Em um tempo em que se pode comprar a versão pirata dos filmes antes do original estrear na telona e que o computador revoluciona o audiovisual, me diz uma coisa: pra que serve um festival de cinema? Mais. Para que serve um festival de cinema longe do eixo-Rio-São Paulo? E mais ainda: tem alguém interessado nisso? Pela primeira vez acompanhei um evento especificamente cinematográfico. A quarta edição do Festival de Cinema de Campo Grande/FestCine Pantanal rolou entre janeiro e fevereiro. 44 filmes em 28 dias. Foi uma verdadeira saraivada de imagens, temas e debates. Emoção à flor da pele e conversas valiosas nos bastidores. Este festival de cinema é um verdadeiro oásis no meio de um deserto cultural que são os primeiros meses de todos os anos na Capital sul-mato-grossense. 4.500 espectadores buscaram o cinema dito 'alternativo', numa salinha de 88 poltronas no CineCultura de Campo Grande, um lugar, literalmente, frequentado por poucos descolados da Big Field super-hiper-conservadora sim senhor.
A primeira utilidade do festival para mim foi, óbvio, assistir a vários filmes (já escrevi sobre a mostra de curtas do festival aqui no Overmundo). Nem importa se já estavam em circuito comercial ou se iriam chegar aos Multicineplex daqui alguns meses. O fato é que tomei uma dose cavalar de cinema. (Vou cada vez menos ao cinema e mais a locadora e aos canais a cabo). Ver mais de um filme por dia é desgastante. Por isso, preferi o sistema Jack, o famoso 'por partes'. (Decidi que não vou olhar minhas anotações e só vou lembrar o que realmente 'bater' na hora de escrever. Ou seja, agora!). Não tem como esquecer de A Caminho de Guantánamo. O documentário inglês deixa a certeza de que os norte-americanos usaram como ninguém o cinema. Construíram uma fábrica de subjugar nações do terceiro mundo, a tal Hollywood. E através da difusão do cinema, com seus coubóis-johnwaynes-rambos -stalones-robocop-schawzeneger-da-vida, dominaram o mundo, propagaram o modo de pensar e o jeito de ser 'do bem' no Titio Sam. Só que A Caminho de Guantánamo desconstrói todo este castelo de areia do Bush Pai e Bush Filho. São chocantes as cenas em que os prisioneiros da 'guerra do 11 de setembro' são metidos em espécies de canis, vedados, torturados, humilhados... Saí da sala de projeção com os nervos em frangalhos.
Valeu também O Céu de Suely. A história da mina que acaba leiloando uma noite de sexo para sair da situação de miséria que se encontrava nos cafundós do nordeste me fisgou. Mais do que a história. Hermila Guedes. Atriz com A maiúsculo. Performance detonante. Um bom ator ou atriz, para mim, é como um livro. Tem de prender da primeira a última página. E a danada me levou por aquele roteiro cheio de poeira, calor e sexo grudento. O Céu de Suely é daqueles filmes que fazem apostar ainda mais do cinema nacional e Hermila Guedes é mais uma prova de que o povo brasileiro é cheio de talentos escondidos por este Brasilzão. E cheio de talentos também esquecidos na memória mal tratada deste ex-Portugal.
Confesso. Chorei vendo Cartola, o documentário sobre o 'Imperador da Verde e Rosa'. Me emocionei, realmente, nas partes em que Cartola aparece em ação, falando, cantando, pensando, fumando seu cigarro, ao lado do pai, paquerando a Dona Zica com suas letras de fino trato, executando suas melodias tão singelas que torturam a alma da gente... Meu coração bateu mais forte vendo este filme, que poderia ter sido bem diferente, ter outros enfoques, mas para mim, o que valeu mesmo foram as imagens e as músicas de Cartola por Cartola. Seria diferente esta nação canarinho se no lugar do Faustão tivessemos Cartola oferecido a todos na telinha? Que tal um trato? Cada vez que uma mega-artista-baiano-ou-não for a um megaprograma de televisão, este mesmo megaprograma tem de 'ressarcir' o público com um Cartola. Cada vez que passar um enlatado norte-americano na Tela Quente um Glauber Rocha vai ter que ser oferecido aos espectadores num horário que não seja a madrugada. Eu ando me emocionando facilmente. Percebi isso no festival. E, claro, emocionar o público com certeza também é uma das motivações de um festival. Fazer pensar também claro. Fiquei matutando que o tal Zicartola, o bar que Zica e Cartola gerenciaram por um tempo, acabou se tornando o verdadeiro berço da MPB, quando a Bossa Nova virou uma ladainha de 'amor e flor e barquinho vai'. Foi no Zicartola que misturou-se Zé Ketty, Nara Leão, Carlos Lyra, Cartola, Clementina de Jesus, Wally Salomão...
Também gostei de O Cheiro do Ralo. Pelo menos ri um pouco. A produção ganhou o prêmio de melhor filme nacional eleito pelo júri oficial do festival de Campo Grande. (O documentário Hércules 56 foi o vencedor no júri popular). Selton Melo segura o filme nas costas e o mote é bem original. Acho que o filme ficou um pouco longo, mas mesmo assim valeu. O fato de Selton ser famoso via TV complica tudo. Mas ele vem conseguindo ser cada vez menos um ator global e se transformar cada vez mais em uma persona do cinema. Selton há tempos não faz novela. Uma vez o saudoso Walter Avancini me disse em uma entrevista: 'Existe o artista e o ator. Tem uma diferença muito grande'. O Selton no caso está do lado dos atores e não dos artistas na conotação 'avanciniana'. A cena dele chorando aos prantos abraçado na bunda que perseguiu o filme todo revela aquela faixa de vibração que só o bom ator entra e leva o público junto. Abracei e chorei em cima daquela superbundaralo junto com Selton.
Conversar com os convidados do festival é até mais importante que ver os filmes (que podem ser vistos em outra oportunidade). Afinal, em Big Field você não topa com profissionais da TV e do cinema como acontece nas esquinas da Oscar Freire ou nas areias do Pepê. Aqui apresentador de telejornal regional é artista. É muito legal que estes 'fazedores' de arte circulem por um lugar que produzir cinema é uma investida bandeirante. Foi bom conversar com Jorge Durán, por exemplo. (O cara fez o roteiro de Pixote). Conhecer a sua visão de Brasil por sua ótica chilena. Descontraído, disse que na Alemanha a questão dos curtas antes dos longas ou não nas salas de cinemas foi resolvido de maneira simples. Quem quer ver os curtas chega um tempinho antes e paga o ingresso com a cota a mais dos curtas. Quem não quer ver os curtas chega no horário do longa mesmo e babau. Paga o ingresso 'normal'. Como dizem os chineses, o simples é o fácil. Junto com Jorge veio o ator Alexandre Rodrigues! Foi bom reencontrá-lo. Havia o entrevistado no Rio, logo depois que ele apareceu em Cidade de Deus. Não deu para a gente conversar direito, mas o engraçado foi a reação do moleque super-gente-fina: 'como este maluco veio parar aqui?'. Aqui, no caso, o 'cafundó' Campo Grande.
A passagem do ex-todo-ainda-poderoso Zé Dirceu pelo festival foi surpreendente para mim. Não era ele o inimigo número 1 do país em certa altura do campeonato-mensalão? Mas vi e ouvi várias manifestações que não são nada mais nada menos do que a manifestação do fã diante ao astro. Muitas pessoas pediram atenção, cumprimentaram e tiraram fotos. Até criancinhas estavam no encalço do Zé Dirceu. Junto com o diretor Silvio Da-Rin, o ex-ministro veio divulgar o documentário Hércules 56 (eu não vi, não posso esconder). Foi, sem dúvida, um dos dias mais lotados. As atrizes de O Cheiro do Ralo, Silvia Lourenço e Fabiana Guglie, também vieram ao festival. Simpáticas. Fabiana, no intervalo das entrevistas, lascou um sincero 'bichinho do ranran' que a estava incomodando: 'não tem perigo de pegar dengue não né?'. Campo Grande passou/passa por uma epidemia de dengue: mais de 20 mil casos foram notificados só em Campo Grande. A verdade é que não tinha resposta para a atriz. Mosquitos voam. Mas 'imagina, não tem perigo nãoooo!' As diretoras de Transtorno (RJ) e Era Uma Vez (MG) também marcaram presença em Big Field. A mineira Gisele Werneck é corajosa. Além de dirigir, também atua no curta. É uma história estranha, em que ela, vestida de fada, está dentro de um ônibus circular. Rola um assalto e uma situação estranha de atração-do-ladrão-pela-fada num assalto comum-raro de uma metrópole. Gisele falou mais de uma vez que o que faz é cinema surrealista. Pergunto quem já fez cinema surrealista no Brasil e ela não chega a nenhum nome. Nem eu.
A carioca Fernanda Teixeira não tem nada do jeito-manso-mineirinho-de-ser. É rock! Depois da sessão dos curtas, prefere conversar do que ver o Proibido Proibir, de Durán e Alexandre. Me confessa que está sem dormir. Que está varada porque havia trabalhado no projeto da Petrobrás, que estava encerrando o prazo naqueles dias. Com olheiras profundas e um curta de arrepiar (eu gostei de Transtorno!), Gisele me conta que teve de trocar de ator (só tem 1 no filme) no meio das filmagens. Na verdade, demitiu o ator (não disse por quê). Eu não percebi e acho que ninguém percebeu. Depois me contou que a atriz que faz a avó entrou para o elenco (é o único outro personagem) para substituir outra atriz. De cara um problema. Ela não gostava de gatos (ou tinha alergia não lembro, ou medo sei lá...) e teria de contracenar com 15 deles. Aliás, a diretora confessou que tiveram dificuldades em ambientar os gatos com o casarão que alugaram para fazer o filme. Estresse. Ela acabou adotando os gatos na vida real. Se não me engano, 40 mil é a verba liberada pela universidade. Nenhum encontro foi mais intenso no entanto do que com Joffre Rodrigues, sim o filho do homem!
Joffre veio ao festival divulgar o primeiro filme de sua carreira de diretor: Vestido de Noiva. Como eu vi os 114 minutos de filme, posso falar, que é fraco. Se for dimensionar diante da grandeza da obra do pai, o filho fica muito a desejar. E carregar toda esta tradição no sangue não deve ser fácil para ninguém, e não o seria para Joffre. Estava escalado para intermediar o debate dele com o público. Quando chegou para o festival, fui logo recebê-lo. Joffre é um vulcão de energia. Oscila entre o deprimido, o melancólico e o super sereno e sensato em segundos. E não posso negar, o impacto de estar com uma uma pessoa que é muito parecida com Nelson me alucinou, numa confusão que embaralhava filho e pai! O ápice da energia rolou logo no início do debate, após a exibição do filme, que Joffre fez questão de não acompanhar. Finalmente para começar o bate-papo, a apresentadora relaciona as produções da carreira de Joffre e passa o microfone para mim. Só que Joffre, emocionado desde o início, brada com os olhos lacrimejando: 'você esqueceu de um filme que fiz com uma grande amigo o Henfil. O Henfil!'. Senti toda a carga do primogênito nelson-rodrigueano. Achei engraçado Joffre ter falado mais de uma vez que o seu filme Vestido de Noiva foi contemplado com o bonequinho de O Globo dormindo na poltrona. Nenhum diretor suporta uma maldade destas.
Com certeza um dos acertos do festival foi a mostra O Cinema e o Índio. Sala lotada na exibição dos três filmes 500 Almas, Brava Gente Brasileira e O Descobrimento do Brasil. Vários representantes de entidades, profissionais envolvidos com as tribos e os próprios índios marcaram presença no evento. Para muitos foi a primeira oportunidade de assistir a um filme na tela grande de um cinema. Como a mostra foi em dias da semana, pela parte da manhã não pude acompanhar. Mas agilizei, por exemplo, o encontro do cineasta Joel Pizzini, de 500 Almas, com o cacique guató Severo. O filme de Joel conta a saga deste povo que nos anos 50 foi dito extinto. Hoje a tribo resiste e floresce em uma ilha que fica centenas de quilômetros acima de Corumbá e só se chega pelo rio. Joel me revela que uma cópia do 500 Almas acaba de ser comprado pelo MOMA de Nova Iorque.
Já a produção regional registra mais uma vez o disparate técnico que existe ainda entre os diretores de MS. Água dos Matos, que acompanha os irmãos Tetê, Alzira e Jerry Espíndola descendo de barco de Cuiabá a Corumbá, venceu na categoria vídeo regional. É a terceira vez que o diretor Maurício Coppeti leva o prêmio. Antes já havia ganho com Nanquim e O Pantanal e O Delta do Salobra. Nos corredos, o burburinho era que Copetti não deveria participar mais concorrendo na categoria regional porque seus filmes tecnicamente e artisitcamente eram muito superiores aos outros. O que, é claro, eu não concordo. Não dá para nivelar por baixo. Melhor que os outros melhorem as suas produções, isso sim!
Depois de tudo fica a questão para mim de por que o governo de MS e as próprias prefeituras não articulam uma maneira de atrair mais cineastas de fora para rodar seus filmes em solo sul-mato-grossense. Afinal o Pantanal é a África brasileira, com uma fauna tão ou mais punjante e com paisagens de tirar o fôlego. Neste sentido o Festival de Cinema de Campo Grande acaba sendo um oásis em meio ao deserto que é o MS na área cinematográfica.
Para encerrar, transcrevo a reflexão do cineasta sul-mato-grossense Joel Pizzini: 'Eu nunca entendi direito. Eu participei de todos os esforços para criar um festival aqui. Lembro que quando eu morava aqui a gente organizou uma mostra de curtas, veio até o projecionista Zé Luis, que veio com a Fiorino dele, trouxe o projetor dele de 35mm, e fizemos no centro cultural. Aí o Luis Borges me ligou e perguntou se dava para organizar também Cuiabá. O Zé Luis foi para Cuiabá e o festival de Cuiabá floresceu e aqui demorou até vir agora, depois de hiato bem grande, o CineCultura e este festival que chega na quarta edição. Mas eu não sei o que acontece porque as coisas não prosperam nesta área do audiovisual aqui. E tem uma proximidade tão grande a São Paulo. Estados do nordeste, bem mais distantes do eixo, já estão se desenvolvendo. Então para mim é uma interrogação. Não sei se é uma questão de mentalidade. Porque o cinema presupõe uma base industrial mínima. O cinema é tão importante até pelo ponto de vista turístico, como acontece em Cuiabá, Tiradentes e Ouro Preto. Falta ainda a ciência da potencialidade econômica aliada a cultura, porque aqui as coisas são separadas, como se a arte fosse alguma coisa diletante e os artistas estivessem se divertindo e os pragmáticos trabalham... Tem de haver uma maior promiscuidade entre as áreas artística e econômica, porque sinto tudo muito isolado. E temos vários temas aqui de dimensão internacional, como o Pantanal e a Guerra do Paraguai... O governo poderia também criar um banco de dados sobre o Pantanal que iria alimentar até do ponto de vista comercial as televisões, além de identificar as locações e as fisionomias do estado para você contribuir com a originalidade do estado. O MS tem uma tradição cultural que precisa ser atualizada, continuada, recuperada...' (O papo com Joel foi longe e vai virar entrevista).
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P.S.: Os vencedores da quarta edição do Festival de Cinema de Campo Grande foram: O Cheiro do Ralo (Longa nacional/Júri oficial), Hércules 56 (Longa nacional/Júri popular), O Som da Luz do Trovão (Curta nacional/Júri oficial), Faça a Sua Escolha (Curta nacional/Júri popular) e Água dos Matos (Vídeo Regional).
Caramba Tex, o Festival serve pra alimentar almas (teu texto é prova cabal disso). Ano que vem quero ter tempo de conferir (que esse ano tá passando e eu só trabalhando ando ando...).
Bia Marques · Campo Grande, MS 26/2/2007 14:54Arrebentou, Rodrigão! Muito legal (e pessoal) o seu relato.
Thiago Camelo · Rio de Janeiro, RJ 27/2/2007 17:02Vida longa ao Festival de Cinema de Campo Grande!
Mi [de Camila] Cortielha · Belo Horizonte, MG 28/2/2007 02:08Você respondeu, escrevendo, para que serve um festival de cinema, hehe
Felipe Gurgel · Fortaleza, CE 28/2/2007 05:40tex o festival guarnicê de cinema de são luis do maranhão esse ano completa 30 anos será que não vale a pena?
markinho · São Luís, MA 28/2/2007 06:06
Bia, brigadão. tem q arranjar tempo sim sim sim! Alimentou a minhalma com certeza.
Valeu Thiago. Acho q a idéia do Overmundo é escrever sempre de uma ótica pessoal. E cada vez mais só consigo escrever assim. abs
Valei Mi e Felipe!
E Markinho com certeza vale a pena o Festival Guarnicê de Cinema de São Luis do Maranhão. É este tipo de evento que faz com que estados do nordeste se desenvolvam bem mais nesta área do que este pedaço de chão chamado de Mato Grosso do Sul. Valeu!
rodrigão mano véio, esse seu texto é muito instigante, as culatras desse brasilzão de dentro estão expostas, o mercado é burro e cego e só não vê quem não quer as potencialidades desse Matão daí de transformar cinema em dinheiro, oficinas que durem o ano todo é uma forma de equalizar o regional, já que Copetti ganha todos coloquem ele para ministrar oficinas. e atores bons aí tem pra dar e vender, a técnica tem que servir para a criatividade, domínio técnico é essencial mas só ele não leva a nada, então oficinas, oficinas e mais oficinas de se fazer artísticamente. no mais vida longa a esse festival!!!!
sempre é bom dar e ter espaço a essas movimentações. em especial, Cpo Gde, Capital do Pantanal, precisa desses eventos para que a nossa população se lembre que há vida além dos pastos e da boiada...valeu Teixeira
Edu Romero · Campo Grande, MS 28/2/2007 14:20Muito legal o texto. Só fiquei curiosa em saber mais sobre o "Hercules 56" vencedor do Júri popular.
Luisa Pitanga · Rio de Janeiro, RJ 28/2/2007 15:10
KINEMANDARA: O PONTO DE MISTÉRIO DO CINEMA BRASILEIRO.
POR CARLOS PARÁ*
- Nossa História só terá realidade quando o nosso Imaginário a refizer, a nosso favor. VFC - Manifesto Curau.
"- Agora, abrir os olhos. Agora, começar a sonhar o sonho de ver como somos vistos". VFC : "Tarkovsky: Através de uma fina película transparente".
Vicente Franz Cecim
Volta a ter sua produção cinematográfica exibida na cidade. " KinemAndara: 30 anos de Cinema do Invisível." curtas-metragens poéticos produzidos em Belém na década de 70 em super-8 mm. Os filmes foram, pela ordem de realização: 'Matadouro(1975) ', 'Permanência(1976)', 'Sombras(1977)', 'Malditos Mendigos(1978)' e 'Rumores(1979)', que eram projetados em cineclubes, garagens, auditórios, passava em qualquer lugar, onde desse para ligar o projetor, armar a tela, mandava ver. Os anos de 1975 até 1980 apesar de ser um caminho exaustivo de Cinema e Loucura para VFC, foi principalmente, um ritual sagrado, solitário, existencial e essencial. Enquanto as fábricas de filmes estimulavam o consumo de máquinas de filmar para registrar "os momentos felizes da sua vida", batizado, casamentos, aniversários, piqueniques, passeios, Cecim utilizava sua Câmera como um meio de interrogar, espreitar as aparências da realidade e ir até as últimas conseqüências com seu roteiro que era abandonado logo no começo das gravações, pois nada do que tinha sido filmado obedecia ao que tinha sido escrito, captava a realidade em frames fora ou além da ótica estabelecida como beleza e como verdade, " espelhos de mistérios, revelando outros mistérios", poemas visuais em Super-8, Cinema com um custo relativamente barato. As principais dificuldades de se fazer Cinema na época são as mesmas de hoje: falta de dinheiro e a insensibilidade para criar, imaginar e ser.
Cada rolo tinha três minutos de gravação e na hora de editar aproveitava por completo as filmagens e tudo ia pro filme, não perdia nada na seleção e organização das imagens, já sabia o que queria, quando colocava a Câmera, já sabia o que ia fazer, dessa forma acreditava e fazia os filmes, como tudo é miragem, tinha miragens, tanto as recordações, projeções e especulações sobre o futuro, quanto miragens do presente, miragens imediatas. Se não fosse uma miragem não havia a poética, então, porque fazia arte? Por que não só viver, ouvir, ver, se conformar com tudo o que está pronto e condicionado para nós vivermos. É preciso recriar, ver a realidade através de uma fina película transparente? Uma fina película entre o olhar e a realidade. VFC concretizava seus sonhos que hoje possuem um grande valor artístico e documental. Na época o material que utilizava era uma pequena máquina de super-8 com filmes da Kodak, depois de filmar, enviava para revelar em São Paulo através do Foto Keuffer, e depois voltava, pronto para serem exibidos. Depois que parou de fazer seus filmes, por uma questão de princípios, deu todo seu equipamento. Tinha decidido dedicar-se unicamente a um novo Caminho "VIAJAR A ANDARA", determinou fazer uma coisa só, para avançar, ir mais fundo na sua Existência, pois havia a Intuição que um novo caminho devia ser seguido, o Caminho da Escritura. A partir de 1979, ano que realizou do seu último filme "RUMORES", escreveu e publicou o seu primeiro livro "A asa e a serpente", primeiro passo do seu Projeto de "Andara - O livro invisível". E assim se impôs a Literatura como um ritual único. Seus filmes têm muito da Literatura pelo poético, e seus livros têm muito do Cinema, pelo visual. Não fazer filmes foi uma escolha radical e com isso deixou esquecidos seus trabalhos e levava-os consigo como o inconsciente que de quando em vez se manifesta. Atualmente os pequenos rolos de filmes em super-8 se encontravam dentro de seu Caos onde mora, serenos, perdidos dentro de um saco de plástico com a boca amarrada debaixo duma televisão que nunca é ligada, onde por ocasião desta Mostra realizado pela Revista PZZ em parceria com o Governo do Estado do Pará através da Secretaria de Cultura e do MIS-PA, resolveu guardar no Museu da Imagem e do Som – Pará, para preservá-los. Em 2005 os filmes voltaram a ser exibidos, no formato digital, em Belém e em São Paulo, incentivado pelo Projeto de resgate dos resíduos, dos raros vestígios do Cinema paraense, desenvolvido pela Universidade Federal do Pará, em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPQ.
Os filmes foram restaurados e adaptados à tecnologia digital, um processo de filmagem da projeção dos filmes e digitalizados para DVD, assim, puderam garantir a salvaguarda do conteúdo e da sua informação histórica, pois seus filmes mostram aspectos do cotidiano de Belém e dos esquecidos em sua ótica visionária poética numa trilha sonora emocionante.
Os filmes dialogam com o invisível que não podemos ver. Não é cinema mudo nem falado, é uma organização intuitiva de imagens, silêncio e música que se compõe num mosaico onírico. O cinema sempre fala como linguagem para dialogar, transmitir a emoção, a miração, a migração, o ato de olhar do autor. "Kinema = Movimento, Andara = Andar= Amazônia, Kinam Andara, revela imagens que não se vêem habitualmente, a imagem da morte, a imagem dos esquecidos, a imagem da velhice, a imagem da transitoriedade das coisas, a imagem interior, o silêncio e o vazio são povoados de alucinações e significados. Fazer filme não com o olho que vê ou o olho mecânico da máquina que filma, fazer com o desespero e com a alma, louco, apaixonado a filmar, a iluminar, a editar, sonorizar, incansável no seu ofício mágico e alquímico, solitário em seu ritual sagrado, existencial-essencial, pessoal-impessoal, para expressar a matéria-prima da vida, alguma coisa brutal noutro sentido figurado, para as pessoas se tocarem. Mostrar a realidade bruta trans-figurada, experimentar, recriar cenários. O cinema trabalha com a matéria-prima pré-existente, a libertar o sentido das coisas, criando um mundo inteiro com as imagens diferentes do que são usadas, faz entrar num espelho energético e voltar desconhecido, diferente do que era antes, com aparências de realidade e o Cinema não depende só da realidade para existir, entrar num espelho de mistérios e ver-se como mistério é o que VFC queria mostrar, queria olhar, ver-se, na vida, na tela, até conseguir captar a dimensão oculta na realidade visível. E por isso Kinem Andara é o Cinema do In-visível.
Existe um rico Universo imagético com raízes na memória do homem moderno, mas que este não tem acesso, permanecendo oculta ou ignorada, sua fonte original de criação, que se encontra invisível aos olhos e insensível ao coração, não pertencendo ao universo da percepção profunda da noção de realidade que regem nossa compreensão do mundo e de nós próprios. Todas as coisas que acontecem na Consciência se refletem a partir duma visão-vivência que renova memórias, o que está em baixo (inconsciente-passado) assemelha-se ao que está em cima (vivência). Uma linguagem de grande riqueza imagética pelo recurso da poética, dos momentos de iluminação, da fotografia e do movimento das cenas com alegorias fantasmagóricas, e aos jogos de imagens na busca pelo elemento de mistério das coisas, re-vela o Kinem Andara.
Vicente Cecim faz parte das Vozes que se insurgem contra a mediocridade e ao modo de produção mercadológico que se transformou o Cinema, revela a coragem e a vontade em utilizar para benefício próprio as técnicas de Comunicação contra o niilismo e as concessões que o cenário audiovisual se define e se resolve em expressões obscuras.
Sempre que falamos abertamente não falamos nada, sempre que usamos uma linguagem que recorremos às imagens, ocultamos a verdade. E tudo o que dissermos duma Obra de Arte será insufi[ciente ou inútil. Diferente é a experiência de nos iniciarmos diretamente em seus filmes.
"Quando sós, face a face com eles, sempre nos falam com ampla generosidade, se entregando profundamente, em retribuição ao nosso silêncio . Respeito e prudência, ao falarmos deles, então se impõem. Deixar que eles se digam. E, previamente, apenas deles falar por alusões.
Esse est percipi/ Ser é ser percebido – nos diz Berkeley. E quando o olho humano vem fazer companhia a esse Olho mecânico, vem humanizá-lo, digamos assim, no sentido pleno das visões, intuições, carências, indagações, ilusões, possíveis saberes, esperanças, miragens, que fazem dele um olho humano?
Esse est percipere / Ser é perceber - nos diz Berkeley.
"Um filme de Vicente Cecim sendo então uma dessas raras oportunidades que nos são dadas pela Via Estética de confrontar - no sentido já dissimulado pelo uso mais ainda vivo na palavra, de colocar frente a frente - vida e homem, o percipi e o percipere, o percebido e o perceber. (A imagem e o olhar).
Bergson nos diz: Se 'percipi' é passividade pura, o 'percipere' é pura atividade.
A fina película então é o elemento intermediador entre a epiderme do Real, que se entrega a Cecim em percipi , se deixando ser percebida, e lhe permite o ato de percipere , perceber e, o por ele percebido, nos revelar.
Mas, a esta altura, ainda estamos falando da fina película que é um filme, ou imperceptivelmente já ingressamos no coração obscuro do nosso assunto: já nos surpreendemos falando da matéria como uma fina película transparente situada entre o homem e Deus?
A ambivalência das palavras, ah: tanto nos naufragam como nos socorrem.
E o que leremos a seguir, ao lermos a palavra doutrina , seja lido como sinônimo da palavra vida .
Pois é implicitamente a ela, como visão de mundo de Berkeley, que Bergson se refere, quando nos diz: Dela nos aproximaremos se pudermos atingir a imagem mediadora (...) - uma imagem que é quase matéria, pois se deixa ainda ver, e quase espírito, pois não se deixa tocar – fantasma que nos ronda enquanto damos voltas em torno da doutrina e ao qual é necessário que nos dirijamos para obter o signo decisivo, a indicação da atitude a tomar e do ponto para onde olhar.
É permitido ao homem, através da mediação da Arte, não somente percipere/perceber mas também dar a perceber aos outros homens o que, através da fina película transparente, percebeu?
No cinema, em todas as épocas, a alguns, isso foi consentido: Bresson, Ozu, Antonioni, Dreyer, mais recentemente a Alexander Sacha Sokurov, Tarkosky e ao próprio Cecim.
"Diante do Abismo que é o Assombro de existirmos, humanos, face a face com a espessura e as transparências da Vida que nos habita e na qual habitamos, sutis como uma sombra, densos como um corpo, deveu ser grato a eles, pela vertigem que em nós sempre despertam, pelas quedas para o alto em que sempre nos precipitam, nos impedindo de adormecer na desoladora fronteira que inventamos para nossas omissões, no passo que não damos, entre o Imanente e o Transcendente."
Tarkovsky entendeu o Cinema como a arte de Esculpir o Tempo .
E no livro que escreveu com esse título, e não apenas através das imagens dos seus filmes, nos fala de uma urgência alarmante: - O homem moderno não quer fazer nenhum sacrifício, muito embora a verdadeira afirmação do eu só possa se expressar no sacrifício. Aos poucos vamos nos esquecendo disso, e, inevitavelmente, perdemos ao mesmo tempo todo o sentido da nossa vocação humana.
Que vocação é essa?
A vocação de uma entrega total, de um consentir permanente que luzes lampejem em nós, nos permitindo ver - mesmo que por breves clarões, na vida como numa escura sala de projeções, sacrificando nossas consolações vazias, nossas paixões condenadas a cinzas, nossa avidez de um agora efêmero – aquela que ama ocultar-se e que, em seu Pudor, é a Fonte
Permanente do nosso mais intenso fascínio?
Clarões.
Ainda que estonteantes, cegantes. Mas de uma cegueira que nos liberte de continuar vendo através de um cristal escuro e nos conceda outros olhos capazes de ver através dessa fina película transparente situada entre o homem e Deus - sabemos o que essa Palavra significa, em todas as suas metamorfoses.
É esse o olhar que reivindicava Berkeley, segundo Bergson.
E esse é o olhar que buscou Franz Cecim, com seus filmes que são fendas abertas na espessura da matéria, e que ele, também, reivindica como Tarkovsky, quando afirma:
- E o que são os momentos de iluminação, se não percepções instantâneas da verdade?
Ou quando denuncia:
- A moderna cultura de massas (...) está mutilando as almas das pessoas, criando barreiras entre o homem e as questões fundamentais da sua existência, entre o homem e a consciência de si próprio enquanto ser espiritual.
São palavras que devemos manter acesas em nós quando as luzes
se apagarem e os filmes começarem a cintilar para os nossos olhos.
Nesses Templos de um tempo sem templos em que podem se transformar as salas de projeções, ante filmes como os de Cecim, já não se trata de simplesmente ver, mas de penetrar profundamente, através da fina película transparente que o seu cinema nos oferece, até nos revelarmos a nós mesmos, e orando em silêncio:
- Agora, abrir os olhos. Agora, começar a sonhar o sonho de ver como somos."
A alusão aqui acima é ao texto de Vicente Cecim "Tarkovsky: Através de uma fina película transparente", que nos remete à própria idéia central do pensamento de Vicente . E assim, passo a passo, nos damos conta que foi dito, algo sobre o cinema de Vicente Cecim, ele próprio por ele próprio, mas obliquamente: por reflexos de vozes ecoando em espelhos que constroem sua Imagem em Movimento.
Quem inadvertidamente, penetrar neste campo semiótico, depara de súbito com um sistema caótico de referências, com uma rede de códigos e normas, de nomes e de símbolos relativos a substancias arcanas (segredos, mistérios) em permanente mutação, em que aquilo que é aparente, pode ter sempre um significado diferente do que aparenta-ser e a noção de que a projeção dos fenômenos oníricos não podem ser manipulável a não ser por alusões.
Para Marcelo Ariel que viu os filmes de Cecim na PUC de São Paulo em Abril de 2005, fala na Revista Critério que "são filmes que transfiguram o sentido das imagens e se inserem como 'documentários do fantasmagórico' incrustado em nossa 'ficção-vida' 9 ela mesma um sonho onde sonhamos que não sonhamos como nos lembra Borges). (...) Cecim é um criador radical que trabalha entranhado entre o ser e o não-ser evitando separar os dois do sagrado porque ele em sua obra sobrevoa dualidades que se dissolvem num estado poético acessível a qualquer um dotado de sensibilidade que ele chama "nos dando a chave" de VER A TERRA DO CÉU.
Vicente Cecim pode ser entendido de modo mais livre do que os outros do seu tempo que tentaram fazer Cinema, senão de modo mais evidente e mais claro, com um Cinema mudo de uma extrema complexidade na sua expressão. Mais do que imagem-palavra, miragens. Através da miração do olhar e do pensamento do cineasta atingir o intelecto-coração do espectador num processo alquímico de revelação transformando a massa cinza do cérebro em massa de verdade e transubstanciação do espírito. O conhecimento visionário, substitui a compreensão literária do texto, a compreensão imagética do filme, a projeção na câmera obscura que atravessa o Olho que agora não vê, vê-se e vive-se no que sente. O olho humano é uma imagem do Universo. O branco do olho corresponde ao oceano de mistério, que rodeia o universo por todos os lados . ANDARA é o ponto central de tudo, a partir do qual se torna visível o aspecto do universo inteiro.
Para Vicente Cecim, não lhe agrada a rotação do girar, girar, girar, filmar, filmar, filmar com uma órbita rotineira. Nesse processo, misterioso e caótico, simples e violento de interpretar as coisas que não lhe incomodam mais, em que os opostos se encontram ainda in-conciliáveis, num conflito pacífico-violento, de ver e ser transformado progressivamente num estado de libertação de harmonia perfeita, a Pedra Filosofal.
"- Agora, abrir os olhos. Agora, começar a sonhar o sonho de ver como somos vistos". VFC.
Foto Cecim
"Fazer um filme foi e sempre será um sonho, em qualquer circunstância: antes de realizar o filme, é o sonho de fazê-lo, e, depois de ele pronto, é o convite ao sonhar se manifestando plenamente. Naqueles anos, o super-8 foi para nós o que hoje é a facilidade do vídeo. Equivalia, e equivale, a ter na mão um lápis e algumas folhas de papel. Então, escrevemos, com imagens ou com palavras. Com isso se eliminava, e se elimina, ou atenua muito, o impasse, melhor dizer: o bloqueio que o dinheiro representa" .
OLHO
VFC queria olhar, ver e mostrar a vida como os seus olhos e o da câmera conseguisse captar a dimensão oculta na realidade visível. E por isso KinemAndara é o Cinema do Invisível.
Foto Cecim
O Cinema é o Olho que tudo vê e tudo mostra. Essa foi e será a sua essencialidade em qualquer época, qualquer tempo. Atualmente, quando parece que todos estamos vendo tudo, o mundo inteiro e o que se passa nele, acabamos não percebendo que há muito mais oculto do que de fato revelado. A comunicação de massa mistifica o Real, ilude o Homem. É manipulada conforme interesses freqüentemente sujos e suicidas para a nossa espécie. A invasão do Iraque pela América de Bush é um exemplo brutal. Há tantos. Nestes tempos que estamos vivendo, o Cinema deve assumir, com enorme responsabilidade, o desafio que Berkeley, citado acima, nos faz, e que eu entendo assim: - Dar a perceber a Realidade submersa no cristal escuro das imagens que os engenhos e maquinações das comunicações de massa, agora, nos ocultam.
CARLOS PARÁ (8859-4664)
EDITOR DA REVISTA PZZ – ARTE POLÍTICA E CULTURA
COORDENADOR EXECUTIVO DA MOSTRA ITINERANTE KINEMANDARA: 30 ANOS DE CINEMA DO INVISÍVEL DE VICENTE FRANZ CECIM.
É ISSO AÍ RODRIGO ESTAREMOS NO PRÓXIMO Festival de Cinema de Campo Grande. SAUDAÇÕES
CARLOS PARÁ
aqui no ceará, tem o Cine Ceará, que trata do chamado cinema alternativo. A movimentação é grande em busca da telona, mas falta empolgação ainda. Cresce a cada ano. Estão todos convidados.
O texto está fantástico. Impressionaista!
Muito bom o seu texto! Morei 10 anos em Maceió-AL, afirmo existir por lá, muita gente interessada em cinema, muitos ótimos documentários e maravilhosos cineastas, um clube de cinema e, apesar disso, ainda não acontece na cidade, um festival de cinema... Creio eu, que nesse comentário, estarei também respondendo a sua pergunta-título: um festival de cinema, faria com que os apaixonados - por cinema e arte - se encontrassem, se conhecessem, se ajudassem etc. Um festival teria a força de unir forças e anseios, sabedorias e necessidades... Falta um lá em AL... torço para que os participantes do clube, tenham esse ano, garra para realizar o primeiro!
Parabéns pelo seu texto, está muito bom!
Drigo!!!!!!!!!!!!
Que show sua matéria...
Deu até dor no peito de só ter visto os filmes... pelo computador! (desde que descobri o e-mule minha vida tem ficado sedentária.
Mas teu texto me fez pensar nessa posição egoísta da gente, de ver uma obra de arte de tanta gente tão só. Fiquei doidim por ter estado lá e pelo menos estar perto desse burburinho de cultura.
Bem, ano que vem tá ai e já aprendi a lição.
Salve, Rodrigo!
Opaaaa...
Carlos Pará estamos te esperando aqui no próximo festival. E q post grande, ainda não consegui ler...
Andreh que Fortaleza se una e a moçada force a barra para virar o Cine Ceará. Quando acontece?
Laura que Alagoas faça seu primeiro festival. Depois do primeiro não pára mais. Com certeza juntar apaixonados pela mesma causa é o grande lance de qq festival. Sorte pro ce!
Ow Zéeee... brigadu amigo... aproveita mais ano que vem e vamu em frente!
abs a todos!
Matéria interessaante, misto de cobertura de evento, resenha cultural, crítica de filmes... tudo num texto muito fluido!
Aqui no Ceará, temos o Cine Ceará, um festival anual que costuma agitar a rotina dos cinemas de shopping center a que estamos submetidos no resto do ano.
Acho esses eventos importantes, porque dão espaço pra produções geralmente fora do circuito nacional e atése contrapõem à pirataria, à comodidade dos filmes em casa.
Parabéns pelo texto Rodrigo! Como sempre arrasando! E um questionamento: o que se fazer para que as poltronas do Cine Cultura sejam tão ocupadas quanto na época do Festival?! Isso me intriga porque a programação durante o ano é sempre de qualidade... mas quantas vezes essas poltronas não ocupadas me incomodam ou já me incomodaram durante o restante do ano, pós festival?!
Tânia Brito · Campo Grande, MS 1/3/2007 11:29quem dera chegasse um festival desses por aqui. mal vemos os blockbusters no cinema, quanto mais "o céu de suely". temos de esperar sair em vídeo. parabéns pela matéria.
André Gonçalves · Teresina, PI 1/3/2007 12:54Olá Rodrigo, quero parabenizar pela reportagem, mas comentar dois erros. O primeiro deles é que não disse que faço cinema "surrealista". Disse que faço cinema de gênero "realismo fantástico". O que é completamente diferente. Apesar de admirar o surrealismo, nunca realizei nada do gênero. Gostaria que colocasse o comentário em sua veracidade. O outro: quando fala sobre o Transtorno, de Fernanda Teixeira, diz que "Gisele me conta que..." Cuidado com os nomes! Abraços
werneck · Belo Horizonte, MG 9/3/2007 13:04
Oi Gisele! Tenho a nossa conversa guardada e falamos em surrealismo e realismo fantástico. Ambos. Mas já está registrado. Desculpem leitores, é REALISMO FANTÁSTICO. Mas continuo achando q é um gênero quase que inédito no Brasil. Não?
E mil perdões pela troca de nome. No texto está assim 'Com olheiras profundas e um curta de arrepiar (eu gostei de Transtorno!), Gisele me conta que teve de trocar de ator (só tem 1 no filme) no meio das filmagens.' Claro que não é Gisele (que não tem olheiras, muito pelo contrário) e sim Fernanda. Desculpe pela confusão!
abraços
[b]Haverá Banca de Capacitação Profissional (IN nº 004/99) em Cuiabá/MT no dia 13 de julho de 2008.
Seja Profissional de fato e de direito tenha DRT!
Banca de Capacitação Profissional para o Candidato em se Habilitar (DRT) ao Exercício Profissional na Categoria Regulamentada pela Lei Federal nº 6.533/78 e Decreto nº 82.385/78, que abrangem os Trabalhadores nas seguintes áreas:
I – Artes Cênicas (Circo, Teatro, Dança, Moda, Opera, Produção e Shows de Variedades...);
II – Cinema;
III – Fotonovela;
IV – Radiodifusão.
Contato SATED/MT:
(65) 3321-8095 / 8415-3992 / 9212-7575
E/mail: satedmt@hotmail.com
Sede: Rua Sete de Setembro (próximo ao MISC e ao IPHAN), nº 427, Centro (Histórico), Cuiabá/MT
Saudações culturais;
Nestor Defletas
Pres. do SATED/MT
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