que acontece é que me parece que em geral as pessoas não estão muito interessadas (ainda) em incluir coisas novas nos desfiles. Mas acho que estamos mesmo num perÃodo de transição, a verificar no carnaval de 2009! Abraço!
Helena,
Embora você nem tenha aludido, acho que o meu comentário foi meio amargo mesmo. Só faria pequenos reparos: Não critiquei a nostalgia, nem mesmo no geral (até porque o meu próprio comentário já era, assumidamente, nostálgico). Só tentei inserir um outro ponto de vista na questão, uma explicação para a minha nostalgia. Foi um comentário triste, meio "quanto riso, oh quanta alegria...", concordo.
Não saà muito ainda, por causa da chuva mas, pelo pouco que vi, aqui na minha área suburbana (Jacarepaguá), não encontrei nada que me animasse, nem mesmo para escrever uma matéria para o Overmundo (a que fiz ano passado continuou valendo, para pior) se fosse responder a sua pergunta, usando a minha área como referência, diria: Sim. O subúrbio está parado. Estranhamente parado.
Concordo que estamos numa transição (pelo menos no caso das marchinhas que 'não pegam') mas, o que acontece é que, do lado de cá, um dos componentes desta transição que mais chama a atenção é a dicotomia evidente entre o renovado carnaval de uns e o quase Não Carnaval dos outros.
Acho que se estivesse vendo o Carnaval daÃ, com certeza, o meu comentário seria bem mais otimista.
Mas isto devia ser papo de quarta feira de cinzas.
Abs
O Carnaval é quase onipresente na televisão e aqui em Porto Alegre não há os blocos como no Rio. A folia por aqui se restringe à s escolas de samba ganham aos poucos mais destaque na mÃdia e aos bailes de clubes. Mas do pouco que se vê e que se lembra, aquelas velhas marchinhas ainda são imbatÃveis, acho que até por desconhecimento de outras possibilidades. Ótima colaboração o teu texto.
Lu&Arte · Porto Alegre, RS 4/2/2008 14:08
Grande Perfeito Fortuna !!! As novas marchichas não pegam ? Eu preferia dizer que ainda não pegaram, se eu não me engano o concurso tem o que ? Dois anos ?
Esse boom dos blocos do Rio , diriam os economistas tem a ver com achatamento da classe média, outros acusariam o vipismo doença do século 21, alguns outros diriam que é o resgate da folia .
Aqui na esquina de casa eu ateh escutei: "O Rio eh melhor que Salvador o Rio eh melhor que Salvador oho ohho" (ritmo Obina eh melhor que Eto) isso obviamente diz respeito ao tal dos abadas mas alguns blocos jah começam a ter pulseirinhas e chiqueirinho vip (very important o que??)
Enquanto isso o Bola Preta eh despejado e o prefeito nada Perfeito mais uma vez ausente, disse que o Momô eh que tem tomar conta dos mijões.
Por onde andarah mestre André ? Mas mestre Ciça como de hábito fez bonito. Isso sem contar o Paulo Barros, que por enquanto soh perde para leveza do desfile do Salgueiro.
Indústria, massificação, o que celebramos, quando celebramos o carnaval ?
Menos mal, o governador não foi tão ausente assim:
Na véspera do desfile que marca seus 90 anos, o Cordão da Bola Preta ganhou nesta sexta-feira uma nova sede na região central do Rio. O bloco de rua carioca foi despejado no último dia 22, após acumular R$ 2 milhões em dÃvidas de condomÃnio.
O governo do Estado cedeu um prédio que pertence à RioTrilhos, empresa ligada à Secretaria de Transportes, na rua do Lavradio, na Lapa.
A sede do bloco ocupava o terceiro andar do edifÃcio Municipal, na avenida 13 de Maio (região central).
A ação de despejo foi movida pelo condomÃnio do edifÃcio, que comprou o imóvel onde estava a sede do clube no leilão de fevereiro de 2007, por R$ 621 mil. O condomÃnio não recebeu o pagamento das dÃvidas.
O desfile do bloco mais tradicional do Carnaval do Rio acontece neste sábado, na avenida Rio Branco. A avenida foi colorida para receber o bloco e também receberá 2.000 bolas pretas e brancas com a inscrição "Carnaval do bonde 90 anos do Bola Preta".
Um convênio foi assinado para que o prédio seja o único responsável pela captação de recursos na iniciativa privada para a restauração do prédio, que faz parte do patrimônio tombado, e para a realização de projetos culturais, turÃsticos e dar continuidade à s atividades do bloco, considerado patrimônio cultural do Rio.
Salve, Helena!
Seus textos são sempre muito pertinentes e de uma leitura gostosa que deixa uma pontinha de quero mais. Parabéns, mais uma vez. Sobre as marchinhas, concordo contigo. Ontem fui ao Brazooka, na Lapa, com o teu irmão. Depois de algumas cervejas, começamos a cogitar a possibilidade de entrar no Teatro Odisséia, para onde o Céu na Terra traria seu carnaval.
Da porta, escutei o que tocava antes do show começar. A turma do funil, Aurora e Zezé e sua cabeleira dominavam o som. No dia anterior havÃamos, eu e teu irmão, ido ao desfile do bloco. Mesmo repertório. Se tivéssemos entrado, quando a banda do Céu na Terra começasse a tocar, provavelmente reencontrarÃamos Aurora, Zezé e cia. A certeza de algo novo talvez fizesse valer a grana da porta (que não era pouca), mas resolvemos não arriscar. Enfim, também sinto falta da novidade, embora ache um barato essa exaltação nostálgica pelas ruas da cidade.
Cabe ressaltar o pertinente comentário do Hermano. Também me parecem primos, o funk e as marchinhas. De segundo ou terceiro grau talvez, mas primos. Concordo também com o Spirito Santo, embora algumas experiências tenham me provado que o subúrbio e a zona norte não andam tão adormecidos assim. Além da minha Tijuca intransitável, cheia de blocos, meus últimos quatro carnavais na casa de amigos em Madureira foram repletos de piranhas, bate-bolas, colombinas e... marchinhas e blocos.
Já os Sambas-Enredo – uma das minhas paixões –, em sua maioria, realmente acabam no esquecimento, mas também não é regra. No final do ensaio do Simpatia é Quase Amor, foliões cantaram em coro o Explode Coração (Salgueiro - Peguei o Ita no Norte de 1993). No ensaio do Bola Preta, vi a Cinelândia lotada de gente berrando por um Porre de Felicidade (União da Ilha - Festa Profana de 1989) e fazendo passinhos tÃpicos, mãos para trás e um pé para frente com “Vou invadir o nordeste, sou cabra da peste†(Mangueira - Brazil Com "z" é Pra Cabra Da Peste, Brasil Com "s" é a Nação do Nordeste†de 2002 ). As datas não estão tão distantes, passaram pela passarela outro dia, e os sambas estão longe do esquecimento.
Enfim, que venham os próximos carnavais, a inovação e o tradicionalismo.
Bjo, Helena!
Votado claro! Infelizmente isso não acontece só no RJ, mas em todo o Brasil! Na década de 80 ainda existiam foliões na rua que tentavam manter as tradições lá no interior do nordeste, mas isso parece ser uma coisa pessoal e não mais cultural. Morrem as pessoas, e a cultura vai junto. Isso é muito mau pra nós todos.
Fico pensando o que poderia ser feito... talvez proibir televisão nas férias de nossas crianças. Quanto aos adultos, não sei... quem sabe a mesma coisa?
Para valorizar e fazer movimentar a cultura temos que estar disponÃveis a ela, temos que nos sentir próximos, como se respirando ela, não se faz isso pela telinha, mas sim na rua, no abre alas.
Abraços
Spirito, não se apoquente. Entendo totalmente o clima "quarta-feira de cinzas" do teu comentário, ainda mais com essa chuva toda que insistiu em (quase) estragar a bagunça. Um clima talvez meio desanimado com o presente, mas não pessimista com o futuro. Vide o comentário do Rodrigo, que trouxe essa ótima lembrança de Madureira e Tijuca (beleza, Rodrigo!). As pessoas estão se divertindo em todo canto - talvez com menos espontaneidade e criatividade que no passado, como você e a própria matéria apontam. Mas estão se divertindo, graças a deus.
Aliás, a solução que o Perfeito aponta para o carnaval (a criação de novos blocos para não saturar os já existentes) só esbarra num problema: a cidade pára, ninguém consegue circular em ônibus e carro. Mas isso é assunto para a editoria de cidade dos jornais...
Duda, o desfile do Bola foi em clima de comoção por conta da nova morada. Muitos cartazes e até mesmo uma maquete do novo espaço, bem bacana. Obrigada a todos os comentaristas!
Helena, que maravilha de texto. Já tinha lido e adorado, mas como os blocos por aqui em ipanema não me permitiram me deter nos comentários e eu queria ler todos antes de trazer o meu.
Só que ainda vou ter que adiar mais um pouquinho as leituras que hj é último dia e os blocos estão me chamando. E haja pulmão pra cantar bem alto as marchinhas. Sabe até que gosto que sejam as antigas pq, como não conheço as novas, teria que ficar calada, e carnaval sem gogó é um pouquinho menos, né?
Bj grande e até quarta feira!
Ize
Oi Helena, muito interessante teu artigo sobre esta face do carnaval carioca, a qual temos muito poucas informações (através dos meios de comunicação como rádio e TV aberta) aqui no sul.
As explosões sociais, polÃticas e econômicas tem irradiado mudanças de comportamento como as que você bem menciona. Eu cresci conhecendo muito pouco do que é o Brasil. Para mim ele era algo que espiei timidamente nas aulas de história, nas vivências de infância no interior do RS, na programação de TV e rádio FM retransmitida. Agora assisto através da internet em conteúdos como este que você e tanta gente está produzindo as pessoas recombinarem os mais diversos estilos de vida, de percepção, de reinvenção de modos de vida, usando linguagens surgidas no passado, mesclando com o que vivem no presente.
Quando percebo que se estabelece esta ponte entre o agora e o que construiu o que somos agora, avançamos no entendimento (e na construção) dos sentidos de nossa vida.
Descobrir hoje a marchinha para mim é o verdadeiro descobrimento do que buscamos aprender ser o Brasil.
Pois é Helena, parece ser um fenômeno atual estranho mesmo. Eu confesso, meu repertório de marchinas não tem nenhuma contemporânea. E com internet e tantos meios de divulgação, é estranho ver as mesmas melodias há anos na boca do povão, e nada de novo. Assim como os samba enredos também não emplacam mais. Perceberam? Vários de deles dos anos 80 e até dos anos 90 viraram, até, hino de torcidas de futebol. E não há falta de divulgação, pois todos os anos são transmitidos ao vivo pela globo. É algo estranho de se explicar, mas pra mim vai mais ou menos de encontro com a mesma explicação pra afirmação clássica sobre a música brasileira atual: "Não se produz nada de novo e bom ultimamente", o que é uma besteira sem tamanho. O poder da grande mÃdia ainda é muito, mesmo com web2.0 e tudo mais. Acho que está mudando sim, mas ainda faustão, gugu e grandes rádios movidos a jabá fazem a diferença para o grande público. Creio que em breve o público novo mais exigente está se acostumando com esses novos meios, e a prórpia mÃdia está sendo obrigada a prestar mais a atenção no que está fora desse grande circuito. Isso porque as verdadeiras novidades estão, justamente, fora dele!
Beijos, e bom texto!
parabens, belissima materia. E a foto esta com uma bela caracteristica do texto.
Renata Silva · Aracaju, SE 6/2/2008 10:19
excelente, Helena!
passei o Carnaval em minha terra-natal, Pelotas (que é única cidade no Brasil que mudou a data dos desfiles por causa das festividades de Navagantes. por lá o Carnaval vai rolar de 15 a 17/02) e ouvi os ensaios dos blocos.
bá! é muito engraçado e curioso o que rola no repertório deste pessoal... vai desde as tradicionais marchinhas aqui citadas até rock dos anos 80, axé music, música pop atual... é quase um vale-tudo musical. lá tem o Bloco da Saldanha, a Bruxa da Várzea e dezenas de outros grupos de foliões.
esses dias até me inspirei e criei um inÃcio de uma marchinha.
MARCHINHA DO PAPAI BEBUM
ô
nesta marcha
tudo mundo vai
vai! (coro)
vamos tomar
uma cerveja
com o papai!
(repete quantas vezes quiserem)
quem quiser desenvolver o resto, tá convidado.
boas festanças e baita abraço a todos!
dMart
CARA HELENA!
Gostei do tema levantado...
Talvez possa ser remetido para o MinC e os Departamentos de Cultura dos vários municÃpios brasileiros!
Vamos analisar alguns aspectos:
1) Alguém já fez um levantamento da atual situação financeira dos músicos brasileiros? Quantos músicos de “sopro†ainda estão vivos? Muitos estão entregues ao “Deus Dará!†Os percussionistas ainda conseguem dar seus “pulosâ€... A música baiana absorveu parte desta mão de obra qualificada.
2) Quais concursos de músicas carnavalescas foram destaques na mÃdia? E os álbuns com as partituras dessas marchinhas? A própria internet deixa lacunas nesta área. Os velhos sucessos carnavalescos, intérpretes e compositores caÃram no esquecimento da “globalizaçãoâ€. A mÃdia e seus “jabás†contribuÃram para o fenômeno do “enterro†do que é bom. O sucesso dos bailes carnavalescos em 2008 foi o “Créo†ou “Crewâ€? E a haja ouvido musical! É lamentável!
3) A maioria dos clubes brasileiros (que antes realizavam os famosos bailes carnavalescos com orquestras de sopro e percussão) trocaram os músicos e cantores por “DJsâ€. É mais econômico na visão capitalista. As músicas estão gravadas e os custos operacionais ficam por volta de 20%. Alguns trios elétricos e caminhões de som completaram o sepultamento da “boa música carnavalescaâ€. Os “DJs†estão por aÃ! Salve-se quem puder!
Acabei de retornar da “Folia de Momoâ€. Estive com a “Banda Moxotó†(quatro bailes populares ao ar livre) em Nova Odessa / SP, e empreguei 22 pessoas (12 músicos, 02 bailarinas, 06 técnicos e 02 produtores). O repertório: marchinhas tradicionais, frevos (pernambucanos e baianos), sambas de salão e de enredos, afoxés, reggaes, e pop-rock. Sou defensor de fusões musicais. Em Sampa deixei uma “Bandinha Carnavalesca†- com 7 músicos - tocando no “Bloco Carnavalesco VAI QUEM QUER†- Bairro de Pinheiros. Ontem estive por lá e a folia foi até à s 2h da madrugada. Somando tudo: 29 pessoas empregadas; público total de 80 mil pessoas. Minha contribuição foi dada para a preservação das antigas marchinhas de carnaval. E o MinC? Está na hora do Ministro Gilberto Gil mostrar serviço! O Camarote 2222 - em Salvador/BA - não combinou com carnaval popular! Não era o povo! Era exibicionismo...
É lamentável!
Parabéns pelo texto jornalÃstico e “músico-socialâ€!
Abraços.
Lailton Araújo
Helena,
Fantástica a lembrança, muito boa a intervenção. Eu não sei. É aquela Máxima do tempo. "Eu sei mas se me perguntar, ai já não sei.".
Mas, toda cultura popular é conservadora. Ela comporta inovações, intervenções, remendos, etc. Mas não se move. E a cultura de orgiem africana, então é extremamente conservadora.
No Brasil as intervensões do Estado, (via apelo comercial), mexe com tudo, mas não com o espÃrito do carnaval. Assim é também é o repente. O Repentista evolui estuda, cresce, inova, renova. O Repente não. Assim são as cirandas. Mas também as óperas. Por ex. "Adeus, adeus, vamos embora.... menina chora... não chore não... eu vou voltar! Pra te buscar...!...".
Eu acho que é por ai. um abraço, andre.
Tema interessante e texto muito simpática. Parabéns!!!
Vanessa Souza · Rio de Janeiro, RJ 7/2/2008 14:48Texto que exprime a preocupação de alguns jovens.Os coroas saudosistas adoram as marchinhas e muitos jovens tb levam seus aplausos à tradição. Marchinhas são imortais.Adoro cantar cada uma delas...Quanto mais antiga melhor...(Sou uma mulher quase sex...sexagenária...a idade tem um forte voto...)
silviaraujomotta · Belo Horizonte, MG 7/2/2008 22:14
ah, heleninha, gostei tanto, mas tanto que... ao invés de escrever aqui sobre as marchinhas contemporâneas vou é correr pra ouvir os discos do 'sassaricando' e do 'rancho flor do sereno'!
beijo! :))
Ize e Silvia, não pense que não gosto das antigas. Gosto muito, só estranho que se cante sempre as 20 (por alto) mesmas sempre, como se não houvesse mais nenhuma, velha ou nova. Os bailes e blocos cariocas são todos com músicos hoje em dia, Lailton, é uma boa época de trabalho pro pessoal. Obrigada a todos!
Helena Aragão · Rio de Janeiro, RJ 8/2/2008 12:52
Ótima matéria, Helena! Ótimos comentários também! Infelizmente não estou com tempo para ler todos...
Não sou nenhum especialista, mas usando minha própria experiência, sugiro que a chave para que as novas marchinhas emplaquem seja levá-las às crianças. Eu, pelo menos, aprendi quando nem me lembro todas as que sei cantar hoje.
São as crianças as principais difusoras de músicas, como dizer, "para pular" (não era isso, mas vai). Deixa a criançada ouvir, que os marmanjos vão ter que aprender ;-)
Morro de saudades dos bailes de carnaval onde as marchinhas eram a trilha sonora. Agora tá complicado. Minhas filhas nunca conseguiram ficar mais que uns poucos minutos em uma matiné, tamanha a barulheira.
Zamorim, achei sua idéia bem interessante! Talvez não tão simples de executar, porque não há ensaios com as crianças... Mas não é má idéia pensar no assunto.
Aqui no Rio, de carona com a explosão de blocos, há muitos deles voltados para crianças (o tradicional Gigantes da Lira, a Bandinha de Ipanema e o Cordão Umbilical, por exemplo). Pena que este ano choveu tanto e impossibilitou boa parte deles. Marchinha e criança, tudo a ver!
Olá Helena...
Por um lado a chuva foi um grande contratempo para muito foliões por outro acho que foi uma das responsáveis pelo cordão do boitatá ter ficado apenas lotado e não insuportável como muitos previam, mas para blocos menores como o cordão umbilical realmente deixou o bloco bem pequeno, o que não impediu a alegria e a presença de muitas crianças mesmo com toda água. Concordo que Bloco e Criança têm tudo haver, na verdade, na minha opinião os ''melhores'' blocos são onde se tem muitas crianças ou adultos querendo ser como elas.
Parabéns pelo texo e pela fantasia de freira no boitatá, estava ótima!
Beijos...
Pensando nos próximos carnavais e no momesco desenterrando ossos de colaboradora desse lugar incomum de nós quase todas, vou tentar uma letra pra marcha-rancho:
Marcha soldado, sem cabeça, sem papel
Se não marchar direit,tu voltas pro Bornéu
És louca criança, tá balançando trança
Já perdes a cabeça, se não entras na dança
Marcha Pirata da perna de pau
Vai andar na prancha, c'a pastora real
Um dia a casa cai, se o avião caiu
Quem sabe rima rica, encontra o Brasil
Se não tem bloco aqui, eu faço moço:
moço, toca o balanço,
toca o balanço seu moço se não eu não danço
(brequi fanqueiro na caxaria metaleira: se você dança, eu danço, se você dança, eu danço)
(transição de retorno com melôdipicapesnáu)
Qualquer buraco cheio dágua não é mar
mas todo mar é uma buraco cheio dágua
Salgada! Salgada! Salgada
É só passar na Lapa pra dançar
Ou esperar busão de madrugada,
ou nada, ou nada, ou nada
(voltam os bóias frias pro rancho da goibada)
Se não marchar direito... tu volta pro bornéu.
Cadê o meu chapéu, que só ponho lá,
onde posso alcançar. Onde posso alcançar.
lá, lá, lá, lá, lá, lá, lá! lá, lá, lá, lá, lá, lá, lá.
(em ré, penso, fica mais fácil pro coro, caixa de guerra e tamborins bem suaves pra não esconder a voz das crianças que brincarão de roda cotia, na casa da titia)
se não um dia... a casa cai, menina vai...
Acho que dei:
beijinhos africanos pra todas as santas almas amadas.
Julimultiplazinha,
O enigma da marchinha:
Pode, é claro, ser mais um errinho, mas, agora sim, já sei porque as novas marchinhas não emplacam: É culpa das velhas, que se recusam a envelhecer e com esta renitente recusa, obrigam as novas a se fingirem de velhas, e assim, morrerem, prematuramente, por falta de sinceridade ou de razão de ser.
Pode ser? Ou não?
Spiritto,
O enigma é polichinelesco: se tem mercado, não tem arte, tem mercadores muitos e ouvidos poucos.
E toca-disco movido a jabá.
Os que podem comprar os cavalgadores de cedês, enfiam nas orelhas do povo balangandãs e espelhos novinhos em folha, fazendo rodar e rolar no carnaval e carnavalizando no rodeio.
Eu tenho uma tese ainda apanhada de Mestre André, o da União da Ilha, porque quem leva ferro o tempo inteiro e gosta é dragão, de açougueiro:
marchinhas para daqui à frente, só olhando a cara suja e feia do passado ainda tão presente, mesmo sem pelouros e correntes.
Porque parece certo o que disse Elisa Lucinda:
Zumbi, oh meu Zumbi:
Livre do açoite e da senzala
Preso na conta-corrente do Bamerindus
Aqui na Vila Maria Degolada, subsumida pela Igreja Católica numa imaculada Maria da Conceição, não tem marchinha de carnaval, tem uma levada muito semelhante à da Mangueira (é aquele morro que o Bezerra da Silva visitou em 95 na Festa do Quilombo de Zumbi, que vi aqui no Overmundo)
Temos a Academia de Samba Puro, e o povo desde criancinha canta:
Moço,
toca o balanço,
toca o balanço seu moço
se não eu não danço.
E é de pé descalço, só no tambor e no gogó, no chão de asfalto ou areião. Tem um cavaco plugado numa caixinha de menosvátis.
Tem também o tema-enredo da Banda DK, que todos cantam desde '74, embora tenha anos que a banda já não sai:
Um dia
encontrei Rosa maria
na beira da praia
A soluçar, a soluçar
eu perguntei
O que aconteceu
Rosa Maria
Me respondeu:
O nosso amor:
Morreu
(repete por três horas seguidas, dá uma paradinha técnica pro xixi, e recomeça até cansar)
Acompanha-se com tarol, caixa de guerra, surdinhas, caxetas, latas de cervejas, bacias e baldes de plástico.
Tem gente que desce com as crianças dos apartamentos pra sair na Banda e já vem batendo panela.
Uma trouxe até um penico daqueles de florinhas esmaltadas uma certa vez.
Não vou dizer quem foi pra não dar vexame.
O nosso amor:
Morreu!
Mas, se a lavoura inda é arcaica, que marchem as Pastorinhas com Vassouras pra cozinha.
Beijos africanos
Antes tarde do que nunca:
Se derem uma olhada a grande maioria das marchinhas conhecidas foram lançadas até 1955, mais ou menos.
Antes da TV e com a ampla divulgação do RÃDIO.
Sem divulgação maciça nunca mais teremos isso...
Abraços!
Egeu,
Como não? Se até o Egeu voltou, como as marchinhas não voltariam?
Bom retorno.
Abs
Queridos Egeu e Spirito,
Depois da volta do Egeu, só posso concluir que os comentários foram encerrados com chave de ouro (pelo menos até agora) com uma espetacular frase-sacada do SpÃrito. Me permito uma variação: se até o Egeu voltou, como o SpÃrito não vai se mostrar otimista? :) Grande abraço aos dois!
Helena,
(Antes de virar a chave)
Mas eu sou um otimista - incorrigÃvel até - só que, quando se fala em (para o) público (em geral)- pelo menos eu acho - a gente procura falar daquilo que se acha que é preciso ser dito. Aquilo que os outros evitam dizer. É aquela história: de boas intenções o inferno está cheio. Além disto, contraponto é um estilo musical bem estimulante, sabia? E dissonância também ajuda muito a beleza de um acorde. Dinâmica.
Ou seja: façamos música animada. Música pra pular. Aà sim, as marchinhas vão emplacar.
Grande abraço
SpÃrito, é isso aÃ. É que achei que, à época dos comentários deste texto durante o carnaval, você estava um pouco desanimado. Mas concordo plenamente que contraposições são mais que úteis, não é à toa que há a expressão "discussão animada". Sigamos então em discussões animadas Overmundo afora!
Ps: Estudei música na infância e na adolescência e vi meus irmãos ralarem muito estudando contraponto. Mas tenho uma dificuldade grande em entender exatamente do que se trata, apesar de todas as explicações. A minha conclusão é que a fuga (como as de Bach) é exemplo de contraponto, por causa das melodias em, digamos, "discussão animada". Mas não tenho certeza se isso está certo... abraço!
Helena,
(Sabe tudo na hora de puxar um papo)
Minhas opiniões sobre isto não são muito convencionais (conservatoriais) não, mas, vamos lá (adoro este papo):
Música (som) é uma coisa que ocorre no tempo (ritmo) e no espaço ('melodia'), certo. relatividade pura. Por isto é que não pode existir música 'velha' ou 'nova'. Só música.Tecnicamente, em musicologia, se fala em dois espaços, um rÃtmico (as notas inscritas no tempo, a duração de cada uma) e outro Mélico (as notas inscritas no espaço, as variações de altura delas). Contraponto é um fenômeno mais ligado ao espaço, ou seja, duas (ou mais) 'melodias', com transcursos diferentes no espaço que se combinam, aqui e ali, quando no mesmo contexto Tonal ou Modal (ou não, depende de quem ouve). Por aÃ, dá pra se perceber que é algo ligado, bem elementarmente, a um outro conceito musical bem abrangente chamado Harmonia. Claro que é mais complexo que isto mas é bem por aÃ.
Tenho uma pista boa que dou para os alunos: estruturalmente, a música africana é toda baseada em princÃpios contrapontÃsticos, bem avançados aliás. A música oriental (china, Vietnam, etc.) também. Deve ser fruto da antigüidade destas culturas, claro. Existe até nesta música (principalmente na africana) um conceito de rÃtimica estruturalmente bem semelhante ao controponto melódico que a Poliritmia ou seja, o encadeamento de várias células rÃtmicas, em compassos diferentes, num mesmo 'espaço' melo-rÃtmico, provocando tensões auditivas, emocionais (o impulso irresistÃvel que nos faz dançar, vem daÃ, eu penso eu).
E por aà vai.
Fui
Esse contraponto é bom:
http://www.contrapontoeditora.com.br/produtos/detalhe.php?id=110
Apesar de você ter tocado em outro ponto que pra mim é cheio de dúvidas (modal/tonal), acho que entendi sim sua explicação. Viva! Então, acho que minha associação com a fuga faz sentido, certo?
E sensacional essa história de uma espécie de contraponto rÃtmico. Deve ser uma loucura! Acho que é um encadeamento natural nos tempos de hoje, em que o ritmo está em geral mais "em alta" que a melodia...
AÃ, só para voltar ao tema do texto, me veio uma rápida reflexão: talvez marchinhas novas não emplaquem porque sua estrutura é tradicional, mais calcada na melodia que no ritmo... É um chute...
É chute sim. Caiu lá na arquibancada, rs rs rs rs!
A estrutura das marchinhas não é tradicional. A de nehum gênero musical é. Não existe 'tradicional' (no sentido de antiquado) em música, lembra? Eu falei disso em algum lugar lá em cima. O que parecia velho aparece como novo, de repente, do nada. Ocorre que Música Popular, já dizia o Mário de Andrade, tem sempre um sentido socializado (ele falava em Música 'Socialmente interessada') tem que ter a ver com a cultura de quem a pratica. É reflexo, expressão simbólica do pensamento de um grupo. Desculpe repetir, mas, o aspecto social (o caráter amplamente popular) que envolveu as marchinhas tradicionais em seu contexto original, não pode ser recriado pelos grupos carnavalescos de agora (a maioria) porque eles estão circunscritos a um contexto social um tanto ou quanto restrito (apesar do caráter de multidão), não tão amplamente 'popular' assim, um tanto elitista, permita-me dizer (quer a gente goste ou não, a Cidade é partida, certo?).
Tecnicamente, novas marchinhas emplacariam sim, se não se tentasse apenas imitar, copiar, ipsis leteris, o estilo das marchinhas tradicionais. É o que rola no Samba da Lapa, tenho dito também. Copiar só não é fazer cultura.
Uma Neo marchinha de classe média, deveria surgir, mais criativa (menos imitativa) e contextualizada no modo de ser deste novo carnavalesco de classe média que predomina nos blocos da zona sul. E tem também, é claro, os aspectos da difusão midiática enumerados pelo Egeu, etc. Seria por aÃ, eu acho.
Abs
alguns pontos (ou seriam contra pontos)
. repetição e diferença - a cópia de hoje pode ser a originalidade de amanhã então ...
. nessa busca pelo "novo" me lembro deste concurso-impulso-resgate promovido pela Fundição de termos uma categoria de marchinhas eletrônicas ainda tem ?
. "não pode ser recriado pelos grupos carnavalescos de agora (a maioria) porque eles estão circunscritos a um contexto social um tanto ou quanto restrito (apesar do caráter de multidão), não tão amplamente 'popular' assim, um tanto elitista, permita-me dizer (quer a gente goste ou não, a Cidade é partida, certo)"
Quem diria 5 anos atrás que elas (as marchichas) estariam nas ruas novamente ?
Pode ser um começo, a cidade eh partida para aqueles que compram essa tese e insistem em pratica-la.
Mas sem dúvida que existe uma cidade blindada e não partida , isso sim existe.
Duda,
Ainda bem que o Mengão nos une porque senão...
Grande abraço
...E, além do mais, pelo que eu saiba, as marchinhas nunca desapareceram do carnaval do Rio, dos subúrbios, do Centro, etc.. Elas só não haviam chegado ainda é na zona Sul (ou seja, a novidade são os neo-blocos da região)
SpÃrito Santo · Rio de Janeiro, RJ 6/3/2008 17:51
Eu diria que não eh soh Mengão, eh também :-)
As marchinhas nunca desapareceram, mas elas estavam longe das ruas ( eu sei você diria longe das ruas da zona sul) e talvez por isso longe de um desejo de renovação.
E que a derrota do Mengão hoje sirva para unir o grupo, e chegarmos ateh o Japão !!!!
Soh uma pergunta: o que tem hoje um carater amplamente popular na sua opinião ?
Duas Caras, banda Calypso, Wagner Montes, Igreja Universal do Reino dse Deus, Bispo Macedo, Funk proibidão, Lula da Silva e...salvando a pátria, o MENGÃO.
SpÃrito Santo · Rio de Janeiro, RJ 7/3/2008 07:34
Então terÃamos que diferenciar o popular do populista nestas citações.
Importante salientar que Mengão estah acima- abaixo-a esquerda-a direita disso tudo aih :-))) A Nação Rubro Negra !!!!
Coloradooooooooo!
É Internacional, popular e tri-legal.
Centenário sem igual.
Colorado campeão mundial
E entre os grandes o maioral.
Colorado é o maior, dirá em 2009 o enredo da Imperadores do Samba (a minha vermelho e branco queridaaaaaaaaaaaaaaaaaa).
Meninos do Rio, tem mais beira em volta desse buraco, óia eu aqui, lindinha e vermelhante.
Tem, tem, tem.
E agora ficamos sabendo que o mundo se divide, pela neosÃssima sociologia das mais novas e mais mais, entre pobres arrochados e burgueses blindados.
Impressionista, mas du caraco!
Caramba! Como vocês estão afiados no papo!
Eu tô aqui devagarinho...
Pois é Egeu,
O ritmo é de marchinha, a conversa parece meio brincadeira, mas, versa sobre Cultura de Massa e Elitismo. Papo sério, portanto. Populismo já é o tema proposto pelo Duda, mas, aà já é um conceito do campo da polÃtica, da sociologia, certo? Marchinha populista? O que seria isto, heim Duda? Teria a ver com aquela marchinha que fala em 'botar o retrato do velho (Getúlio)no mesmo lugar' ?
Spirito,
Gostei da Marchinha populista, mas me pareceu escapista.
Importante entender o processo de formação, daquilo que você chamou de cultura (jah seria outra discussão)de massa. Cultura eh cultura independe se ela eh de massa ou não e dentro destas citações aparecem populistas e não populares.
Juliaura,
Fica tranquila que o Mengão entende o Inter, e existem muito mais, entre pobres arrochados e burgueses blindados.
Ah, tá.
E esses que enxergas aà ou são amigos dos pobres ou são amigos dos ricos ou são amigos só deles mesmos?
Porque, nos disse bem baixinho o Arsitóteles, que os do meio podem decidir pra onde vai o rumo da prosa se fazem uma opção junto ou pelos de cima ou pelos de baixo.
No Apocalipse, capÃtulo menos lido daquele livrinho ainda mais vendido, tá dito que os morninhos serão vomitados no juÃzo final.
Aqui é ou não é a República das Bruzundangas?
Se não é, comi a maçã errada, talvez aquela da bruxa do espelho, espelho teu.
E eu nem branca sou e só vi neve no cinema e na tevê nos natais americanalhados.
Bem, então eu vou aprendendo.
Té.
Eu sempre falei que o Nilmar deveria jogar no Mengão, e ele disse que adoraria jogar , mas acho que ele voltou para dar a Copa do Brasil e a classificação da Libertadores para o Inter. Era obvio que o Reizinho de Lyon não iria deixar ele crescer por lah, mas isso o pessoal do Inter não avisou a ele, se ao menos tivesse perguntado a galera do Mengão ...
Não li esses livros mas vi os trabalhadores de Salgado.
Duda,
Ih... Fundiste minha cuca. Desfundindo-me prossigo:
Claro que cultura é cultura independente de ser ou não de massa (pelo menos no nome, né), mas, tem umas diferenças aÃ, entre os meios e os fins de umas e outras, não tem não? E nós, seres humanos que somos, de algum modo, sempre cultos, costumamos escolher que meios e que fins mais nos interessam, certo? Costumamos nos organizar em grupos para exercer este direito, correto? Alguns poucos grupos, posicionados mais perto do poder vigente que os outros (geralmente por interesses de ascenção social bem determinados) são chamados, à grosso modo de 'Elite' (no mal sentido, é claro). A cultura produzida por estes grupos (quando a produzem) pode ser chamada, também a grosso modo, de 'elitista'. Ou não?
O resto, a multidão genericamente chamada de 'Povo', 'Ralé', 'Plebe Ignara', também faz cultura (não confundir a cultura que fazem com Cultura Populista porque isto quem faz é também a elite, com aqueles mesmos 'interesses bem determinados').
A cultura feita por esta gente (o tal 'Povão' cantado em verso e prosa), pode ser chamada de 'popular'. Ocorre que ambas as culturas, a 'Elitista' e a Popular' podem ser manipuladas, reelaboradas e redifundidas por meio de expedientes que são realizados hoje em dia de maneira e escala industrial, assumindo a forma de produtos culturais 'fakes' (similares, sucedâneos da cultura 'real') criados apenas com a finalidade exclusiva de gerar lucro finaceiro. Este elaborado sistema pseudo-cultural, é público e notório que costuma ser denominado 'Industria Cultural de Massa'. É esta sub-cultura produzida no âmbito desta industria de consumo, que se costuma chamar (sempre genericamente) de 'Cultura de Massa'.
Recomendo a leitura (crÃtica e contextualizada, por favor) dos excelentes textos sobre este assunto escritos por um sujeito nascido e morto na Guiné Bissau, chamado AmÃlcar Cabral (chefe da guerrilha que libertou aquele pequeno paÃs do colonialismo português (da elite portuguesa, por suposto)
Aliás, uma das peças mais importantes do processo de libertação da Guiné Bissau, foi a utilização das marchinhas (hinos anteriormente protestantes) como veÃculo de propaganda revolucionária (trocavam as letras, 'parodiavam' portanto)
Vê só para onde nos pode levar uma simples discussão sobre marchinhas.
Abs
Spirito !
Me lembre do Vulgue Tolstoi "tudo se vende nada se dignifica". Independente da origem (massa, elite, classe média, burgueses, ), são formatos-alavancados-briefados-startados (olha os termos) , para tornarem-se um produto cultural, e aih de novo essa denominação de fake independe, interessa o volume, o lucro, não necessariamente as vezes a quantidade, mas muitas vezes sim. O mundo virou uma mercadoria.
Talvez a solução esteja nos radicais livres :-)) Talvez nem tão livres assim, mas talvez com uma margem de manobra maior, ou não.
As marchinhas foram importantes em Guiné Bissau de um modo e no carnaval brasileiro de outro, não ?
Sim!, Claro que sim!
Gostei mesmo foi da sacação 'Radicais livres'. Cara, que conceito pertinente e maneiro. Radicais temos aos montes (o PT fisiologista e clientelista de hoje, que o diga ) agora...LIVRES? Poucos há.
Vou adotar o conceito como chavão: Radicais LIVRES, uni-vos!
...Que por sinal deve ser mucho loca. Já pensou como seria a marchinha-hino deles?
SpÃrito Santo · Rio de Janeiro, RJ 8/3/2008 17:55
(sim, vocês por certo sabem a melodia e o andamento)
De pé oh vÃtimas da fama
De pé os sem fama da terra
Ibope e mÃdia nos consomem
A força nossa é dos sem nome
Desunidos façamos, nossa fama real
uma fama com ganas, além do Capital
...
Ou não!
Fui às tampas.
Té.
Juliaura !!!
Você fica com rima.
Spirito !!
Você fica com ritmo
Eu sigo por aqui desafinado, mas , porém , contudo, todavia, no peito dos desafinados No fundo do peito Bate calado, que no peito dos desafinados Também bate um coração ...
Certo, Duda,
fotografando você com a nossa rolleyflex
revelou-se a nossa enorme ingratidão.
Para você (Juliaura faz a elodia)
A Marcha do PAC
"Duda, ô Duda!
se você quer ajuda
já existe quem te acuda
(Bis)
II
Com o PAC esta terra muda.
nem que um terremoto a sacuda.
com o PAC assim na caluda
o pobre dorme em Bagdá
e acorda rico em Shangrilá."
Abs
Pô aih, tah faltando o versinho sobre a mãe do PAC :-)))
dudavalle · Rio de Janeiro, RJ 10/3/2008 00:21
Aà já complica.
Em vez de marchinha de carnaval vai virar jingle de eleição presidencial.
Ô rima difÃcil!
esse foi o melhor texto que li sobre marchinhas de carnaval. mas como eu gosto de vampiros nao posso deixar de falar sobre unidos da tijuca que acrescentou vampiros e ficou em segundo lugar no carnaval de 2005. :-)
e o james bond roger moore gravou com o salgueiro no filme foguete da morte feito no brasil.
sempre quis faze um conto de vampiros com uma porta bandeira e um jogador de futebol mas nao se o pessoal ia gostar.
abraços helena
obrigado por nos fornecer gratuitamente a sua cultura.
escreva sempre
adriano siqueira
Por que acho que vcs não repararam. O funil divulgatório está entupido. Nem Madonna consegue emplacar nada. Com a Internet não se vendem discos ou DVDs ou filmes... A tendência é esta. Imaginem marchinhas de Carnaval. Hoje,o que se divulga são nomes ou eventos 'sem nome', tipo U-tube. Mas tudo parece se esvair nesta imensa memória RANDOM que paira sobre nós. Vejo gente de 18, 19 anos curtindo e buscando sonhos em Audrey Hepburn, Hitchcock, bossa-nova, soul music e Buñuel. Roma antiga, tangos, Carmem Miranda, Platão, tudo parece mais interessante para os jovens de hoje.O funil está entupido. Não há lugar para o recente. Músicos desses Coldplay e Oasis podem tranquilamente andar de metrô em qq cidade do Planeta. Mais fácil, realmente, é ouvir e conhecer 'Sassaricando', de meu tio Luiz Antônio.
lagoacristo · Rio de Janeiro, RJ 20/2/2009 04:59Desculpem-me pela audácia da continuação. Mas essa Amy Winehouse, tão badalada, logo terá sua 'imagem' embaçada assim que alguém escutar a voz de Aretha Franklin em algum lugar, daqui a uns anos. É mais ou menos como quando todo mundo imitava Paulo Francis; não se sabia se era ele mesmo, Chico AnÃsio ou Tom Cavalcanti. A memória RANDOM é assim. Efêmera.
lagoacristo · Rio de Janeiro, RJ 20/2/2009 05:17Marchinhas são sons de carnavais das antigas! E quem gosta de marchinha, geralmente são os "antigos"! Portanto só se lembram das marchinhas da época de mil novecentos e bolinha rs... by Ser Universitário
Rodrigo Siqueira O. · São Paulo, SP 9/5/2011 14:12Para comentar é preciso estar logado no site. Faça primeiro seu login ou registre-se no Overmundo, e adicione seus comentários em seguida.
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