"A mesma praça, o mesmo banco
As mesmas flores, o mesmo jardim
Tudo é igual, mas estou triste
Porque não tenho você perto de mim..."
( A Praça – Carlos Imperial)
Por Anna Jailma Santos de Assis
A Praça Antônio Quintino de Araújo é o “palco iluminado” da vida de todos os filhos de São João do Sabugi, no interior do Rio Grande do Norte. Aquele palco iluminado integra a história social e cultural da cidade e de seus munícipes.
Sua construção iniciou em 1952 e foi concluída em 1953, totalizando o valor de sessenta e cinco mil contos, e quinhentos mil réis para sua concretização. Seu projeto arquitetônico, desde sua origem, incluiu os tradicionais coretos, que tinham a finalidade de apresentar concertos musicais.Vale destacar que no mesmo local de seu atual coreto menor, já existia um coreto, chamado na época de “palanque”, onde a juventude se reunia para conversar, cantar, dançar e dizer charadas, ou “flertar”, como na época se referiam ao ato de paquerar ou enamorar-se.
A construção ocorreu na administração do prefeito Antônio Quintino de Araújo, conhecido como Antônio Garcia, e o responsável pelo projeto arquitetônico foi o caicoense Valeriano de Morais. O material da construção foi transportado em tropa de burros; inclusive, a água necessária para o serviço, foi transportada por uma tropa de propriedade do Sr. Severino Euzébio. Sob orientação do mestre de obras, caicoense, Manoel Ângelo da Silva, foram pedreiros da construção: Cândido Tito, João Dionísio, Jonas da Silva (Jonas de Atanásio), Braz Antônio de Morais (Braz Caboclo) e Expedito Santos, conhecido como“Pedaço”, filho do mestre de obras.
Com a conclusão de sua edificação, a praça foi inaugurada com o nome de Praça da Liberdade e posteriormente, na década de 1970, por ocasião da morte do Monsenhor Walfredo Gurgel, passou a chamar-se Praça Monsenhor Walfredo Gurgel. Somente após a morte do Sr. Antônio Quintino de Araújo (Antônio Garcia), a praça obteve seu nome, em sua homenagem, por ele ter sido o prefeito responsável pela sua construção.
Na Praça Antônio Quintino de Araújo, estão perpetuadas as festas do glorioso São João Batista; as históricas barracas juninas, movidas pela disputa entre dois grupos concorrentes; os pavilhões de São João Batista; os desfiles das jovens que marcaram a história da beleza sabugiense; os bailes de outrora; as quadrilhas e os forrós pé-de-serra, ao som do saudoso fole.
As mudanças do São João em São João, têm como palco a mesma praça. Os casais de namorados, de ontem e de hoje, têm na memória “a mesma praça, o mesmo banco, as mesmas flores, o mesmo jardim”, conforme a música de Carlos Imperial.
Nos recantos da Praça Antônio Quintino de Araújo estão impregnados o som do fole das quadrilhas, os acordes da Filarmônica Honório Maciel, o frevo das orquestras, a nostalgia das serestas, a realização de missas e leilões festivos, a voz forte dos discursos que marcaram a história política do município, as apresentações de artistas da terra e de renomados artistas do país, como o grande músico nordestino, Sivuca.
Compondo sua história está a Difusora, que consistia em serviço de som, onde músicas eram transmitidas por “alto-falante”, sendo antes em prédio do Sr. Basílio Gorgônio, onde funcionava a Prefeitura Municipal, no largo da futura praça, e depois, no eterno Bar da Praça, que compõe seu projeto arquitetônico. Na Difusora, passaram como locutores Pedro de Oliveira (Pedro Quinzinho), Gorgônio Bulhões (de Basílio Gorgônio), Ozilda Cavalcanti, Nobaldo Araújo ( de Manoel Preá) e foram redatoras das dedicatórias, Ermita Lucena, Lourdes Lucena, Maria do Desterro Figueiredo (de Hugolino) e Maria Alcy Ribeiro (Mina de Manoel Felipe); entre outros, que por lá passaram. Já em 1977, Antônio Galvão Júnior assumia interinamente a locução da Difusora, depois passando para José Marconi de Medeiros. Nesse período, a Difusora funcionava durante o dia e na programação era incluso a resenha esportiva. As festas eram realizadas no Mercado Público e os soirées (suarês) e bingos eram animados pela difusora, que era levada do Bar da Praça para o Mercado. Nesta época também trabalharam na Difusora da Praça, Janúncio (de João Miguel) e João Rosemberg (de Luiz Pedro), que provavelmente foi o último locutor e sonoplasta.
Era pela Difusora, através das músicas dedicadas, que muitos namoros começavam e outros terminavam. A vida amorosa dos jovens tinha a trilha sonora divulgada na Difusora; em dobrados, valsas, choros, música instrumental de Saraiva e em músicas de Altemar Dutra, Luiz Gonzaga, Dalva de Oliveira, Ataulfo Alves, Nelson Gonçalves, Ademilde Fonseca, Erivelto Martins e tantos outros, que marcam a memória dos jovens de ontem; hoje, na terceira-idade. Era na praça, pela Difusora, que eram registrados encontros, desencontros e reencontros da juventude da época.
Conforme o passar dos anos, algumas alterações foram realizadas, como mudança no piso, no revestimento dos coretos e canteiros; a inclusão de cobertura, no espaço utilizado para bailes, e a construção de banheiros sociais.
É na Praça Antônio Quintino de Araújo, que permanece até nossos dias, o nosso carnaval, o São João em São João e o clima de confraternização e de alegria, perpetuados pelo povo da terra que a reconhece como maior espaço de lazer e de eventos sócio-culturais da cidade, pela música que ainda vem do Bar da Praça, embora não mais pela extinta Difusora, e principalmente, pela grandeza da história que a circunda.
Jailma,
Que bom vê-la aqui no Overmundo, mostrando para o Brasil a terra potiguar. Bem-vinda!
Abs,
jailma,
Otimo ver o nossa praça como grande espaço cultural dos eventos da nossa terra.
Maravilha, Jailma, me transporto p minha cidadezinha onde nasci. Que Saudade!
Aplausos de pé
Oi, Pessoal,
Estou acompanhando e adorando essa movimentação do pessoal de São João do Sabugi. Torcendo por mais notas no Guia e matérias sobre os festejos de São João em São João. Será que eles se estendem por hoje (São Pedro) também? :)
Marcílio, Pinto, Nilson, Viktor, mui grata pela visita de todos vocês. Abraço sabugiense.
Anna Jailma · São João do Sabugi, RN 30/6/2008 20:01
Legal que nossa praça ainda vive apesar de muitas mudanças.
O que falta na realidade é o serviço de som antiga difusora para que a juventude possa oferecer musicas a seus amados (Que saudade).
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